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A intercooperação abre portas para novos negócios e ajuda a ampliar a participação de mercado e os resultados das cooperativas envolvidas. Assista ao vídeo e veja como a união entre cooperativas pode potencializar os resultados dos negócios cooperativos.
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A intercooperação é um dos pilares essenciais do cooperativismo, promovendo o fortalecimento das cooperativas por meio de parcerias estratégicas. Ao trabalhar em conjunto, as cooperativas criam um ambiente mais competitivo, ampliando oportunidades de negócio, reduzindo custos e oferecendo mais valor aos seus membros. Essa união entre diferentes cooperativas, tanto em nível local quanto internacional, potencializa o movimento cooperativista e solidifica sua presença no mercado.
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Nem sempre é fácil explicar o que é o cooperativismo, mas estamos aqui para te ajudar a entender! Este infográfico foi criado para responder as principais perguntas sobre o movimento cooperativista de forma clara e simples. Com 7 perguntas e respostas, você vai aprender o que é o cooperativismo, seu propósito, como funciona e quem pode participar. Vamos juntos explorar o poder da cooperação e como ela impacta a vida de pessoas e comunidades. Clique nos tópicos abaixo e descubra mais!
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"Conhecer, viver e disseminar", esse é o tripé que o Sistema OCB acredita ser necessário para a difusão do cooperativismo. Com base nessas três etapas, a instituição criou o programa DNA Cooperativo, uma imersão no nosso modelo de negócio para capacitar e apoiar as cooperativas na preservação e fortalecimento da identidade cooperativista.
A necessidade de uma solução inovadora para fortalecer a cultura cooperativista foi identificada pela Pesquisa Nacional do Cooperativismo, realizada para estruturar os debates do 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC). O levantamento revelou que 56% das lideranças consideram a conscientização dos cooperados sobre os princípios coop o maior desafio na gestão e governança. Já 49% relataram baixa participação e engajamento dos cooperados no dia a dia das cooperativas como a principal dificuldade nessa área.
Com conteúdo atrativo, dinâmicas lúdicas e troca de experiências entre os participantes, a imersão DNA Cooperativo foi a solução formativa encontrada para resgatar os princípios e valores do cooperativismo e o envolvimento com a cultura coop.
Em oito horas de duração, a imersão aborda, com dados e informações, a história do cooperativismo no mundo e no Brasil, explica os princípios e valores do movimento e nossa atuação nos sete ramos. Desenvolvido para turmas de 30 pessoas, o programa estimula a interação e troca de experiências para conectar os interesses individuais dos participantes com os propósitos do movimento cooperativista.
Jornada coop
O analista de Desenvolvimento de Cooperativas no Sistema OCB, Joaci Medeiros, um dos idealizadores do programa, conta que a imersão foi inspirada no DNA Sicoob, projeto do sistema cooperativista de crédito para incentivar e fortalecer a identidade coop entre os novos colaboradores da instituição. Além disso, para conhecer de perto as raízes do cooperativismo brasileiro, o núcleo responsável pelo desenvolvimento do DNA Cooperativo foi até Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, onde nasceu a Sicredi Pioneira, primeira cooperativa de crédito do país.
"O DNA Cooperativo foi construído a muitas mãos, tivemos três pilotos até chegar a essa solução atual", lembra Medeiros. A aplicação do programa teve uma fase piloto com três etapas: primeiro, turmas de colaboradores do Sistema OCB Nacional; em seguida, representantes de Organizações Estaduais de todo o Brasil viajaram a Brasília para um segundo teste; e o terceiro grupo reuniu representantes do ramo Crédito.
Após a validação na etapa piloto, 34 turmas demonstrativas da imersão DNA Cooperativo já foram realizadas pelo país, em um total de quase mil pessoas impactadas pela solução. Além disso, houve nove formações de multiplicadores para ampliar o alcance do programa.
E os resultados têm sido satisfatórios. A nota média dos participantes em relação à satisfação com o programa é 9,8, a qual está na Zona de Encantamento da metodologia Net Promoter Score (NPS), que utiliza ferramentas de pesquisa e classificação para analisar o nível de satisfação. Já a respeito da aplicação do conteúdo no dia a dia, em uma escala de 0 a 5, a média é de 4,8.
Segundo Medeiros, os dados refletem o sucesso e a importância da iniciativa para a disseminação da cultura cooperativista. “O intuito é que, ao final do DNA Cooperativo, os participantes tenham entendido que o cooperativismo é um movimento global e centenário, que cresce continuamente e está cada vez mais consolidado no Brasil. Ele se origina de dores, mas se realiza em torno da união de pessoas que tem um propósito em comum e evolui à medida que seus cooperados e colaboradores pensam, vivem, compram e fazem negócios”, pondera.
Experiência compartilhada
No Sistema OCB Nacional, todos os colaboradores internos passaram pela imersão, inclusive quem acabou de entrar na Casa do Cooperativismo, como a analista de Desenvolvimento de Cooperativas, Sabrina Carvalho, recém-efetivada. "Participar da imersão foi essencial para resgatar a sensação de pertencimento, de colaboração, de cooperação, de estar todo mundo junto, de que juntos conseguimos chegar mais longe”, avalia.
Para o analista em Documentação do Sistema OCB, Edvan Moura, o momento mais interessante da imersão DNA Cooperativo foi a interação com outros cooperativistas. "Foi muito valioso ouvir o depoimento dos outros colegas sobre cooperativismo, como isso atravessa cada um. O cooperativismo é um movimento econômico, mas não deixa de ser uma ideologia, uma forma de enxergar o mundo. E o DNA Cooperativo é uma ferramenta que leva os princípios e o propósito do cooperativismo para várias pessoas e mais partes interessadas”, destaca.
Colaborador do Sistema OCB desde 2011, Moura conta que descobriu fatos importantes sobre o cooperativismo durante o programa e ficou impressionado com a força econômica do nosso modelo de negócio. Dados da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) apresentados na imersão mostram que se as 300 maiores cooperativas do mundo fossem um país, seriam a oitava maior economia do mundo, com faturamento combinado de US$2,4 trilhões.
Com o sucesso das primeiras turmas, o programa DNA Cooperativo está em fase de planejamento da expansão e o objetivo do Sistema OCB é levar a iniciativa para mais pessoas em todo o país, com o apoio das Organizações Estaduais. "Já tivemos turmas no Crédito, vamos realizar turmas no ramo Saúde, este movimento está ganhando corpo. O público-alvo são cooperados e colaboradores das cooperativas. Nas turmas demonstrativas, as Organizações Estaduais puderam entender o que é o DNA Cooperativo para facilitar a oferta da solução para as cooperativas de seus respectivos estados", explica Joaci Medeiros.
Ficou interessado em participar da imersão? Procure sua Organização Estadual para saber como sua cooperativa pode fazer parte do programa DNA Cooperativo.
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Garantir um ambiente regulatório favorável ao desenvolvimento das cooperativas é uma tarefa fundamental para a disseminação da cultura cooperativista entre os brasileiros. E as eleições municipais, como as que ocorrem este ano, são um momento propício para influenciar os tomadores de decisão e a formulação de políticas públicas que fortaleçam as cooperativas.
O modelo de negócios do cooperativismo está diretamente ligado ao desenvolvimento das cidades e das economias locais, temas que estão na agenda de todos os candidatos a prefeituras ou câmaras de vereadores. Um estudo recente da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) comprovou que municípios onde o cooperativismo atua com maior protagonismo têm um aumento médio de R$5,1 mil no Produto Interno Bruto (PIB) por habitante, além de maior número de empregos formais, de estabelecimentos comerciais e de exportações.
“O momento das eleições municipais é importante para garantir que os gestores públicos, prefeitos e vereadores reconheçam e incorporem o potencial das cooperativas como motor de desenvolvimento econômico e instrumento de políticas públicas de inclusão produtiva e financeira, economia de escala e modelo de negócios viável para transformar a realidade das pessoas, garantindo trabalho e renda por meio da economia colaborativa e do empreendedorismo coletivo”, aponta o coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB, Eduardo Queiroz.
Apesar da sua importância para o desenvolvimento local, o cooperativismo ainda é pouco lembrado de forma expressa nos planos de governo municipais. Com esse objetivo, o Sistema OCB tem incentivado e fomentado, por meio do Programa de Educação Política, ações que visem fomentar o voto consciente e o aumento da representatividade do cooperativismo nas instâncias decisórias.
Um exemplo de sucesso vem do Espírito Santo, onde o Sistema OCB/ES tem atuado fortemente para promover legislações que beneficiem o cooperativismo nos municípios. Desde o final de 2022, um trabalho estratégico foi realizado junto às prefeituras e câmaras municipais, resultando na aprovação de 11 leis municipais que reconhecem e apoiam o modelo cooperativista em cidades como Vila Velha, Serra, Santa Leopoldina, entre outras. “Conseguimos avançar no reconhecimento das cooperativas por parte de muitas prefeituras e câmaras. Já há um diálogo muito avançado em alguns municípios”, afirma o assessor de Relações Institucionais do Sistema OCB/ES, David Duarte Ribeiro.
As legislações de fomento ao movimento cooperativista promovidas pelo Sistema OCB/ES em nível municipal têm, entre seus pontos principais, o incentivo à educação cooperativista em nível local, com a previsão de inclusão de conteúdos e atividades relativos ao cooperativismo nos currículos das escolas estaduais de ensino médio. Para a entidade, esse esforço busca fortalecer a cultura cooperativista entre os jovens, incentivando a formação de novas gerações de cidadãos mais conscientes sobre a importância da cooperação e do desenvolvimento sustentável.
Para ampliar os resultados da representação institucional do cooperativismo no estado, o Sistema OCB/ES elaborou uma minuta de projeto de lei que serve como base para atuação junto ao Legislativo e Executivo, com foco na valorização e apoio à participação das coops em espaços como conselhos municipais e certames públicos. Em alguns locais, essa interlocução é realizada por meio de parlamentares que já têm relação com o movimento cooperativista. Quando não há essa ponte, a entidade procura a presidência das câmaras municipais para apresentar a proposta e explicar aos parlamentares o que representa o cooperativismo, em âmbito local e nacional. Há ainda um trabalho semelhante realizado com as prefeituras, para alinhar esse entendimento.
“Nossa avaliação é que os resultados têm sido altamente positivos, pois conseguimos avançar no reconhecimento por parte de muitas prefeituras e câmaras sobre a importância econômica e social do nosso modelo societário. Já percebemos que problemas que antes tínhamos de certames públicos realizados e que vedavam a participação de cooperativas em licitações deixaram de existir, assim como em alguns municípios já se iniciou, por parte de algumas prefeituras, movimentações econômicas com cooperativas financeiras”, destaca Ribeiro.
Políticas públicas na ponta
Outro exemplo de sucesso na promoção da cultura do cooperativismo por meio da atuação institucional é o Sistema Ocemg. Nos últimos anos, a instituição cooperativista mineira atuou fortemente para informar os gestores públicos municipais sobre benefícios e a possibilidade de as cooperativas de crédito captarem depósitos e operarem com disponibilidade de caixa das prefeituras, em conformidade com a Lei Complementar 161/2018.
“Percebemos que, apesar de o novo marco regulatório possibilitar essa maior aproximação das prefeituras com as cooperativas de crédito, existia ainda um certo receio de como seria essa operacionalização, muito por conta do desconhecimento que ainda existe sobre o modelo cooperativista. Assim, nosso esforço foi no sentido de apresentar o cooperativismo para esses atores. Juntamos esforços com o Sistema OCB, Confebras, Sebrae, FGCoop e Banco Central para elaborarmos e divulgarmos a cartilha “Retenção de Riqueza no Município – Relação entre Prefeitura e Cooperativas de Crédito” junto aos gestores públicos municipais, o que melhorou substancialmente à adesão das prefeituras a essa parceria com o cooperativismo”, explica o assessor institucional do Sistema Ocemg, Geraldo Magela.
