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SABER COOPERAR
26/03/2025
Cooperativas promovem saúde e bem-estar e contribuem para o ODS 3
As cooperativas de saúde são uma alternativa para garantir atendimento de qualidade, humano e inclusivo para milhões de pessoas. Em todo o mundo, elas têm dado contribuições significativas para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3, que pretende assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para pessoas de todas as idades. No Brasil, as cooperativas de saúde estão presentes em 90% do território e são responsáveis pelo atendimento de mais de 25 milhões de pessoas. Com mais de 60 anos de atuação no país, o segmento é formado por cooperativas médicas, odontológicas e de outros profissionais que exercem atividades de atenção à saúde humana, como fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas. Também fazem parte deste ramo as cooperativas que se reúnem para constituir um plano de saúde, garantindo preços mais justos pelo serviço. Segundo dados do Anuário Coop 2024, o setor reúne 254 mil cooperados e gera 139 mil empregos diretos. “As cooperativas de saúde são verdadeiros patrimônios do país e reconhecidas mundo afora. Elas conseguem aliar geração de trabalho e renda com valores cooperativistas e compromisso socioambiental na prestação de serviços de qualidade para a sociedade, com impacto para a qualidade de vida de milhões de pessoas”, afirma a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta. A tradição brasileira no segmento é tão forte que o país tem os maiores sistemas cooperativos de saúde do mundo, nas áreas odontológica e médica: a Uniodonto e a Unimed. Este último com 340 cooperativas em todo o país e mais de 29 mil hospitais, clínicas e serviços credenciados, possuindo 38% de participação no mercado nacional de planos de saúde. Além disso, um em cada quatro médicos do Brasil é cooperado da Unimed. Além do atendimento convencional – com consultas, exames, tratamentos e cuidados especializados – as cooperativas são reconhecidas por iniciativas de saúde integral, impulsionando uma vida mais saudável entre seus pacientes e nas comunidades em que atuam, alinhadas ao ODS 3 da Organização das Nações Unidas (ONU). Assistência na melhor idade Em Imperatriz (MA), a Unimed Maranhão do Sul é referência no atendimento à saúde há 41 anos. Além da qualidade dos serviços prestados, a coop também é reconhecida pelos moradores por ações comunitárias de promoção de saúde e bem-estar, especialmente para o público da terceira idade. Com o aumento da população idosa no município, a cooperativa decidiu investir em iniciativas específicas para seus pacientes com mais de 60 anos. No Programa Idoso Bem Cuidado, eles recebem acompanhamento especializado, com foco na prevenção, reabilitação e promoção da qualidade de vida, além de consultas médicas e monitoramento multiprofissional, garantindo assistência preventiva e contínua. Já no Espaço Viver Bem, o objetivo é promover a saúde integral. Além de medicina preventiva, a estrutura criada pela Unimed Maranhão do Sul oferece academia para atividade física, oficinas, grupos de atividades funcionais, e consultas com nutricionistas e psicólogos. O cuidado não se restringe aos ambientes da cooperativa e também inclui suporte a asilos e instituições de acolhimento a idosos da cidade, segundo o assessor executivo da coop, Kaique Sampaio. Uma delas é o Lar do Idoso Renascer, para o qual foram doadas cadeiras de roda, banho e sofás a fim de melhorar a mobilidade e proporcionar mais conforto aos moradores. Unimed do Maranhão“Também organizamos ações de saúde em pontos estratégicos da cidade e oferecemos vacinação, testes rápidos, aferição de pressão, teste de glicemia, informações educativas, atividades físicas direcionadas para a promoção da saúde da comunidade e do envelhecimento saudável”, explica Sampaio. Além da atenção com os mais velhos, a cooperativa também tem programas voltados para crianças e jovens. O Espaço Crescer Bem, por exemplo, atende crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e oferece acolhimento e atividades para as mães atípicas. Outra iniciativa foi a campanha de Natal do ano passado, em que a coop arrecadou brinquedos e kits natalinos para a Casa da Criança de Imperatriz. Durante a