Destaques

SABER COOPERAR
16/05/2025
Com água e saneamento, cooperativas melhoram qualidade de vida em pequenas comunidades
Imagine morar à beira de grandes rios da Amazônia e não ter água de qualidade na torneira de casa? Realidade de muitos ribeirinhos, esse também era o cenário dos moradores da comunidade de Santo Ezequiel Moreno, na cidade de Portel (PA), em pleno Arquipélago do Marajó. Com a participação de uma cooperativa de produtores de açaí, a história começou a mudar com a implantação de uma tecnologia social que já garantiu saneamento básico para cerca de 200 famílias da região. Desenvolvido pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) com recursos do Fundo Amazônia, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Fundação Banco do Brasil, o projeto Sanear Marajó Socioambiental tem mudado a paisagem local com itens que parecem básicos para a maioria dos brasileiros, mas de grande impacto para quem vive em meio à floresta: banheiros e caixas d'água. Cada família recebe uma estrutura equipada com vaso sanitário, chuveiro, pia e fossa biodigestora; um sistema de captação da água da chuva e um conjunto de pia com filtros para garantir consumo de água limpa e de qualidade. Entre os beneficiados, estão as famílias dos 48 cooperados da Cooperativa Agroextrativista e Pecuária da Comunidade de Santo Ezequiel Moreno (Coopiaçá), que contribuiu com parte de logística e infraestrutura para o projeto se tornar realidade. Criada para fortalecer a cadeia produtiva do açaí, a Coopiaçá também atua na agricultura familiar, garantindo trabalho e renda para os cooperados, fortalecendo a economia local e promovendo o desenvolvimento sustentável em uma das regiões mais vulneráveis do país. Além dos módulos individuais para cada família, a comunidade dos cooperados da Coopiaçá também recebeu uma infraestrutura coletiva, com um sistema de captação de água de poço artesiano profundo, tratamento, armazenamento e distribuição. Com as melhorias, os cooperados passaram a ter acesso à água limpa e segura para consumir e utilizar nas lavouras e, ao mesmo tempo, evitam a contaminação dos rios que são quintais de suas casas. “O projeto Sanear tem sido muito importante para a comunidade porque foca na questão ambiental. Antes, por exemplo, não tínhamos fossa séptica adequada, agora podemos fazer nossa parte para não poluir as águas”, destaca o presidente da Coopiaçá, Teofro Lacerda. Em 2024, a atuação da cooperativa no projeto Sanear Marajó foi reconhecida no Prêmio SomosCoop Melhores do Ano com o segundo lugar na categoria Desenvolvimento Ambiental. A participação da Coopiaçá na iniciativa socioambiental é um dos exemplos de como as cooperativas brasileiras estão comprometidas com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6, definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para garantir a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos até 2030. Em várias partes do Brasil, cooperativas de diversos segmentos desenvolvem iniciativas de preservação e uso sustentável das águas. As ações incluem mapeamento e conservação de nascentes, recuperação de rios degradados, uso racional dos recursos hídricos na produção agropecuária e educação ambiental. Com foco na sustentabilidade e no desenvolvimento econômico e social das comunidades em que atua, o cooperativismo tem trazido soluções para os problemas reais vividos pelas pessoas. Da Amazônia ao agreste No interior de Sergipe, no município de Lagartos, uma iniciativa da Cooperativa de Eletrificação e Desenvolvimento Rural Centro Sul Sergipe (Cercos) tem garantido água potável para consumo humano e sistemas de irrigação desde 2019. Mas o que uma cooperativa de energia elétrica tem a ver com fornecimento de água? De acordo com o presidente da Cercos, Aroldo Costa Monteiro, tudo começou quando um cooperado, durante uma assembleia geral, levantou a possibilidade de usar os recursos das sobras da cooperativa para escavar e revitalizar poços artesianos no povoado de Colônia Treze. “O objetivo inicial era gerar emprego e melhorar a renda dos trabalhadores da comunidade. Logo depois, definimos a meta de levar água potável a quem ainda não tinha abastecimento em casa, e assim nasceu o projeto dos poços artesianos, um dos mais importantes executados pela Cercos até hoje”, detalhou o