O resultado não poderia ser melhor: com a colaboração do Governo do Estado de Minas Gerais e da Associação Mineira de Municípios (ANM), o material cooperativista foi divulgado para os mais de 850 municípios do estado. E a atuação tem surtido efeito. Em Minas Gerais, as disponibilidades de caixa de prefeituras operadas por cooperativas de crédito subiram de R$299,8 milhões em 2021 para R$748 milhões em 2023. Também aumentou o número de municípios com parceria efetivada entre cooperativas de crédito e prefeituras: em 2021, eram 107 cidades alcançadas; hoje, 484 municípios mineiros (56% do total) possuem suas disponibilidades de caixa operacionalizadas pelo cooperativismo financeiro.
“Essa é uma política pública de muito potencial, pois os recursos das prefeituras depositados em cooperativas de crédito são retidos e reinvestidos no próprio município, de forma a incentivar o desenvolvimento da economia dos municípios. Por mais que a legislação que possibilitou essas operações seja de caráter federal, a efetividade de sua implementação dependeu, em grande parte, dessa maior aproximação com os agentes locais”, destaca Magela.
Janela de oportunidade
Para fomentar iniciativas como essas, o Sistema OCB tem atuado, em nível nacional, para estimular as cooperativas a participarem de forma legítima e transparente das eleições municipais deste ano, por meio de diretrizes reunidas em duas cartilhas: "Cooperativismo e as Eleições Municipais 2024", que aborda boas práticas da participação das cooperativas e dos cooperados no período eleitoral; e "Propostas para Cidades Mais Cooperativas", que busca incluir as cooperativas como instrumento de desenvolvimento nas agendas públicas municipais.
Queiroz destaca que as Eleições Municipais 2024 são um período-chave para que o cooperativismo seja reconhecido pelos futuros ocupantes de prefeituras e câmaras de vereadores e ganhe mais espaço nos planos de governo.
“É estratégico inserir o cooperativismo na agenda pública municipal, porque nós já temos alguns levantamentos em nível local que apontam que o cooperativismo ainda é pouco citado em planos de governo para prefeituras. Isso é um paradoxo porque as cooperativas estão no centro da agenda de desenvolvimento das comunidades”, aponta.
De acordo com o coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB, diante da importância das cooperativas para os contextos locais, as eleições municipais são ainda mais estratégicas para construir pontes com o Poder Público, em especial em um momento em que os candidatos estão dispostos e interessados em ouvir o eleitor e se comprometer com determinadas causas.
“A percepção e o grau de conhecimento dos parlamentares sobre o cooperativismo não são conquistados em Brasília, eles vêm, logicamente, da base. Portanto, é importante a gente construir essa proximidade com estes atores desde o nível local. Estamos falando, por exemplo, de candidatos a membros das câmaras municipais, que vão seguir suas carreiras políticas e eventualmente se tornarão deputados estaduais, deputados federais e senadores da República”, afirma.
Saiba mais sobre as cartilhas do Sistema OCB com orientações para a atuação do cooperativismo nas eleições municipais:
Cooperativismo e as Eleições 2024
O material explica como funcionam as eleições, esclarece alguns mitos e pontua de que forma as cooperativas podem se engajar na escolha de candidatos conscientes sobre o papel do cooperativismo na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Destaca ainda quais condutas são vedadas às organizações cooperativistas, como doação financeira a campanhas e realização de propaganda eleitoral.
Propostas para Cidades Mais Cooperativas
O objetivo deste material é oferecer insumos aos candidatos às prefeituras e às câmaras municipais para a elaboração de políticas públicas que contemplem as especificidades do movimento cooperativista. A publicação destaca as ações, projetos e normas que necessitam da ação do governo municipal para a sua continuidade, ampliação ou implementação.
- Artigo Inferior 1
O nosso lema já diz: o cooperativismo é sempre um bom negócio. Mas, quando esse negócio se expande, ganha volume e competitividade no mercado, as organizações precisam empenhar esforços para não perder de vista o que temos de mais valioso: nossos princípios.
Em 2024, pela primeira vez, o Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC) teve como um dos eixos de discussão a Cultura Cooperativista. A inclusão do tema foi feita a partir do diagnóstico da Pesquisa Nacional do Cooperativismo, utilizada para estruturar os debates do 15º CBC, evento mais importante do nosso setor e responsável por definir as diretrizes de futuro do coop brasileiro.
O estudo ouviu lideranças de todo o país e revelou que 56% consideravam como o maior desafio do cooperativismo, na área da gestão, a baixa conscientização dos cooperados sobre os princípios cooperativistas. O segundo maior problema, de acordo com 49% dos entrevistados, é a baixa participação e engajamento dos cooperados no dia a dia da organização. Essas duas queixas se relacionam, diretamente, à falta de compreensão da cultura cooperativista e apontam para a necessidade de fortalecer esses princípios - para dentro e para fora.
“Os dados destacam, mais especificamente, a necessidade significativa de disseminar os princípios e valores cooperativistas, tanto dentro quanto fora das cooperativas, e as dificuldades na comunicação sobre esses princípios para a sociedade. Esses foram aspectos relevantes identificados que reforçam a importância de manter a cultura cooperativista viva e presente nas ações do movimento”, destaca o gerente de Planejamento do Sistema OCB, Fábio Storti, responsável pela pesquisa.
Diretrizes estratégicas prioritárias de Cultura Cooperativista aprovadas no 15º CBC 1. Difundir o cooperativismo na educação formal brasileira em todos os níveis (do ensino básico ao técnico e superior), por meio de parcerias com escolas, universidades e órgãos educacionais. 2. Promover a formação das lideranças cooperativistas para fortalecer o seu papel como promotoras e multiplicadoras da cultura cooperativista dentro de suas organizações e no movimento. |
Grandes negócios, grandes desafios
Quando a cooperativa cresce, os desafios para manter a essência dessa cultura podem ser tão grandes quanto o tamanho do negócio. De acordo com Storti, embora o diagnóstico feito a partir da pesquisa não tenha abordado diretamente essa relação, a diversidade regional e a heterogeneidade entre os ramos tornam o desafio de manter uma cultura coesa ainda mais complexo. “É razoável inferir que, quanto maior a cooperativa, mais desafiador pode ser manter esses valores e princípios fortes, dado o aumento da complexidade organizacional”, compara.
Grandes negócios coop têm mostrado que é possível responder a esses desafios e crescer com a força do nosso DNA. Presente em mais de 120 municípios de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, com mais de 1,6 milhão de cooperados, o Sistema de Cooperativas de Crédito Ailos dedica planejamento e muito esforço, em ações contínuas, para manter a cultura cooperativista viva e pulsante no coração do negócio.
“Esse é um grande desafio, mas é fundamental para a nossa identidade. Garantimos que as decisões estratégicas estejam sempre alinhadas com os princípios cooperativistas e promovemos uma cultura organizacional que valoriza a participação e a transparência. Continuamos a investir em projetos que beneficiem a comunidade e a oferecer um serviço personalizado que prioriza as necessidades dos nossos cooperados”, pontua o diretor de Produtos e Negócios do Sistema Ailos, Adelino Sasse.
Atualmente com 13 cooperativas, mais de R$23 bilhões em ativos totais e R$4 bilhões em patrimônio líquido, o sistema investe em ações diversificadas para assegurar que a expansão não comprometa seus valores fundamentais. São realizados periodicamente treinamentos, workshops, palestras e eventos que fomentam a cultura cooperativista entre os cooperados, além de um investimento constante em comunicação para manter a base informada e engajada com os objetivos do grupo.
“Além disso, incentivamos a integração por meio de comitês e grupos de trabalho que permitem aos cooperados contribuir diretamente para a tomada de decisões e para o desenvolvimento da cooperativa”, exemplifica Sasse.
Para ‘calibrar’ as ações, é preciso um olhar atento: o Ailos realiza pesquisas de satisfação e acompanhamento contínuo para garantir o nível alto de participação e identificar em quais áreas é possível melhorar.
“Avaliamos que o nível de engajamento de nossos cooperados e funcionários com o cooperativismo é bastante positivo. Nossos cooperados demonstram um forte comprometimento com os valores e objetivos da cooperativa, participando ativamente das assembleias e eventos. Os colaboradores também são capacitados e motivados a representar e vivenciar os princípios cooperativistas em suas atividades diárias”, afirma Sasse.
Em plena expansão em todos os ramos, mesmo diante dos cenários econômicos e políticos mais adversos, o cooperativismo tem o desafio de alcançar um desenvolvimento equilibrado com seus valores e princípios, absorvendo as demandas e oportunidades de mercado com uma compreensão sólida da cultura cooperativista. Uma equação que deve incluir o crescimento aliado à participação ativa de associados nos processos de decisão e nos negócios das cooperativas.
Para a superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella, o desafio das grandes organizações em manter seu DNA cooperativista pode ser encarado como uma “dor de crescimento”.
“A cura para essa dor de crescimento é ter um propósito claro de onde se quer chegar e de quais são seus valores. É necessário encontrar um modelo de gestão que equilibre sua dupla natureza, guiando-se tanto pelos aspectos econômicos quanto os sociais, que no nosso caso são indissociáveis” aponta.
Diferencial de mercado
Fortalecer nossos valores e identidade não é relevante apenas para o desenvolvimento da comunidade em que estamos inseridos, ou para alavancar a qualidade de vida dos cooperados. Ainda que esses sejam objetivos primordiais, que estão na nossa essência, nossos valores fazem bem também para os negócios. Seja nas pequenas coops que movimentam a economia do interior do país, ou nas gigantes do crédito ou do agro de grande impacto no cenário nacional, a identidade cooperativista é um fator de diferenciação no mercado.
Para Fábio Storti, aspectos que constituem a alma do cooperativismo, como a gestão democrática e a intercooperação, promovem um ambiente favorável para o crescimento sustentável dos negócios. “A prática dos valores cooperativistas pode fortalecer o aspecto econômico ao favorecer que os cooperados permaneçam engajados, que as tomadas de decisão sejam democráticas e alinhadas, que a capacitação contínua seja estimulada, que se estabeleçam parcerias entre cooperativas e reforcem a relação com as comunidades”, enumera.
Em um mercado em constante transformação como o financeiro, com a chegada das fintechs e de outras tecnologias que transformaram a relação dos consumidores com o seu próprio dinheiro, o Ailos aposta no reforço da marca cooperativista como um diferencial.
“Em um ambiente em que os consumidores estão cada vez mais conscientes e exigentes, a transparência, a responsabilidade social e o compromisso com a comunidade são altamente valorizados. Os valores cooperativistas, como a equidade, a solidariedade e justiça social, ressoam positivamente com um público que busca empresas que operam com ética e responsabilidade. Investimos em campanhas de marketing e ações de responsabilidade social que comunicam claramente os benefícios e os valores do cooperativismo. Mostrar como a nossa cooperativa contribui para o desenvolvimento local e para a inclusão financeira ajuda a fortalecer a marca”, destaca o diretor de Produtos e Negócios do Sistema Ailos.
Se você acha que o TikTok se resume a um lugar em que adolescentes estão perdendo tempo com vídeos de dancinhas, maquiagem e memes, talvez esteja na hora de você conhecer um pouco mais sobre a plataforma e descobrir como ela pode impulsionar os negócios do cooperativismo. A rede é conhecida por funcionar como porta de entrada para que os usuários mergulhem em diferentes universos até então desconhecidos, inclusive de interesses e consumo. De acordo com uma pesquisa da Opinion Box no Brasil, 1 em cada 3 usuários já comprou algum produto que conheceu pelo TikTok.
O aplicativo de compartilhamento de vídeos ostenta mais de 1 bilhão de usuários ativos em todo o mundo. Disponibiliza vídeos curtos, em média de 15 segundos a três minutos, com conteúdos de música, dança, dublagem, trends, humor, entre outros. A plataforma oferece amplos recursos de edição de fácil uso, impulsionando a criatividade na produção de conteúdos. O público principal são os jovens entre 16 a 24 anos, a chamada geração Z, mas a plataforma vem ampliando a faixa etária de seus usuários. Se popularizou em 2020, durante a pandemia de Covid-19, e segue crescendo.
