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SABER COOPERAR
12/03/2025
Elas no coop: com participação e liderança, mulheres fortalecem o cooperativismo
Desde a sua criação, há quase dois séculos, o cooperativismo garantiu espaço para que as mulheres pudessem buscar uma vida melhor por meio do trabalho e da participação em um sistema econômico justo. Atualmente, o coop reúne milhões de cooperadas em todo o mundo, promove a igualdade de gênero, valoriza e impulsiona a liderança feminina. No Brasil, as mulheres representam 41% dos cooperados, segundo dados do Anuário Coop 2024. Entre as 9,6 milhões de brasileiras que encontraram no coop oportunidades de trabalhar, empreender e garantir uma vida melhor para suas famílias, a maioria faz parte de cooperativas de consumo, crédito, saúde e trabalho, produção de bens e serviços. Além da participação significativa entre os cooperados, as mulheres são maioria na força de trabalho das cooperativas, com 52% do total de empregados do setor em todo o país, um aumento de 15% em relação a 2021. A presença delas é mais representativa nas cooperativas de saúde (75%), crédito (60%), consumo (57%), e trabalho, produção de bens e serviços (55%) Entre as lideranças, as mulheres ocupam 23% dos cargos de alta gestão no cooperativismo brasileiro. Desde 2020, esse número tem apresentado uma evolução contínua, mas ainda reflete um desafio de todos os setores da economia de garantir maior representatividade feminina nos espaços de poder. Todos esses indicadores representam histórias de profissionais, empreendedoras, chefes de família, estudantes, mães, filhas e esposas que fazem do cooperativismo um modelo de negócios diverso e que constroi um mundo melhor para as mulheres. A presidente do Comitê de Igualdade de Gênero da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Xiomara Nuñez de Céspedes, destaca que garantir condições de igualdade para as mulheres não é apenas uma questão de justiça social, mas também de desenvolvimento e prosperidade. “Quando as mulheres desfrutam de oportunidades iguais, a sociedade como um todo se beneficia. Educação, empoderamento econômico e envolvimento das mulheres na política são essenciais para construir um futuro mais justo e sustentável”. Liderança com diálogo A presidente do Sistema OCB no Maranhão, Aureliana Luz, é um exemplo de liderança feminina cooperativista que tem apoiado outras mulheres a transformar suas histórias. Assistente social com especializações em gestão de cooperativas e liderança, começou sua caminhada no cooperativismo há 12 anos. Antes de ser a primeira mulher a presidir o Sistema OCB/MA, participou da fundação de duas cooperativas no estado. “O cooperativismo se tornou muito mais do que uma atividade profissional. É um estilo de vida, uma filosofia que me guia e me inspira. Ele representa a crença no poder da colaboração, na força da união e na capacidade de transformar vidas através da cooperação”, destaca. Apaixonada pelo cooperativismo e reconhecida por sua habilidade de comunicação, Aureliana tem uma gestão marcada pelo diálogo e investe na representação institucional junto a parlamentares e secretarias estaduais para fortalecer o coop em seu estado. “As mulheres líderes trazem para o ambiente de trabalho uma maior abertura para o diálogo, a empatia e a busca por soluções colaborativas, criando um clima de confiança e respeito mútuo”, afirma. Com a mesma dedicação, a cooperativista maranhense trabalha para ampliar a participação feminina no cooperativismo, por meio da implementação de programas como o “Mulheres Cooperativistas em Ação”, que visa capacitar e empoderar mulheres para que assumam papéis de liderança em suas cooperativas; e a criação do "Selo Cooperativa Amiga da Mulher", que reconhece e premia cooperativas maranhenses que se destacam na promoção da igualdade de gênero. “Podemos avançar na criação de um ambiente mais inclusivo e equitativo para as mulheres gestoras no cooperativismo. Para isso, é fundamental investir em programas de capacitação e desenvolvimento de lideranças femininas, promover a igualdade de oportunidades, combater o assédio e a discriminação, e criar redes de apoio para mulheres em cargos de gestão”, ressalta Aureliana. Para promover a inclusão e equidade de gênero entre as cooperativas, o Sistema OCB/MA também implementou comitês de mulheres, realiza eventos e workshops sobre liderança feminina e criou programas de mentoria para mulheres cooperativistas. Segundo Aureliana, as ações são passos de um longo caminho a ser percorrido para valorizar cada vez mais a presença e força das mulheres no coop. “Ainda