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MPEs: Sistema OCB participa de 2º Ciclo de Reuniões do Fórum Permanente

Entre os dias 22 e 24, o Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (FPMPE), que reúne o Governo Federal e representantes de mais de 80 entidades de representação dos pequenos negócios, realizou a 2ª Rodada de Reuniões dos Comitês Temáticos em 2023.

Entre os temas debatidos nesta rodada, destacaram-se a aprovação de nota técnica sobre o direcionamento de compras públicas para pequenos negócios; o aumento das faixas do MEI; a construção de um painel de indicadores para acompanhar a Política Nacional das MPEs (a ser instituída nos próximos meses); e a criação de um sistema de crédito especial para o artesanato, no âmbito do programa Brasil Feito à Mão.

Durante a abertura do evento, a diretora do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Raissa Rossiter, destacou a importância do cooperativismo como ferramenta para fomentar o acesso ao mercado e o ganho de escala do artesanato brasileiro, bem como a parceria com o Sistema OCB para a internacionalização dos produtos de artesãos brasileiros.

O coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB, Eduardo Queiroz, destacou a importância da presença do cooperativismo na economia brasileira, para inclusão produtiva e empreendedorismo coletivo. “As cooperativas têm sido importantes instrumentos para ganho de escala dos pequenos, em suas atividades produtivas. Vemos no Fórum Permanente um importante espaço de interlocução e de avanço nas políticas públicas de fomento ao empreendedorismo”.

 

 

Política Nacional

Durante a semana, o coordenador público do Comitê do Fórum Permanente que trata da Política Nacional de Apoio e Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresa, Eduardo Weaver, assinalou que o decreto que irá regulamentar essas ações segue os últimos trâmites no Governo Federal para a sua publicação.

Nos últimos quatro anos, o Sistema OCB ocupou a coordenação privada do Comitê, apoiando a construção do texto que deve culminar na Política Nacional das MPEs, tendo, inclusive, incluído o fomento ao cooperativismo e a outras formas de associativismo entre as diretrizes do decreto.

Cooperativismo expõe sobre logística de armazenagem em seminário

A produção agrícola vem crescendo cerca de 3% ao ano e a safra de grãos 2022/2023 deverá alcançar mais de 310 milhões de toneladas. A capacidade estática de armazenagem, no entanto, está em 188 milhões de toneladas. Com o objetivo de identificar os gargalos e apresentar soluções, quatro frentes parlamentares, de Logística e Infraestrutura (Frenlogi), do Cooperativismo (Frencoop), da Agropecuária (FPA) e do Brasil Competitivo, promoveram seminário, nesta quinta-feira (24), com a participação de órgãos do Executivo, do setor produtivo, da indústria e de bancos.

O encontro realizado na Câmara dos Deputados foi requerido pelo presidente da Frencoop, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania), que também é vice-presidente da Câmara Temática da Armazenagem da Frenlogi. Segundo ele, a junção dos principais atores envolvido no debate é o ponto de partida para o fortalecimento do segmento.

O parlamentar acredita que há outras possibilidades para captação de recursos que podem contribuir com a construção de armazéns e que um programa direcionado especificamente a essa questão se faz necessário.  “Este seminário vai impulsionar um plano estruturante da armazenagem no Brasil. Falamos que há poucos recursos. Também podemos pensar em outras formas de captação de recursos para além do Plano Safra, como, por exemplo, ter o Fiagro (Fundo de Investimento do Agronegócio) destinado à armazenagem”, recomendou o parlamentar.

A participação do cooperativismo na agropecuária é notória e, por isso, o Sistema OCB foi convidado a dar suas contribuições ao debate. O analista-técnico do Ramo Agro, Rodolfo Jordão, apresentou aos participantes um apanhado sobre o cooperativismo agropecuário, que reúne mais de um milhão de produtores rurais (71,2% da agricultura familiar) distribuídos em 1.185 cooperativas. Ele destacou que o cooperativismo é responsável por 53% da produção nacional de grãos e 63,8% dos produtores cooperados contam com assistência técnica e extensão rural, segundo o IBGE.

“O cooperativismo atua em todos os elos da cadeia produtiva, desde o acesso a insumos como mudas, fertilizantes, defensivos e rações, até a comercialização com acesso a mercados com redução de assimetrias. A atuação se dá ainda no processo de armazenagem e agroindustrialização, com agregação de valor e maior controle de qualidade dos produtos”, explicou Rodolfo. O analista relatou ainda que, quando há armazenagem, a comercialização é melhor e promove otimização logística. “Segundo a Conab, a capacidade estática de armazenagem do cooperativismo é de 41 milhões de toneladas de grãos, ou seja, cerca de 1/4 da armazenagem do país, com as 1.652 unidades distribuídas nas cooperativas agropecuárias ao redor do país”.

Ele acrescentou que o grande gargalo para a armazenagem é o financiamento, que precisa ser mais amplo para uma expansão mais célere da infraestrutura. “No Crédito Rural há restrições orçamentárias em linhas direcionadas e as taxas de juros e prazos praticados pelo mercado são limitantes para investimentos de longo prazo”, explicou Jordão. O analista também ressaltou que “as cooperativas agropecuárias são fornecedoras e usuárias dessa infraestrutura e têm apetite por desenvolver práticas neste sentido”.

Sistema OCB prestigia encontro de mulheres da OCDF

A analista de desenvolvimento de cooperativas, Divani de Souza, representou o Sistema OCB no Encontro de Mulheres Cooperativistas do Distrito Federal realizado, nessa terça-feira (15), pelo Sistema OCDF. A data escolhida é muito simbólica para o movimento, pois é fruto de Lei Distrital, de 2022, que fixou o 15 de agosto como o Dia da Mulher no Cooperativismo em homenagem à professora Diva Benevides Pinho, que nasceu neste dia, e é uma das pioneiras do estudo do cooperativismo no país.

“Este encontro foi realmente muito especial e acolhedor, pois, ao mesmo tempo em que celebramos um ano em que foi instituído o Dia da Mulher Cooperativista do Distrito Federal, também oportunizou que lembrássemos e homenageássemos a saudosa Diva Benevides. O evento promoveu conexões, aprendizados, trocas e networking entre as mulheres participantes. Sem contar a possibilidade especial de divulgar ainda mais o Comitê Nacional de Mulheres do Sistema OCB, o Elas pelo Coop e, naturalmente, despertar o desafio e a oportunidade da criação dos comitês de mulheres e jovens do DF”, ressaltou Divani.

O evento contou com série de palestras e depoimentos que reconheceram a importância da mulher para a evolução do movimento na capital. Foram estimuladas habilidades como força, perseverança, grandeza, autonomia, liderança e protagonismo. Outro ponto chave do encontro foi a disseminação de conteúdos sobre promoção e defesa dos direitos das mulheres, com base na Lei Maria da Penha.

O presidente da OCDF, Remy Gorga, destacou o papel das mulheres nas cooperativas do DF.  "A figura feminina está cada vez mais presente em cargos de liderança, de governança e traz consigo uma percepção diferenciada, um instinto que promove a cooperação". Ele também salientou que  o o DF é o único ente da federação a ter uma lei em homenagem às mulheres cooperativistas. A superintendente da entidade, Carla Madeira, classificou a data como uma grande conquista em reconhecimento ao movimento. “Estamos cada vez mais ocupando cargos importantes nas organizações cooperativas, ajudando em deliberações e em decisões relevantes", reforçou. Carla lançou ainda, o desafio da criação dos comitês de mulheres e de jovens do Distrito Federal.

No compartilhamento de histórias, a presidente da Cooperativa de Trabalho e Saúde (Coopcare) e diretora sindical da OCDF, Adélia Neri, conduziu o “Diálogo Elas pelo Coop” e apresentou o Comitê Nacional de Mulheres do Sistema OCB de mesma nomenclatura. O Elas pelo Coop foi consolidado em 2020 e, desde então, as integrantes participam de treinamentos, capacitações, intercâmbios de informações e em eventos para divulgar a força feminina dentro do cooperativismo.

 

Homenagem

Diva Benevides Pinho foi professora emérita da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) e faleceu em 2016, aos 90 anos. Em vida, ela desempenhou um papel muito importante na história da instituicão, inspirando a todos com sua cultura de cooperação e incentivando os ex-alunos a retribuírem à universidade.

Diva foi uma das primeiras brasileiras a publicar pesquisas e estudos acadêmicos sobre cooperativismo. Sua contribuição para o desenvolvimento acadêmico do tema é inestimável. Sua tese de doutorado em economia foi a primeira a abordar o cooperativismo na Universidade de São Paulo. Além disso, ela é autora do livro O Cooperativismo no Brasil, publicado em 2004, no qual faz uma análise profunda dos fatores de mudança do cooperativismo brasileiro no início do Século XXI. É dela também o livro Gênero e desenvolvimento em cooperativas: compartilhando igualdade e responsabilidades, publicado em 2000 pelo Sescoop.

*Com informações do Sistema OCDF

Comissão do Senado aprova PL do Carf

O projeto que propõe alterações em dispositivos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – Carf (PL 2.384/23) foi aprovado, nesta quarta-feira (23), pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e segue agora para análise do Plenário da Casa. O texto recebeu contribuições do Sistema OCB, que se somou ao coro das confederações patronais e do Instituto Pensar Agro (IPA), contrário ao retorno do voto de qualidade e contra o aumento do piso processual de 60 para mil salários-mínimos (limite de alçada).

 As sugestões já tinham sido acatadas pelo relator na Câmara, deputado Beto Pereira (MS), na aprovação pelo plenário. Como o artigo que aumentava o limite de alçada foi suprimido e o voto de qualidade foi mantido, com condicionantes, como extinção de multas, renegociação e parcelamento de dívidas, as demandas das confederações patronais foram atendidas. O voto de qualidade será em favor do Fisco, ou seja, em casos de empate nos julgamentos de recursos, o voto de minerva é do Fisco.

Entre os critérios estabelecidos estão a isenção de multas sobre débitos tributários, com pagamento apenas da dívida principal e os juros. Caso o contribuinte pague o débito em até 90 dias, os juros também serão cancelados. Além disso, haverá a possibilidade de pagamento em até 12 parcelas, mensais e sucessivas. A proposta aprovada garante ainda que não prevalecerão na esfera administrativa as autuações que foram interpretadas indevidamente à incidência da contribuição previdenciária rural nas operações de integração, por intermédio de cooperativas.

Para o senador Otto Alencar (BA), membro da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) e relator da matéria na CAE, o voto de qualidade para desempatar decisões do Carf é um “instituto necessário”. O parlamentar lembra que o conselho tem composição paritária e a Fazenda Nacional não pode recorrer ao Poder Judiciário em caso de derrota na esfera administrativa.