entrega, crianças e jovens participaram de atividades e brincadeiras com um professor de educação física e receberam atendimento médico com um clínico-geral cooperado da Unimed. “Ao promovermos iniciativas como essas, estamos cumprindo nossa missão de cuidar da comunidade de forma inclusiva e acessível. Essas atividades impactam diretamente a vida das pessoas, melhorando o acesso à saúde e à qualidade de vida. Em um ambiente cooperativo, nossa missão vai além de atender pacientes, buscamos promover um legado de bem-estar e solidariedade que reverbere positivamente nas comunidades em que atuamos”, destaca Kaique Sampaio. Integração e saúde No interior de São Paulo, a Unimed Presidente Prudente também tem promovido ações comunitárias para cuidar da saúde da população do município e da região. Com o projeto Circuito Verde, a coop oferece atividades esportivas gratuitas para pessoas de todas as idades. Realizada em um parque público, além dos benefícios para a saúde, a iniciativa promove a interação e proporciona encontros e tempo de qualidade entre famílias, amigos e atletas. Unimed de Presidente Prudente“A ideia do Circuito Verde Unimed surgiu da vontade da cooperativa de celebrar o mês da saúde, em abril, de forma inovadora e impactante. Nosso objetivo é mostrar que a Unimed, além de referência em cuidados médicos, também promove um estilo de vida saudável e ativo”, destaca o gerente de Relacionamentos da cooperativa, Luís Fante. Com programação variada em todos os fins de semana de abril, o projeto tem atividades para crianças, idosos, fãs de corridas e de ciclismo. Além de incentivar a prática de exercício, o evento busca criar experiências significativas para a população, mostrando a importância do cuidado com a saúde em todas as idades, integrando lazer, entretenimento e bem-estar na rotina. Criado em 2024, o projeto Circuito Verde já recebeu reconhecimento no Prêmio Somos Coop Melhores do Ano, conquistando medalha de prata na categoria Comunicação. Além do Circuito Verde, ao longo do ano, a coop investe em outras estratégias de saúde para a comunidade, como a Caminhada Unimed, em que os participantes combinam atividade física e solidariedade com a doação de alimentos na inscrição. Em 2024, a cooperativa paulista também fez parte da Corrida 366, em parceria com o atleta Gabriel ‘Gigante’, do projeto Coração Gigante. Durante os 366 dias do ano, ele correu 10 quilômetros (km) por dia, com um quilo de alimento arrecadado a cada km. “No evento de encerramento, que reuniu cerca de mil pessoas, recebemos a comunidade e oferecemos atendimentos como aferição de pressão e glicemia”, lembra o gerente. Olhar cooperativista O compromisso com o bem-estar e a saúde não é exclusividade das cooperativas do segmento. Em Minas Gerais, desde 2019, uma coop de crédito tem ajudado a melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes que precisavam de óculos, mas não podiam pagar pelo atendimento médico. A partir dessa necessidade de parte da população, o Sicoob Credifor criou o Projeto de Olho no Futuro e implementou nas cidades mineiras de Córrego Fundo, Guapé, Formiga e Piumhi. Em quase seis anos, mais 1,3 mil crianças e jovens de 5 e 17 anos já foram atendidos. “A iniciativa surgiu ao perceber que muitas crianças enfrentavam dificuldades de aprendizado devido a problemas de visão não diagnosticados. Para combater esse desafio, o projeto oferece consultas oftalmológicas e distribui óculos gratuitamente para as crianças que necessitam, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e do desempenho escolar”, explica a coordenadora do do Sicoob Credifor, Meyre Priscila Almeida Silva. Além do atendimento clínico, o Projeto De olho no futuro promove atividades educativas, como contação de histórias e palestras sobre cuidados com a saúde ocular e educação financeira nas escolas públicas dos municípios atendidos. “Essas iniciativas demonstram que, quando bem estruturadas, as cooperativas podem ser agentes de mudança, fortalecendo vínculos comunitários, impulsionando o crescimento econômico e contribuindo para um futuro mais justo e equitativo para todos”, destaca a coordenadora da coop. O projeto do Sicoob Credifor recebeu o segundo lugar na categoria Coop Cidadã do Prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2024.