enfrentamos desafios relacionados ao preconceito de gênero, à falta de representatividade feminina em cargos de liderança e à dificuldade de conciliar a vida profissional com as responsabilidades familiares. No entanto, tenho orgulho de dizer que o número de mulheres em cargos de liderança no cooperativismo tem crescido, e cada vez mais mulheres ocupam posições de destaque, inspirando outras a seguirem seus passos”, pondera. Elas pelo Coop Em todo o país, as cooperativas têm incorporado políticas de inclusão e valorização das mulheres em seus planejamentos estratégicos. O tema é tão importante para o cooperativismo brasileiro que o Sistema OCB criou o Guia de Implantação de Estratégias em Inclusão, Diversidade e Equidade, com orientações e ferramentas para esse trabalho. Em outra iniciativa afirmativa, a entidade constituiu, em 2020, o Comitê Nacional de Mulheres Elas pelo Coop, em que 24 integrantes, de 24 estados, buscam a construção coletiva de projetos e propostas que contribuam para um cooperativismo mais diverso e democrático. “O comitê foi oficialmente criado como um dos desdobramentos do 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC) e é formado por cooperadas ou empregadas de cooperativas. A missão do Elas pelo Coop é ampliar a participação de mulheres no cooperativismo, especialmente em cargos de liderança”, explica Divani de Souza, analista de desenvolvimento de cooperativas da Unidade Nacional do Sistema OCB, que assessora o comitê. As integrantes do Comitê Nacional Elas pelo Coop são indicadas pelas Organizações Estaduais. O colegiado atua em quatro eixos: formação e capacitação; elaboração de diretrizes; representação institucional e intercooperação. Além do comitê nacional, 17 Comitês Estaduais Elas em Coop já estão em funcionamento. Para apoiar as cooperativas a colocar em prática as iniciativas de inclusão feminina, o Sistema OCB disponibiliza o Manual de Implementação de Comitês de Mulheres nas Cooperativas, com o passo a passo para estruturar a criação dos grupos em cada coop, do planejamento à formação continuada das participantes. Educação para inclusão Investir na formação das mulheres para ampliar a participação delas em cargos de liderança também está entre as estratégias do Sistema OCB para fortalecer a atuação feminina no segmento. Uma das ferramentas é a oferta de programas de capacitação específicos para esse público, como a trilha de conhecimento Jornada de Formação Liderança Feminina, disponível na plataforma CapacitaCoop, com acesso livre e gratuito. Com módulos sobre liderança feminina, cooperativismo e desenvolvimento pessoal, a trilha prepara mulheres cooperativistas para liderar com confiança e construir um posicionamento de protagonismo. “São iniciativas que ajudam a ampliar as oportunidades para que mais mulheres assumam cargos estratégicos nas cooperativas. Elas também refletem o compromisso contínuo do cooperativismo brasileiro com a construção de um cooperativismo mais diverso, inovador e alinhado às necessidades da sociedade”, afirma a superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella.
SABER COOPERAR
10/03/2025
Cooperativas têm papel essencial para a segurança alimentar
Garantir o acesso de todas as pessoas a alimentos seguros e nutritivos é um dos principais desafios da Agenda 2030, o plano de ação global da Organização das Nações Unidas (ONU) para promover um mundo mais justo e sustentável. A meta está definida no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2 - Fome zero e agricultura sustentável, e as cooperativas desempenham um papel essencial para alcançá-lo em todo o mundo.
Segundo projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o mundo precisará produzir 70% mais alimentos para atender a população em 2050. O cenário é desafiador, mas representa grandes oportunidades para o cooperativismo agropecuário brasileiro, reconhecido mundialmente por equilibrar produção e sustentabilidade.
Com mais de um milhão de produtores cooperados, sendo 71% agricultores familiares, as cooperativas brasileiras são protagonistas no fornecimento de alimentos para o país e o mundo, e já são responsáveis por mais de 50% da safra nacional de grãos, segundo dados do Censo Agropecuário 2017, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Hoje as coops agropecuárias produzem 75% do trigo, 55% do café, 53% do milho, 52% da soja, 50% dos suínos, 46% do leite e 43% do feijão no Brasil. Além disso, também contribuem significativamente para as cadeias produtivas de frutas, hortaliças, fibras e no setor sucroenergético”, lista a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.
