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Distante 206 quilômetros de Palmas (TO), o município de Pedro Afonso vive uma fase de pleno desenvolvimento. Com apenas 13 mil habitantes, essa pequena comunidade vive avanços consideráveis nas áreas de educação, meio ambiente e agricultura. E quando perguntamos a qualquer morador o segredo dessa boa fase, a resposta é certeira: é tudo fruto da cooperação.
Conhecida como a capital da soja no Tocantins, Pedro Afonso viu o progresso chegar juntamente com três cooperativas : a Cooperativa Agroindustrial de Tocantins (Coapa), a Cooperativa Educacional de Pedro Afonso (Coed) e o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi),
Esses empreendimentos trouxeram mais movimento, emprego e desenvolvimento para toda a região, e não somente para Pedro Afonso. Desde a chegada do cooperativismo, notamos que cidade se uniu e há mais amizade”, destaca Divina Mendes, 68 anos, cooperada da Coapa — primeira cooperativa a impactar a comunidade.
Criada há exatos 20 anos por um grupo de pequenos produtores rurais, a Coapa ajudou a alavancar a produção agrícola da região, oferecendo apoio técnico, infraestrutura para armazenagem de grãos, além de núcleos de participação focados em dois públicos até então carentes de atenção: os jovens e as mulheres.
A inclusão e o empoderamento desses dois públicos foram fundamentais para o desenvolvimento da comunidade”, reconhece Divina. “Graças à cooperativa, passamos a participar da vida social e profissional da cidade e, agora, desenvolvemos trabalhos para melhorarmos a renda familiar. No grupo de mulheres, fazemos polpas de frutas, doces em compotas, chocolates, biscoitos, licores, paçocas e vendemos na feira”.
Além da Coapa, outras duas cooperativas se instalaram em Pedro Afonso: a Coed, de ensino, e o Sicredi, do ramo crédito. O trio decidiu viver, na prática, o princípio da intercooperação, desenvolvendo programas e ações em conjunto para beneficiar a comunidade. “É uma verdadeira rede do bem”, explica Ricardo Khouri, presidente da Coapa.
Trabalhamos unidos para promover o desenvolvimento e a alavancagem da região. Além disso, por sermos cooperativistas, temos o compromisso de deixar os recursos gerados por nossas atividades aqui mesmo, na cidade, gerando emprego, renda e oportunidade para muitas pessoas”.
PONTE PARA O FUTURO

Assim como em centenas de municípios brasileiros, em Pedro Afonso as pessoas descobrem o poder da cooperação desde muito cedo. Praticamente todos os moradores da cidade são associados a uma cooperativa ou pelo menos estão sendo beneficiados por elas. É comum casais conversarem sobre o dia na cooperativa, trocando ideias sobre como fazê-la crescer ou comemorando os resultados alcançados. Com isso, as crianças aprendem que o cooperativismo é bom, traz comida para a mesa e alegria para toda a família.
Na escola não é diferente. Especialmente na Cooperativa Educacional de Pedro Afonso (Coed), que educa os estudantes da região desde o maternal até o nono ano do ensino fundamental. “Trabalhamos o cooperativismo com todos os nossos alunos. Temos uma disciplina em que ensinamos a cooperar, a dividir, e acreditamos nesse formato de educação. Um aluno com essa base será um adulto melhor. Não estamos somente preocupados com o lado educacional, mas também com os valores e os princípios que esses estudantes levarão para a vida adulta”, explicou a diretora-presidente da cooperativa, Gleide Azevedo.
Ainda de acordo com Gleide, as crianças e jovens de Pedro Afonso exergam nas cooperativas um mundo melhor, uma oportunidade de emprego e uma ponte para um futuro melhor. Além disso, em sala de aula, também aprendem a administrar o próprio dinheiro e a poupar, graças ao apoio de projetos educacionais do Sicredi.
A atuação conjunta da Coed, da Coapa e do Sicredi é fundamental para Pedro Afonso”, elogia Gleide. “Somos três cooperativas, trabalhamos o bem comum da comunidade e almejamos o crescimento pessoal e do município. Essa integração entre as cooperativas facilita o nosso trabalho e a vida de todos”.
A coordenadora do núcleo feminino da unidade Sicredi de Pedro Afonso, Maria Ivanete Maciel, 47 anos, concorda com a colega da Coed e acrescenta: a intercooperação mudou a história do município e alavancou o crescimento da região, inclusive aumentando a oferta de postos de trabalho.
Quando juntamos nossas cooperativas, a população notou que tudo melhorou e se sentiu mais feliz, porque soube que tem o nosso apoio. A vida de Pedro Afonso mudou, pois agora tem mais oferta de empregos e facilidades para a população”, exemplificou Ivanete.
A satisfação dos moradores e a melhora da qualidade de vida proporcionada pelo cooperativismo são facilmente traduzidas no município pelo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) <abre hiperlink para site de IDH>, captado pelo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. A taxa aferida na região supera a média brasileira, atingindo 0,732 pontos— em uma escala de zero a um, na qual quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento da região.
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MUDANDO VIDAS, REALIZANDO SONHOS