presidente. Um poço artesiano é uma estrutura de captação de água subterrânea construída por meio de perfuração no solo até alcançar os aquíferos (reservas subterrâneas). Considerada uma solução econômica, de qualidade e longa vida útil, a instalação de poços artesianos é uma das estratégias mais utilizadas para enfrentar a escassez hídrica em algumas regiões do Nordeste. Em Sergipe, sete poços foram perfurados ou revitalizados pelo projeto cooperativista e já beneficiaram 362 famílias das comunidades de Açu Velho, Luiz Freire, Taboca, Piçarreira e Açuzinho. A água chega diretamente às casas das famílias e também a chafarizes comunitários, garantindo a irrigação de lavouras da agricultura familiar. Um novo poço está sendo concluído e deve atender a mais 90 famílias da região, segundo Monteiro. “Essa água representa saúde, dignidade e melhoria de renda para os que utilizam o recurso para irrigação”, destaca Monteiro. Em 2022, o projeto da Cercos venceu o Prêmio Somos Coop Melhores do Ano na categoria Coop Cidadã. O projeto dos poços artesianos é apenas uma das iniciativas da Cercos para melhorar a qualidade de vida no agreste sergipano. Fundada em 1976, a coop reúne mais de 5 mil cooperados e atende a uma população de 25 mil habitantes, de forte tradição cooperativista. “Nosso povoado nasceu graças ao cooperativismo. Foi a Cooperativa Mista de Agricultores da Colônia Treze quem fundou nossa comunidade, por volta de 1960, e hoje a Cercos continua esse legado de manter o cooperativismo vivo aqui”, lembra Monteiro. Atualmente, a cooperativa é um dos maiores empreendimentos da comunidade, gera 55 empregos diretos e injeta R$ 3,5 milhões por ano na economia local, demonstrando, na prática, o papel do cooperativismo para o desenvolvimento sustentável.
SABER COOPERAR
05/05/2025
Relatório de Sustentabilidade
Por que sua cooperativa deve elaborar um relatório de sustentabilidade?

SABER COOPERAR
29/04/2025
Cooperativas promovem inclusão econômica de mulheres com trabalho e oportunidades
As cooperativas constroem um mundo melhor para muitas mulheres. Com um modelo de negócios justo e democrático, elas promovem a igualdade de gênero por meio da inclusão produtiva de mulheres, fomentando sua independência financeira, autonomia e desenvolvimento.
Ao desempenhar esses papéis, as coops têm contribuído significativamente para o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, meta traçada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” até 2030.
“É fundamental lembrar que a igualdade de gênero não é só uma questão de justiça social, mas também de desenvolvimento e prosperidade. Quando as mulheres têm igualdade de oportunidades, toda a sociedade se beneficia”, destacou a presidente do Comitê de Igualdade de Gênero da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Xiomara Nuñez de Céspedes, em mensagem no Dia Internacional das Mulheres.
Segundo ela, quando as mulheres conquistam sua independência econômica, reinvestem os ganhos em suas famílias e comunidades, multiplicando o impacto das cooperativas para o progresso econômico e social.
Em um informe global sobre como as coops contribuem para o ODS 5, o Comitê para a Promoção e Avanço das Cooperativas (Copac) também destaca que o cooperativismo tem apoiado mulheres em todo o mundo a romper barreiras que impedem seu empoderamento social e econômico. Além de criar oportunidades econômicas, as cooperativas garantem ambientes de trabalho seguros e dignos para as mulheres, e promovem a criação de redes de confiança por meio do apoio mútuo e ação coletiva.
“Essas redes criam espaços para que as mulheres, especialmente as mais expostas à exclusão social ou econômica, possam se organizar e lutar por seus direitos. Através das experiências compartilhadas e da solidariedade, as cooperativas ajudam as mulheres a ampliar sua voz, tanto em suas comunidades quanto em âmbitos institucionais”, aponta o comitê.
No cooperativismo brasileiro, 9 milhões de mulheres representam 41% dos cooperados. Elas são maioria na força de trabalho das cooperativas, com 52% de representação entre os empregados do setor, e contribuem para o coop em todos os ramos. Entre as lideranças das cooperativas, as mulheres ocupam 23% dos cargos de alta gestão, percentual que vem crescendo desde 2020, segundo dados do Anuário Coop 2024.