Produzir alimentos de qualidade, de forma justa e sustentável é um compromisso de todo cooperativismo brasileiro, colocado em prática por pequenas, médias e grandes cooperativas. Além de contribuir para a segurança alimentar – com produtos que chegam à mesa de milhões de brasileiros, à merenda escolar e programas sociais – as boas práticas também favorecem os produtores, ampliando seu acesso a mercados que reconhecem a importância da procedência e das condições de produção. Ou seja, é um processo socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto.
Em comunidades vulneráveis, o papel das cooperativas para garantir alimentos a quem precisa e promover a agricultura sustentável é ainda mais notável. Nesses locais, além de viabilizar a criação de negócios e aumentar a produtividade e a renda de quem produz e comercializa alimentos – como agricultores familiares e extrativistas – esse trabalho é realizado com respeito ao meio ambiente e menor impacto na natureza.
Transformação no semiárido baiano
No interior da Bahia, em Uauá, um pequeno município de 25 mil habitantes, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) tem ajudado 285 famílias de agricultores a construir uma vida melhor. Elas produzem umbu e maracujá do mato, plantas nativas da Caatinga, e transformam as frutas em doces, compotas, geleias, sucos e polpas. A cooperativa garante acesso a mercados e preços justos.
“Os cooperados colhem as frutas de forma sustentável, respeitando os ciclos naturais, e as entregam à Coopercuc, que faz o beneficiamento e a comercialização. A cooperativa mantém um processo produtivo artesanal e certificado, garantindo a qualidade dos produtos e promovendo o comércio justo”, explica a diretora da Coopercuc, Jussara Dantas.
Além dos benefícios diretos para os cooperados, a Coopercuc gera impacto positivo para mais de 2,5 mil pessoas na cidade, considerando as famílias dos associados, os trabalhadores envolvidos no processo produtivo e a comunidade em geral, que se beneficia com ações de desenvolvimento sustentável, geração de renda e fortalecimento da agricultura familiar na região.
Com esse modelo de negócio, a Coopercuc contribui diretamente para promover a segurança alimentar e a agricultura sustentável no semiárido baiano. Uma parte da produção da cooperativa vai direto para a merenda de escolas da cidade, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), em que o governo compra os alimentos direto de quem produz para que os estudantes tenham acesso a refeições saudáveis e de qualidade.
Além da merenda, a cooperativa baiana também é fornecedora do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que destina produtos para instituições sociais e pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional.
Para os agricultores, os benefícios também são enormes. Antes da criação da cooperativa, em 2004, Jussara lembra que o umbu e outras espécies da Caatinga eram pouco valorizados. Hoje, essas frutas são fonte de renda sustentável e garantem autonomia financeira para muitas famílias da região.
Aliado ao conhecimento tradicional sobre as plantas nativas, os agricultores cooperados têm acesso a capacitações técnicas sobre manejo sustentável, produção orgânica e boas práticas de fabricação; apoio na comercialização, buscando novos mercados e garantindo preços justos; assessoria para certificação orgânica e comércio justo, agregando valor aos produtos; incentivo à organização comunitária e fortalecimento da economia solidária.
Toda a produção da Coopercuc segue o sistema agroecológico, com preservação da biodiversidade e uso racional da água. O resultado é o fortalecimento da economia local, com redução do êxodo de pequenos agricultores para outros municípios, a valorização da cultura do semiárido e a redução no desmatamento na Caatinga. Além disso, a Coopercuc tem participação expressiva de mulheres entre seus cooperados, garantindo renda e representatividade.
“Nossa atuação tem transformado vidas e impulsionado o desenvolvimento sustentável na região do semiárido, mostrando que é possível aliar economia solidária, conservação ambiental e impacto social positivo”, afirma a diretora.
Produção sustentável na Amazônia
Em Primavera, no Pará, a 200 quilômetros de Belém, a Cooperativa de Trabalho de Agricultores Familiares de Primavera (Cooprima) também reúne agricultores familiares que apostam no modelo agroecológico para produção de hortaliças, frutas e mel orgânicos, aliando preservação ambiental e sustentabilidade econômica.