Fã de rede social, o brasileiro logo adotou a plataforma, cujo diferencial é um algoritmo poderoso que rapidamente entende os interesses e gostos do usuário para entregar conteúdo personalizado. O TikTok acumula quase 99 milhões de usuários no Brasil, crescimento de 19,9% em relação a 2023, segundo dados de janeiro de 2024 do Data Reportal. Uma das suas marcas é o apelo para a viralização: os usuários engajam em desafios, as chamadas “trends”, sátiras e imitações, estimulando uns aos outros a participarem da brincadeira.
O cooperativismo e o marketing de influência
Nós também estamos presente no TikTok, buscando atingir novos públicos e espalhar a palavra do coop em diferentes espaços. O destaque vai para o ramo crédito que usa a temática da educação financeira, popular na plataforma, para apresentar seus serviços, produtos e valores do cooperativismo em diferentes formatos.
O sistema Sicredi vem explorando, desde 2022, novas formas de atingir o público por meio do TikTok. A conta da financeira na plataforma conta com 109 mil seguidores e mais de 1,2 milhão de curtidas no perfil - um crescimento de 54% em relação a 2023, bem superior ao crescimento registrado em outras redes, como o Instagram. O foco são os jovens, pessoas físicas, que não conhecem a marca. Ainda em 2023, a média do alcance mensal do perfil do Sicredi foi de 5,3 milhões, um aumento de 236% em relação ao ano anterior
Dentro da estratégia de redes sociais, o Sicredi investe em produção de conteúdo específica para o TikTok, com linguagem e formato mais adequados à rede. “Esse crescimento foi muito alavancado pelo fato de a gente trabalhar de forma muito ativa com criadores de conteúdo. A maior parte do nosso conteúdo no TikTok são desses criadores”, aponta a Gerente de Conteúdo, Redes Sociais e Site do Sicredi, Bruna Rodriguez.
A estratégia adotada pelo Sicredi na plataforma é o caminho percorrido por muitas marcas: o marketing de influência. Na prática, significa associar a marca ao conteúdo criado por influenciadores que já contam com o reconhecimento e engajamento dos usuários da plataforma.
@sicredi Você tem um objetivo, mas acha que o salário não dá conta? Confira algumas dicas que vão te ajudar a se organizar e conta com o Sicredi para realizar os seus sonhos. 😍 #sicredi #EducaçãoFinanceira ♬ som original - Sicredi
“Se antes o foco das marcas era investir em propaganda nos canais de TV, rádios e outdoors por aí, hoje um formato muito procurado é a associação da marca com pessoas que têm poder de influência nas redes sociais, os famosos influenciadores. Isso significa contratar pessoas que tenham relevância em seus nichos e usar suas redes sociais para divulgar uma marca”, explica Vanessa Campos especialista em comunicação digital, redes sociais e marketing de influência.
O Sicredi trabalha com diferentes perfis de influenciadores, e cerca de 50 creators já colaboraram com a marca - atualmente são nove ativos. Um desses perfis é o Vivenciando, focado em organização financeira para jovens. O perfil foi criado em 2021 pelos primos Fernando Bisi e Pedro Bisi. Os dois influenciadores, de 21 anos, já criaram conteúdos diversos para o sistema, desde dicas simples de poupança e investimento até como se organizar financeiramente para fazer um casamento - e assim o Sicredi aparece acompanhando o crescimento e os diferentes momentos de vida dos jovens.
@sicredi Chegou o terceiro e último episódio desta série sobre organização financeira no planejamento do casamento 💚 Para finalizar com chave de ouro, o @vivenciando_ deu uma dica super importante de como organizar os custos e desejos. Assista ao vídeo e confira! Quando você conta com o Sicredi, todos os sonhos são possíveis. 😍 #Sicredi #PlanejandoUmCasamento ♬ som original - Sicredi
“Essa questão do contexto, da vida real, de trazer os creators para nos ajudar a fazer conteúdos que sejam feitos de pessoas para pessoas, contextualizados dentro da vida real, é onde a gente é muito bem-sucedido e garante o nosso crescimento, ano a ano”, afirma Bruna.
Pedro conta que o Vivenciando surgiu como um “produto da pandemia”: o tempo extra em casa e as notícias sobre o cenário econômico em ebulição chamaram atenção dos jovens. “A gente percebeu que tinha uma fatia do mercado, que éramos nós jovens iniciando seus primeiros empregos, que não eram atendidos pelos grandes influenciadores de finanças - investir de R$ 1 mil a R$ 3 mil por mês era fora da nossa realidade. Então decidimos falar e entender o que é melhor para esse público”, lembra Pedro, que trocou a faculdade de direito pela de economia a partir da experiência no TikTok. Hoje o perfil conta com 258 mil seguidores e acumula mais de 2 milhões de curtidas.
A dupla tem muito cuidado ao se relacionar com marcas para garantir que os produtos e serviços que divulgam sejam de fato benéficos para saúde financeira do público. “A gente só quer parceiros que façam uma diferença na vida do nosso público, para melhor. A seleção dos parceiros tem que ser muito rigorosa porque estamos investindo a nossa credibilidade e a confiança dos nossos seguidores na marca”, diz Pedro.
emoram a parceria com o Sicredi, que permite levar a educação financeira a mais pessoas, de forma alinhada aos valores cooperativistas. “Antes do Sicredi, eu conhecia o cooperativismo de forma muito básica. Mas antes de assinar, fomos a fundo para entender e vimos que o Sicredi ajuda as pessoas de verdade. Para nós foi muito interessante e muito fácil se associar com esse modelo de negócio, porque é algo que a gente sempre acreditou”, acrescenta o primo Fernando Bisi .
Jovens, mas nem tanto
O TikTok é reconhecido por ser uma rede de jovens. Mas, embora seja o público mais presente, Vanessa destaca que o perfil vem mudando a partir da evolução da ferramenta.“O TikTok já foi uma rede social "dos jovens”, mas esse perfil de usuário está mudando junto com os novos formatos que a plataforma tem disponibilizado. Ao adotarem conteúdos mais longos e novos formatos, está atraindo pessoas de outras gerações, inclusive crescendo a base de 40+”, aponta a especialista.
Outro grande player do cooperativismo financeiro, o Sicoob também colhe bons resultados na rede e já foca em outros públicos além da Geração Z. “O Sicoob visa atingir uma variedade de públicos no TikTok, incluindo jovens, empreendedores, famílias e o setor agro. Embora a rede seja amplamente reconhecida por sua popularidade entre o público jovem, a plataforma tem se tornado cada vez mais representativa para outros segmentos, alcançando uma audiência diversificada em todo o Brasil”, confirma Raquel Frois, coordenadora de Comunicação e Marketing do Sicoob.
@sicoob Sabedoria do agro com @mineira_do_agro
♬ som original - Sicoob
O foco principal dos conteúdos é educação financeira, com recortes específicos para cada um dos públicos. “Desde o início, buscamos destacar o papel transformador do cooperativismo financeiro como um movimento de proximidade, seja ele com atendimento humanizado ou digital. O TikTok oferece uma oportunidade única para o Sicoob aumentar a visibilidade da marca e conquistar o interesse dos brasileiros, permitindo que mais pessoas conheçam, considerem e amem o Sicoob”, aponta Raquel.
Um dos patrocinadores do Campeonato Brasileiro de Futebol, o Sicoob também usa o esporte em suas campanhas na rede, paixão nacional que dialoga com o público e cria conexão emocional. “Um dos casos recentes de sucesso do Sicoob no TikTok foi a campanha de anúncio do patrocínio do Brasileirão, com o mote "Vem pro Sicoob". A campanha incentivou os brasileiros a usarem sua criatividade para fazer jogadas inusitadas, conectando a ideia de cooperação no futebol com os valores do Sicoob. A resposta do público foi fenomenal, com mais de 34 milhões de visualizações, 2,4 milhões de likes e a hashtag #VEMPROSICOOB alcançando mais de 8 milhões de pessoas”, conta a coordenadora.
@nayuriabe No @Sicoob você é o craque da sua vida financeira, baixe agora o Super App Sicoob e abra a sua conta! 💚 #vemprosicoob #maisqueumaescolhafinanceira #sicoob #publi ♬ som original - nay
Para essas e outras campanhas, o Sicoob também usa o marketing de influência, contratando influenciadores que já contam com uma base de peso na rede. A especialista Vanessa Campos destaca a importância da co-criação: as marcas podem ter um controle da narrativa, mas devem permitir que eles tenham liberdade na sugestão de formatos, assegurando a espontaneidade.
“Na parceria com influenciadores, as marcas conseguem ter um controle maior da narrativa e escolher influenciadores que estejam mais conectados com uma audiência que combine com seu público-alvo. Também pode aproveitar picos de engajamento de conteúdos virais e ter um retorno mais rápido, já que as pessoas estarão consumindo mais aquele formato ou assunto. É bem interessante também cocriar os conteúdos com o creator, mantendo a espontaneidade da linguagem dele, fugindo do modelo tradicional de publicidade. Essa naturalidade hoje é o que aumenta a conexão com o público”, recomenda a especialista.
Saiba mais:
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Como preparar o porta-voz da sua cooperativa para falar com a imprensa?
Carimbo SomosCoop: como utilizar a marca para fortalecer sua cooperativa
E se mais brasileiros conhecessem o jeito cooperativista de fazer negócios de forma sustentável e humana? Nosso movimento precisa ser visto, ouvido e lembrado para conquistar mais cooperados, consumidores e aumentar nosso impacto nas comunidades. Uma das ferramentas para atingir esse objetivo estratégico é a comunicação assertiva, democrática e eficaz sobre o que é o cooperativismo, seus diferenciais e vantagens.
Com esse foco, durante o 15ª Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), realizado em Brasília, em maio, representantes do coop de todo o país elegeram duas diretrizes estratégicas prioritárias para a comunicação cooperativista nos próximos cinco anos:
1. Definir públicos estratégicos, selecionar canais de comunicação e adaptar a linguagem para atingir todos os públicos (crianças, jovens e adultos) de forma eficaz, acessível e inclusiva.
2. Promover ações de sensibilização e engajamento da comunidade escolar e da sociedade
em geral sobre os princípios e benefícios do cooperativismo, por meio de eventos, campanhas educativas e programas de educação continuada.
As duas ações fazem parte do conjunto de 25 diretrizes que irão guiar o planejamento estratégico do Sistema OCB para o período de 2025 a 2030. A seleção das diretrizes prioritárias foi baseada em dois critérios-chave: impacto, com foco na capacidade de promover o aumento da competitividade das cooperativas; e urgência, relacionado ao quão imediata e prioritária é sua implementação.
No caso da Comunicação, as duas diretrizes prioritárias irão orientar a atuação do Sistema OCB Nacional e das Organizações Estaduais na definição de campanhas, produção de conteúdo para sites e redes sociais, relacionamento com a mídia, patrocínios, eventos, escolha de novos produtos e formatos para conversar com os públicos-alvos, entre outras iniciativas.
“As diretrizes de Comunicação serão norteadoras para o Sistema OCB promover o cooperativismo para a sociedade. Hoje já temos como estratégia o movimento SomosCoop e suas iniciativas. Vamos manter algumas dessas estratégias, melhorar as iniciativas e criar novos projetos”, antecipa a gerente de Comunicação e Marketing do Sistema OCB, Samara Araujo.
Todas essas ações também precisam levar em conta um olhar da comunicação cooperativista sobre o futuro, considerando o avanço da Inteligência Artificial e o uso de ferramentas como o ChatGPT para produção de conteúdo; o crescimento do chamado marketing de influência, em que criadores mobilizam milhões de seguidores em redes sociais como o Instagram e TikTok; e, claro, os novos hábitos de consumo de mídias, com prevalência do digital e de formatos dinâmicos e interativos.
“Nosso objetivo é aprimorar as estratégias de comunicação do cooperativismo com base em dados, além de alinhar o discurso em todo o movimento, capacitar porta-vozes, fortalecer campanhas e ampliar a presença do coop no mundo on-line, entre outras ações”, acrescenta a gestora.