SABER COOPERAR
12/03/2025
Elas no coop: com participação e liderança, mulheres fortalecem o cooperativismo
Desde a sua criação, há quase dois séculos, o cooperativismo garantiu espaço para que as mulheres pudessem buscar uma vida melhor por meio do trabalho e da participação em um sistema econômico justo. Atualmente, o coop reúne milhões de cooperadas em todo o mundo, promove a igualdade de gênero, valoriza e impulsiona a liderança feminina.
No Brasil, as mulheres representam 41% dos cooperados, segundo dados do Anuário Coop 2024. Entre as 9,6 milhões de brasileiras que encontraram no coop oportunidades de trabalhar, empreender e garantir uma vida melhor para suas famílias, a maioria faz parte de cooperativas de consumo, crédito, saúde e trabalho, produção de bens e serviços.
Além da participação significativa entre os cooperados, as mulheres são maioria na força de trabalho das cooperativas, com 52% do total de empregados do setor em todo o país, um aumento de 15% em relação a 2021. A presença delas é mais representativa nas cooperativas de saúde (75%), crédito (60%), consumo (57%), e trabalho, produção de bens e serviços (55%)
Entre as lideranças, as mulheres ocupam 23% dos cargos de alta gestão no cooperativismo brasileiro. Desde 2020, esse número tem apresentado uma evolução contínua, mas ainda reflete um desafio de todos os setores da economia de garantir maior representatividade feminina nos espaços de poder.
Todos esses indicadores representam histórias de profissionais, empreendedoras, chefes de família, estudantes, mães, filhas e esposas que fazem do cooperativismo um modelo de negócios diverso e que constroi um mundo melhor para as mulheres.
A presidente do Comitê de Igualdade de Gênero da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Xiomara Nuñez de Céspedes, destaca que garantir condições de igualdade para as mulheres não é apenas uma questão de justiça social, mas também de desenvolvimento e prosperidade.
“Quando as mulheres desfrutam de oportunidades iguais, a sociedade como um todo se beneficia. Educação, empoderamento econômico e envolvimento das mulheres na política são essenciais para construir um futuro mais justo e sustentável”.
Liderança com diálogo
A presidente do Sistema OCB no Maranhão, Aureliana Luz, é um exemplo de liderança feminina cooperativista que tem apoiado outras mulheres a transformar suas histórias. Assistente social com especializações em gestão de cooperativas e liderança, começou sua caminhada no cooperativismo há 12 anos. Antes de ser a primeira mulher a presidir o Sistema OCB/MA, participou da fundação de duas cooperativas no estado.
“O cooperativismo se tornou muito mais do que uma atividade profissional. É um estilo de vida, uma filosofia que me guia e me inspira. Ele representa a crença no poder da colaboração, na força da união e na capacidade de transformar vidas através da cooperação”, destaca.
Apaixonada pelo cooperativismo e reconhecida por sua habilidade de comunicação, Aureliana tem uma gestão marcada pelo diálogo e investe na representação institucional junto a parlamentares e secretarias estaduais para fortalecer o coop em seu estado. “As mulheres líderes trazem para o ambiente de trabalho uma maior abertura para o diálogo, a empatia e a busca por soluções colaborativas, criando um clima de confiança e respeito mútuo”, afirma.
Com a mesma dedicação, a cooperativista maranhense trabalha para ampliar a participação feminina no cooperativismo, por meio da implementação de programas como o “Mulheres Cooperativistas em Ação”, que visa capacitar e empoderar mulheres para que assumam papéis de liderança em suas cooperativas; e a criação do "Selo Cooperativa Amiga da Mulher", que reconhece e premia cooperativas maranhenses que se destacam na promoção da igualdade de gênero.