Há 10 anos fortalecendo os pequenos produtores e conservando a floresta, a coop tem cerca de 100 associados. Uma delas é a agricultora Socorro Santos, que produz mel, tucupi, goma, melancia, mamão e limão, e que viu seu trabalho ser valorizado com a venda de sua produção por meio da cooperativa.
“Hoje a gente oferece mais qualidade no nosso produto e também tem qualidade de vida por causa dos cursos e incentivos que a Cooprima tem nos dado, avançamos bastante financeiramente com esse apoio. Isso tudo é fruto de muito trabalho e aprendizado de toda a família”, contou.
Para o cooperado Paulo Ricardo, que faz parte da Cooprima há seis anos, a atuação coletiva garantiu conquistas que os produtores da região não alcançariam sozinhos. “Antes era difícil vender os produtos por um valor bom pra gente, na coop a gente consegue cobrar um valor melhor e o volume de vendas também aumentou. Aqui eu aprendi a vender melhor, negociar melhor os produtos, agregar valor por meio da industrialização, fora os cursos que a cooperativa oferece para a gente”, afirmou.
A presidente da Cooprima, Joelma Trindade, explica que o apoio aos cooperados é oferecido especialmente via assistência técnica, orientação no plantio das culturas e comercialização dos produtos. “Vendemos principalmente para as políticas públicas do governo federal, como o PNAE, da merenda escolar, mas também para o consumidor direto, participando de feiras locais e empórios do Sistema OCB/PA”, disse a gestora.
Em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Cooprima também contribui para o combate à fome na região, com o fornecimento de produtos para instituições que repassam os alimentos para famílias carentes no município de Primavera e cidades vizinhas.
Com olhar para o futuro, a Cooprima tem programas para inclusão de mulheres e jovens nas áreas de decisão de cooperativa como estratégia para promover o cooperativismo e assegurar a continuidade dos negócios familiares. “Uma das nossas iniciativas é o Comitê de Mulheres, que tem como objetivo estimular filhas e esposas de cooperados a participarem das capacitações, incentivando-as a se envolverem em cargos de diretoria na cooperativa, entendendo a importância da mulher na liderança. Também incentivamos a participação juvenil na cooperativa para que esse público se mantenha no campo, evitando o êxodo rural”, detalhou a gestora.

SABER COOPERAR
07/03/2025
Dia Internacional da Mulher: Tania Zanella destaca competência feminina para transformar o coop
Uma líder nata, que trabalha para abrir caminhos para outras mulheres no cooperativismo. Essa é Tania Zanella, superintendente do Sistema OCB. Primeira mulher no cargo, ela também havia sido pioneira como gerente de Relações Institucionais e gerente-geral da instituição.
À lista de conquistas como liderança feminina, Tania somou recentemente a presidência do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), que reúne 59 entidades do setor e é responsável por defender os interesses da agricultura e prestar assessoria técnica à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional.
Conciliadora e dedicada, Tania Zanella é advogada de formação, mas também tem profundo conhecimento sobre o meio rural, uma herança de sua família de agricultores do interior de Santa Catarina. Reconhecida pela competência e capacidade de aperfeiçoamento de processos de trabalho, a superintendente do Sistema OCB tem extensa formação em direito e experiência de quase 20 anos dedicados ao cooperativismo.
Sua atuação pelo fortalecimento das cooperativas é reconhecida em todo o país. Em 2008, Tania foi responsável pela estruturação da Gerência de Relações Institucionais da OCB, um projeto que a orgulha e que profissionalizou a representação do cooperativismo junto aos Três Poderes.
Conquistas como essas levaram Tania a ser reconhecida como uma das 100 mulheres mais importantes do agronegócio, da Revista Forbes, e a receber importantes honrarias, como a Medalha do Mérito Cooperativista Paulo de Souza Lima, concedida pelo Sistema Ocemg.
“Ser pioneira em diferentes cargos dentro do cooperativismo também traz a responsabilidade de inspirar outras mulheres a ocuparem espaços de liderança. Acredito que, pelo exemplo, pela capacitação contínua e pelos resultados que entregamos, podemos abrir portas para que mais mulheres se sintam encorajadas a trilhar esse caminho”, afirmou a superintendente em entrevista ao Sistema OCB na véspera do Dia Internacional da Mulher. Leia mais:
Sistema OCB: Como começou sua história com o cooperativismo?