“A continuidade do modelo de resolução do empate sempre em favor do contribuinte não é a solução para o estoque de créditos em disputa. Como o julgamento administrativo corresponde a um controle de legalidade das autuações, há que se ter certeza razoável para sua anulação, muito além de um mero empate, em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público. Segundo a Receita Federal, a extinção do voto de qualidade beneficiou poucos contribuintes, embora as cifras envolvidas nos processos sejam elevadas. É mais do que compreensível a urgência requerida pelo Poder Executivo em relação ao projeto de lei”, argumentou Otto.

O presidente da comissão e coordenador da região Centro-Oeste da Frencoop, senador Vanderlan Cardoso (GO), ressaltou que o projeto disciplina a programação de resultados de julgamento. "Essa proposta dispõe sobre a autorregulação de débitos no âmbito da Receita Federal. O texto permite ao contribuinte usar créditos obtidos a partir de prejuízo fiscal e de base negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O devedor pode aproveitar valores devidos inclusive de empresas controladas ou controladoras, independentemente do ramo de atividade”.

 

Entenda

 

              O projeto em questão tem o mesmo teor que a Medida Provisória (MP) 1.160/23, que perdeu a validade em junho deste ano. O Sistema OCB esteve reunido com o relator da matéria, deputado Beto Pereira (MS) durante a tramitação da proposta na Câmara dos Deputados e somou-se ao Instituto Pensar Agro (IPA) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pela reformulação do texto. Até 2020 (Lei 13.988/20) a prerrogativa do voto de minerva era do governo. O entendimento para a mudança à época era de que o presidente votaria duas vezes e os casos de empate acabariam favorecendo as empresas, sem que o governo pudesse recorrer.

Em acordos anteriores, parlamentares já tinham destacado que o voto de qualidade seria mantido a favor do Fisco e, ao mesmo tempo, isentaria os contribuintes de multa. Em outra linha de entendimento, o voto de qualidade só tem viabilidade se atrelado a condicionantes. Uma das regras consideradas pelo relator e informada ao Sistema OCB é a concessão de benefício ao contribuinte e para a regra de desempate nos julgamentos, a ampliação do colegiado.

Na oportunidade, o cooperativismo também se manifestou sobre a exclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da base de cálculo dos créditos do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). O Supremo Tribunal Federal (STF), por sua vez, considera constitucional a extinção do voto de qualidade nas situações de empate no julgamento administrativo.

Conselhão apresenta minuta para regulamentação do mercado de GEEs

O Sistema OCB foi representado pelo coordenador de Meio Ambiente e Energia, Marco Morato, e pelo consultor ambiental, Leonardo Papp, na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o chamado Conselhão, nesta segunda-feira (21). A minuta do projeto para regulamentar o mercado dos gases de efeito estufa (GEEs) foi o mote da convocação das entidades. O encontro reuniu 50 pessoas de forma presencial e mais 70 online.

“Essa audiência foi bastante importante porque propiciou o diálogo entre o governo e s sociedade. Por outro lado, serve como experiência para entendermos os novos arranjos e construções de iniciativas neste sentido por parte do governo federal. Há alguns instrumentos interessantes como o mecanismo de equalização de preços dos créditos de carbono, semelhante ao que acontece em países dependentes de energia. Ou seja, eles têm um fundo para limitar o preço do combustível nesses países e o Brasil pensou em como limitar os preços dos créditos de carbono para manter a competitividade dos setores que seriam obrigados a reduzir as emissões”, afirmou Morato.

A apresentação do texto foi coordenada pelo secretário-executivo do colegiado, Paulo Henrique Rodrigues Pereira, e justificada pela subsecretária de Desenvolvimento Econômico e Sustentável do Ministério da Fazenda, Cristina Reis. A Casa Civil e os ministérios da Fazenda, da Indústria e Comércio, do Meio Ambiente e de Minas e Energia contribuíram para a elaboração da proposta inicial, que deverá receber novas sugestões das entidades integrantes do conselho.  Segundo explicado por Rodrigues Pereira, a proposta é fruto de cinco meses de trabalho e tem como base estudos e referências nacionais e internacionais deste novo mercado.

“A proposta é meritória, mas alguns pontos precisam ser aprimorados como, por exemplo, os limites de participação nesse mercado; a questão dos prazos para a entrada de setores; a estrutura de governança que garanta a participação dos segmentos regulados; e o reconhecimento dos ativos ambientais das atividades agropecuárias para além das Áreas de Proteção Permanente (APPs) e de Reserva Legal. A proposta deve considerar também as atividades do agro que utilizam técnicas de sequestro de carbono”, asseverou Morato.

Segundo o coordenador, esses ativos sequestram carbono e fariam jus os recebimentos dos créditos também, uma vez que estão previstos no Código Florestal (Lei 12.651/12) e na Lei de pagamento por serviços ambientais (14.119/21). Sobre o limite e as cotas de emissões, Morato considerou o modelo global adotado assertivo. “Um setor que consiga emitir menos do limite aportado poderá vender seus créditos. Por outro lado, os que emitirem em excesso poderão comprar. Esse modelo é mundialmente conhecido como cap and trade, uma ferramenta formatada para controlar as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, movimentar a economia com esta organização do mercado”, frisou.

Morato relatou ainda a preocupação do cooperativismo com o texto atual no que diz respeito à falta de clareza sobre quais setores seriam obrigados a ter cotas de emissões de gases de efeito estufa e quais atividades seriam passíveis desses limites. “Eles colocaram um limite acima de 25 mil toneladas de carbono/ano, o que entendemos como baixo e, para alguns especialistas, representa um risco”, alertou o coordenador.

              O cronograma sobre como será conduzido o processo é outro ponto a ser aprimorado, de acordo com Morato, assim como as questões de governança, quais entidades participarão do comitê de implementação do programa e a inclusão de novos segmentos que hoje estão de fora da proposta. “Vamos continuar participando e monitorando o andamento desse projeto, porque o mercado de carbono é uma das ferramentas essenciais para que a economia brasileira alcance a neutralidade de emissões. Com isso, as cooperativas podem acessar mercados mais exigentes, produzir e vender com segurança para o mundo inteiro”, ressaltou.

Nota de pesar

A Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) e o Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) lamentam profundamente a passagem de Osvaldo Arns Neto, filho do senador Flávio Arns neste domingo (20). 

Nos solidarizamos com a família nesse momento de grande tristeza para todos nós brasileiros.

Produtores de leite pedem o fim da importação de produtos lácteos

O Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite, evento promovido pela Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL), com apoio do Sistema OCB, CNA e Abraleite, e de outras 14 entidades de representação do setor leiteiro, na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (16), contou com a mobilização para alertar o governo federal sobre os atuais problemas que a cadeia de lácteos vem enfrentando, sobretudo o alto volume de importações.

O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, enalteceu a mobilização dos produtores. “O que vocês estão fazendo demonstra a capacidade de coesão de uma classe que faz toda a diferença. Vale demais, pois contribui com o diálogo junto à atores estratégicos do governo em busca de soluções mais rápidas para os produtores.”, declarou o presidente.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, defendeu os produtores e frisou que 80% deles são da agricultura familiar. Na oportunidade foram apontadas ainda medidas para garantir que as mais de um milhão de propriedades rurais que produzem leite prosperem e mantenham sua renda. “Tomamos algumas medidas importantes neste primeiro momento. Dentre elas o anúncio de compra de mais de R$ 100 milhões em leite em pó por meio do governo. Vamos publicar ainda uma portaria para aumentar a produtividade da cadeia do leite. E seguimos abertos para novas contribuições”, anunciou.

Além disso, inúmeros parlamentares da Frencoop, representantes das cooperativas agropecuárias, produtores rurais e outros atores chave para à construção de soluções visando o aprimoramento da cadeia de produção de leite marcaram presença no evento.

imagem site coop

Força do coop é destacada no encerramento da Semana de Competitividade

“Esse evento diz muito sobre nossa visão de futuro. A presença maciça de vocês aqui demonstra o quanto queremos impulsionar o coop. Somos competitivos sem deixar de lado os princípios éticos, sustentáveis e humanos de fazer negócios. Por isso, o cooperativismo merece melhorar ainda mais seus indicadores. Não podemos pensar pequeno, pois nossa capacidade de gerar prosperidade e desenvolvimento para o país são incontestáveis.”

A afirmação feita pela superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella, foi proferida no encerramento das atividades presenciais da Semana de Competitividade 2023, nesta quarta-feira (9). O evento reuniu mais de 650 cooperativistas que percorreram trilhas de inovação, inteligência de mercado, ESG e liderança para transformação, além de participarem de palestras plenárias e de laboratórios práticos.

Ela reforçou que os números divulgados no AnuárioCoop 2023 sinalizam que as metas do Desafio BRC 1 Tri serão alcançadas e o país contará, com uma movimentação financeira de R$ 1 trilhão e 30 milhões de cooperados. “Estamos aqui  porque queremos alcançar esse R$ 1 trilhão; porque acreditamos que podemos e vamos transformar esse país em um lugar melhor para se viver. Mais justo, sustentável, com equidade de gênero e diverso. O que nos une é a certeza de participar de um modelo de negócios capaz de transformar vidas”, ressaltou.

Tania complementou sua fala com a apresentação de vídeo sobre os produtos e serviços elaborados pelo Sistema OCB para desenvolver os negócios de cooperativas de todos os ramos. São soluções de representação, dados e inteligência, ESG, negócios, inovação, capacitação e comunicação.

A superintendente também convidou a todos para participar do 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), que será realizado entre os dias 13 e 17 de maio de 2024, em Brasília. “Muitas temáticas trabalhadas aqui foram trazidas por vocês no 14º CBC. A instituição dos comitês de jovens e de mulheres, o Geração C e o Elas Pelo Coop, são exemplos de frutos do congresso. E queremos bater a meta de participantes. Em 2019 foram 1,5 mil cooperativistas e agora queremos receber 3 mil lideranças, porque são vocês que legitimam o trabalho de representação que fazemos”.

O presidente Márcio Lopes de Freitas acrescentou que o congresso é o caminho para a construção de estratégias futuras, táticas e ações que precisam, obrigatoriamente, surgir a partir do coletivo. “O 15º Congresso do Cooperativismo começa agora. Vamos construir o coop que queremos e engajar todos nesse processo. Vamos confiar na nossa garra e na humanidade que nosso modelo de negócios tem”.