Precisamos falar sobre o coop
A primeira diretriz estratégica de Comunicação aprovada no 15º CBC deixa claro que precisamos falar mais sobre o coop, em canais diversos, e de uma maneira que todas as pessoas entendam.
Matéria-prima para produzir conteúdo de qualidade e atrativo não falta, afinal, estamos tratando de um modelo de negócio sustentável, que produz trabalho e riqueza com foco nas pessoas, comunidades e no meio ambiente e que já representa mais de 10% da população brasileira.
“Definir públicos estratégicos, selecionar canais e adaptar a linguagem são práticas essenciais para alcançar uma comunicação efetiva, com resultados positivos. Cada público tem necessidades, interesses e características diferentes”, explica Samara Araujo.
Adaptar a linguagem e o tom da comunicação sobre o coop torna a mensagem mais relevante e adequada às demandas de cada público, aumentando a probabilidade de engajamento e compreensão. Já a escolha do canal correto de comunicação leva em conta preferências do público em relação a formatos como redes sociais, emails, comunicações impressas, etc. Com o canal certo, é mais provável que a mensagem sobre o coop chegue a mais pessoas.
Para identificar as demandas e oportunidades de comunicação sobre o coop, o Sistema OCB monitora a percepção da sociedade sobre o movimento cooperativista com pesquisas, análise de testes e estudos de comportamentos e tendências.
Recentemente, a Pesquisa de Imagem do Cooperativismo 2023 identificou que para 88% dos brasileiros o cooperativismo é atual, inovador ou moderno, e está associado a conceitos como união, solidariedade e cooperação. Na pesquisa, 77% dos entrevistados conseguiram citar pelo menos uma cooperativa, mas, de forma geral, a maioria ainda não relaciona o coop a negócios e competitividade.
A partir de informações como essas, as ações de comunicação são desenvolvidas baseadas em dados, aumentando as chances de acertar o público-alvo com as informações que ele precisa conhecer.
Educação sobre o coop
Em outra frente, a segunda diretriz estratégica de comunicação destaca a necessidade de apresentar o coop para os cidadãos do futuro. A meta, neste caso, é promover a informação sobre o cooperativismo em escolas e programas de educação continuada para mostrar, desde cedo, que o coop é um bom negócio e um caminho para um mundo mais justo.
“Divulgar o cooperativismo nas escolas é importante para transmitir os valores cooperativistas e para garantir a sustentabilidade desse modelo de negócio, uma vez que se planta a semente do coop junto ao público jovem. É importante destacar que as ações de comunicação devem estar atreladas a iniciativas pedagógicas, como programas educativos e experiências práticas”, pondera Samara Araujo.
Muito além do ambiente escolar, esse tipo de iniciativa reverbera em toda a comunidade. O que se aprende na escola é compartilhado em casa, ampliando o alcance das informações e formando novos porta-vozes do cooperativismo.
Trabalho em conjunto
Além da comunicação institucional, feita pelo Sistema OCB e pelas Organizações Estaduais, as cooperativas brasileiras também podem adotar as diretrizes estratégicas em seus planejamentos de comunicação e marketing, fortalecendo um discurso alinhado e unificado sobre o coop.
Os materiais para colocar em prática as novas orientações serão disponibilizados por meio do SomosCoop, um movimento criado para ressignificar e dar visibilidade ao cooperativismo, com conteúdos informativos e inspiradores de uso livre pelas cooperativas.
“Hoje, todas as nossas iniciativas para divulgar o cooperativismo são feitas via SomosCoop. O site funciona como um hub de tudo que é desenvolvido para promover o coop, facilitando o acesso à informação e promovendo a disseminação das nossas iniciativas. São notícias, e-books, vídeos informativos, histórias transformadoras, webséries e podcasts”, lista a gerente.
Uma das ferramentas disponíveis para as cooperativas é a Central da Marca, em que é possível acessar os materiais das campanhas do SomosCoop e orientações sobre como utilizá-los.
“Além disso, mantemos uma presença ativa nas redes sociais com postagens que promovem a imagem do coop e desenvolvemos campanhas publicitárias que destacam os benefícios do modelo de negócios para toda sociedade”, acrescenta Samara Araujo.
Conheça mais diretrizes estratégicas de Comunicação Além das duas diretrizes prioritárias, durante o 15º CBC também foram definidas mais oito diretrizes estratégicas gerais de Comunicação para o cooperativismo brasileiro nos próximos anos: 1. Alinhar o discurso em todo o cooperativismo, tendo como base o movimento SomosCoop, com uma linguagem simples e acessível. 2. Ampliar a presença do cooperativismo no mundo on-line investindo em estratégias de marketing digital. 3. Aprimorar as estratégias de comunicação do cooperativismo baseada em dados. 4. Capacitar porta-vozes do setor com materiais padronizados sobre os benefícios do cooperativismo. 5. Fortalecer a campanha SomosCoop para divulgação do cooperativismo e seus benefícios nos principais canais de comunicação com mídias on-line e off-line. 6. Incentivar a intercooperação na comunicação do cooperativismo, de maneira unificada e integrada para valorização do setor. 7. Investir nas áreas de marketing e de gestão de marca (branding) nas cooperativas, seja com um profissional dedicado a esse tema em cada cooperativa ou com a contratação de parceiros especializados. 8. Mapear continuamente tendências em comunicação para aprimorar as estratégias de divulgação do cooperativismo |
Treinamento conhecido como media training orienta relação com mídias para divulgar ações do cooperativismo, lidar com crises e evitar riscos à imagem
O cooperativismo já representa cerca de 10% da população brasileira, com 20,5 milhões cooperados, segundo o Anuário do Cooperativismo 2023. Para comunicar os diferenciais desse modelo de negócio tão relevante para o país, é preciso capacitar as cooperativas para o relacionamento com a imprensa, fazendo o coop ser visto, ouvido e compreendido por mais brasileiros.
Em seu papel como defensor do coop brasileiro, o Sistema OCB acredita que o preparo de dirigentes e representantes é fundamental para divulgar boas ações, promover a capilaridade do movimento, além de prevenir riscos e solucionar crises.
Essa preparação para lidar com os meios de comunicação é chamada de media training, treinamento que orienta relação com diversos veículos de imprensa para divulgar ações do cooperativismo, lidar com crises e evitar riscos à imagem.
As cooperativas brasileiras têm à disposição um manual produzido pelo Sistema OCB (veja box abaixo) com orientações para um relacionamento bem sucedido com a mídia em casos de crises de imagem das cooperativas. Um dos autores do guia é o professor e mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília João José Forni,diretor da empresa de consultoria Comunicação e Crise.
“O media training tornou-se uma competência fundamental para quem ocupa cargos de destaque ou precisa se posicionar na mídia, promover o próprio negócio, e não é diferente para as cooperativas”, explica o especialista.
Segundo ele, o treinamento é parte fundamental da construção de um bom relacionamento com a imprensa tradicional séria e de credibilidade.
Aperfeiçoar e capacitar
Em Goiás, a OCB/GO realiza, desde 2020, cursos de media training para presidentes, diretores, cooperados e colaboradores que atuam como porta-vozes das cooperativas. O superintendente Jubrair Caiado explica que a iniciativa surgiu de uma preocupação com a preparação dos porta-vozes.
“O curso nos levou a outro patamar, porque é uma formação bem prática, em que o porta-voz aprende a como se portar em uma entrevista para rádio, para TV. E isso despertou também o interesse em melhorar nosso relacionamento com a imprensa”, afirma Caiado, que também destaca a importância de as cooperativas terem setores de Assessoria de Imprensa bem estruturados.
Ao todo, 33 cooperativas goianas foram contempladas com o curso, em um total de 123 participantes em 9 turmas. A mais recente foi realizada em maio deste ano. A presidente da Cooperativa de Catadores de Material Reciclável (Cooprec), Noelia Maria de Carvalho, que participou do media training da OCB/GO, destaca a simulação de entrevista feita com um jornalista como um dos pontos altos do curso.
“Nos ensinaram como agir em público, a pensar antes de responder a uma pergunta. Foi importante para aprender a falar melhor da nossa área de atuação e explicar como funciona”, afirma. Segundo ela, o aprendizado será aplicado pelo departamento de Comunicação da coop para divulgar a atividade de reciclagem, um tema em alta na mídia por estar associado ao meio ambiente e à sustentabilidade.
“Quando a gente trabalha nessa área, a gente sofre algumas discriminações, porque a gente trabalha com lixo. Mas, na verdade, somos agentes ambientais, porque trabalhamos praticamente limpando a cidade. Como seria se não existissem as cooperativas de reciclagem em todo o mundo? Temos que destacar esse nosso papel”, pondera.
Capacitação multidisciplinar
O curso da OCB/GO também oferece orientações sobre como se comportar em uma entrevista, gestos que não são adequados e até dicas de como se vestir durante uma gravação em vídeo. O instrutor da capacitação é o jornalista e escritor Luiz Augusto Araujo Pereira, especializado em Assessoria de Comunicação pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
São oito horas de duração, com a participação de cinco jornalistas de mídias diversificadas e uma fonoaudióloga. O cronograma foi montado em torno de pontos como preparação de discursos, cuidados com a voz e gestos, relacionamento com imprensa e gestão de crise com simulações práticas de entrevistas para cada tipo de veículo.
“Muitos se surpreendem porque a gente mostra como funciona a imprensa, as editorias e o que é ou não notícia do ponto de vista da imprensa, quais as possibilidades de notícias do cooperativismo, o que tem valor noticioso ou não”, explica Luiz Pereira.
Com exemplos práticos, os especialistas apresentam aos cooperativistas critérios técnicos jornalísticos para gerar pautas, internas ou externas, e assim oferecer à imprensa informações mais envolventes e interessantes. “A notícia está em constante evolução e esse olhar, essa observação e percepção do gestor da cooperativa é muito trabalhada durante o treinamento”, acrescenta Pereira.
Gestão de imagem
Além da preparação para o relacionamento proativo com a imprensa, o media training tem outra função: auxiliar as cooperativas na gestão de eventuais crises de imagem.
Segundo Forni, com o crescimento do movimento cooperativista, a prevenção a vulnerabilidades é uma necessidade que não pode ser relegada. No Manual de Gestão de Crises e Imagem, elaborado pelo Sistema OCB, especialistas detalham como identificar os tipos e níveis de crises, a importância de destacar uma equipe exclusiva e um comitê de gestão para lidar com o tema de modo preventivo, com reuniões periódicas, ou durante uma situação específica.
Manual da OCB orienta cooperativas sobre como gerenciar crises Elaborado em 2019, o guia têm orientações práticas para situações que ameacem a imagem e a reputação do Sistema OCB, de qualquer uma das instituições que o integram e do movimento cooperativista brasileiro como um todo. O manual abrange várias etapas:
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Acesse o Manual de Gestão de Crises e Imagem e saiba mais.
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Qual é a relação entre cooperativas e bioeconomia?
A onda verde chegou com força ao setor econômico. A chamada bioeconomia está em alta, mas você saber o que ela propõe, na prática?
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Qual é a relação entre cooperativas e bioeconomia?
A onda verde chegou com força ao setor econômico. A chamada bioeconomia está em alta, mas você saber o que ela propõe, na prática?
Uma marca forte, de fácil identificação, reconhecida pelos consumidores e que associa um produto diretamente com o cooperativismo. Esse é o carimbo SomosCoop, criado em 2019 pelo Sistema OCB para caracterizar e diferenciar os produtos do nosso modelo de negócio. De acordo com levantamento recente, uma em cada quatro cooperativas brasileiras já aderiram à marca e a meta é ampliar esse engajamento.
O SomosCoop está tanto nas prateleiras dos supermercados – estampado em embalagens de produtos como café, lácteos, carnes, frutas, vinhos, sucos, castanhas, entre outros – como em cartões de cooperativas de crédito, carteirinhas de beneficiários de cooperativas de saúde e também pelas ruas e estradas do país, em carros e caminhões de coops de transporte.
