cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor • cooperativas constroem um mundo melhor

Cooperativas de seguros chegam a setor estratégico com inclusão e transparência

  • Nenhum

A criação do ramo Seguros abre para as cooperativas brasileiras um mercado promissor, que movimentou R$ 435 bilhões em receitas em 2024, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). A porta de entrada do cooperativismo nesse segmento foi a Lei Complementar nº 213/2025, uma conquista histórica que teve a participação direta do Sistema OCB.

Sancionada em janeiro, a lei garante que as cooperativas operem em todos os segmentos de seguros privados – exceto capitalização aberta e repartição de capitais de cobertura – ampliando o acesso ao serviço para milhões de brasileiros que ainda não o possuem. Até agora, as coops podiam atuar apenas nos seguros agrícolas, de saúde e de acidentes de trabalho.

Desde 2012, quando a ampliação da participação das cooperativas no mercado de seguros entrou na pauta do Congresso Nacional, a área de Relações Institucionais do Sistema OCB atuou junto à Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), teve reuniões estratégicas com a Susep e o Ministério da Fazenda, além de outras frentes de diálogo, para garantir uma legislação favorável ao coop. O resultado é uma regulamentação em conformidade com as diretrizes do Sistema Nacional de Seguros Privados, mas sem perder de vista a essência do modelo cooperativista.

“Esse é um momento histórico para o cooperativismo brasileiro. A Lei Complementar 213/2025 coloca o Brasil em novo patamar legal e regulatório no setor de seguros, em conformidade com as melhores experiências internacionais. O cooperativismo fortalecerá sua presença nas comunidades, ampliará seu portfólio de produtos e serviços, reterá mais recursos e riquezas dentro do sistema, ampliará as experiências intercooperativas e reforçará a sua imagem junto à sociedade brasileira”, destaca o coordenador de Ramos do Sistema OCB, Hugo Andrade.

A lei inaugura uma nova fase para o cooperativismo e para milhões de brasileiros que terão acesso a seguros mais acessíveis e com a marca cooperativista da inclusão, participação democrática e efetiva dos cooperados.

Segundo pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) e Instituto Datafolha realizada em setembro de 2024, 54% dos brasileiros têm a intenção de contratar um seguro e/ou previdência privada num futuro próximo, o que mostra o tamanho do mercado potencial para as cooperativas.

“As cooperativas de seguros possuem características únicas que beneficiarão diretamente os usuários. Os segurados podem esperar serviços justos e transparentes, produtos personalizados, proximidade, diversos canais de distribuição, participação na gestão e na distribuição dos resultados e apoio irrestrito a eles nos momentos mais difíceis, como doenças e perdas patrimoniais”, afirma Andrade.

Outro dado relevante, divulgado pela Susep no 11º Relatório de Análise e Acompanhamento dos Mercados Supervisionados, é a alta concentração do setor, com 34% do mercado operado por cinco grandes seguradoras.

Uma realidade que a chegada das cooperativas de seguros pode ajudar a mudar, com a ampliação da concorrência, democratização dos serviços e o desenvolvimento de todo o setor, alinhando o Brasil a uma realidade consolidada em diversos países.

Coops de seguros no mercado global

Em diferentes partes do mundo, o modelo cooperativista tem se mostrado uma alternativa eficaz para ampliar o acesso a seguros, impulsionando a inclusão financeira e gerando impactos sociais positivos.

De acordo com o relatório The Global Mutual Market Share 2024, publicado pela International Cooperative and Mutual Insurance Federation (ICMIF), o setor de seguros cooperativos e mutualistas representa 26,3% do mercado global do setor. As coops de seguros atendem a 889 milhões de cooperados segurados, geram 1,2 milhão de empregos e USD 1,41 trilhão em receitas anuais, segundo dados de 2022.

Em 14 países, a participação das coops no mercado de seguros ultrapassa um terço. Nos Estados Unidos e na Alemanha, o percentual é de cerca de 40%; e na França, nos Países Baixos e na Finlândia as cooperativas são maioria no segmento, com 54,8%, 59% e 61% de participação, respectivamente.