Cooperativismo defende ato cooperativo em audiência no Senado

O setor produtivo debateu os impactos da Reforma Tributária (PEC 45/19), nesta terça-feira (15), em audiência pública promovida pelo Grupo de Trabalho do Senado que discute o tema. A reunião foi requerida pelos senadores da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), Vanderlan Cardoso (PSD-GO) e Efraim Filho (União-PB). O colegiado realizará ciclos de debates e consolidará as sugestões em emendas a serem apresentadas ao relator da proposta, senador Eduardo Braga (MDB-AM).

O consultor tributário do Sistema OCB, João Caetano Muzzi Filho, representou o movimento cooperativista no debate. Ele iniciou a exposição com dados mundiais e brasileiros que reforçam a importância econômica e o impacto socioambiental gerado pelo modelo de negócios em benefício das pessoas e comunidades. “São três milhões de cooperativas, um bilhão de cooperados (12% da humanidade) e mais de 280 milhões e empregos gerados (4% da população) no mundo. Os ingressos das 300 maiores cooperativas são de US$ 2,17 trilhões. No Brasil, somos 4,6 mil cooperativas, mais de 20 milhões de cooperados e 524 mil empregos gerados, com ingressos de R$ 656 bilhões”, descreveu.

A manutenção do texto aprovado pela Câmara dos Deputados foi o ponto de defesa do consultor. Ele salientou que o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo é um sinal de respeito as peculiaridades do modelo e que a inclusão deste dispositivo no texto da Reforma Tributária (Art. 156-A, § 5º, inciso V, alínea "d") não é um benefício. “Trata-se de respeitar à estrutura societária das cooperativas e sua lógica operacional, já que ela representa uma sociedade de pessoas e não de capital. Além disso, os resultados positivos ou negativos são compartilhados entre os cooperados”, explicou.

Muzzi fez um alerta sobre os privilégios que atingem as sociedades mercantis. “Nestas sociedades se isenta a distribuição de lucros e nas cooperativas o cooperado é tributado na pessoa física. Percebemos que a reforma privilegiou o consumo e o modelo cooperativista é um dos poucos que paga tributo em cima de riqueza. O associado pagar 25% de alíquota descredencia o modelo e seria altamente destrutivo. Reforço, tributar a cooperativa e o cooperado inviabiliza os negócios cooperativista”, asseverou.

O consultor salientou que o ato cooperativo já está previsto na Constituição de 1988 (Artigo 146, inciso III, alínea “c”) e que no Artigo 174 (§ 2º), está caracterizado o dever do Estado em apoiar e estimular o cooperativismo. “O ciclo virtuoso do coop é uma referência mundial. Onde tem coop, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é maior. As pessoas se unem por um propósito, geram trabalho, renda e prosperidade. O ato está na Constituição e precisa ser regulamentado. Ele precisa ser único, pois a riqueza se fixa na pessoa física, então o imposto deve incidir no cooperado, uma vez que a cooperativa apenas faz a intermediação na compra ou venda dos produtos de seus associados”, relatou.

Muzzi também defendeu o regime de aproveitamento do crédito nas etapas anteriores da cadeia. “A perda desse direito de crédito também é prejudicial ao cooperativismo. Quem comprará da cooperativa se não terá esse ganho? A ideia da Câmara dos Deputados foi estruturar uma neutralidade jurídica e econômica no modelo de Imposto de Valor Agregado (IVA). Então, rogamos pela manutenção do texto, com o detalhe de que precisamos do crédito de equilíbrio”, pleiteou.

O gerente executivo de Economia da CNI, Mario Sergio Carraro Telles; o economista da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes; o coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Conchon; e o presidente da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), João Carlos Galassi, foram os outros convidados a expor durante a audiência.

Entre os temas debatidos estão a simplificação e a desburocratização tributárias; o imposto sobre valor agregado (IVA) sob o ponto de vista da indústria e do comércio; o IVA sob o ponto de vista do setor de serviços; partilha de receitas, Fundo de Desenvolvimento Regional e compensações por perdas de arrecadação; e Zona Franca de Manaus, regimes fiscais especiais e benefícios fiscais.

Entenda: Com a Reforma Tributária, o Brasil passará a adotar o regime de Imposto Sobre o Valor Agregado já praticado em diversos países. O tributo será dual, uma vez que, na esfera federal, o PIS e a Cofins são reunidas na Contribuição Sobre Bens e Serviços (CBS), e os estados e municípios terão o Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), em substituição ao ICMS e ao ISS. Muzzi apresentou os aspectos gerais da reforma em seminário direcionado à tributaristas e contadores.

 

Seminário apresenta atuação do movimento em defesa do ato cooperativo

O Seminário Contábil e Tributário encerrou os trabalhos da Semana de Competitividade do Cooperativismo 2023, nesta sexta-feira (11). O encontro realizado em formato online trouxe um panorama da atuação do movimento pela inclusão do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo no texto da Reforma Tributária (PEC 45/19), os pontos chave presentes na proposta aprovada pela Câmara e os próximos passos de defesa junto aos senadores.

A abertura foi realizada pela superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella, que iniciou sua fala agradecendo aos profissionais que atuaram no Grupo de Trabalho da Reforma Tributária na Casa do Cooperativismo, em especial, a coordenadora do GT e assessora jurídica da entidade, Ana Paula Andrade Ramos, que mediou os debates do seminário. Tania explicou que durante a tramitação na Câmara dos Deputados o primeiro relatório não contemplava o pleito cooperativista, o que exigiu uma mobilização maior da representação nacional, das organizações estaduais e das cooperativas e seus cooperados.

“Quando esse tema entrou no Congresso, em 2019, sabíamos que incluir o ato cooperativo não seria uma missão fácil. Tivemos muitas discussões sobre a conceituação do ato e da incidência dos tributos. Para a defesa dos sete ramos, agregamos profissionais de peso para verificar impactos um a um. Então, preciso registrar nosso agradecimento a eles nas discussões, soluções e alternativas que nos trouxeram oresultado que temos hoje, que é o ato cooperativo respeitado no texto da reforma. Talvez tenhamos sido a única entidade que ficou até o último minuto antes da apresentação do relatório final negociando e, por fim, conseguimos acrescentar nossas particularidades”, afirmou a superintendente.

Algumas questões setoriais ainda serão tratadas por meio de leis complementares e Tania contou que já há articulação com o senador Eduardo Braga (MDB-AM) pela manutenção do texto aprovado pela Câmara. “Temos um plano de trabalho traçado e vamos trabalhar com alguns parlamentares mais próximos para que eles mantenham os acordos conquistados.  Na próxima semana teremos um almoço com os senadores Vanderlan Cardoso (PSD-GO) e Efraim Filho (União Brasil-PB).  Acreditamos que tudo o que construímos tende a crescer na votação que deve acontecer ainda neste semestre”, contou.

Com a Reforma Tributária, o Brasil passará a adotar o regime de Imposto Sobre o Valor Agregado já praticado em diversos países. O tributo será dual, uma vez que, na esfera federal, o PIS e a Cofins são reunidas na Contribuição Sobre Bens e Serviços (CBS), e os estados e municípios terão o Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), em substituição ao ICMS e ao ISS.

O consultor Tributário da OCB, João Caetano Muzzi Filho, apresentou os aspectos gerais da reforma no painel Cooperativismo e Reforma tributária: avanços e impactos na aprovação da PEC 45 na Câmara dos Deputados. Muzzi explicou que, embora o ato cooperativo esteja resguardado no texto da reforma tributária (Art. 156-A, § 5º, inciso V, alínea "d"), o regime será optativo. “O regime específico de tributação é para assegurar a competitividade e o imposto não incidirá sobre as operações entre cooperativas e o cooperado, além da possibilidade de aproveitamento de crédito das etapas anteriores da cadeia”, descreveu.  

Ainda segundo ele, a lógica visa respeitar as características do movimento que busca riqueza para seus cooperados, pessoas fisicas, ou não, que são quem sofre as incidências tributárias. “Em lei complementar serão refletidas as hipóteses de não incidência. No Ramo Saúde, por exemplo, o plano já é tributado sobre a receita ou preço do serviço na taxa de administração, que é a diferença do que ela recebeu do usuário e repassa para o prestador. A cooperativa trabalha com montante de terceiros”, exemplificou Muzzi.

O consultor declarou que um “esforço hermenêutico terá de ser feito para compreender o fluxo de realidade econômica e de realidade societária (cooperativas), cálculo do ato e do não ato cooperativo, a divisão de créditos e o período de transição em convivência entre os modelos.  Ele apresentou como se dará o regime específico que, entre outros segmentos, contempla o cooperativismo e outros setores. Sobre a transição, Muzzi explicou que as leis complementares devem ser aprovadas entre 2024 e 2025. “O ano de 2026 será o chamado ano teste, e a CBS ainda terá embutida o PIS e o IBS a Cofins. Já em 2027, PIS e Cofins serão extintos. A partir de 2029 até 2032 o IBS terá redução gradual de alíquotas em 10% (2029); 20% (2030); 30% (2031); 40% (2032); e 100%, em 2033”, completou.

 

Questões setoriais

A tributarista do Sicredi Confederação, Renata Russowsky, falou sobre as particularidades dos serviços financeiros. Segundo ela, o foco é na simplificação para uma maior eficiência operacional e crescimento econômico, sem redução da carga tributária. “O Brasil é campeão mundial em horas gastas por uma empresa de porte médio para pagar tributos. São 1.501 horas por ano, quase o dobro do segundo colocado e quase oito vezes a média mundial, segundo dados do Banco Mundial. A reforma reduz a litigiosidade e a insegurança jurídica com consequente aumento do nível de investimentos. O valor total da matéria sem litígio no Brasil é de aproximadamente R$ 5,4 trilhões, o que equivale a 75% do PIB brasileiro. A principal questão para o nosso ramo é se as cooperativas de crédito são ou não contribuintes de IPI e ICMS”, pontuou.

Renata explicou que uma lei complementar deverá criar um regime tributário específico para serviços financeiros que enquadram conceitos sobre operações de crédito, câmbio, seguro, consórcio, arrendamento mercantil, previdência privada, capitalização, operações e outras medidas que impliquem na captação, intermediação, gestão ou administração de recursos, além de outros serviços prestados por instituição financeira e equiparadas. 

“As coops de crédito são diferentes dos bancos, a começar pela formação onde o cooperado é dono, faz parte das decisões. Os chamados lucros de outros modelos, são as sobras do cooperativismo que são repartidas entre os associados. A cooperativa também tem papel importante no desenvolvimento local. Então é interessante observar o conceito existente agora, que é fruto de muita discussão, para demonstrar que o ato cooperativo é neutro, não um privilégio. As premissas e o adequado tratamento tributário evitarão a dupla tributação que pode inviabilizar a atuação da cooperativa”, asseverou.
 