A marca gráfica do carimbo SomosCoop reúne dois conceitos fundamentais: a identidade visual do movimento cooperativista internacional COOP – formada com elos – e a bandeira do Brasil. A palavra Somos representa a união em torno do cooperativismo. O resultado é uma marca harmônica, humana e inclusiva e que representa o coop brasileiro.
“Ter uma marca forte e que destaque a nossa união é uma forma de mostrar que somos um movimento nacional, transversal, que atua em vários setores da economia, sempre com produtos e serviços justos e de qualidade, produzidos de forma sustentável. O Sistema OCB trabalha para representar o cooperativismo, mas o engajamento das cooperativas é o que faz o nosso movimento ganhar força”, afirma a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.
Em um mercado em que os consumidores valorizam cada vez mais a origem e as condições de produção, estar associado a um modelo de negócio justo e sustentável é uma vantagem competitiva para as cooperativas. Segundo o analista de Design Gráfico do Sistema OCB, Lucas Badú, o carimbo funciona como uma garantia de origem cooperativista.
“Os consumidores estão buscando modelos de produção que respeitem as pessoas, o meio ambiente e a ética, e o cooperativismo tem tudo isso. O carimbo SomosCoop tem esse objetivo: mostrar para os consumidores que aquele produto ou serviço é diferente porque é de uma cooperativa”, explica.
Para as cooperativas, a marca única reduz o caminho até o consumidor, o que pode representar economia em investimentos em marketing ligados às etapas de convencimento do cliente para a venda. Para os consumidores, o carimbo facilita a decisão de compra ao identificar com clareza quando se trata de um produto coop.
Identidade coop
O carimbo SomosCoop é de livre uso pelas cooperativas em produtos, serviços e comunicações. As possibilidades de aplicação são diversas, de crachás e embalagens a banners e fachadas de prédios.
Com um box com cantos arredondados que contém a palavra SomosCoop e a bandeira do Brasil em um pequeno círculo, o carimbo foi desenvolvido para facilitar a aplicação e garantir leitura em diferentes formatos.
Como o carimbo SomosCoop pode ser utilizado?
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O carimbo pode ser utilizado com as cores institucionais do SomosCoop – verde e amarelo –, assumir tons próximos ou a cor da identidade da cooperativa. Para as embalagens de produtos, por exemplo, é possível alterar a cor para que o carimbo fique em sintonia com a marca da cooperativa ou com tons que prevaleçam na embalagem e materiais gráficos.
A Cocamar Cooperativa Agroindustrial utiliza o carimbo SomosCoop em suas embalagens de néctares de frutas, bebidas à base de soja, farinha de trigo e café. Segundo a analista de Marketing da cooperativa, Rafaela Brentegani, além de identificar a Cocamar como cooperativa, a marca atrai consumidores conscientes e cria um senso de pertencimento e orgulho nos cooperados.
“Mesmo com sua grande relevância para a economia do Paraná e do país, o sistema cooperativista ainda é pouco conhecido da sociedade, de uma forma em geral. Iniciativas como essas, de utilizar o carimbo SomosCoop, ajudam nessa comunicação”, pondera.
Na Cooperativa de Transportadores Autônomos de Cargas e Passageiros da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Coopmetro), a frota de serviços de delivery, e-commerce e transporte de carga leva a marca SomosCoop por onde circula. O carimbo está inclusive no primeiro caminhão elétrico da cooperativa, que é abastecido com energia limpa e renovável produzida em uma usina solar própria, em um exemplo de atuação sustentável do coop.
“A Coopmetro decidiu utilizar o carimbo SomosCoop como forma de reforçar o seu compromisso com os princípios e valores do cooperativismo. Ao exibir a marca, a cooperativa evidencia sua adesão aos pilares de solidariedade, democracia, igualdade e preocupação com o desenvolvimento sustentável, que são fundamentais para o cooperativismo. Além disso, o carimbo SomosCoop representa um símbolo de confiança e transparência, demonstrando ao consumidor e à sociedade em geral que operamos de acordo com padrões éticos e sociais elevados”, afirma o diretor da Coopmetro, Evaldo Matos.
Segundo ele, os benefícios da marca unificada se refletem em todo o cooperativismo, porque aumentam a visibilidade e o reconhecimento das cooperativas em diferentes ambientes. “Ao se deparar com o carimbo SomosCoop, o consumidor reconhece que está apoiando um modelo de negócios baseado na colaboração e na busca pelo bem comum, o que pode influenciar positivamente suas decisões de compra”, acrescenta.
Todas as possibilidades de utilização do carimbo SomosCoop e as instruções para a aplicação correta de cada uma estão disponíveis na Central da Marca. É possível baixar os arquivos e começar a usar o selo imediatamente. O acesso é livre para todas as cooperativas em situação regular com o Sistema OCB.
“A ideia é que mais e mais pessoas conheçam o cooperativismo e tudo o que ele representa. Para que os esforços de comunicação sobre os diferenciais do coop tenham resultado é preciso garantir que o consumidor possa identificar com facilidade quais produtos e serviços são, de fato, de uma cooperativa. Quanto mais coops aderirem a essa iniciativa e estamparem o carimbo, fica mais fácil essa ideia pegar”, acrescenta Lucas Badú.
Imagine uma empresa de tecnologia que pretenda realizar o feito de lançar um foguete para o espaço. O sucesso da empreitada depende de planejamento, estudo, técnica e uma equipe preparada com conhecimentos específicos. O mesmo vale para o desenvolvimento da comunicação estratégica de uma cooperativa, uma tarefa que vai muito além de dar visibilidade.
A comunicação é uma área fundamental para o cooperativismo, pois é a ferramenta para mostrar à sociedade os diferenciais de um modelo de negócio com foco nas pessoas, justo e sustentável. Com um planejamento de inteligência nessa área, é possível tornar as marcas cooperativistas reconhecidas, promover ações direcionadas a diferentes públicos e estabelecer um diálogo constante e sólido com cooperados, fornecedores, consumidores, tomadores de decisão e a sociedade em geral.
Estruturar uma área de comunicação eficiente e eficaz é uma preocupação cada vez mais presente em grandes corporações, e as cooperativas brasileiras também estão atentas a esse cenário para garantir voz e lugar aos produtos e serviços coop.
Assim como na construção de um foguete, que requer a união de físicos, engenheiros e matemáticos bem qualificados, uma estrutura de comunicação estratégica depende de um time de especialistas e da colaboração de outras áreas.
O professor e curador do curso de Comunicação Pública oferecido em parceria entre a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e a Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública), Jorge Duarte, destaca como primeiro passo a escolha da equipe. “Uma comunicação eficaz requer profissionais capazes de realizar um diagnóstico aprofundado, elaborar estratégias e planejar ações adequadas para cada situação específica”, afirma.
Ou seja, a estratégia não tem nada a ver com o senso comum de que basta criar um perfil em uma rede social e ir tocando. “Soluções prontas costumam gerar resultados mínimos e burocráticos, além de não acolherem especificidades de questões aparentemente simples, mas que podem guardar complexidades que precisam ser tratadas por especialistas”, explica Duarte.
Caminhos para a comunicação estratégica
Estudiosos e acadêmicos apontam alguns métodos para uma boa comunicação organizacional nas cooperativas. Conceitos e etapas como planejamento, segmentação, mensuração de resultados e gestão de crises são aplicados com olhar sobre valores cooperativistas e objetivos internos e externos.
Mas não basta só conhecer os termos, a troca de experiências e vivência profissional fazem a diferença na hora de aplicá-los, conforme ressalta Jorge Duarte. “Profissionais bem preparados são capazes de identificar e mitigar riscos comunicacionais, aproveitar oportunidades, enfrentar desafios, desenvolver mensagens claras e utilizar ferramentas e canais de comunicação de forma estratégica e não apenas operacionais”.
O Sistema Ocepar sabe disso há muito tempo. Desde abril de 1971 , a instituição tem seu Departamento de Comunicação, criado pela diretoria da época para informar tanto as cooperativas quanto a sociedade em geral sobre os feitos do movimento cooperativista paranaense.
Em 53 anos de atividades, foram inúmeros projetos de sucesso. Um deles o Jornal Paraná Cooperativo, publicação que circulou de junho de 1972 até 2004, quando migrou para o formato de revista mensal Paraná Cooperativo.
O coordenador de Comunicação da Ocepar, Samuel Milléo Filho, também destaca entre os produtos de sua equipe uma newsletter enviada a cinco mil endereços de e-mail, além de conteúdos em áudio produzidos para mais de 160 programas de rádio de cooperativas do estado.
Tudo feito por uma equipe composta por jornalistas, designers e uma bibliotecária, time construído aos poucos por Milléo Filho desde que assumiu a comunicação da Ocepar, em 2002. “Tivemos períodos em que estávamos com apenas três profissionais na área, três jornalistas. E nós tínhamos dificuldades em atender todas as demandas e algumas coisas acabávamos fazendo de maneira terceirizada, como o marketing para desenvolvimento de campanhas, quando necessário”, recorda.
O investimento na equipe faz toda a diferença para a comunicação da Ocepar, que desenvolve iniciativas de referência na divulgação do cooperativismo paranaense no estado e em todo o Brasil.
“E para que isso seja possível, precisamos ter cada vez mais na equipe profissionais de comunicação que tenham muito mais do que um bom texto. Profissionais que possuam facilidade de comunicação, conhecimento do setor, além de um conjunto diversificado de competências, desde conhecimento em gestão, mundo digital, capacidade analítica, gestão de crise, adaptação e flexibilidade, bom relacionamento, pensamento criativo entre outros atributos necessários”, destaca o gestor.
Trabalho em equipe
Um time de comunicação deve ser formado de acordo com o perfil da cooperativa e as metas a serem alcançadas. O professor Jorge Duarte explica que, primeiro, é importante conhecer o porte da cooperativa, definir os objetivos, os recursos disponíveis e o contexto em que a instituição está inserida. “Embora seja possível terceirizar algumas atividades, acredito que deve haver profissionais vinculados diretamente à organização para garantir uma solidez na estratégia e uma conexão mais precisa com a cultura e os objetivos institucionais”, destaca.
Em um mundo ideal, as equipes de comunicação cooperativistas devem ser compostas por profissionais de diferentes especialidades, “com visão global, sistêmica e integrada da comunicação”, conforme orienta Duarte, e “capazes de atuar de forma colaborativa trançando disciplinas específicas para desenvolver estratégias e soluções de comunicação abrangentes.”
Mas também é possível alcançar bons resultados com a terceirização dos serviços para empresas especializadas no assunto, sempre com alinhamento estratégico com um representante da cooperativa e de acordo com os valores cooperativistas.
O Sistema OCB, por meio da Gerência de Comunicação e Marketing, tem uma série de produtos e serviços para apoiar as cooperativas na divulgação de suas ações e serviços e do cooperativismo como um todo. Além de pesquisas e análises de mercado que ajudam a direcionar campanhas e posicionar as marcas coop, são disponibilizados materiais gráficos, manuais de comunicação, entre outras opções.
Uma boa gestão é fundamental para o sucesso e a sustentabilidade de qualquer organização, entre elas as cooperativas. E um dos caminhos para que isso ocorra é implementar, no dia a dia, boas práticas de governança, que possibilitem o alcance dos objetivos de forma transparente, responsável, democrática e eficiente, além de garantir sustentabilidade em longo prazo.
Para auxiliar as cooperativas a implementar uma governança eficiente, o Sistema OCB desenvolveu o Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativa. O documento aborda procedimentos para garantir um modelo de direção estratégica que siga, na prática, os valores e princípios cooperativistas e assegure uma gestão profissionalizada e sustentável. Ele também aborda conceitos e princípios importantes sobre governança aplicada a sociedades cooperativas e trata de outras questões fundamentais, como o papel de cada integrante da organização, além da função dos órgãos de administração e fiscalização.