“O cooperativismo tem feito a diferença na vida de mulheres em todas as regiões do país, tanto nas cidades como nas regiões rurais. Organizadas em cooperativas, elas conquistam renda digna, autonomia financeira e poder de decisão. O cooperativismo também é uma janela de oportunidade para o equilíbrio entre trabalho e família, com redução da vulnerabilidade social e oportunidades de capacitação e crescimento profissional”, destaca a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.
Flores paraibanas
Na pequena Pilões (PB), a 140 quilômetros de João Pessoa, a Cooperativa dos Floricultores do Estado da Paraíba (Cofep) foi o primeiro empreendimento a cultivar flores em estufa do estado. Majoritariamente feminina, a coop tem 34 associados, sendo 28 mulheres e cinco homens.
Há mais de 20 anos, a Cofep comercializa crisântemos de corte produzidos em estufa. Planta milenar de origem asiática, o crisântemo simboliza força, longevidade e felicidade, além de ser um sinal de boa sorte em muitas culturas orientais.
Para a cooperativa de mulheres paraibanas, a flor tem garantido trabalho e renda e ampliado os horizontes do pequeno município de 7 mil habitantes. Além das espécies ornamentais, as cooperadas produzem variedades comestíveis, contribuindo para o reconhecimento de Pilões como “Cidade das Flores”. A produção é vendida na Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
A presidente da Cofep, Maria Helena Lourenço, destaca o papel da cooperativa para a independência financeira de mulheres na região. “Como a cooperativa fica localizada na zona rural, muitas mulheres da comunidade trabalham lá mesmo na Cofep e não precisam se deslocar para a cidade para trabalhar, garantindo emprego e renda para a comunidade”.
Além de contribuir para inclusão produtiva das mulheres de Pilões, a cooperativa também é uma aliada das cooperadas contra a violência doméstica. “A Cofep está sempre unida e incentivando as mulheres a denunciar a violência, ajudando as que mais precisam. A cooperativa trouxe esperança para a comunidade, principalmente para as mulheres que não tinham renda e só dependiam dos maridos”, conta a gestora.
Segundo ela, a atuação da cooperativa foi fundamental para reduzir os registros de violência doméstica entre as cooperadas, tanto pela independência financeira quanto pela informação sobre seus direitos. “Sempre nos reunimos para discutir esse tema na Cofep e defendemos que a mulher deve denunciar e nunca se calar diante de uma violência”, ressaltou Maria Helena.
A cooperativa já recebeu prêmios como o Mulher Empreendedora (Sebrae), Voz Mulher (Banco Mundial), Inovação Tecnológica (Finep), além de outros reconhecimentos regionais, nacionais e internacionais.
Em um novo passo para ampliar os negócios, a Cofep abriu suas portas para receber turistas interessados na produção de flores da região do Brejo Paraibano. A visita faz parte do projeto Rota das Flores, que tem atraído viajantes da Paraíba e de outras partes do país, segundo Maria Helena.
“Além da experiência de conhecer nossa produção nas estufas, também oferecemos degustação de flores comestíveis. As pessoas têm gostado muito, o que é bom para a cooperativa e para as famílias produtoras”, comemora a presidente da Cofep.
Bordando oportunidades
No Cerrado brasileiro, em Goiás, mulheres de todas as idades estão tecendo um novo caminho de superação e autonomia, por meio do bordado, na Bordana Cooperativa. São 14 anos de união, partilha e amizade feminina no ambiente de trabalho. Dos 30 cooperados, 28 são mulheres.
A coop foi reconhecida como uma das 100 unidades artesanais mais competitivas do Brasil pelo Sebrae, em 2018 e 2022, e produz peças bordadas à mão inspiradas no bioma Cerrado, como almofadas, bolsas, jogos americanos, guardanapos e quadros decorativos.
A Bordana tem origem na vontade de transformar o bordado em uma ferramenta de inclusão social e econômica, especialmente para mulheres que muitas vezes enfrentam dificuldades no mercado de trabalho tradicional. “São mães, avós e mulheres com diferentes trajetórias, que encontram na cooperativa um espaço de socialização, autonomia financeira, criatividade e sororidade. A cooperativa oferece um ambiente acolhedor e flexível, permitindo que as cooperadas conciliem o trabalho com suas responsabilidades familiares”, explica a fundadora e presidente da coop, Celma Grace.