Já o coordenador jurídico da Ocepar, Rogério dos Santos Croscato, refletiu sobre o cenário para o ramo Agro. “Teremos alíquota zero nos produtos da cesta básica com a criação da Cesta Básica Nacional de Alimentos, os produtos serão definidos em lei complementar. Já está zerada para produtos hortícolas, frutas e ovos. Em contexto geral, a alíquota do agro foi reduzida em 60% para produtos agropecuários, aquícolas, alimentos destinados ao consumo humano e produtos de higiene pessoal. Acreditamos que o Senado pode aumentar esse percentual para 80%”, relatou.

Segundo ele, alguns pontos podem ser alterados para incentivar o produtor rural.  “O texto traz que o produtor que fatura até R$ 3,6 milhões por ano não será considerado contribuinte, podendo optar pelo regime normal de recolhimento caso tenha interesse. Areditamos que o ideal é elevar esse valor para R$ 4,8 milhões”, disse. Outra definição que virá por lei complementar, de acordo com Rogério, é a do crédito presumido onde o produtor não contribuinte terá direito ao crédito nas operações. “Não sabemos qual parâmetro deve ser estabelecido e se poderá ser revisto de tempos em tempos. Isso fomenta cada vez mais o cooperado a operar por meio de sua cooperativa”.

Para ele, é positivo o regime fiscal que favorece a produção de biocombustíveis e a garantia do direito aos créditos dos tributos dos insumos da produção. A não incidência do IPVA em aeronaves agrícolas, embarcações que pratiquem pesca e sob os tratores e máquinas é outro ponto positivo apontado por Rogério. “O ressarcimento de créditos das exportações vai beneficiar as coops que já operam no mercado internacional”, acrescentou.

Para encerrrar o seminário,  a assessora Ana Paula apresentou o principal canal para que as cooperativas e cooperados se informem sobre a atuação da representação nacional. Ela convidou a todos também para acessar a Agenda Institucional e fazer a inscrição para receber o boletim quinzenal Direito no Coop. No SomosCooperativismo, ela recomendou acessar a aba de publicações que conta com materiais comentados e situações práticas sobre inúmeros temas como os manuais contábeis e tributários, dos ramos trabalho e transporte, e-Social para cooperativas, entre outros. Há ainda a série de vídeos no canal do Sistema OCB com explicações e reflexões especiais sobre a reforma.

Panorama político e econômico projeta oportunidades para o coop

 

A Semana de Competitividade do Cooperativismo 2023 contou com painel específico para apresentar o panorama político e econômico brasileiro para este ano. A superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella, fez um breve histórico da atuação do movimento em defesa do cooperativismo nas alterações do Sistema Tributário Nacional (PEC 45/19). O encontro, realizado nessa terça-feira (8), foi mediado pelo CEO da Unimed União e Influenciador Coop, Marcelo Vieira Martins, e contou também com exposições do cientista político da Eurasia Group, Silvio Cascione, e da economista e sócia-fundadora da Tendência Consultoria, Denise Pasqual.

Tania agradeceu aos cooperativistas pela mobilização nos estados pela inclusão do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo no escopo da Reforma Tributária, agora em análise no Senado Federal. Ela lembrou, ainda, a articulação expressiva da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), que durante a tramitação e votação do texto na Câmara dos Deputados, não mediu esforços para garantir o respeito às especificidades do movimento. A superintendente solicitou a todos que continuem os trabalhos da mesma forma pela aprovação no Senado.

O cientista político, Silvio Cascione, fez um apanhado global sobre as dificuldades enfrentadas pelas nações no pós-pandemia e explicou que o novo governo tem se mostrado estável, segundo pesquisas, dados e engajamentos nas redes sociais. “Normalmente, a lua de mel com presidentes recém-eleitos têm prazo de validade, porém, a popularidade do Lula continua em alta e isso tem dado espaço para a equipe econômica tocar uma agenda que tenta entregar promessas de campanha com força do Congresso que, por sua vez, tem incentivos para cooperar com o governo”, afirmou.

Para ele, a confiança no governo pode crescer nas próximas medições. “A queda nos preços dos combustíveis, energia e alimentos sugerem que a aprovação pode subir mais um pouco e isto dá um certo conforto para abrir outras pautas importantes nos próximos meses. Então, a imagem do governo para o eleitorado é de que o presidente está em uma posição mais firme. E é uma verdade, uma vez que observamos aprovações importantes no Congresso como a Reforma Tributária, o Arcabouço Fiscal e a reestruturação dos ministérios”, acrescentou.

Cascione evidenciou que há três prioridades a serem consideradas nos próximos meses: as aprovações finais da reforma tributária e do arcabouço fiscal e a questão ambiental, com a regulamentação  do mercado de carbono. “A agenda ambiental tem bastante sinergia entre governo  e Congresso, pois ela traz muitas possibilidades para o país. Então é quase certo que haja uma definição, ainda este ano, sobre a regulamentação do mercado de carbono”.

O especialista também considera o aumento da arrecadação e a reforma do Imposto de Renda agendas importantes para o curto prazo. “O governo vai aproveitar seu bom momento para colocar estas pautas em discussão e aproveitar sua popularidade. Mas é importante observar que temos outras oportunidades a serem construídas diante de riscos globais como o conflito entre Rússia e Ucrânia, entre China e EUA e a recessão dos EUA em 2024. Não podemos ter uma visão ingênua da globalização e não levar em conta questões geopolíticas estratégicas. O Brasil é o que oferece um ambiente seguro para investimentos, além de estar alinhado com diversas agendas do século XXI”, concluiu.

A economista Denise Pasqual relatou que o quadro inflacionário nacional exibe melhora, mas as variações acima das metas seguem desafiando os principais bancos centrais do mundo. “O que acontece aqui também aconteceu em outros países com a inflação reduzindo, mas ainda elevada". Em linhas gerais, ela disse que as condições de oferta e demanda se acomodaram, assim como os preços das commodities. A expectativa do Produto Interno Bruto (PIB) para os próximos anos é de um crescimento de 2% ao ano. Nos EUA, segundo ela, as projeções variam entre 0,7% a 1,8%, e na China, mesmo com as restrições impostas, a expectativa é de 5,1%.

Para que o cenário seja ainda mais competitivo, Denise frisou a importância da aprovação do arcabouço fiscal e acrescentou que há uma pressão em relação à alta dos juros, que começa a ser reduzida, mas continuará no discurso do governo. A mudança, em 2024, do presidente do Banco Central foi apontada pela economista como um tema que deve levantar questionamentos sobre retrocessos e avanços acerca da independência do órgão.

A economista considera que o agronegócio segue como a vocação principal do país e deve manter o crescimento em torno de 10% ao ano. Sobre os investimentos, Denise salientou que ainda é um ano ruim, mas que 2024 terá melhora em curto prazo com correção de choques externos e impactos do aperto monetário. De acordo com ela, a taxa de desemprego deve sofrer nova queda, passando dos atuais 8,6% para 8%.

“Com a aprovação da reforma tributária, os contribuintes terão mais transparência sobre o que pagam de impostos e o cooperativismo será beneficiado, ainda mais com as leis complementares que respeitarão as particularidades do modelo. Quando olhamos os dados da economia como um todo parece homogênea, mas não é. Há um novo cenário, inclusive se olharmos outros países, e quem tiver notando essas mudanças vai competir melhor”, concluiu.

Entidades buscam consenso para remuneração mínima de trabalhadores de Apps

O Sistema OCB participou nesta segunda-feira (14) da reunião plenária do do Grupo de Trabalho que discute a regulamentação do trabalho mediado por aplicativos, realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os debates, coordenados pelo governo federal, se concentraram em torno dos valores mínimos de remuneração e custos de operação.

Gilberto Carvalho, secretário nacional de Economia Popular e Solidária da pasta, e responsável pela condução dos trabalhos, concedeu prazo de 15 dias para que as entidades representantes de trabalhadores e de empresas cheguem a um possível acordo. “Se isso não for possível, o governo vai adotar as medidas necessárias para que sejam resguardados os direitos mínimos dos trabalhadores e, naturalmente, as condições para que as empresas possam continuar operando no Brasil”, afirmou.

O Sistema OCB vai continuar presente nos debates e trabalhará para encontrar um ponto de consenso entre trabalhadores e empresários no GT. “Podemos contribuir significativamente, uma vez que o cooperativismo é um modelo econômico sustentável, inclusivo e competitivo. Acreditamos que o grupo terá uma boa solução para apresentar após esses 15 dias”, afirmou o coordenador sindical do sistema, Bruno Vasconcelos.

Lei dos Caminhoneiros: entidades discutem formas de mitigar decisão do STF

O Sistema OCB participou nessa quarta-feira (9) de reunião com representantes de diversos setores produtivos, entidades de transporte, indústria, comércio, agronegócios e serviços para buscar soluções para os eventuais impactos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que declarou inconstitucionais diversos dispositivos da Lei dos Caminhoneiros (ADI 5322). A decisão aumentará o valor do frete e trará também consequências relativas à mão de obra, especialmente em questões como o fracionamento de descanso, tempo de carga e descarga e o repouso em movimento.

O encontro foi solicitado pelo deputado federal Alceu Moreira da Silva (MDS-RS) e, em parceria com os deputados Zé Trovão (PL/SC) e Toninho Wandscheer (PP/PR), que também participaram da reunião, ele ouviu os representantes das entidades para entender melhor os efeitos da decisão e as medidas que podem ser adotadas para minimizar os impactos negativos previstos.  “Essa decisão repercute em toda a sociedade brasileira. A estratégia, então, é buscar algumas alternativas, como a modulação desses efeitos para termos tempo para adaptação ao processo”, declarou Alceu.

Na ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 5322, alguns trechos da lei nº 13.103/2015 foram declarados inconstitucionais como o tempo de espera dos motoristas; indenização do tempo de espera em 30% do salário-hora normal; cumulatividade e o fracionamento dos descansos semanais remunerados em viagens de longas distâncias; o fracionamento do intervalo interjornada de 11 horas; e o repouso com o veículo em movimento no caso de viagens em dupla de motoristas.

Representantes da Confederação Nacional de Transportes (CNT) destacaram que a entidade é amicus curiae na ADI 5322 e segue trabalhando junto ao STF nos embargos para mitigar os efeitos no setor produtivo, respeitando os direitos trabalhistas e a saúde dos trabalhadores. Eles destacaram ainda que a declaração de inconstitucionalidade promove desequilíbrio em todo o segmento. Entre eles, o impacto financeiro acima de 30% nos custos das empresas, especialmente com folha de pagamento, jornada de trabalho, número de trabalhadores, equipamentos e insumos.