“Podemos avançar na criação de um ambiente mais inclusivo e equitativo para as mulheres gestoras no cooperativismo. Para isso, é fundamental investir em programas de capacitação e desenvolvimento de lideranças femininas, promover a igualdade de oportunidades, combater o assédio e a discriminação, e criar redes de apoio para mulheres em cargos de gestão”, ressalta Aureliana.
Para promover a inclusão e equidade de gênero entre as cooperativas, o Sistema OCB/MA também implementou comitês de mulheres, realiza eventos e workshops sobre liderança feminina e criou programas de mentoria para mulheres cooperativistas. Segundo Aureliana, as ações são passos de um longo caminho a ser percorrido para valorizar cada vez mais a presença e força das mulheres no coop.
“Ainda enfrentamos desafios relacionados ao preconceito de gênero, à falta de representatividade feminina em cargos de liderança e à dificuldade de conciliar a vida profissional com as responsabilidades familiares. No entanto, tenho orgulho de dizer que o número de mulheres em cargos de liderança no cooperativismo tem crescido, e cada vez mais mulheres ocupam posições de destaque, inspirando outras a seguirem seus passos”, pondera.
Elas pelo Coop
Em todo o país, as cooperativas têm incorporado políticas de inclusão e valorização das mulheres em seus planejamentos estratégicos. O tema é tão importante para o cooperativismo brasileiro que o Sistema OCB criou o Guia de Implantação de Estratégias em Inclusão, Diversidade e Equidade, com orientações e ferramentas para esse trabalho.
Em outra iniciativa afirmativa, a entidade constituiu, em 2020, o Comitê Nacional de Mulheres Elas pelo Coop, em que 24 integrantes, de 24 estados, buscam a construção coletiva de projetos e propostas que contribuam para um cooperativismo mais diverso e democrático.
“O comitê foi oficialmente criado como um dos desdobramentos do 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC) e é formado por cooperadas ou empregadas de cooperativas. A missão do Elas pelo Coop é ampliar a participação de mulheres no cooperativismo, especialmente em cargos de liderança”, explica Divani de Souza, analista de desenvolvimento de cooperativas da Unidade Nacional do Sistema OCB, que assessora o comitê.
As integrantes do Comitê Nacional Elas pelo Coop são indicadas pelas Organizações Estaduais. O colegiado atua em quatro eixos: formação e capacitação; elaboração de diretrizes; representação institucional e intercooperação. Além do comitê nacional, 17 Comitês Estaduais Elas em Coop já estão em funcionamento.
Para apoiar as cooperativas a colocar em prática as iniciativas de inclusão feminina, o Sistema OCB disponibiliza o Manual de Implementação de Comitês de Mulheres nas Cooperativas, com o passo a passo para estruturar a criação dos grupos em cada coop, do planejamento à formação continuada das participantes.
Educação para inclusão
Investir na formação das mulheres para ampliar a participação delas em cargos de liderança também está entre as estratégias do Sistema OCB para fortalecer a atuação feminina no segmento. Uma das ferramentas é a oferta de programas de capacitação específicos para esse público, como a trilha de conhecimento Jornada de Formação Liderança Feminina, disponível na plataforma CapacitaCoop, com acesso livre e gratuito.
Com módulos sobre liderança feminina, cooperativismo e desenvolvimento pessoal, a trilha prepara mulheres cooperativistas para liderar com confiança e construir um posicionamento de protagonismo.
“São iniciativas que ajudam a ampliar as oportunidades para que mais mulheres assumam cargos estratégicos nas cooperativas. Elas também refletem o compromisso contínuo do cooperativismo brasileiro com a construção de um cooperativismo mais diverso, inovador e alinhado às necessidades da sociedade”, afirma a superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella.