Tania Zanella: Minha história com o movimento cooperativista vem desde a infância, em Santa Catarina, onde o cooperativismo está profundamente enraizado. Meu pai é um cooperativista e cresci perto desse modelo de negócios que transforma realidades de forma tão positiva e única.
Já a minha trajetória profissional começou em 2008, quando passei a integrar a equipe do Sistema OCB como assessora de Relações Institucionais. Em 2012, assumi a gerência-geral, sendo a primeira mulher a ocupar essa posição. Em setembro de 2021, tornei-me também a primeira mulher a assumir a superintendência do Sistema OCB.
Qual é a sua missão como liderança do cooperativismo?
O cooperativismo representa uma força transformadora, capaz de promover desenvolvimento econômico e social de forma sustentável e inclusiva. Minha missão é fortalecer e ampliar o impacto positivo das cooperativas no Brasil, promovendo a união e o desenvolvimento das comunidades.
As cooperativas desempenham um papel crucial no país. Elas representam mais de 23 milhões de cooperados, movimentam mais de R$690 bilhões e geram 550 mil empregos diretos, segundo o Anuário do Cooperativismo 2024.
O que representa ser a primeira mulher a assumir o cargo de superintendente do Sistema OCB?
Ser a primeira mulher a assumir a superintendência do Sistema OCB é uma honra e uma responsabilidade significativa. Ser pioneira em diferentes cargos dentro do cooperativismo também traz a responsabilidade de inspirar outras mulheres a ocuparem espaços de liderança. Acredito que, pelo exemplo, pela capacitação contínua e pelos resultados que entregamos, podemos abrir portas para que mais mulheres se sintam encorajadas a trilhar esse caminho. Em sua essência, o cooperativismo valoriza a inclusão e a colaboração, e é fundamental que sigamos promovendo oportunidades para que o talento feminino continue transformando o setor.
Quais são os maiores desafios de gênero enfrentados no seu papel de líder?
Os desafios de gênero incluem a superação de preconceitos e estereótipos que ainda persistem em ambientes tradicionalmente masculinos. É fundamental promover a igualdade de oportunidades e incentivar a participação feminina em todos os níveis de liderança, criando um ambiente inclusivo e diverso.
Quais são os diferenciais de uma mulher no papel de liderança?
A gestão feminina pode trazer perspectivas diferenciadas, como uma abordagem mais colaborativa e sensível às questões de inclusão e diversidade. Mulheres em posições de liderança frequentemente trazem empatia, resiliência e capacidade de multitarefa, enriquecendo a tomada de decisões. No Sistema OCB, temos implementado políticas que promovem a igualdade de gênero, incentivando a participação feminina em programas de formação de lideranças e criando ambientes de trabalho mais inclusivos.
O que o Sistema OCB tem feito para apoiar as mulheres cooperativistas?
Temos atuado de forma estratégica para fortalecer a participação feminina no cooperativismo, com o apoio e a promoção de diversas iniciativas que incentivam a equidade de gênero e a ocupação de espaços de liderança por mulheres. Um exemplo importante é o Comitê Elas pelo Coop, criado para conectar e fortalecer lideranças femininas, além de estimular a adoção de políticas e práticas mais inclusivas dentro das cooperativas. A nossa plataforma de Ensino a Distância (EAD), a CapacitaCoop, também inclui programas de capacitação e cursos voltados ao desenvolvimento profissional, à formação de lideranças femininas e à adoção de práticas inclusivas.
São iniciativas que ajudam a ampliar as oportunidades para que mais mulheres assumam cargos estratégicos e consigam perceber sua importância no movimento. Elas também refletem o compromisso contínuo do Sistema OCB com a construção de um cooperativismo mais diverso, inovador e alinhado às necessidades da sociedade.
Quais os principais desafios do cooperativismo atualmente?
Acredito que o cooperativismo pode avançar ainda mais na promoção da diversidade e inclusão, especialmente em posições de liderança. Além disso, é importante investir em inovação e sustentabilidade, adaptando-se às demandas contemporâneas e fortalecendo a competitividade das cooperativas no mercado global.
Para finalizar, que mensagem você deixa para as mulheres cooperativistas que pretendem ocupar espaços de liderança?