O manual traz, ainda, as cinco melhores práticas de governança para as cooperativas. Saiba mais sobre cada uma delas a seguir:
Maior participação dos cooperados nas tomadas de decisões
Uma característica central das cooperativas é a participação ativa dos membros nas decisões importantes. Ampliar essa participação vai além de simplesmente permitir votos em assembleias. Significa criar mecanismos para que os cooperados possam contribuir com ideias e opiniões. Isso fortalece o sentimento de pertencimento, aumenta o engajamento, dá mais legitimidade às escolhas e assegura que as decisões reflitam as necessidades reais da base cooperativa.
“Garantir que os cooperados participem ativamente na tomada de decisões é fundamental, afinal, a cooperativa é um empreendimento coletivo. É exatamente essa participação que traz um maior compromisso com a cooperativa, com o trabalho que está sendo executado. E é também uma forma do cooperado fiscalizar o que está sendo empreendido e como o dinheiro dele está sendo utilizado”, observa a coordenadora de Governança e Gestão da Gerência de Desenvolvimento de Cooperativas do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), Simone do Carmo Direito.
Ainda de acordo com Simone, para os cooperados poderem, de fato, participar de forma efetiva nas tomadas de decisões, é preciso que eles tenham acesso a informações frequentes e acessíveis.
“O cooperado precisa entender o que ele está analisando, saber o que está acontecendo para que possa tomar decisões com base em dados e informações”, afirma. “Isso é um desafio. Mas quando a cooperativa faz esse esforço, ela tem retribuição. O quadro social fica muito mais comprometido. Também se fortalecem os laços entre os membros, promovendo um ambiente mais colaborativo e coeso.”
Transparência na prestação de contas
A transparência financeira envolve a divulgação clara e acessível das demonstrações contábeis, relatórios de desempenho e de todas as atividades relevantes para os cooperados. A prática é fundamental para que os associados possam entender como os recursos são geridos e como as decisões afetam financeiramente a cooperativa e eles próprios.
Além de atender aos princípios fundamentais do cooperativismo, a transparência na prestação de contas oferece uma série de vantagens práticas:
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Construção de confiança entre os cooperados e a organização. Em geral, quando as informações financeiras são acessíveis e compreensíveis, os membros confiam mais na gestão da cooperativa.
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Aumento da participação ativa dos cooperados, pois eles se sentem mais envolvidos quando têm uma visão clara das finanças da cooperativa. Isso cria um ambiente cooperativo mais saudável e envolvente.
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Promoção de uma cultura de responsabilidade coletiva. Os membros entendem que a saúde financeira da cooperativa é responsabilidade de todos e estão mais propensos a contribuir para seu sucesso.
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Aumento da credibilidade junto às partes interessadas. Parceiros comerciais, instituições financeiras, fornecedores e outras organizações estão mais inclinadas a se envolver com uma cooperativa que demonstre práticas financeiras claras e éticas
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Aumento da eficiência da gestão. Afinal, quando as informações financeiras são facilmente acessíveis, os processos de auditoria e conformidade, em geral, são mais simples, economizando tempo e recursos.
Segundo Simone Direito, uma ferramenta de grande importância para a transparência financeira é o relatório anual de prestação de contas. “E é essencial que, além dos dados contábeis, o documento também apresente as principais atividades e negócios realizados pela cooperativa. São informações que precisam estar acessíveis para os associados”, observa a coordenadora.
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Criação de uma estrutura organizada de governança
Investir na criação de uma estrutura organizada de governança é uma decisão estratégica que traz benefícios substanciais para a cooperativa. Essa prática não apenas promove a eficiência interna, mas também constrói uma base sólida para a adaptabilidade, transparência e sucesso em longo prazo da cooperativa.
Uma estrutura de governança organizada define claramente os papéis e responsabilidades dos membros, conselhos e diretores da cooperativa. Isso evita ambiguidades e mal-entendidos, garantindo uma distribuição eficiente de tarefas e responsabilidades. Além disso, a prática contribui para maior eficiência operacional. Ao estabelecer processos claros de tomada de decisões, comunicação interna e fluxos de trabalho, a cooperativa reduz a probabilidade de atrasos, erros e conflitos.
De modo geral, uma estrutura organizada facilita que as decisões possam ser tomadas de maneira mais rápida e eficaz. A definição de processos claros e a distribuição de responsabilidades agilizam o fluxo de informações, permitindo respostas ágeis a desafios e oportunidades.
Uma governança bem-estruturada também cria ferramentas para que as cooperativas sejam mais resilientes a mudanças externas e internas, o que é essencial para a sustentabilidade em longo prazo. E auxiliam a garantir a conformidade legal e regulatória das organizações, evitando penalidades e litígios e possibilitando a um ambiente operacional seguro e estável.
Profissionalização da gestão
A profissionalização da gestão é uma estratégia essencial para cooperativas que buscam não apenas sobreviver, mas prosperar em um ambiente de negócios competitivo e dinâmico. Ao trazer liderança qualificada, a cooperativa fortalece sua capacidade de inovar, crescer de forma sustentável e enfrentar desafios complexos.
Profissionais experientes trazem expertises específicas para a gestão da cooperativa. Eles possuem conhecimentos atualizados sobre práticas de mercado, legislação, finanças e estratégias de negócios, por exemplo, que podem impulsionar o crescimento e a eficiência da organização. Além disso, líderes profissionais, em geral, têm capacidade de tomar decisões com base em análises detalhadas e avaliações de risco. Isso contribui para escolhas estratégicas mais sólidas e alinhadas com os objetivos da cooperativa.
Profissionalizar a gestão também permite um foco mais efetivo na gestão estratégica e na materialização do direcionamento estratégico definido pelo Conselho de Administração. Líderes qualificados podem desenvolver e implementar planos que visam o crescimento sustentável e a competitividade no mercado, além de terem capacidade de identificar e implementar melhorias nos processos internos, possibilitando maior eficiência operacional, redução de custos e otimização dos recursos disponíveis.
Gestores profissionais aumentam, ainda, a confiança de investidores externos e parceiros comerciais. Essas partes interessadas (stakeholders) estão mais inclinadas a se envolver com uma cooperativa que demonstre competência e uma abordagem profissional na administração.
“Assim que uma cooperativa é criada, é natural que boa parte da responsabilidade esteja nas mãos dos dirigentes eleitos. Mas assim que houver um equilíbrio entre receitas e despesas, é essencial profissionalizar a gestão”, destaca Simone Direito, do Sescoop Nacional. “O mundo hoje é muito complexo e ninguém sabe de tudo. Então, é necessário um apoio profissional, sempre, é claro, sob supervisão dos conselheiros, que são responsáveis pelo direcionamento estratégico.”.
Mapeamento e sistematização de processos
O mapeamento e a sistematização de processos são essenciais para o bom funcionamento de uma cooperativa. A prática permite criar padrões para as atividades operacionais. Isso garante que os processos sejam realizados de maneira consistente, reduzindo a variabilidade e aumentando a previsibilidade nas operações cotidianas.
A melhoria dos processos permite identificar áreas de redundância, gargalos e ineficiências. Ao sistematizar esses processos, a cooperativa pode eliminar desperdícios, reduzir custos operacionais e melhorar a eficiência global. A documentação de processos fornece, ainda, uma base para a implementação de programas de melhoria contínua. Ao entender os processos existentes, a cooperativa pode identificar oportunidades de aprimoramento e inovação ao longo do tempo.
Quer mais? Ao ter os processos mapeados, a cooperativa facilita o treinamento de novos membros. A sistematização fornece um guia para os colaboradores entenderem suas responsabilidades e contribuírem efetivamente para os objetivos da organização. Além disso, a sistematização ajuda a identificar pontos de vulnerabilidade e risco, permitindo que a cooperativa implemente controles mais eficazes, o que reduz a probabilidade de erros e irregularidades.
Processos sistematizados também são mais fáceis de serem adaptados a mudanças nas condições de mercado, regulamentações ou requisitos dos membros, além de contribuir para uma experiência do cooperado mais consistente e positiva. Desde a solicitação de serviços até a resolução de problemas, a padronização e a eficiência são fundamentais para a satisfação dos associados.
“Muitas pessoas têm o hábito de fazer as coisas de maneira informal. Pode parecer que é mais rápido, mas isso tem custos. Porque cada hora a tarefa é feita de uma maneira. Se uma pessoa sair, perde-se a memória da instituição. E isso não pode ocorrer”, afirma Simone. “Em um primeiro momento, é realmente trabalhoso, mas, com o tempo, o mapeamento e a sistematização de processos vai fazer uma diferença muito grande na cooperativa”, finaliza.
O interesse pela comunidade é um dos princípios que regem o cooperativismo. E isso se dá com um trabalho voltado ao desenvolvimento sustentável dessas comunidades, por meio do investimento em projetos economicamente viáveis, ambientalmente corretos e socialmente justos. Um dos ramos que vem sendo protagonista nesse trabalho é o Crédito. Nos últimos anos, as cooperativas de crédito vêm se destacando ao oferecer linhas de financiamento com foco em sustentabilidade e desenvolvimento, ajudando a impulsionar iniciativas que melhorem a qualidade de vida dos cooperados e suas famílias e dos locais onde atuam.
De forma geral, essas linhas de crédito contam com taxas de juros e condições de pagamento mais favoráveis do que outras linhas existentes no mercado. Elas têm como foco principal pequenos empreendedores e agricultores familiares, além de pessoas físicas, e são voltadas a diversas atividades com foco em sustentabilidade e desenvolvimento.
Existe, por exemplo, financiamento para agricultura sustentável, para apoiar os produtores a adotarem práticas sustentáveis, como agricultura orgânica, agroecologia, tecnologias de agricultura de baixo carbono e conservação de recursos naturais. Também é possível ter acesso a recursos para levar água tratada e esgoto a residências que ainda não contam com esses serviços.
Há, ainda, linhas de crédito para energias renováveis, que financiam, por exemplo, a instalação de painéis solares, biodigestores (biomassa), turbinas eólicas ou outras tecnologias. E para eficiência energética, possibilitando a compra de eletrodomésticos e máquinas mais modernas e que consumam menos energia.
“No âmbito das cooperativas de crédito, toda operação tem como foco a sustentabilidade, seja de um pequeno ou um médio empreendimento, seja de uma pessoa física”, destaca Moacir Krambeck, coordenador do Conselho Consultivo Nacional do Ramo Crédito do Sistema OCB (Ceco) e presidente da Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras). “Afinal, o objetivo é fazer com que o tomador tenha mais qualidade de vida e não que ele se endivide. Que um negócio seja rentável, que uma pessoa que esteja, por exemplo, em um momento de dificuldade possa sair dessa situação da melhor maneira possível. E essas linhas específicas para sustentabilidade e desenvolvimento vieram para somar”, afirma.
Krambeck destaca que as cooperativas de crédito vêm ampliando as linhas com esse foco e que a tendência é que continue havendo crescimento. “Principalmente nos últimos dois anos, isso tem sido mais forte. As cooperativas estão abrindo cada vez mais espaço para financiar projetos com essa pegada e que tragam benefício coletivo”, observa. “Não tenho a menor dúvida de que isso vai aumentar ainda mais. Nós, do Ramo Crédito, queremos ampliar as ações com foco nos critérios ESG, de ambiental, social e governança. Isso está em nosso DNA e temos que disponibilizar para a sociedade como um todo”, completa.
Água e esgoto
Uma cooperativa que tem impactado positivamente a comunidade em que atua por meio de linhas de crédito voltadas ao desenvolvimento e à sustentabilidade é a Viacredi, do Sistema Ailos, que atua em 25 cidades do estado de Santa Catarina e 5 do Paraná. A instituição conta com a linha Saneamais, que financia ações voltadas ao acesso a água tratada e a rede de esgoto. A iniciativa surgiu em 2022, após uma parceria com a Water.org, organização internacional fundada pelo ator Matt Damon e pelo engenheiro Gary White com atuação em 11 países da África, Ásia e América Latina.