SABER COOPERAR
10/03/2025
Cooperativas têm papel essencial para a segurança alimentar
Garantir o acesso de todas as pessoas a alimentos seguros e nutritivos é um dos principais desafios da Agenda 2030, o plano de ação global da Organização das Nações Unidas (ONU) para promover um mundo mais justo e sustentável. A meta está definida no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2 - Fome zero e agricultura sustentável, e as cooperativas desempenham um papel essencial para alcançá-lo em todo o mundo.
Segundo projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o mundo precisará produzir 70% mais alimentos para atender a população em 2050. O cenário é desafiador, mas representa grandes oportunidades para o cooperativismo agropecuário brasileiro, reconhecido mundialmente por equilibrar produção e sustentabilidade.
Com mais de um milhão de produtores cooperados, sendo 71% agricultores familiares, as cooperativas brasileiras são protagonistas no fornecimento de alimentos para o país e o mundo, e já são responsáveis por mais de 50% da safra nacional de grãos, segundo dados do Censo Agropecuário 2017, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Hoje as coops agropecuárias produzem 75% do trigo, 55% do café, 53% do milho, 52% da soja, 50% dos suínos, 46% do leite e 43% do feijão no Brasil. Além disso, também contribuem significativamente para as cadeias produtivas de frutas, hortaliças, fibras e no setor sucroenergético”, lista a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.
Produzir alimentos de qualidade, de forma justa e sustentável é um compromisso de todo cooperativismo brasileiro, colocado em prática por pequenas, médias e grandes cooperativas. Além de contribuir para a segurança alimentar – com produtos que chegam à mesa de milhões de brasileiros, à merenda escolar e programas sociais – as boas práticas também favorecem os produtores, ampliando seu acesso a mercados que reconhecem a importância da procedência e das condições de produção. Ou seja, é um processo socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto.
Em comunidades vulneráveis, o papel das cooperativas para garantir alimentos a quem precisa e promover a agricultura sustentável é ainda mais notável. Nesses locais, além de viabilizar a criação de negócios e aumentar a produtividade e a renda de quem produz e comercializa alimentos – como agricultores familiares e extrativistas – esse trabalho é realizado com respeito ao meio ambiente e menor impacto na natureza.
Transformação no semiárido baiano
No interior da Bahia, em Uauá, um pequeno município de 25 mil habitantes, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) tem ajudado 285 famílias de agricultores a construir uma vida melhor. Elas produzem umbu e maracujá do mato, plantas nativas da Caatinga, e transformam as frutas em doces, compotas, geleias, sucos e polpas. A cooperativa garante acesso a mercados e preços justos.
“Os cooperados colhem as frutas de forma sustentável, respeitando os ciclos naturais, e as entregam à Coopercuc, que faz o beneficiamento e a comercialização. A cooperativa mantém um processo produtivo artesanal e certificado, garantindo a qualidade dos produtos e promovendo o comércio justo”, explica a diretora da Coopercuc, Jussara Dantas.
Além dos benefícios diretos para os cooperados, a Coopercuc gera impacto positivo para mais de 2,5 mil pessoas na cidade, considerando as famílias dos associados, os trabalhadores envolvidos no processo produtivo e a comunidade em geral, que se beneficia com ações de desenvolvimento sustentável, geração de renda e fortalecimento da agricultura familiar na região.
Com esse modelo de negócio, a Coopercuc contribui diretamente para promover a segurança alimentar e a agricultura sustentável no semiárido baiano. Uma parte da produção da cooperativa vai direto para a merenda de escolas da cidade, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), em que o governo compra os alimentos direto de quem produz para que os estudantes tenham acesso a refeições saudáveis e de qualidade.
Além da merenda, a cooperativa baiana também é fornecedora do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que destina produtos para instituições sociais e pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional.
Para os agricultores, os benefícios também são enormes. Antes da criação da cooperativa, em 2004, Jussara lembra que o umbu e outras espécies da Caatinga eram pouco valorizados. Hoje, essas frutas são fonte de renda sustentável e garantem autonomia financeira para muitas famílias da região.