Aconselho que acreditem em seu potencial e busquem constantemente o aprimoramento profissional. É essencial construir uma rede de apoio, participar de programas de capacitação e não se deixar abater por obstáculos. A determinação e a perseverança são fundamentais para alcançar posições de liderança e promover a transformação que desejamos ver na sociedade.

SABER COOPERAR
12/02/2025
Cooperativas da Amazônia contribuem com a erradicação da pobreza
Em 2025, o cooperativismo está sendo reconhecido mundialmente com o Ano Internacional das Cooperativas, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) pela nossa capacidade de promover o crescimento justo e sustentável nos lugares em que atuamos. Seja em pequenas comunidades agrícolas, em grandes centros urbanos ou mesmo em plena Amazônia, o cooperativismo faz a diferença para milhões de pessoas que decidem empreender coletivamente.
O tema do reconhecimento da ONU, “Cooperativas constroem um mundo melhor”, está diretamente relacionado ao potencial do coop de criar condições socioeconômicas que têm impacto tanto para os cooperados quanto para suas comunidades. Essa atuação também faz do cooperativismo um importante agente para o cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma série de metas definidas pela ONU para construir um mundo mais justo até 2030.
Os ODS abrangem temas como redução de desigualdades, segurança alimentar, consumo sustentável, mudança climática, diversidade, paz e justiça, entre outros. Em cada um deles, o cooperativismo contribui para alcançar as metas, ajudando a construir um mundo melhor por meio da geração de trabalho e renda de forma sustentável. Em uma série de reportagens, vamos mostrar como as cooperativas brasileiras têm ajudado o país a cumprir os ODS.
Do Norte do Brasil vem o exemplo de duas coops que têm feito a diferença para famílias dos estados do Acre e Amapá. Essa região do país é a mais afetada pela fome, em que 7,7% dos lares sofreram com a falta de alimentos em 2023, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, 38,5% dos habitantes da Região Norte eram pobres no mesmo período e os extremamente pobres somaram 6%, atrás apenas do Nordeste na comparação regional.
Nesse cenário, o cooperativismo tem sido fundamental para alcançar o ODS 1 – Erradicação da pobreza, ao promover o desenvolvimento em localidades remotas ou com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo. Como as cooperativas fazem isso? Gerando renda para os cooperados, auxiliando pequenos agricultores e extrativistas a organizarem a comercialização de seus produtos, fortalecendo o setor produtivo local e incentivando práticas agrícolas sustentáveis, que são mais valorizadas no mercado.
“Um grande diferencial das coops é que elas garantem aos seus cooperados acesso a insumos de qualidade, tecnologias modernas, assistência técnica, soluções de armazenagem, agregação de valor aos produtos e canais eficientes de comercialização. Esse suporte é fundamental para aumentar a produtividade e assegurar a viabilidade econômica dos produtores, especialmente os de pequeno porte, que muitas vezes enfrentam barreiras para acessar mercados de forma independente”, explica a analista técnico institucional de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro.
Castanha e bioeconomia
A Cooperativa Mista dos Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru (Comaru) é um exemplo de cooperativa que faz a diferença no seu entorno, auxiliando na geração de renda para os castanheiros da região sul do Amapá e contribuindo com a erradicação da pobreza. A castanha-do-brasil é o principal produto não madeireiro da Amazônia e também a primeira fonte de renda para as famílias que passam por uma longa jornada de três meses para a coleta dos frutos. Esse processo é feito quase que exclusivamente por povos e comunidades tradicionais da região, que respeitam e trabalham na floresta de forma sustentável.
Atualmente com 105 cooperados, a Comaru foi fundada em 1992 com o objetivo de reunir os castanheiros da Comunidade São Francisco do Iratapuru para a negociação de melhores preços e valorização da castanha no mercado brasileiro. Além de atuar na comercialização de produtos dos cooperados em vários estados do Brasil, a Comaru também se destaca pelas práticas de sustentabilidade, tanto para conservar a biodiversidade local como para capacitar os extrativistas quanto ao uso de técnicas de coleta sustentável e manejo de recursos naturais.
Os cooperados da Comaru atuam em uma reserva sustentável em Laranjal do Jari, na divisa entre o Amapá e o Pará, e comercializam produtos não madeireiros que preservam a Amazônia e aliam conservação e desenvolvimento, como castanhas in natura, amêndoas descascadas, óleo e farinha de castanha.