As operações de transporte, logística e armazenamento também serão drasticamente afetadas, de acordo com os representantes, especialmente nos transportes de longa distância, cujo impacto pode chegar a 40%, com viagens durando mais de sete dias, e nos tempos de carregamento/descarregamento, com redução da produtividade em no mínimo 25%. Para o segmento do transporte de cargas, a invalidação do tempo de espera indenizado como 30% da hora normal também pode ter um impacto significativo nas operações. Com a decisão, o tempo de espera, se não integrado à jornada normal de trabalho deverá ser pago como hora extra, com adicional de 50% (ao invés de 30%, será 150% do valor da hora).

Outros dois pontos invalidados dizem respeito ao fracionamento do intervalo interjornada e ao acúmulo do descanso semanal remunerado. Agora, o intervalo entre as jornadas de 11 horas deve ser integralmente concedido (não pode ser mais fracionado em 8 horas mais 3) e o descanso semanal (24 horas a cada 6 dias) não pode mais ter 3 acúmulos e gozados no retorno, o que também deve onerar muito as operações.

Enquanto não houver declaração sobre modulação dos efeitos da decisão, ou seja, a partir de quando elas incidirão, seus efeitos estão vigendo desde a publicação da certidão de julgamento, em 12 de julho.

 

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Movimento cooperativista cresce e meta BRC 1 Tri está mais próxima

A relevância socioeconômica do movimento cooperativista pode ser conferida no Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2023 lançado nesta segunda-feira (7). O documento é o censo do coop e permite que estratégias sejam projetadas para que o movimento fique cada vez mais robusto e próximo à meta do BRC 1 Tri, que é movimentar R$ 1 trilhão e agregar 30 milhões de cooperados até 2027. O panorama de 2022 realizado pelo Sistema OCB aponta que o número de cooperados passou de 18,8 para 20,5 milhões, o que representa 10% da população. Além disso, o movimento já emprega 524.322 profissionais e sua movimentação financeira atingiu R$ 655,8 bilhões.

O anuário 2023 apresenta também os resultados da pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para medir os impactos do movimento para a economia do país. De acordo com o estudo, a cada R$ 1 gasto no coop, RS 2,92 retornam para a economia por seu efeito multiplicador. São R$ 1,65 no valor da produção, R$ 0,88 no valor adicionado, R$ 0,06 na arrecadação de impostos e R$ 0,33 nos salários e geração de mais de 19 mil empregos.

Sob a óptica regional, os benefícios e impactos do movimento medidos pela Fipe são significativos quando comparados a regiões onde não há uma cooperativa. Os ganhos econômicos evidenciaram acréscimo  de R$ 5,1 mil no PIB por habitante; incremento de 28,4 empregos formais a cada 10 mil habitantes e de 14,8 estabelecimentos a cada mil habitantes. Além disso, municípios que contam com a presença de cooperativas apresentam um valor maior de exportações por habitante de U$ 344,4. .

“Dar visibilidade à força e relevância do cooperativismo brasileiro é, além de um mecanismo estratégico para o fortalecimento do movimento, um convite para que mais pessoas queiram se envolver no ciclo virtuoso que promovemos para as pessoas e comunidades. Os resultados positivos são frutos do esforço da atuação e representação institucional do Sistema OCB e das Organizações Estaduais e suas cooperativas. Certamente vamos impulsionar ainda mais o cooperativismo para que essa prosperidade que promovemos transborde em todo o nosso país”, ressalta o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.

 

Indicadores

Como a base do movimento cooperativista são as pessoas, o salto para os atuais 20,5 milhões de cooperados demonstra o interesse cada vez maior de homens e mulheres em integrar uma cooperativa e construir soluções e possibilidades coletivas e compartilhadas em diversos segmentos econômicos. Outro dado importante apontado pelo anuário é o aumento da participação feminina que atingiu 41% dos associados. Os principais ramos em que elas atuam são Consumo, Crédito, Saúde e Trabalho, Produção de Bens e Serviços. Neste último, inclusive, elas lideram, representando 52% dos cooperados. No Ceará, a presença delas também supera a masculina, alcançando 58% do quadro social.

A participação das mulheres em cargos estratégicos e de liderança vem aumento de forma gradativa e consistente. “Esse é um desafio constante do nosso movimento e temos trabalhado muito para que cada vez mais mulheres se sintam preparadas para ocupar esses cargos. Criamos núcleos femininos em todos os ramos e sabemos que esse é um caminho ainda longo, mas sem volta”, afirma a superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella. Segundo os dados do Anuário, o Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços apresenta o maior número de lideranças femininas, com 47% das dirigentes.

O cooperativismo soma atualmente 4.693 cooperativas registradas junto ao Sistema OCB e estão presentes em mais de 1,4 mil municípios, gerando impactos positivos em suas comunidades com produtos e serviços de qualidade, preço justo e responsabilidade socioambiental junto à população. Em 2022, algumas optaram pela fusão ou incorporação para aumentar a escala, eficiência e reduzir custos operacionais, o que justifica a redução do número total de cooperativas registradas. “Essa é uma estratégia importante e que tem como característica o fortalecimento dessas cooperativas que conseguem aprimorar suas atividades, aumentar a presença no mercado e, consequentemente, ampliar a rentabilidade de seus cooperados”, explica Márcio Freitas.

A longevidade das cooperativas em relação a modelos societários também continua sendo um ponto de destaque. Atualmente, são 2.465 cooperativas com mais de 20 anos de atuação no mercado. Dessas, 667 contam com mais de 40 anos de atuação.

O número de empregos gerados pelas cooperativas saltou para 524.322 em 2022, um aumento de 6,3% em relação ao ano anterior quando o quantitativo ficou em 493.277.  Na distribuição por gênero, o número de mulheres empregadas atingiu 51% do total, índice 15% maior que o de 2021. Os ramos que mais congregam profissionais femininas são Consumo (57%), Crédito (61%), Saúde (73%) e Trabalho, Produção de Bens e Serviços (56%). No geral, o maior número de empregados está concentrado no Ramo Agropecuário com 249.584 trabalhadores, seguido pelos de Saúde (135.633) e Crédito (99.331).

O sucesso do movimento também é evidenciado pelos indicadores financeiros. Em 2021, os ativos totais do setor atingiram R$ 996,7 bilhões, um aumento de 27% comparado a 2021, quando o montante foi de R$ 784,3 bilhões. O capital social foi contabilizado em R$ 80,6 bilhões, com um acréscimo de 30% em relação ao período anterior. Em ingressos, que é de fato a movimentação financeira do setor, foram R$ 655,8 bilhões, 25% superior a 2021. As sobras do exercício, por sua vez, atingiram R$ 37,9 bilhões.  Aos cofres públicos, o cooperativismo injetou mais de 19,3 bilhões em tributos e outros de R$ 24,9 bilhões foram para pagamento de salários e outros benefícios concedidos aos colaboradores.

Ramo Transporte realiza encontro na Semana de Competitividade

 

A Semana de Competitividade do Cooperativismo 2023 recebeu o Encontro Nacional do Ramo Transporte nesta segunda-feira (7). Com representantes de todo o país, o evento fez um apanhado sobre o futuro do segmento, a necessidade de processos de intercooperação para alavancar novas oportunidades e avançar na melhoria dos serviços prestados, bem como na atenção às atualizações normativas juntamente com seus impactos e oportunidades. Representantes da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) também participaram e fizeram exposições.

A superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella, fez a abertura e destacou a importância da parceria com a ANTT e dos avanços no Legislativo, como a inclusão do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo na Reforma Tributária (PEC 45/19), que impacta positivamente todo o movimento cooperativista. “O ato cooperativo é nossa espinha dorsal e conquistamos a inclusão de maneira conjunta e sistêmica. Precisamos comemorar, e muito, principalmente por vocês que constroem o cooperativismo de transporte. Quero destacar que para avançar ainda mais precisamos retirar do papel os processos de intercooperação. Nosso momento é de otimismo, já que vivemos um momento importante e maduro que nos permite alcançar melhores resultados”, declarou.

José Aires Amaral Filho, superintendente de Serviços de Transporte Rodoviário e Multimodal de Cargas da ANTT, Marcelo Vinaud Prado, servidor que já ocupou a a diretoria-geral coordenaram o painel O futuro do Transporte, moderado pelo coordenador nacional do Ramo Transporte e presidente da CNTCoop, Evalto Mattos. “O transporte no país é um desafio social. Precisamos de rodovias melhores. Mais de 70% das cargas passam pelo transporte sobre rodas, o agro está crescendo e precisamos intercooperar, nos ajudar mutuamente. O primeiro degrau para isso é o relacionamento, que a OCB tem feito com maestria. O segundo é a confiança e com ela alcançamos o terceiro que é a intercooperação, que virá por consequência”, pontuou Mattos.

José Amaral fez um apanhado das ações da ANTT, especialmente para tornar o segmento cada vez mais moderno. Ele salientou a digitalização do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC), em 2020, como forma de facilitar o acesso e desburocratizar os serviços. Contou ainda sobre a revisão do vale pedágio obrigatório para possibilitar melhores condições no desenvolvimento das atividades e permitir que o setor acompanhe os avanços proporcionados pelas tecnologias e salientou a necessidade de novos incentivos.

“Queremos ser protagonistas no segmento de transportes do Mercosul. Temos construído dentro do acordo de cooperação técnica com o Sistema OCB diversos desafios e oportunidades. Hoje estamos nos debruçando na questão do e-commerce e outras formas de operação. Essa parceria tem nos mostrado mais sobre o cooperativismo para termos uma visão clara de qual o papel da agência diante destes novos processos que o setor vem vivenciando. Sabemos da importância da revolução tecnológica para otimizar nossa grande frota. Temos dois grandes players e o cooperativismo é um deles. Estamos também nos estruturando dentro do ESG”, disse.

O superintendente contou ainda que a agência está investindo em tecnologias e digitalização de dados e que pretende, dentro do RNTRC, criar selos de responsabilidade ambiental, social e de governança. “Nada melhor que o mercado para dizer quem é bom e quem é ruim. Em dez anos essa transição será natural e cada vez mais teremos um consumo consciente e, com isso, uma vantagem competitiva. Esperamos contar com o cooperativismo para desempenhar cada vez melhor esse papel”.