A Bordana tem um significado ainda mais especial para Celma, pois foi criada em homenagem à sua filha caçula, Ana, que faleceu aos 10 anos e sonhava em ser estilista. Contando com um grupo diverso, com associadas que vão da faixa etária de 22 a 84 anos de idade, a coop tem sido mais do que uma fonte de renda para as associadas. Ela representa um lugar de acolhimento.
“É um espaço de cura, onde as pessoas se apoiam mutuamente, compartilham experiências e constroem laços de amizade. A cooperativa promove rodas de conversas semanais, encontros, oficinas e eventos que fortalecem o senso de comunidade e o bem-estar das cooperadas. As mulheres compartilham experiências, dificuldades e conquistas, criando uma rede de apoio que vai além do bordado. Aqui, o diálogo e a escuta ativa fazem parte da rotina e muitas cooperadas encontram na Bordana um refúgio emocional e uma nova motivação para seguir em frente”, lista a gestora.
A coop conquistou uma posição competitiva no mercado de artesanato ao longo dos anos, avançando em características como inovação, criatividade e compromisso com a sustentabilidade. A Bordana também assumiu o compromisso de que a arte do bordado seja acessível a mais mulheres, e criou um núcleo de formação que capacita novas bordadeiras.
Tanta dedicação tem gerado frutos para as associadas, com prêmios, participação em eventos nacionais e, principalmente, retorno financeiro justo e proporcional ao trabalho de cada uma, garantindo autonomia e dignidade. “O modelo cooperativista permite a distribuição dos resultados de forma equilibrada, promovendo a inclusão social e econômica para muitas mulheres que antes não tinham essa oportunidade”, destaca Celma Grace.
Além da inclusão econômica, a Bordana também garante representatividade às bordadeiras goianas em eventos e capacitações sobre temas como direitos das mulheres, liderança feminina e empreendedorismo social. A coop é engajada ativamente em movimentos que promovem a igualdade de gênero, o empoderamento feminino e o desenvolvimento sustentável e participa dos Comitês Elas pelo Coop e de Economia Solidária do Sistema OCB/Goiás, do Centro Popular da Mulher/GO e do Fórum de Participação Social do Governo Federal, fortalecendo sua atuação em defesa dos direitos das mulheres.
Cada peça bordada representa uma história de transformação e empoderamento feminino. A Bordana prova que cooperativismo, arte e impacto social podem caminhar juntos para mudar vidas”, ressalta a presidente.
Para a ampliar a participação de mulheres no cooperativismo, especialmente em cargos de liderança, o Sistema OCB criou, em 2020, o Comitê Nacional de Mulheres Elas pelo Coop, uma rede de intercooperação em que representantes de todo o país buscam a construção coletiva de projetos e propostas que contribuam para um coop mais diverso e democrático. Além do grupo nacional, também há comitês Elas pelo Coop estaduais e o Sistema OCB estimula a criação dos colegiados nas cooperativas.
Para apoiar as cooperativas a colocar em prática as iniciativas de inclusão feminina, o Sistema OCB disponibiliza o Manual de Implementação de Comitês de Mulheres nas Cooperativas, com o passo a passo para estruturar a criação dos grupos em cada coop, do planejamento à formação continuada das participantes.
Além disso, para incentivar as coops brasileiras a incorporar políticas de inclusão e valorização das mulheres em seus planejamentos estratégicos, o Sistema OCB disponibiliza o Guia de Implantação de Estratégias em Inclusão, Diversidade e Equidade.

SABER COOPERAR
29/04/2025
Cooperativas de seguros chegam a setor estratégico com inclusão e transparência
A criação do ramo Seguros abre para as cooperativas brasileiras um mercado promissor, que movimentou R$ 435 bilhões em receitas em 2024, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). A porta de entrada do cooperativismo nesse segmento foi a Lei Complementar nº 213/2025, uma conquista histórica que teve a participação direta do Sistema OCB.
Sancionada em janeiro, a lei garante que as cooperativas operem em todos os segmentos de seguros privados – exceto capitalização aberta e repartição de capitais de cobertura – ampliando o acesso ao serviço para milhões de brasileiros que ainda não o possuem. Até agora, as coops podiam atuar apenas nos seguros agrícolas, de saúde e de acidentes de trabalho.