Aliado ao conhecimento tradicional sobre as plantas nativas, os agricultores cooperados têm acesso a capacitações técnicas sobre manejo sustentável, produção orgânica e boas práticas de fabricação; apoio na comercialização, buscando novos mercados e garantindo preços justos; assessoria para certificação orgânica e comércio justo, agregando valor aos produtos; incentivo à organização comunitária e fortalecimento da economia solidária.
Toda a produção da Coopercuc segue o sistema agroecológico, com preservação da biodiversidade e uso racional da água. O resultado é o fortalecimento da economia local, com redução do êxodo de pequenos agricultores para outros municípios, a valorização da cultura do semiárido e a redução no desmatamento na Caatinga. Além disso, a Coopercuc tem participação expressiva de mulheres entre seus cooperados, garantindo renda e representatividade.
“Nossa atuação tem transformado vidas e impulsionado o desenvolvimento sustentável na região do semiárido, mostrando que é possível aliar economia solidária, conservação ambiental e impacto social positivo”, afirma a diretora.
Produção sustentável na Amazônia
Em Primavera, no Pará, a 200 quilômetros de Belém, a Cooperativa de Trabalho de Agricultores Familiares de Primavera (Cooprima) também reúne agricultores familiares que apostam no modelo agroecológico para produção de hortaliças, frutas e mel orgânicos, aliando preservação ambiental e sustentabilidade econômica.
Há 10 anos fortalecendo os pequenos produtores e conservando a floresta, a coop tem cerca de 100 associados. Uma delas é a agricultora Socorro Santos, que produz mel, tucupi, goma, melancia, mamão e limão, e que viu seu trabalho ser valorizado com a venda de sua produção por meio da cooperativa.
“Hoje a gente oferece mais qualidade no nosso produto e também tem qualidade de vida por causa dos cursos e incentivos que a Cooprima tem nos dado, avançamos bastante financeiramente com esse apoio. Isso tudo é fruto de muito trabalho e aprendizado de toda a família”, contou.
Para o cooperado Paulo Ricardo, que faz parte da Cooprima há seis anos, a atuação coletiva garantiu conquistas que os produtores da região não alcançariam sozinhos. “Antes era difícil vender os produtos por um valor bom pra gente, na coop a gente consegue cobrar um valor melhor e o volume de vendas também aumentou. Aqui eu aprendi a vender melhor, negociar melhor os produtos, agregar valor por meio da industrialização, fora os cursos que a cooperativa oferece para a gente”, afirmou.
A presidente da Cooprima, Joelma Trindade, explica que o apoio aos cooperados é oferecido especialmente via assistência técnica, orientação no plantio das culturas e comercialização dos produtos. “Vendemos principalmente para as políticas públicas do governo federal, como o PNAE, da merenda escolar, mas também para o consumidor direto, participando de feiras locais e empórios do Sistema OCB/PA”, disse a gestora.
Em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Cooprima também contribui para o combate à fome na região, com o fornecimento de produtos para instituições que repassam os alimentos para famílias carentes no município de Primavera e cidades vizinhas.
Com olhar para o futuro, a Cooprima tem programas para inclusão de mulheres e jovens nas áreas de decisão de cooperativa como estratégia para promover o cooperativismo e assegurar a continuidade dos negócios familiares. “Uma das nossas iniciativas é o Comitê de Mulheres, que tem como objetivo estimular filhas e esposas de cooperados a participarem das capacitações, incentivando-as a se envolverem em cargos de diretoria na cooperativa, entendendo a importância da mulher na liderança. Também incentivamos a participação juvenil na cooperativa para que esse público se mantenha no campo, evitando o êxodo rural”, detalhou a gestora.

SABER COOPERAR
07/03/2025
Dia Internacional da Mulher: Tania Zanella destaca competência feminina para transformar o coop
Uma líder nata, que trabalha para abrir caminhos para outras mulheres no cooperativismo. Essa é Tania Zanella, superintendente do Sistema OCB. Primeira mulher no cargo, ela também havia sido pioneira como gerente de Relações Institucionais e gerente-geral da instituição.