O setor cooperativo de seguros tem apresentado crescimento nos últimos anos e a tendência é seguir em expansão. Na América Latina, segundo o relatório do ICMIF, as seguradoras cooperativas e mútuas da região atingiram um recorde de USD 20 bilhões em receitas em 2022, com 32 milhões de segurados e 47 mil empregos diretos. Com o novo ramo Seguros, o coop brasileiro ganhará destaque nesse mapa.

O exemplo da Seguros Unimed mostra o futuro de bons resultados que está por vir. Criada em 1989, a cooperativa tem 6,5 milhões de segurados nos segmentos de saúde, odontologia, vida, previdência e ramos elementares (como seguros patrimoniais e de responsabilidade civil médica). Com presença em todo o país, a seguradora S.A. do Sistema Unimed se destaca por preços competitivos, atenção às demandas locais e impacto social nas comunidades onde atua.

Próximos passos 

Após a sanção da lei e oficialização do ramo Seguros, a etapa agora é a edição das normas complementares pela Susep e pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). Esta fase incluirá a definição de regras específicas para a autorização e funcionamento das cooperativas de seguros, critérios para a constituição das sociedades cooperativas de seguros, diretrizes para a formação de reservas técnicas, capital mínimo e solvência, além de normas contábeis e de prestação de informações.

“Criamos um grupo de trabalho e estamos acompanhando tecnicamente a Susep na construção normativa para buscar assegurar que as regras respeitem a identidade jurídica, operacional e de governança do cooperativismo. Também temos trabalhado na articulação para criação de modelos cooperativos viáveis, mobilizando sistemas cooperativos diversos e buscando fortalecer a intercooperação”, explica Hugo Andrade.

A expectativa do Sistema OCB é que a regulamentação das cooperativas seguradoras seja realizada até o final de 2025, e as primeiras coops do ramo autorizadas a operar no primeiro semestre de 2026. Até lá, a instituição trabalha em conjunto com as Organizações Estaduais na estruturação de negócios e antecipação de requisitos técnicos, como modelos de governança e estrutura de capital. 

Futuro e desafios do setor

Além do enorme potencial financeiro, as cooperativas brasileiras de seguros entrarão no mercado em meio a desafios que devem promover profundas transformações no segmento nos próximos anos. Em seu relatório Tech Trends 2025, um guia sobre tendências tecnológicas, a futurista Amy Webb destaca as mudanças que a Inteligência Artificial (IA) e o aquecimento global irão provocar nos negócios das seguradoras.

Ao mesmo tempo que a IA tem ajudado o setor a agilizar processos de análise de riscos, detecção de fraude e gestão de sinistros, o uso dessa ferramenta, segundo a futurista, exigirá atenção redobrada quanto à transparência, ética e responsabilidade sobre os resultados gerados por algoritmos.

Em relação às mudanças climáticas, o setor de seguros já enfrenta uma crise devido a eventos climáticos extremos que resultaram em US$ 320 bilhões em perdas globais em 2024. A estimativa é que apenas os incêndios florestais que atingiram Los Angeles, nos Estados Unidos, em janeiro deste ano, geraram perdas de US$ 250 bilhões para as seguradoras.

E a previsão, segundo o relatório de Amy Webb, é que o cenário se agrave, com aumento de 40% a 50% nos prejuízos relacionados ao clima para as seguradoras. Na tentativa de reduzir esse impacto, o setor tem investido em modelos baseados em IA para prever perdas futuras e ajudar na precificação, considerando projeções climáticas de longo prazo.

Outro ponto de atenção, de acordo com a futurista, é o novo cenário de golpes e fraudes em seguros, que se tornaram mais sofisticados com a digitalização, e exigem respostas tecnológicas à altura. Segundo Amy Webb, empresas já têm usado a IA generativa para detectar padrões suspeitos e prevenir ataques fraudulentos em tempo real.

Conteúdos Relacionados