“A Water.org é uma instituição com foco em levar, de forma acessível, água e saneamento para países pobres ou em desenvolvimento. Eles já atuavam no Brasil há alguns anos, mas nunca tinham trabalhado com uma cooperativa de crédito. E, em 2021, eles nos procuraram para estabelecer uma parceria para a criação de uma linha específica que se tornou a Saneamais. E, no ano seguinte, já a colocamos em funcionamento”, conta Sheyla Hennich Mendonça, especialista em Negócios da Viacredi.
A Saneamais permite que cada pessoa física financie até R$ 20 mil, sendo R$ 10 mil para abastecimento de água e R$ 10 mil para esgoto, com taxa de juros entre 1,46% e 2,19% ao mês e pagamento em até 48 meses. Desde a criação, já foram feitos cerca de 3 mil contratos de financiamento por meio dessa linha, beneficiando diretamente mais de 9,3 mil pessoas.
Entre as atividades financiáveis estão reforma de banheiro, compra ou troca de caixa d’água ou de hidrômetro, construção de caixa de gordura, limpeza ou construção de fossa séptica, construção de poço artesiano, manutenção de encanamento, reaproveitamento de água de chuva e contratação de mão de obra especializada.
“Santa Catarina é um estado com um dos maiores índices de câncer no País e uma das razões é o baixo índice de tratamento de esgoto. Então, há uma necessidade muito grande de melhorar essa situação e a Saneamais vem exatamente nesse sentido”, afirma Sheyla. “Nossa meta inicial era fechar, em média, 120 contratos por mês e acabamos fazendo 150. Há bastante interesse e nossa perspectiva é de que essa linha continue crescendo”, observa.
Um dos contratos de financiamento da Saneamais foi assinado pelo casal Nelson e Valdirene Hofelmann, da cidade de Benedito Novo, em Santa Catarina. Por muitos anos, Nelson trabalhou como pedreiro para sustentar a família e, há cerca de um ano, decidiu ter seu próprio negócio e montar uma pequena barraca de caldo de cana e pastel.
Hoje, os dois trabalham juntos na barraca e vêm fazendo bastante sucesso na comunidade. Com isso, puderam realizar o sonho de construir sua própria residência. Com a obra iniciada, foi preciso obter recursos para fazer o banheiro e colocar a fossa, o filtro e a caixa d’água.
Nelson, então, pediu um empréstimo de R$ 10 mil à Viacredi em agosto de 2022. O financiamento está sendo pago em 48 parcelas de R$ 314,64. O material para a obra já foi comprado e o serviço, finalizado. “Se não fosse a Viacredi, seria impossível realizar esse sonho”, conta Nelson.
Energia sustentável
A instalação de fontes de energia sustentáveis é outra iniciativa que conta com linhas de crédito específicas em diversas cooperativas, como a própria Viacredi, que financia a instalação de sistemas de energia fotovoltaica e eólica.
Quem também oferece crédito com esse objetivo é o Sistema Unicred. A instituição conta com uma linha específica para geradores solares, permitindo a implantação e expansão de painéis fotovoltaicos em diferentes localidades, como comércios, residências, hospitais, clínicas e indústrias, entre outros. Além de taxas de juros competitivas, os tomadores de crédito têm acesso a consultoria especializada em projetos solares, garantindo a correta implementação e maximização da eficiência dos painéis fotovoltaicos.
Já o Sicredi conta com duas linhas específicas para energia sustentável, uma voltada apenas a energia solar e outra com foco em outras fontes renováveis, como eólica, hídrica e de biomassa. A instituição conta, ainda, com uma linha voltada à eficiência energética, que permite o financiamento de diversos recursos necessário à realização de projeto para redução do consumo de energia, como aquisição e instalação de eletrodomésticos, máquinas e equipamentos mais modernos e eficientes e também a realização de obras civis com essa finalidade. As três linhas são voltadas tanto a pessoas físicas quanto jurídicas e têm prazo de pagamento de até 120 meses.
Baixa emissão de carbono
Outra linha de crédito voltada à sustentabilidade operada pelo Sicredi é a ABC Sicredi, voltada à economia verde e à redução da emissão de carbono na agropecuária. A instituição também opera o programa RenovAgro, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que busca aumentar a produtividade em bases sustentáveis e adequar as propriedades rurais à legislação ambiental.
O programa RenovAgro é dividido em linhas selecionadas para cada necessidade do agronegócio, como Sistema de Plantio Direto (SPD), Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), recuperação de áreas e pastagens degradadas, florestas plantadas, fixação biológica de nitrogênio, tratamento de dejetos animais, sistemas orgânicos de produção e adequação das propriedades rurais frente à legislação ambiental. Podem ser financiados até 100% dos projetos que proporcionam o crescimento da rentabilidade do agronegócio aliado a um processo produtivo sustentável. O prazo de pagamento varia de 5 a 12 anos, a depender da modalidade, com taxas de juros entre 7% e 8,5% ao ano.
SERVIÇO
Confira algumas linhas de crédito com foco em sustentabilidade e desenvolvimento oferecidos pelas cooperativas brasileiras
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O cooperativismo é forte no mundo todo, com 3 milhões de cooperativas e 1 bilhão de cooperados. Essa relevância é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), que, pela segunda vez na história, dedicará um ano inteiro ao cooperativismo. Isso mesmo: 2025 será o Ano Internacional das Cooperativas — homenagem que colocará o coop no centro da agenda global, com ações de apoio da ONU a políticas públicas e acordos de cooperação técnica para fortalecer as cooperativas.
O Ano Internacional das Cooperativas também ajudará a fortalecer nossa representação institucional, que ganhará um reforço com o engajamento da ONU para garantir que nossas pautas sejam ouvidas e priorizadas em fóruns de decisões locais, regionais e globais. Entenda melhor o que temos a ganhar com essa homenagem no infográfico abaixo, feito para o RepresentaCoop — solução de fortalecimento da representação políticas das cooperativas brasileiras.
As cooperativas transformam a vida das pessoas e a economia nas comunidades em que atuam, com impacto na criação de trabalho e renda e na geração de prosperidade. Para ampliar esses efeitos positivos, o Sistema OCB trabalha para articular estratégias que possam dar ainda mais capilaridade ao cooperativismo, e uma delas são as parcerias público-privadas.
As chamadas PPPs são acordos feitos entre o setor público e instituições privadas para executar serviços essenciais em áreas onde os recursos e infraestrutura governamentais não são suficientes. Para os cidadãos, é uma forma de garantir atendimento mais eficiente, para as cooperativas, uma oportunidade de entrar em novos mercados, garantir estabilidade financeira por novos fluxos de receitas e ampliar a capacidade de inovação com o desenvolvimento de soluções.
“O Sistema OCB entende que as PPPs são estratégicas e podem ser uma importante fonte de diversificação dos negócios das cooperativas. Ao mesmo tempo, entrar em uma PPP exige organização e planejamento”, explica o coordenador de Ramos do Sistema OCB, Hugo Andrade.
Segundo ele, o modelo tem algumas complexidades que demandam preparação das cooperativas, por isso o Sistema OCB tem garantido capacitação e apoio para entrada nesse mercado.
“O primeiro passo é entender que nas PPPs as partes envolvidas - governo e instituições privadas - compartilham recursos, benefícios, mas também os riscos”, pondera Andrade. A cooperativa também precisa avaliar a viabilidade econômica da parceria e estar atenta a questões como organização jurídica em relação a estatutos e políticas de governança e atendimento de normas regulatórias específicas.
Para mostrar as possibilidades de participação nesse modelo de negócios na prática, o Sistema OCB organizou uma série de workshops sobre o tema para cooperativas de Saúde, setor com as maiores oportunidades de PPPs para as cooperativas. Os eventos incluíram visitas técnicas a iniciativas de Saúde em Salvador (BA) e Belo Horizonte (MG), em que há parcerias público-privadas consolidadas.
Guia PPPs em Saúde
O trabalho resultou na elaboração do Guia sobre PPPs em Saúde, desenvolvido em parceria com a consultoria Radar PPP.
“O Sistema OCB contratou e disponibilizou especialistas no setor para orientar as Organizações Estaduais e cooperativas. Além disso, temos buscado outras oportunidades e parcerias para fornecer apoio bem estruturado às cooperativas interessadas”, afirma Hugo Andrade.
No guia, as cooperativas podem consultar uma lista com os municípios prioritários para o desenvolvimento de PPPs na área de Saúde. O documento também foi enviado às Unidades Estaduais do Sistema OCB como estratégia para mobilizar cooperativas na representação institucional junto ao Poder Público Municipal para firmar parcerias.
Compromisso com a comunidade
Para o cooperativismo, além de uma oportunidade financeira, as PPS também são uma forma de confirmar o compromisso com a comunidade, um dos princípios do movimento cooperativista.
“A capilaridade das cooperativas pode ajudar ainda mais no fortalecimento da saúde nacional. Esse tipo de parceria dá segurança à concedente, às concessionárias e, em especial, respeita o contribuinte que acessa serviços de melhor qualidade. Essa essência cooperativista onde todos ganham precisa ser cada vez mais reverberada”, destacou o coordenador de Ramos do Sistema OCB.
Com posicionamento estratégico em uma PPP, aproveitando o financiamento e a infraestrutura, uma cooperativa também pode direcionar esforços para investir em inovação e tecnologias avançadas. Os resultados podem melhorar a qualidade e eficiência dos serviços e fortalecer vínculos com a população atendida.
Doze grandes cooperativas agropecuárias brasileiras se uniram para ampliar seus negócios em ambientes digitais. O resultado da intercooperação foram R$153 milhões movimentados em 2023, com expectativa de atingir R$500 milhões este ano, e a criação de um modelo de comércio online inovador que contempla os diferenciais do coop.
Os números são da Supercampo, uma agtech (startup do agronegócio) criada pelas cooperativas Agrária, Capal, Castrolanda, Cooperalfa, Coopertradição, Copacol, Copercampos, Coplacana, Cotrijal, Frísia, Integrada e Lar, que estão entre as 20 maiores do ramo Agropecuário.
“Somos um braço digital e tecnológico dessas cooperativas. O foco delas é a produção rural, mas a nova geração de cooperados está muito mais conectada, então há uma necessidade de atualização para que elas se mantenham competitivas e garantam a existência do negócio no futuro. É preciso pensar diferente, de uma forma nova, moderna, e isso inclui a digitalização dos fluxos”, explica o CEO da Supercampo, Leandro Carvalho.
Com DNA cooperativista e uma base de 100 mil cooperados, a Supercampo desenvolveu um modelo de negócio específico para atender aos diferenciais do coop, que vai além dos conceitos mais conhecidos do comércio online.
Os dois modelos mais usados nesse tipo de operação comercial são o B2B, que significa Business to Business, ou seja, de empresa para empresa; e o B2C, Business to Customer, traduzido para o português como da empresa para o consumidor.
Na Supercampo, o modelo de negócio é o C2F, ou Cooperative to Farmer, traduzido como “Da cooperativa para o produtor”, conceito criado pela plataforma para contemplar questões específicas do coop, como diferenciais tributários, necessidade de uso de CPF e CNPJ na mesma transação, além de características ligadas ao agronegócio.
“O C2F abrange toda parametrização que existe dentro da relação da cooperativa com cooperado. Isso inclui um pouco de B2C, porque o cooperado é um consumidor, então o site precisa ter boa navegabilidade, usabilidade, ter um fluxo de compra que faça sentido. Porém, na hora de fazer o pagamento, ele usa um crédito da propriedade rural, que tem um CNPJ, o que seria um B2B. E além disso tem questões muito específicas, como ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] diferentes para propriedades em estados diferentes, o ato cooperativo, o CAD/PRO [Cadastro de Produtor Rural], que também afetam os cálculos tributários”, explica Carvalho.
Com o modelo estabelecido e respeitando as características das 12 cooperativas, a Supercampo desenvolveu um e-commerce para cada uma delas. Os sites são uma versão digital das lojas agropecuárias, muito tradicionais entre as coops do campo. Nesses espaços, o cooperado encontra os equipamentos e insumos necessários para produção, de defensivos a máquinas agrícolas, com suporte de técnicos da cooperativa e condições de pagamento mais competitivas que no comércio tradicional.