Considerando o contexto de desmatamento crescente na Amazônia, a Comaru é um ponto focal na cadeia produtiva local e tornou-se um lugar de representação dos interesses dos extrativistas e de conservação do meio ambiente, além de um espaço de negociação coletiva, que proporciona melhoria das condições de vida e mais vantagens econômicas para esses profissionais.
“Nós oferecemos todo o suporte para nossos cooperados, dando orientações sobre cadeia produtiva, rastreabilidade e qualidade do produto, importância da cooperativa para o cooperado, ajudando sempre quando ele mais precisa, com questões de saúde ou suporte de equipamentos, por exemplo”, afirma Aldemir Pereira, diretor administrativo da Comaru.
Segundo ele, o cooperativismo e o associativismo têm desempenhado um papel essencial para os extrativistas do Vale do Jari, auxiliando-os nos desafios do mercado, na erradicação da pobreza na região e na preservação dessas comunidades para o futuro. “A Comaru gera empregos na agroindústria para os cooperados, faz adiantamento da safra para cada produtor coletar sua castanha, apoia no escoamento da produção, dá assistência e também realiza eventos sociais e ambientais para estimular a preservação da natureza junto aos castanheiros”, explica o gestor.
Extrativismo sustentável
A Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), com sede em Rio Branco, é mais uma mostra de como o modelo cooperativista tem contribuído para a erradicação da pobreza por meio da geração de trabalho, responsabilidade social, preservação florestal e crescimento sustentável.
Maior produtora nacional de castanha-do-brasil, além de trabalhar com borracha, frutas nativas, palmito e café, a coop é referência na promoção de economia de baixo carbono e em práticas de extração que preservam o meio ambiente. Em 2022, a Cooperacre conquistou o Prêmio Somos Coop Melhores do Ano na categoria Inovação por aplicar tecnologia aliada ao desenvolvimento sustentável.
Na rotina diária, a Cooperacre foca na produção de alto nível sem abrir mão da proteção ao meio ambiente, alavancando o progresso de seus cooperados, com impacto para a economia do estado. Com o projeto “Fortalecendo a economia de base florestal sustentável”, a coop recebeu, em 2019, cerca de R$ 5 milhões do Fundo Amazônia, que financia ações de conservação da floresta.
Com a exportação de produtos orgânicos e certificados, a Cooperacre investe em uma economia de baixo carbono, gera empregos, impacto econômico e mais renda para as famílias que residem no Norte do país, com impacto direto para a erradicação da pobreza. Inclusão social e preços competitivos também integram os pilares da cooperativa que beneficia e representa os interesses dos extrativistas acreanos.
Infográficos

Cultura cooperativista pelo mundo
As cooperativas foram declaradas Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, graças à sua contribuição essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Com presença em mais de 150 países, o modelo de negócio se destaca por oferecer soluções inovadoras para desafios sociais, promoção de empregos e cuidados com o meio ambiente. Descubra exemplos inspiradores de como o cooperativismo impacta positivamente o mundo.

O que é intercooperação
A intercooperação é um dos pilares essenciais do cooperativismo, promovendo o fortalecimento das cooperativas por meio de parcerias estratégicas. Ao trabalhar em conjunto, as cooperativas criam um ambiente mais competitivo, ampliando oportunidades de negócio, reduzindo custos e oferecendo mais valor aos seus membros. Essa união entre diferentes cooperativas, tanto em nível local quanto internacional, potencializa o movimento cooperativista e solidifica sua presença no mercado.

O que é cooperativismo?
Nem sempre é fácil explicar o que é o cooperativismo, mas estamos aqui para te ajudar a entender! Este infográfico foi criado para responder as principais perguntas sobre o movimento cooperativista de forma clara e simples. Com 7 perguntas e respostas, você vai aprender o que é o cooperativismo, seu propósito, como funciona e quem pode participar. Vamos juntos explorar o poder da cooperação e como ela impacta a vida de pessoas e comunidades. Clique nos tópicos abaixo e descubra mais!

A relação entre Cooperativas e Bioeconomia
Qual é a relação entre cooperativas e bioeconomia?
A onda verde chegou com força ao setor econômico. A chamada bioeconomia está em alta, mas você saber o que ela propõe, na prática?