À lista de conquistas como liderança feminina, Tania somou recentemente a presidência do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), que reúne 59 entidades do setor e é responsável por defender os interesses da agricultura e prestar assessoria técnica à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional.
Conciliadora e dedicada, Tania Zanella é advogada de formação, mas também tem profundo conhecimento sobre o meio rural, uma herança de sua família de agricultores do interior de Santa Catarina. Reconhecida pela competência e capacidade de aperfeiçoamento de processos de trabalho, a superintendente do Sistema OCB tem extensa formação em direito e experiência de quase 20 anos dedicados ao cooperativismo.
Sua atuação pelo fortalecimento das cooperativas é reconhecida em todo o país. Em 2008, Tania foi responsável pela estruturação da Gerência de Relações Institucionais da OCB, um projeto que a orgulha e que profissionalizou a representação do cooperativismo junto aos Três Poderes.
Conquistas como essas levaram Tania a ser reconhecida como uma das 100 mulheres mais importantes do agronegócio, da Revista Forbes, e a receber importantes honrarias, como a Medalha do Mérito Cooperativista Paulo de Souza Lima, concedida pelo Sistema Ocemg.
“Ser pioneira em diferentes cargos dentro do cooperativismo também traz a responsabilidade de inspirar outras mulheres a ocuparem espaços de liderança. Acredito que, pelo exemplo, pela capacitação contínua e pelos resultados que entregamos, podemos abrir portas para que mais mulheres se sintam encorajadas a trilhar esse caminho”, afirmou a superintendente em entrevista ao Sistema OCB na véspera do Dia Internacional da Mulher. Leia mais:
Sistema OCB: Como começou sua história com o cooperativismo?
Tania Zanella: Minha história com o movimento cooperativista vem desde a infância, em Santa Catarina, onde o cooperativismo está profundamente enraizado. Meu pai é um cooperativista e cresci perto desse modelo de negócios que transforma realidades de forma tão positiva e única.
Já a minha trajetória profissional começou em 2008, quando passei a integrar a equipe do Sistema OCB como assessora de Relações Institucionais. Em 2012, assumi a gerência-geral, sendo a primeira mulher a ocupar essa posição. Em setembro de 2021, tornei-me também a primeira mulher a assumir a superintendência do Sistema OCB.
Qual é a sua missão como liderança do cooperativismo?
O cooperativismo representa uma força transformadora, capaz de promover desenvolvimento econômico e social de forma sustentável e inclusiva. Minha missão é fortalecer e ampliar o impacto positivo das cooperativas no Brasil, promovendo a união e o desenvolvimento das comunidades.
As cooperativas desempenham um papel crucial no país. Elas representam mais de 23 milhões de cooperados, movimentam mais de R$690 bilhões e geram 550 mil empregos diretos, segundo o Anuário do Cooperativismo 2024.
O que representa ser a primeira mulher a assumir o cargo de superintendente do Sistema OCB?
Ser a primeira mulher a assumir a superintendência do Sistema OCB é uma honra e uma responsabilidade significativa. Ser pioneira em diferentes cargos dentro do cooperativismo também traz a responsabilidade de inspirar outras mulheres a ocuparem espaços de liderança. Acredito que, pelo exemplo, pela capacitação contínua e pelos resultados que entregamos, podemos abrir portas para que mais mulheres se sintam encorajadas a trilhar esse caminho. Em sua essência, o cooperativismo valoriza a inclusão e a colaboração, e é fundamental que sigamos promovendo oportunidades para que o talento feminino continue transformando o setor.
Quais são os maiores desafios de gênero enfrentados no seu papel de líder?
Os desafios de gênero incluem a superação de preconceitos e estereótipos que ainda persistem em ambientes tradicionalmente masculinos. É fundamental promover a igualdade de oportunidades e incentivar a participação feminina em todos os níveis de liderança, criando um ambiente inclusivo e diverso.