Catálogo compartilhado
Com a intercooperação, além dos produtos disponibilizados por cada cooperativa, as associadas da Supercampo têm acesso a um catálogo de 120 mil itens. “Criamos uma cadeia produtiva em que cada uma das lojas agropecuárias digitais pode ser um centro de distribuição em potencial. A cooperativa pode vender o que ela tem no seu estoque e também o que as outras 11 têm disponíveis, em uma lógica de marketplace e de cross docking [quando o produto é despachado para um centro de distribuição ou armazém]”, explica Carvalho.
Em 2023, a Supercampo registrou 36 mil pedidos nos e-commerces cooperativistas, com valor médio de R$5.000. Nos marketplaces tradicionais, o ticket médio varia de R$500 a R$600.
Na Capal Cooperativa Agroindustrial, umas das coops que integra a Supercampo, a criação de uma loja agropecuária online tem ajudado a colocar os cooperados na era digital, uma demanda crescente entre as novas gerações de associados. “A plataforma dá aos cooperados mais acessibilidade e agilidade nas compras”, avalia o diretor comercial da Capal, Eliel Magalhães Leandro.
Nas lojas digitais desenvolvidas pela Supercampo, os cooperados podem fazer sua lista de pedidos direto da lavoura, na tela do celular, e retirar os produtos na loja física da cooperativa, além de outras comodidades, como fechar a compra utilizando créditos que tenham com a coop. “Por se tratar de uma tendência, principalmente entre os filhos de cooperados, que buscam cada vez mais acesso via tecnologia, acreditamos que a digitalização é um caminho que se pode construir trazendo o cooperado para os negócios da cooperativa”, acrescenta o representante da Capal.
Para as cooperativas, a intercooperação também traz benefícios diretos. Segundo Carvalho, o custo de implantação dos e-commerces seria quatro vezes maior se cada cooperativa contratasse os serviços individualmente de outras empresas. Com a Supercampo, além da licença da plataforma VTEX, as coops compartilham pessoal especializado em questões comerciais e financeiras, servidores, equipamentos e outros custos operacionais.
“A intercooperação é um dos princípios do cooperativismo e uma ferramenta fundamental para tornar as coops mais competitivas. A união pode ajudar a promover negócios, aumentar receitas e explorar novos mercados”, avalia a coordenadora de Soluções de Negócios do Sistema OCB, Pamella de Lima.
Expansão
Além dos 12 e-commerces das cooperativas associadas, a agtech oferece desde o fim de 2022 uma plataforma de comercialização de sementes de soja, trigo, milho, milheto, feijão e pastagem, a Supercampo Sementes. Com taxas mais competitivas que as corretoras tradicionais, o site viabiliza a compra direta, sem intermediários.
Agora, as cooperativas sócias da Supercampo se preparam para expandir a oferta de serviços digitais da agtech para outras coops agropecuárias. “Pelo tamanho e capacidade de investir e arriscar, as 12 cooperativas associadas construíram o alicerce dessa empreitada. Agora, em prol da intercooperação, as sócias resolveram abrir o projeto para o mercado. Então hoje já é possível que uma cooperativa terceira, não-sócia da Supercampo, faça parte do nosso ecossistema com acesso aos mesmos serviços e benefícios. Já estamos em conversas avançadas com algumas cooperativas nesse sentido”, afirma o CEO da plataforma.
Pesquisa recente realizada pelo Sistema OCB mostra que as cooperativas são cada vez mais conhecidas pelos brasileiros e que 88% consideram o coop um modelo de negócio atual, inovador ou moderno. Para transformar essa admiração e reconhecimento em resultados, a Casa do Cooperativismo Brasileiro aposta em estratégias de negócios para aumentar o faturamento das cooperativas de forma organizada e sustentável e fazer com elas cheguem a cada vez mais cooperados e consumidores.
Com esse foco, desde o ano passado, o Sistema OCB tem uma área exclusiva de negócios, que trabalha de forma articulada com as organizações estaduais para apoiar as coops de todo o país a prospectar e fechar bons negócios.
“O Sistema OCB trabalha há mais de cinco décadas para oferecer soluções que visam a sustentabilidade dos negócios das cooperativas brasileiras e, nos últimos anos, principalmente após os efeitos do impacto econômico pós-pandemia, temos percebido a necessidade de atuar cada vez mais próximos das nossas cooperativas nesse sentido”, explica a coordenadora de Soluções de Negócios do Sistema OCB, Pamella de Lima.
A nova estrutura reúne as iniciativas de desenvolvimento mercadológico de cooperativas que já existiam e é responsável pela elaboração de novas soluções de negócios. O objetivo do novo time é claro: ajudar as cooperativas brasileiras a acessar oportunidades de novos mercados e clientes para vender mais e melhor, de maneira sustentável.
Uma das ferramentas para essa missão é o Programa NegóciosCoop Nacional, criado para apoiar pequenos e médios empreendimentos cooperativos, com soluções direcionadas de acordo com o tamanho e perfil das coops. Em 2023, a iniciativa começou a ser implementada de forma piloto com cooperativas agropecuárias de pequeno porte (especialmente da agricultura familiar e extrativistas) e de artesanato da Região Norte.
O programa começa com um diagnóstico presencial aplicado com o apoio de analistas do Sistema OCB e de uma consultoria técnica contratada, em que os cooperados realizam uma análise completa da situação do empreendimento em cinco aspectos: organização social, produção, gestão, agregação de valor e verticalização de cadeia e mercado. A partir dos resultados dessa avaliação, é traçado um plano de ação que indica consultorias, instrutorias e eventos de acesso a mercados focados em promover novos negócios e conexões profissionais.
“Todo o processo é acompanhado por técnicos das organizações estaduais do Sistema OCB, a fim de que a cooperativa tenha apoio do início ao fim do programa. O objetivo final é que a partir de um posicionamento organizado a cooperativa acesse novas oportunidades de negócio e consequentemente aumente o seu faturamento”, explica Pamella Lima.
Até abril deste ano, o Programa NegóciosCoop atendeu 41 cooperativas pelo Brasil, inclusive algumas em plena Amazônia, acessíveis apenas por barco, em um total de 1.718 horas de consultorias realizadas.
“Os resultados têm sido significativos, temos observado ganhos como a compreensão e sentimento de dono do negócio pelos cooperados, conquista de novos clientes institucionais e privados, captação de recursos, entrada de novos cooperados, aumento de faturamento e entendimento claro do cooperativismo como um modelo de negócio”, lista a coordenadora.
Este ano, o Programa NegóciosCoop entrou na fase de escala e chegará a cooperativas de todos os estados do país. As equipes das organizações estaduais que irão atuar no programa já começaram a receber treinamento imersivo e terão suporte constante do time nacional do projeto. Além disso, as cooperativas de reciclagem serão as próximas a receber uma versão customizada do programa.
Primeira nota fiscal
Uma das participantes da fase piloto do Programa NegóciosCoop foi a Cooperativa de Agricultura Familiar de Serra Pelada (Cooasp), de Curionópolis, no sudeste do Pará. Após o programa, a cooperativa emitiu sua primeira nota fiscal e se prepara para comercializar parte de sua produção para a merenda escolar do município.
A Cooasp produz alface, coentro, cebolinha, couve e outras hortaliças há seis anos, mas vendia sua produção de maneira informal. A mudança de rota veio com a participação do Programa NegóciosCoop, segundo o diretor presidente da cooperativa, Ramon Marques.
“Três meses após o programa, já fizemos a primeira emissão de nota fiscal, assinamos contrato com uma grande empresa que fornece alimentos para refeitórios, nos estabelecemos no mercado local e estamos expandindo para o mercado regional”, conta.
Além do resultado imediato, Marques diz que a Cooasp ganhou autonomia e fortaleceu sua identidade cooperativista, se apresentando para os consumidores como uma opção social e economicamente viável para gerar emprego e renda com a agricultura familiar em um município conhecido pela exploração garimpeira.
Parte da produção da Cooasp agora irá direto para a merenda escolar das escolas da região, depois que a Coop venceu a chamada pública do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), uma iniciativa federal que destina recursos para alimentação escolar nos estados e municípios brasileiros. Segundo Marques, a cooperativa também se prepara para fornecer suas hortaliças para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que compra produtos da agricultura familiar.
Para atender à demanda, a Cooasp teve que triplicar a produção nas lavouras e, até o fim do ano, planeja saltar de 20 mil para 200 mil hortaliças por mês. “Em junho também vamos inaugurar uma agroindústria de polpa de frutas e fabricação de doces e geleias artesanais. Nossa meta até 2030 é ser a maior cooperativa de agricultura familiar da região Carajás e uma das cinco maiores do estado do Pará”, planeja o presidente da Cooasp.
Novos mercados para o coop brasileiro
Além do Programa NegóciosCoop Nacional, o Sistema OCB tem estratégias de negócios para cooperativas de outros ramos e tamanhos, seja no mercado brasileiro ou internacional.
“Temos iniciativas para apoiar a inserção em mercados, ampliar e diversificar as vendas dos produtos por meio de participação em feiras, rodadas de negócios e missões internacionais”, lista Pamella Lima.
Em 2023, o Sistema OCB apoiou a participação de 20 cooperativas de artesanato e agricultura familiar em duas importantes feiras do país: a 5ª Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce), em Fortaleza; e a 30ª Agrinordeste, em Olinda.
As coops expuseram seus produtos em um estande institucional do Sistema OCB, chamado de Loja Cooperativa, uma estratégia para atrair a atenção do público para os produtos do cooperativismo. Na 5ª Fenacce, as vendas na Loja Cooperativa totalizaram R$61 mil e as coops assinaram 40 contatos nacionais e 24 internacionais, com previsão de vendas de R$130 mil.
Em 2024, pelo menos 40 cooperativas brasileiras irão participar de quatro feiras de negócios de grande relevância no cenário nacional. O Sistema OCB participará dos eventos com um estande chamado "Cooperativas do Brasil", em que as coops poderão conquistar novos clientes e ampliar sua rede de contatos.
Outra solução de negócios tem aproximado as cooperativas do maior comprador do Brasil: o Poder Público. De forma online e gratuita, o serviço Cooperativas nas Compras Públicas monitora as oportunidades de compras governamentais, sejam municipais, estaduais ou federais, e alerta as cooperativas cadastradas de forma personalizada sobre editais e licitações lançados pelo governo. Em 2023, a plataforma registrou 235 cooperativas cadastradas e monitorou mais de 35 mil editais de interesse das coops.
Em outra frente de negócios, o Sistema OCB aposta na intercooperação para gerar mais resultados. É o Coop Compra de Coop, uma iniciativa realizada durante a Semana de Competitividade de 2023 que ajudou 13 coops dos ramos Agropecuário, Transporte, Trabalho e Produção de Bens e Serviços a fecharem negócios com cooperativas de todo o país durante o evento.
As cooperativas vendedoras receberam o apoio do Sistema OCB para gravar pequenos vídeos sobre seus produtos, que foram transmitidos no fim de cada palestra. Uma área do evento também foi reservada para que as coops pudessem receber clientes, negociar vendas e prospectar contratos futuros.
No mercado internacional, o foco da área de negócios é abrir fronteiras para que os produtos coop brasileiros ganhem mercado mundo afora. Esse trabalho é feito em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), por meio do Programa de Qualificação para Exportação do Cooperativismo (PEIEX Coop), que tem foco na sensibilização e capacitação individualizada de cooperativas para aumentar sua competitividade exportadora.
Além da promoção das exportações, outra porta de entrada para os produtos coop no exterior é a participação em feiras, rodadas de negócios ou missões internacionais. “As missões possibilitam o fortalecimento de laços e parcerias estratégicas que ajudam as cooperativas a ingressarem nesses mercados. Por sua vez, as feiras internacionais funcionam como vitrines para que as cooperativas apresentem seus produtos em escala global, criando oportunidades de contato e negócios”, explica a coordenadora.