Marcelo Vinaud, por sua vez, salientou a importância do modelo de negócios cooperativista e questionou o porquê de ele não ser adotado em todo país. “É o que mais faz sentido quando pensamos em relacionamento, crescimento e trocas de experiências e tecnologias. O Ramo Transporte é surpreendentemente estruturado”, iniciou. Ele falou sobre os projetos que estão sob a alçada da agência e anunciou que o Governo Federal pretende investir mais em ferrovias. “Há muitos produtos que podem e devem ser transportados por via férrea como os grãos e minérios”, afirmou.

Segundo ele, a ideia do governo é primeiramente reestruturar os trechos já existentes, especialmente as ferrovias litorâneas que devem voltar a funcionar em um horizonte de 5 a 6 anos. Já sobre o transporte rodoviário, ele defende que é o primeiro a chegar nos locais de destino, o principal no transporte de máquinas e maquinários. “Estamos alinhados com o Ministério dos Transportes em um projeto onde o Brasil seja protagonista na descarbonização também no transporte rodoviário, com a adoção de caminhões elétricos para que sejamos cada vez mais sustentáveis. Isto está diretamente ligado às oportunidades de negócios. Temos conversado com o BNDES que está ajustando linhas de créditos para essa transição, que é quase que um fomento obrigatório para o segmento”, pontuou.

As atualizações normativas que afetam o transporte de carga ou passageiros foram explanadas pelos advogados do Sistema OCB, Ana Paula Andrade Ramos, Bruno Vasconcelos e Suellem Menezes. Eles fizeram um panorama sobre a aprovação da Reforma Tributária (PEC 45/19) e a importância da inclusão do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo; sobre o acompanhamento das inconstitucionalidades presentes nas leis 13.013/15 (lei do motorista), bem como as ações junto ao Supremo Tribunal Federal (ADI 5322); e sobre a atualização das exigências de exame toxicológico para motoristas (Lei 14.599/23, que versa também sobre outras medidas).

Ao final, cooperativistas expuseram cases de intercooperação entre os ramos Transporte e Agro e entre cooperativas de transporte. Eles instigaram os presentes a levar adiante o princípio do coop para levar os negócios mais longe.

Práticas assertivas do agro são destaque em seminário

O protagonismo do movimento cooperativista no Ramo Agropecuário foi apresentado na 78ª edição da Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), que aconteceu entre os dias 8 a 11 de agosto, em Gramado (RS). O evento teve por objetivo apontar oportunidades e demonstrar soluções tecnológicas aos profissionais e representantes de entidades ligadas ao segmento. O coordenador do Ramo Agro do Sistema OCB, João Prieto, foi convidado a expor no painel Cooperativas como ferramentas para o desenvolvimento de pequenos produtores rurais.

Na ocasião foram apresentados as potencialidades que os produtores rurais inseridos no cooperativismo podem alcançar em detrimento aos agricultores não cooperados. Para se ter uma ideia, dos 1 milhão de cooperados distribuídos em 1.185 cooperativas, que geram mais de 249 postos de trabalho, 71,2% dos agricultores têm perfil da agricultura familiar. Em assistência técnica e extensão rural, 63,8% deles são atendidos, enquanto no contexto nacional somente 20,2% dos produtores são atendidos. Além disso os associados e suas cooperativas são responsáveis por 75% da produção de trigo, 55% de café, 53% de milho, 52% da soja, 50% dos suínos, 48% do algodão, 46% do leite e 43% do feijão.

“Esses números ressaltam o ciclo virtuoso do cooperativismo que, por sua capilaridade, consegue levar conhecimento para os produtores mais próximos e mais afastados dos grandes centros. A prosperidade gerada está alinhada aos ganhos econômico, social e ambiental. A assistência técnica é uma potencializadora do pequeno produtor, pois se empenha em oferecer as melhores soluções em diferentes regiões com atendimento personalizado, racionalizado, com adoção de práticas sustentáveis, alocação de recursos eficientes, incentivo à pesquisa e foco em fazer mais com menos. São cerca de dez mil técnicos auxiliando nossas cooperativas e associados. A evolução tecnológica, dentro do cooperativismo, também traz aspectos éticos e sociais da transição energética”, considerou Prieto.

Ainda segundo ele, o cooperativismo atua em todos os elos da cadeia produtiva, desde o acesso a insumos como mudas, fertilizantes, defensivos e rações, até a comercialização com acesso a mercados de redução de assimetrias. A atuação se dá ainda no processo de armazenagem e agroindustrialização, com agregação de valor e maior controle de qualidade dos produtos. “Atuamos em diversos segmentos e representamos 65% do total de insumos e bens de fornecimento, 58% de produtos não industrializados de origem vegetal e 34% de produtos não industrializados de origem animal. Os resultados financeiros também ressaltam os olhos e, em 2022, o ramo contava com ativo total de R$ 266.5 bilhões, um capital social de R$ 22 bilhões, e um total de sobras, distribuídas entre todos os cooperados, de R$ 22,5 bilhões”, pontuou o coordenador.

No âmbito do cooperativismo, Prieto lembrou que já é comum a disseminação das inovações por meio da capilaridade, que tem dado aos produtores acesso à maquinários modernos, utilização da internet das coisas, de drones e sensores e da utilização da ciência de dados para uma agricultura de precisão e uso racional de insumos para uma produtividade sustentável e ambientalmente correta. “As cooperativas são meios de difusão de inovação de tecnologias e conhecimentos, são a porta de entrada e filtro para reverberar as boas práticas para otimizar e aumentar a produtividade”, classificou.

Para concluir sua participação, ele apresentou alguns pleitos do Ramo Agro presentes na Agenda Institucional do Cooperativismo. Dentre eles foram citados a otimização de linhas do crédito rural, incentivos à agricultura familiar por meio de programas do governo, como compras públicas; a defesa agropecuária com a classificação de produtos vegetais e defensivos; avanços nas aplicações dos critérios previstos no Código Florestal; incentivo ao chamado Agro 4.0 e a Conectividade Rural; além de temas como tributação agropecuária, comércio exterior, garantia de renda ao produtor e regularidade de abastecimento.

Prieto dividiu o painel com a deputada e coordenadora de Tecnologia e Inovação no Campo da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), Marussa Boldrin; do coordenador da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Francisco Rodrigo Martins; e do vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner. O evento realizado desde 1940 é referência na área tecnológica. Promovido pelo Sistema Confea/Crea, vem reunindo ao longo dos anos milhares de participantes que debatem e propõem soluções a temas ligados ao desenvolvimento do agro e à infraestrutura brasileira para o segmento.

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Protagonismo do cooperativismo é tema de audiência na Câmara

As contribuições do cooperativismo na promoção dos diversos setores de atividade econômica do Brasil foram tema de audiência pública promovida pela Comissão de Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS), da Câmara dos Deputados, nessa terça-feira (1º). A gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta, dividiu a mesa de expositores com representantes dos ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), das Relações Exteriores (MRE), do Trabalho e Emprego (MTE) e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). O encontro foi solicitado pelo coordenador do Ramo Infraestrutura da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), deputado Heitor Schuch (PSD-RS).

Segundo o parlamentar, o cooperativismo vem ganhando cada vez mais protagonismo na sociedade brasileira e impactando positivamente no desenvolvimento da indústria, do comércio e do setor de serviços. “Como o cooperativismo não beneficia só os associados, mas toda o meio onde as cooperativas estão inseridas, essa audiência é para entendermos o crescimento constante e acelerado que, por sua proporção, precisamos nos aprofundar mais para atender de forma satisfatória as demandas do movimento e o papel do Legislativo na resolução de suas pautas”, justificou.

O parlamentar citou números do cooperativismo mundial – 1 bilhão de cooperados e 280 milhões de postos de trabalho gerados, além de destacar que nove das 300 maiores cooperativas do mundo são brasileiras. “Temos 2,5 mil cooperativas com mais de 20 de anos de atuação, então esse debate é importantíssimo para discutirmos o cooperativismo e as transformações que ele apresenta para a sociedade”, afirmou.

A gerente-geral do Sistema OCB agradeceu a parceria do parlamentar em defesa do movimento em temas importantes que tramitam no Legislativo. Em um apanhado geral, ela apresentou como é feita a representação institucional das três casas que compõem o Sistema OCB (CnCoop, OCB e Sescoop), e os números do movimento no Brasil. Fabíola também anunciou que na próxima semana os dados serão atualizados com a divulgação do Anuário do Cooperativismo 2023, o censo do setor, que congrega números de todos os seus sete ramos de atividade.

“Antecipo que já somos mais de 20 milhões de cooperados. É realmente um setor que cresce cada vez mais porque faz sentido para a sociedade. O consumidor contemporâneo, as novas gerações, não pensam mais só na qualidade e no preço. Ele observa o que tem por trás do produto ou do serviço e o propósito da empresa, os valores e o compromisso que ela tem com a sociedade. Por outro lado, vemos também uma sociedade mais ativa, que fala sobre as experiências por meio de redes, ou seja, se não estiver de acordo, a insatisfação também é compartilhada. E o cooperativismo agrega tudo o que o consumidor atual quer: valor compartilhado, economia colaborativa e de propósito, consumo responsável, comércio justo, a compra de pequenos empreendedores. É o ciclo virtuoso do cooperativismo”, descreveu.

A gerente lembrou que o cooperativismo é capaz de unir resultado, produtividade e competitividade sem se esquecer da responsabilidade socioambiental, justiça social e prosperidade de todos os envolvidos. “Essa é a beleza do cooperativismo. Aas pessoas com objetivos comuns criam uma rede que gera renda e trabalho para os envolvidos e, por consequência, transborda prosperidade para a sociedade. Os bilhões gerados pelas cooperativas são divididos pelos associados, porque diferente de outros modelos societários, os ganhos são distribuídos entre eles. Todos são donos no patrimônio”. Ao concluir, a gerente geral da OCB apresentou a todos a meta do cooperativismo brasileiro para 2027, o BRC 1 Tri de Prosperidade, que pretende atingir uma movimentação financeira de R$ 1 trilhão, congregar 30 milhões de cooperados e gerar 1 milhão de empregos.

Fabíola Nader Motta - Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Inovações no Agro

O professor da Unisinos José Antônio Valle Antunes Junior (Junico Antunes) frisou que a inovação e a digitalização precisam estar cada vez mais presentes no cooperativismo e demonstrou o case da SmartCoop. A plataforma foi criada por meio de movimento de intercooperação de 30 cooperativas do agro e traz de forma inovadora informações e soluções aos produtores.

A secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Mapa, Renata Miranda, declarou que, na visão do ministério, o modelo do cooperativismo deve ser uma estratégia socioeconômica para o crescimento do país e que a união de esforços leva a uma eficiência produtiva e à melhoria da competitividade.