Desde 2012, quando a ampliação da participação das cooperativas no mercado de seguros entrou na pauta do Congresso Nacional, a área de Relações Institucionais do Sistema OCB atuou junto à Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), teve reuniões estratégicas com a Susep e o Ministério da Fazenda, além de outras frentes de diálogo, para garantir uma legislação favorável ao coop. O resultado é uma regulamentação em conformidade com as diretrizes do Sistema Nacional de Seguros Privados, mas sem perder de vista a essência do modelo cooperativista.
“Esse é um momento histórico para o cooperativismo brasileiro. A Lei Complementar 213/2025 coloca o Brasil em novo patamar legal e regulatório no setor de seguros, em conformidade com as melhores experiências internacionais. O cooperativismo fortalecerá sua presença nas comunidades, ampliará seu portfólio de produtos e serviços, reterá mais recursos e riquezas dentro do sistema, ampliará as experiências intercooperativas e reforçará a sua imagem junto à sociedade brasileira”, destaca o coordenador de Ramos do Sistema OCB, Hugo Andrade.
A lei inaugura uma nova fase para o cooperativismo e para milhões de brasileiros que terão acesso a seguros mais acessíveis e com a marca cooperativista da inclusão, participação democrática e efetiva dos cooperados.
Segundo pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) e Instituto Datafolha realizada em setembro de 2024, 54% dos brasileiros têm a intenção de contratar um seguro e/ou previdência privada num futuro próximo, o que mostra o tamanho do mercado potencial para as cooperativas.
“As cooperativas de seguros possuem características únicas que beneficiarão diretamente os usuários. Os segurados podem esperar serviços justos e transparentes, produtos personalizados, proximidade, diversos canais de distribuição, participação na gestão e na distribuição dos resultados e apoio irrestrito a eles nos momentos mais difíceis, como doenças e perdas patrimoniais”, afirma Andrade.
Outro dado relevante, divulgado pela Susep no 11º Relatório de Análise e Acompanhamento dos Mercados Supervisionados, é a alta concentração do setor, com 34% do mercado operado por cinco grandes seguradoras.
Uma realidade que a chegada das cooperativas de seguros pode ajudar a mudar, com a ampliação da concorrência, democratização dos serviços e o desenvolvimento de todo o setor, alinhando o Brasil a uma realidade consolidada em diversos países.
Coops de seguros no mercado global
Em diferentes partes do mundo, o modelo cooperativista tem se mostrado uma alternativa eficaz para ampliar o acesso a seguros, impulsionando a inclusão financeira e gerando impactos sociais positivos.
De acordo com o relatório The Global Mutual Market Share 2024, publicado pela International Cooperative and Mutual Insurance Federation (ICMIF), o setor de seguros cooperativos e mutualistas representa 26,3% do mercado global do setor. As coops de seguros atendem a 889 milhões de cooperados segurados, geram 1,2 milhão de empregos e USD 1,41 trilhão em receitas anuais, segundo dados de 2022.
Em 14 países, a participação das coops no mercado de seguros ultrapassa um terço. Nos Estados Unidos e na Alemanha, o percentual é de cerca de 40%; e na França, nos Países Baixos e na Finlândia as cooperativas são maioria no segmento, com 54,8%, 59% e 61% de participação, respectivamente.
O setor cooperativo de seguros tem apresentado crescimento nos últimos anos e a tendência é seguir em expansão. Na América Latina, segundo o relatório do ICMIF, as seguradoras cooperativas e mútuas da região atingiram um recorde de USD 20 bilhões em receitas em 2022, com 32 milhões de segurados e 47 mil empregos diretos. Com o novo ramo Seguros, o coop brasileiro ganhará destaque nesse mapa.
O exemplo da Seguros Unimed mostra o futuro de bons resultados que está por vir. Criada em 1989, a cooperativa tem 6,5 milhões de segurados nos segmentos de saúde, odontologia, vida, previdência e ramos elementares (como seguros patrimoniais e de responsabilidade civil médica). Com presença em todo o país, a seguradora S.A. do Sistema Unimed se destaca por preços competitivos, atenção às demandas locais e impacto social nas comunidades onde atua.