Quais são os diferenciais de uma mulher no papel de liderança?
A gestão feminina pode trazer perspectivas diferenciadas, como uma abordagem mais colaborativa e sensível às questões de inclusão e diversidade. Mulheres em posições de liderança frequentemente trazem empatia, resiliência e capacidade de multitarefa, enriquecendo a tomada de decisões. No Sistema OCB, temos implementado políticas que promovem a igualdade de gênero, incentivando a participação feminina em programas de formação de lideranças e criando ambientes de trabalho mais inclusivos.
O que o Sistema OCB tem feito para apoiar as mulheres cooperativistas?
Temos atuado de forma estratégica para fortalecer a participação feminina no cooperativismo, com o apoio e a promoção de diversas iniciativas que incentivam a equidade de gênero e a ocupação de espaços de liderança por mulheres. Um exemplo importante é o Comitê Elas pelo Coop, criado para conectar e fortalecer lideranças femininas, além de estimular a adoção de políticas e práticas mais inclusivas dentro das cooperativas. A nossa plataforma de Ensino a Distância (EAD), a CapacitaCoop, também inclui programas de capacitação e cursos voltados ao desenvolvimento profissional, à formação de lideranças femininas e à adoção de práticas inclusivas.
São iniciativas que ajudam a ampliar as oportunidades para que mais mulheres assumam cargos estratégicos e consigam perceber sua importância no movimento. Elas também refletem o compromisso contínuo do Sistema OCB com a construção de um cooperativismo mais diverso, inovador e alinhado às necessidades da sociedade.
Quais os principais desafios do cooperativismo atualmente?
Acredito que o cooperativismo pode avançar ainda mais na promoção da diversidade e inclusão, especialmente em posições de liderança. Além disso, é importante investir em inovação e sustentabilidade, adaptando-se às demandas contemporâneas e fortalecendo a competitividade das cooperativas no mercado global.
Para finalizar, que mensagem você deixa para as mulheres cooperativistas que pretendem ocupar espaços de liderança?
Aconselho que acreditem em seu potencial e busquem constantemente o aprimoramento profissional. É essencial construir uma rede de apoio, participar de programas de capacitação e não se deixar abater por obstáculos. A determinação e a perseverança são fundamentais para alcançar posições de liderança e promover a transformação que desejamos ver na sociedade.
Infográficos

Cultura cooperativista pelo mundo
As cooperativas foram declaradas Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, graças à sua contribuição essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Com presença em mais de 150 países, o modelo de negócio se destaca por oferecer soluções inovadoras para desafios sociais, promoção de empregos e cuidados com o meio ambiente. Descubra exemplos inspiradores de como o cooperativismo impacta positivamente o mundo.

O que é intercooperação
A intercooperação é um dos pilares essenciais do cooperativismo, promovendo o fortalecimento das cooperativas por meio de parcerias estratégicas. Ao trabalhar em conjunto, as cooperativas criam um ambiente mais competitivo, ampliando oportunidades de negócio, reduzindo custos e oferecendo mais valor aos seus membros. Essa união entre diferentes cooperativas, tanto em nível local quanto internacional, potencializa o movimento cooperativista e solidifica sua presença no mercado.

O que é cooperativismo?
Nem sempre é fácil explicar o que é o cooperativismo, mas estamos aqui para te ajudar a entender! Este infográfico foi criado para responder as principais perguntas sobre o movimento cooperativista de forma clara e simples. Com 7 perguntas e respostas, você vai aprender o que é o cooperativismo, seu propósito, como funciona e quem pode participar. Vamos juntos explorar o poder da cooperação e como ela impacta a vida de pessoas e comunidades. Clique nos tópicos abaixo e descubra mais!

A relação entre Cooperativas e Bioeconomia
Qual é a relação entre cooperativas e bioeconomia?
A onda verde chegou com força ao setor econômico. A chamada bioeconomia está em alta, mas você saber o que ela propõe, na prática?