“Esse modelo de negócios é realmente estruturante para a sociedade. Então, entre as demandas do modelo, destaco a questão de acesso a mercados. É obrigação do Executivo tirar os obstáculos. O Brasil é uma marca e estamos perdendo oportunidades no mercado internacional. Reforço que o Ministério da Agricultura está à disposição para estabelecermos melhor nossa estratégia internacional e demonstrar que temos todas as características do consumidor contemporâneo, como a gerente Fabíola citou. Particularmente, também estou comprometida em ser uma dessa agentes para ajudar o cooperativismo”, pontuou Miranda.

Acesso a mercados

A chefe da Divisão de Promoção de Indústria e Serviços do MRE, Sophia Magalhães de Oliveira Kadri, destacou as ações conjuntas do Itamaraty e do Sistema OCB. Recentemente, a pasta sediou o workshop internacional Cooperativas pelo Desenvolvimento Sustentável com a participação de  dirigentes cooperativistas de 20 países . Ela citou ainda as missões internacionais, os projetos em execução em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) para promover o coop na Argélia, Botsuana e Senegal, bem como a fase final de negociação do projeto com o governo do Timor-Leste.

“O Itamaraty reconhece o papel do cooperativismo para o desenvolvimento econômico e social do país e está particularmente atento a contribuição positiva do movimento para o alcance das metas da Agenda 2030. É um tema absolutamente central para a nossa política externa e esse ciclo virtuoso do cooperativismo contribui com a redução da pobreza, combate à fome, trabalho decente e crescimento econômico e redução das desigualdades, mas também outros mais gerais como a equidade de gênero”, considerou.

O secretário Nacional de Economia Popular e Solidária do MTE, Gilberto Carvalho, fez um apanhado histórico sobre o cooperativismo e ressaltou a importância de uma economia mais colaborativa para o crescimento socioeconômico. Ele apresentou cases de moedas locais que abrem caminhos para o crescimento econômico das pessoas e, ao mesmo tempo, promovem o desenvolvimento local, finalizou.

Presidente Márcio dá início à Semana de Competitividade 2023

 

Sistema OCB iniciou, nesta segunda-feira (7) a segunda edição da Semana de Competitividade do Cooperativismo 2023. O evento segue até a sexta-feira (11) com uma programação recheada de trilhas para impulsionar o movimento com base nas estratégias ESG, inovação, inteligência de mercado e lideranças para a transformação. Palestras marcantes, espaço para cooperação, mesas redondas, laboratórios de práticas e diversas outras atividades estão programadas para que os participantes estejam conectados com o futuro.

A abertura foi feita pelo presidente Márcio Lopes de Freitas com o lançamento do Anuário do Cooperativismo 2023 que, além de dados estatísticos com o panorama atual do movimento, conta este ano também com os resultados de pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas (Fipe) que mediu os impactos do cooperativismo na economia brasileira. “Nosso modelo de negócios está cada vez mais competitivo, contribuindo de forma decisiva para o crescimento do país. O anuário mostra que estamos no caminho certo para alcançar as metas do BRC 1 Tri, gerando R$ 1 trilhão de prosperidade e agregando 30 milhões de cooperados até 2027. A Semana de Competitividade, por sua vez, traz conteúdos que nos ajudam a pensar fora da caixa e a entregar para o mercado muito mais do que ele espera de nós”, iniciou.

O presidente contou que, a cada 24 horas, cerca de 5 mil brasileiros em média escolhem ser coop e que, em 2022, o movimento alcançou 20,5 milhões de cooperados. “Hoje podemos dizer com orgulho que um em cada dez brasileiros faz parte de uma cooperativa. Faturamos R$ 624 bilhões em prosperidade, um crescimento quase dez vezes maior que o da economia nacional. Outro ponto de destaque do movimento é na geração de empregos. Enquanto o Brasil registrou queda de 26% no número de vagas formais em 2022, segundo o Ministério do Trabalho, o coop teve um crescimento de 6,25%, gerando mais de 524 mil postos de trabalho”, afirmou.

Sobre a pesquisa Fipe, ele destacou que os dados confirmam que o quanto o cooperativismo transforma realidades e impacta positivamente diversos segmentos e regiões do país. “Os municípios que contam com a presença do coop registram um o Produto Interno Bruto (PIB), por habitante, com acréscimo de R$ 5,1 mil na renda. Além disso, para cada R$ 1 gasto em bens e serviços, há um incremento de R$ 1,65 no valor da produção. Tudo isso comprova que nosso modelo é o melhor caminho para o desenvolvimento e a prosperidade do país”.

Ao concluir, ele passou a palavra para o criador e CEO da Conquer, Hender Favarin, que proferiu a palestra magna Experiência do cliente: Qual a relação entre Coldplay e Disney. A Conquer é uma escola focada no ensino de habilidades para negócios como liderança, inovação, oratória, inteligência emocional, produtividade, negociação e vendas. Favarin enfatizou a importância da liderança ambidestra (inovação e eficiência) e trouxe questionamentos sobre a eficiência no atendimento aos clientes.

“Empresas líderes têm lucratividade três vezes maior quando se utilizam da inovação. Os líderes digitais, por sua vez, têm crescimento cinco vezes maior. Apenas 13% dos líderes de empresas executam estratégias focadas no cliente e 23% deles tem mentalidade baseada em dados. Focar no cliente não é só produto e atendimento, é toda uma esteira de valores e princípios. O líder deve olhar a sustentabilidade de seus negócios e se utilizar de inovações para ir mais longe. A boa experiência do cliente leva em consideração a emoção dele, o baixo esforço para alcançar seus objetivos e a agilidade na resolução de seus problemas”, relatou.

Segundo ele, o cliente nem sempre tem razão, mas é a razão do crescimento. “É neste ponto que a Disney e a banda Coldplay se alinham, pois com propósitos e foco na experiência das pessoas, se transforma em líderes e fidelizem cada vez mais pessoas. Por isso, é tão importante criar lideranças fortes e inspiradoras, experiências diferenciadas para todos (inclusive seus colaboradores) e assim evidenciar que os propósitos e valores - a cultura da empresa - são sustentáveis. Desta forma, a fidelidade estará sempre acima da mera satisfação do cliente”, concluiu.

O primeiro dia da Semana de Competitividade também contou com o Encontro de Comunicadores do Sistema OCB e o Encontro Nacional do Ramo Transporte. Nesta terça-feira (8) serão realizadas as trilhas de aprendizagem e os laboratórios práticos. Confira mais detalhes em Link curto: https://in.coop.br/semanacompetividade

 

 

Câmara de Geração Distribuída ouve pleitos de dirigentes estaduais

A Câmara Técnica de Geração Distribuída do Sistema OCB realizou sua primeira reunião de 2023 nesta sexta-feira (28). Entre os temas tratados pelo grupo estão a as articulações acerca da Reforma Tributária; o mapeamento dos desafios e benefícios da geração distribuída; a avaliação dos impactos da reformulação do setor elétrico; as ferramentas e capacitações disponibilizadas para o segmento; e o status do curso GD - Oportunidades para o Coop. A abertura foi feita pela gerente de Relações Institucionais, Clara Maffia, que descreveu as estratégias para inclusão do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo na Reforma Tributária (PEC 45/19), aprovada no início de julho pela Câmara dos Deputados. Ela falou também sobre os próximos passos para garantir que os senadores mantenham o texto aprovado.

“Esse é um tema de prioridade máxima porque afeta todo o modelo cooperativista e inviabiliza os nossos negócios. Atuamos desde 2019, com incontáveis reuniões para avançarmos nessa temática. A Câmara contemplou nosso pleito e vamos continuar nossas articulações para que o Senado mantenha o mesmo entendimento. O cooperativismo é diverso, então, posteriormente, continuaremos a atuar no detalhamento de cada segmento por meio de lei complementar. Estamos em contato com o relator, senador Eduardo Braga (AM), e nossa equipe técnica já trabalha para atuar junto aos outros senadores”, explicou Clara.

O presidente do Sistema OCB/AM, José Merched Chaar, informou que também está em contato com o senador Eduardo Braga e que uma reunião com a diretoria da unidade nacional será agendada para que o movimento ofereça contribuições. A gerente elogiou a iniciativa e reforçou que as cooperativas podem e devem ajudar neste processo, pois, muitas vezes, elas têm contato mais próximo com os parlamentares. “Estamos voltando com nossos vídeos e boletins sobre a Reforma Tributária, e nosso site disponibiliza materiais para que as Organizações Estaduais e cooperativas possam utilizar na mobilização”, reforçou a gerente.

Na sequência, a trainee do Ramo Infraestrutura, Thayná Côrtes, fez um panorama da Geração Distribuída no Brasil com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).  O sistema de geração distribuída de energia solar lidera o segmento com mais de 2 milhões de sistemas (22 GW). As térmicas ficam em segundo,  com 526 sistemas (166.418,73 kw), seguida pela eólica, com 96 sistemas (17.293,55 kw) e a hídrica com 79 sistemas e potência de 69.124,77 quilowats.

Em relação aos desafios e benefícios da GD, Thayná explicou que “a gestão de excedentes de energia elétrica é mapeada internamente pela dificuldade ainda existente no acesso aos dados das unidades consumidoras dos cooperados junto à concessionária. Segundo ela, o Sistema OCB já realizou algumas ações para criar esse mecanismo e o assunto foi introduzido, inclusive, com a chefe adjunta do gabinete do diretor-geral. “Esse acesso será muito importante para o movimento”, declarou.

O assessor Institucional do Sistema Ocemg e membro do Comitê de Energia Fotovoltaica da organização, Geraldo Magela, explicou que a MinasCoop Energia irá implementar uma assessoria para tratar do programa sob a ótica dos atendimentos as cooperativas e cooperados, que fará ainda a interface com o poder público. “As empresas que prestam serviços e procuram nossas cooperativas acabam fazendo confusão no processo. É preciso que as Organizações Estaduais também se preparem para orientar as cooperativas na ponta. Firmamos um acordo de cooperação técnica com o governo de Minas e isso tem sido fundamental para mitigar problemas. Conseguimos liberar processos de licitação, reduzir prazos, definir renegociações”.

Thayná lembrou que a Cemig (empresa de energia de Minas Gerais) está com esgotamento de rede (postes e fiação) e que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já se posicionou sobre o tema alegando que o aumento expressivo das solicitações de acesso de novos geradores estaria causando impactos nos transformadores da rede básica de fronteira no norte do estado e no triângulo mineiro. “Tivemos problema similar na Energisa, que revogou projetos de conexão de redes. Temos cada vez mais atores e a linha não está preparada para isso. Por isso, precisamos de um sistema robusto e seguro para não afetar também os nossos negócios. É preciso atenção ao sistema físico”, alertou.