Próximos passos
Após a sanção da lei e oficialização do ramo Seguros, a etapa agora é a edição das normas complementares pela Susep e pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). Esta fase incluirá a definição de regras específicas para a autorização e funcionamento das cooperativas de seguros, critérios para a constituição das sociedades cooperativas de seguros, diretrizes para a formação de reservas técnicas, capital mínimo e solvência, além de normas contábeis e de prestação de informações.
“Criamos um grupo de trabalho e estamos acompanhando tecnicamente a Susep na construção normativa para buscar assegurar que as regras respeitem a identidade jurídica, operacional e de governança do cooperativismo. Também temos trabalhado na articulação para criação de modelos cooperativos viáveis, mobilizando sistemas cooperativos diversos e buscando fortalecer a intercooperação”, explica Hugo Andrade.
A expectativa do Sistema OCB é que a regulamentação das cooperativas seguradoras seja realizada até o final de 2025, e as primeiras coops do ramo autorizadas a operar no primeiro semestre de 2026. Até lá, a instituição trabalha em conjunto com as Organizações Estaduais na estruturação de negócios e antecipação de requisitos técnicos, como modelos de governança e estrutura de capital.
Futuro e desafios do setor
Além do enorme potencial financeiro, as cooperativas brasileiras de seguros entrarão no mercado em meio a desafios que devem promover profundas transformações no segmento nos próximos anos. Em seu relatório Tech Trends 2025, um guia sobre tendências tecnológicas, a futurista Amy Webb destaca as mudanças que a Inteligência Artificial (IA) e o aquecimento global irão provocar nos negócios das seguradoras.
Ao mesmo tempo que a IA tem ajudado o setor a agilizar processos de análise de riscos, detecção de fraude e gestão de sinistros, o uso dessa ferramenta, segundo a futurista, exigirá atenção redobrada quanto à transparência, ética e responsabilidade sobre os resultados gerados por algoritmos.
Em relação às mudanças climáticas, o setor de seguros já enfrenta uma crise devido a eventos climáticos extremos que resultaram em US$ 320 bilhões em perdas globais em 2024. A estimativa é que apenas os incêndios florestais que atingiram Los Angeles, nos Estados Unidos, em janeiro deste ano, geraram perdas de US$ 250 bilhões para as seguradoras.
E a previsão, segundo o relatório de Amy Webb, é que o cenário se agrave, com aumento de 40% a 50% nos prejuízos relacionados ao clima para as seguradoras. Na tentativa de reduzir esse impacto, o setor tem investido em modelos baseados em IA para prever perdas futuras e ajudar na precificação, considerando projeções climáticas de longo prazo.
Outro ponto de atenção, de acordo com a futurista, é o novo cenário de golpes e fraudes em seguros, que se tornaram mais sofisticados com a digitalização, e exigem respostas tecnológicas à altura. Segundo Amy Webb, empresas já têm usado a IA generativa para detectar padrões suspeitos e prevenir ataques fraudulentos em tempo real.
Infográficos

Relatório de Sustentabilidade
Por que sua cooperativa deve elaborar um relatório de sustentabilidade?

O que é intercooperação
A intercooperação é um dos pilares essenciais do cooperativismo, promovendo o fortalecimento das cooperativas por meio de parcerias estratégicas. Ao trabalhar em conjunto, as cooperativas criam um ambiente mais competitivo, ampliando oportunidades de negócio, reduzindo custos e oferecendo mais valor aos seus membros. Essa união entre diferentes cooperativas, tanto em nível local quanto internacional, potencializa o movimento cooperativista e solidifica sua presença no mercado.

O que é cooperativismo?
Nem sempre é fácil explicar o que é o cooperativismo, mas estamos aqui para te ajudar a entender! Este infográfico foi criado para responder as principais perguntas sobre o movimento cooperativista de forma clara e simples. Com 7 perguntas e respostas, você vai aprender o que é o cooperativismo, seu propósito, como funciona e quem pode participar. Vamos juntos explorar o poder da cooperação e como ela impacta a vida de pessoas e comunidades. Clique nos tópicos abaixo e descubra mais!

A relação entre Cooperativas e Bioeconomia
Qual é a relação entre cooperativas e bioeconomia?
A onda verde chegou com força ao setor econômico. A chamada bioeconomia está em alta, mas você saber o que ela propõe, na prática?