Ainda de acordo com ela, os benefícios do cooperativismo energético passam pelas esferas socioeconômica, ambiental e estratégica. “A geração distribuída é o futuro. Ela reduz gastos, atrai investimentos privados, gera empregos e aquece a economia. Na área ambiental estamos falando de energia limpa e renovável, o que contribui para as metas de redução de emissão de gases e proteção ambiental como um todo. Temos oportunidade de ampliar nossa atuação”, completou Thayná

 

Legislação

O coordenador de Meio Ambiente e Energia do Sistema OCB, Marco Morato, relatou que a entidade tem realizado reuniões junto a órgãos estratégicos e que as ações no sentindo de contribuir para o aperfeiçoamento legal das políticas para o segmento terão uma pausa. É que neste semestre o Congresso Nacional se debruçará prioritariamente na análise da Reforma Tributária e do arcabouço fiscal. “Vamos esperar para retomar as articulações, pois mudanças significativas poderão vir e seria um retrabalho. Temos alguns programas de isenção fiscal e alguns estados entendem que a geração compartilhada é uma subcategoria da geração distribuída como é no Pará e Minas, que inclusive tem uma lei estadual de incentivo criada em 2017, antes do marco”.

Questionado sobre ofertar energia limpa e renovável para o associado, Morato explicou que “há estratégias para isso e que algumas cooperativas já o fazem. Nosso país não participa necessariamente da transição, 85% da nossa matriz energética é limpa e renovável, somos protagonistas e podemos ser também na questão da descabonização”, observou.

Este ano a Aneel publicou a Resolução Normativa 1.059/23, que vem criando imbróglios para o setor, por exemplo com a cobrança de demanda dos consumidores de baixa tensão. Para sanar essa e outras questões, os deputados Ricardo Ayres (REPUBLIC-TO) e Lafayette de Andrada (REPUBLIC/MG) apresentaram, respectivamente, os projetos de lei 1.113/23 e 1.292/23, que, entre outas ações, aprimoram as regras do marco com ajustes necessários nos prazos, no aproveitamento de créditos de energia e no ressarcimento de custos de transporte. Os dois projetos dos deputados da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) tramitam conjuntamente e em regime de urgência, ou seja, não passará pelas comissões temáticas e segue para apreciação do plenário da Câmara.

“O deputado Lafayette contribuiu bastante durante a tramitação do projeto que se transformou na Lei 14.300 e vai continuar nos ajudando. O que deve nos guiar nas discussões são o fato de o cooperativismo ser um importante ator do segmento, o ajuste de custos; a justiça tributária em relação a outros setores e a defesa dos consumidores de energia. Estamos atentos, mas precisamos ouvir da base as dores para atuarmos com um posicionamento técnico. Já adianto que estamos respaldados no Congresso com a defesa do nosso movimento pela Frencoop e pela FPA [Frente Parlamentar da Agropecuária]”, destacou o coordenador de Relações Governamentais, Eduardo Queiroz.

 

Cursos e capacitações

Morato contou dos projetos-piloto de energia renovável que estão sendo aplicados em seis cooperativas em três regiões diferentes (Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste), que conta com diagnóstico assistido para avaliar a aderência das cooperativas, plano de ação, assessoria e treinamentos, e acompanhamento trimestral do planejamento de ação. No segundo semestre será disponibilizada ferramenta (software de gestão) que automatiza dados de qualificação, cadastrais, de desempenho, pagamentos, entre outros. A capacitação sobre o modelo de negócios para as Organizações Estaduais acontecerá no dia 26 de setembro.

       Já o Curso de Geração Distribuída - oportunidades para o coop será lançado na Semana de Competitividade (de 7 a 11 de agosto) e será disponibilizado na plataforma CapacitaCoop. A trilha de aprendizagem conta com cinco módulos. No primeiro o aluno vai compreender os benefícios da energia renovável aplicados ao cooperativismo. Já no segundo, verá os principais elementos que beneficiam a cooperativa, seus cooperados no processo de utilização e/ou desenvolvimento de energia renovável.

O terceiro apresenta como funciona o processo de constituição de uma coop de geração distribuída de energia renovável, e o quarto, mostra os diferentes modelos em que as cooperativas do segmento podem se basear antes de serem constituídas. No quinto e último módulo, o aluno conhecerá as práticas de coops que contribuem para a transição energética.

 

 

Fórum ABDE: Sistema OCB media painel

O Sistema OCB foi convidado a contribuir com o ciclo preparatório para o 8º Fórum do Desenvolvimento, promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE). O coordenador de Meio Ambiente e Energia, Marco Morato, mediou a rodada de conversa do painel Empregos verdes: o trabalho na transição justa e inclusiva, nessa quarta-feira (26), que contou com a participação de representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e do Banco do Nordeste.  O cenário da industrialização verde se soma às ações para uma economia de baixo carbono e pode refletir na geração de novos empregos, segundo os convidados.

“Esse debate é fundamental para que a gente desenhe o caminho do futuro. A economia verde, a Agenda 2030 e a transição justa e inclusiva no trabalho estão intimamente relacionadas e formam estruturas basilares para o desenvolvimento sustentável. Essa sinergia é essencial para o equilíbrio entre o crescimento econômico, a inclusão social e a proteção do meio ambiente. O nosso desafio é fazer isso sem deixar ninguém para trás. Essa iniciativa envolve garantir que os trabalhadores afetados pelas mudanças na economia na transição dos setores altamente poluentes para os setores mais sustentáveis sejam apoiados e tenham empregos de qualidade”, enfatizou Morato na abertura do painel.

O diretor da OIT, Vinícius Pinheiro, destacou o contexto desafiador em que o mundo vive no legado da pandemia da Covid-19, que demonstrou a vulnerabilidade das nações e, por outro lado, acelerou mudanças nos mercados, na produção de bens e serviços, no consumo, nos investimentos e no trabalho. “Essas novas dinâmicas de transformações estão causando mudanças sem precedentes na forma de trabalhar e as relacionadas com a questão climática vem acompanhadas por eventos extremos. As ondas de calor é um exemplo disto. Isso tem um impacto substantivo sobre as condições de trabalho e níveis de produtividade. Para se ter uma ideia, o estresse relacionado ao calor vai provocar uma perda de 2,2% da produtividade em termos de horas trabalhadas em todo o mundo. Isso equivale a 80 milhões de empregos destruídos por conta das mudanças climáticas”, alertou o diretor.

Pinheiro falou ainda sobre as tendências diante deste cenário. O impacto no segmento de inovação tecnológica e da digitalização, bem como os desafios de inclusão e transformação diante de novos modelos de negócios e distribuição de renda foram citados por ele. Para lidar com essas situações, a OIT recomenda primeiramente a promoção da justiça social. “Na última Conferência Internacional do Trabalho se acordou um conceito do que é transição justa. Esse conceito se expandiu e tivemos representantes de 190 países que disseram que transição justa consiste em promover economias ambientalmente sustentáveis de maneira inclusiva mediante a criação de oportunidade de trabalho decente e redução das desigualdades sociais, sem deixar ninguém para trás. A medida em que as matrizes são modificadas, alguns empregos são extintos e outros criados. Para o Brasil, o novo cenário traz um saldo de criação de 15 milhões de empregos”, complementou.

A diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade (ICS), Maria Netto, considerou que o tema finanças verdes traz a necessidade de promover investimentos sustentáveis. “Infelizmente o cenário atual demonstra que está difícil chegar nas metas estabelecidas para 2030, especialmente sobre o aumento da temperatura. Hoje há 66% de possibilidade que não atingiremos, pois já está subindo”, explicou a diretora.

O tema competitividade internacional foi frisado por ela, juntamente com as oportunidades para que o Brasil se consolide como líder mundial nesta transição. “Nos EUA há um importante programa de subsídios para reduzir a inflação e recuperar a economia no segmento da economia verde. Por outro lado, a União Europeia atua com estes subsídios e outros sistemas de tarifas e fronteiras para promover os produtos verdes e a produção mais limpa. Neste contexto, o Brasil tem oportunidades reais. É a maior nação do mundo com potencial de recursos naturais para a produção da energia limpa e outras soluções baseadas na natureza para a redução da emissão de gases”, salientou Maria Netto.

De acordo com ela, quando se fala do setor industrial, o Brasil também é protagonista. “É a indústria mais limpa do mundo, mais que a europeia, que a americana, isso sem falar da indiana e chinesa. Só que somos ruins em vender e apresentar esses diferenciais. Qualquer caneta brasileira é mais limpa se comparada a outra fabricada no mundo. Então, podemos utilizar nossos ativos sustentáveis para criar cadeia de valor e gerar trabalho e emprego, valorizando esses processos por meio de selos. Além disso, temos um enorme potencial para a indústria de biocombustíveis, que também lideramos, mas perdemos muitas oportunidades”, considerou.

Maria Netto atentou que o país terá visibilidade global nos próximos dois anos, pois sediará importantes eventos como a reunião do G20 e a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). “Estes dois eventos vão dar uma atenção enorme para o Brasil. Minha provocação é como fazer a agenda de reindustrialização verde? Onde financiar e o que priorizar, energia solar, eólica ou de hidrogênio verde? Como criar cadeias de valor entorno dessas energias? Como podemos modelar instrumentos financeiros para alavancar o que já temos? Afinal 80% da nossa matriz energética já é renovável”, concluiu a diretora.

Para o economista-chefe do Banco do Nordeste, Luiz Esteves, a combinação de fatores geopolíticos abre uma janela de oportunidades para a economia brasileira no que diz respeito ao protagonismo do país na transição. “Já começamos a receber investimentos, inclusive para hidrogênio verde e mais especificamente para a exportação dele. Temos como fazer uma estratégia mais sofisticada para aproveitar essas vantagens competitivas que o país apresenta. E isso passa por um conjunto de fatores, entre eles, termos um arcabouço para lidar com o mercado de carbono. Essa questão começa a tramitar em agosto, mas, como é um processo legislativo, não será rápido. Fato é que já poderíamos ter feito isso antes, o arcabouço é um incentivo fundamental também para termos segurança jurídica”, ponderou.

Fórum do Desenvolvimento 2023: A rodada integra o ciclo que antecede o 8º Fórum do Desenvolvimento 2023 promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE). O encontro tem apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), patrocínio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) e da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Conta ainda com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).