A intercooperação realizada em Pedro Afonso já ultrapassou as fronteiras do estado e do Brasil. Um dos projetos apoiados pelas três cooperativas da cidade está levando os jovens da cidade para conhecer outras cidades brasileiras e, em breve, outros países. Trata-se do projeto Amigos do Meio Ambiente (Ama), criado pelo professor Fabrício Rocha, 35 anos, em 2010.
Historiador, enfermeiro e pedagogo, Rocha entendeu que um bom educador pode contribuir com o desenvolvimento da comunidade também fora dos muros da escola. “Decidi contribuir com a preservação do meio ambiente para mostrar aos alunos que é possível transformar o mundo com atitudes simples, como dar a correta destinação a materiais recicláveis”, recorda.
O professor fundou o Ama com um grupo de 30 alunos e decidiu buscar apoio do poder público e das três cooperativas da cidade, que sempre tiveram um trabalho muito voltado para a valorização dos projetos locais. Trabalhando de forma intercooperativa, o projeto deu início a uma pequena revolução na cidade.
Os jovens se engajaram e começaram a recolher materiais, antes ignorados, para reciclá-los. A partir daí, as atividades evoluíram e o Ama conseguiu colocar em prática um projeto de sustentabilidade e recuperação ambiental, dando nova destinação a uma área na qual antes funcionava um lixão. O espaço foi revitalizado e transformado, em 2014, na Praça Ecológica Pedro de Souza Pinheiro, motivo de orgulho para a população.
Localizada em meio a exuberantes exemplares de palmeiras, ipês, imbaúba e mogno do Pará, a praça é ornamentada por 500 pneus e mais de 10 mil garrafas pet recicladas. “Os alunos aprenderam que através da união promovida pelo cooperativismo, com o trabalho em equipe, é possível mudar a realidade. O cooperativismo nos ajudou a resgatar valores como a determinação, o engajamento da comunidade e a importância do trabalho voluntário. Isso é algo firme e consistente na formação de cada um que passa pelo Ama”, ressaltou.
OUTROS ARES

O projeto criado por Rocha e apoiado pelas três cooperativas da cidade fez mais do que transformar uma praça da cidade. Ele ajudou a mudar a mentalidade dos moradores que não tinham perspectiva de crescimento. Foi também do lixo, por meio de produtos recicláveis, que o Ama deu sentido às vidas de dezenas de adolescentes e jovens.
Expandindo o formato de atuação, Rocha, seus alunos e voluntários recolhem latinhas, garrafas pet e de vidro, dentre outros materiais, para comercializá-los. Com o valor arrecadado, são promovidas viagens, ações que enriquecem culturalmente os participantes e abrem portas para a visita a locais, antes, inimagináveis e inacessíveis para pessoas de baixa renda.
Nestes anos de projeto, já rodamos quatro regiões do País. O nosso objetivo, com isso, é proporcionar que os nossos alunos conheçam outras cidades através de seu próprio trabalho e esforço”, comenta o professor. Vale destacar: desde o início do projeto, o grupo já visitou, dentre outras cidades, Rio de Janeiro, Fortaleza, Natal, Aracajú, Maceió e São Paulo.
Daniela Bezerra Costa, 15 anos, é uma das alunas voluntárias que fazem parte do Ama. No grupo desde agosto de 2018, ela garante que a motivação para participar veio do desejo de ajudar o próximo “Depois que comecei a trabalhar com eles, me senti melhor. Saber que estou ajudando a alguém, fazendo doação, por menor que seja, me fez sentir melhor”.
Um pouco mais antigo no grupo, Luiz Gustavo Bezerra Pinheiro, 16 anos, faz parte do Ama há seis anos e viu a evolução da cidade, bem como dos moradores. Um dos voluntários da construção da praça, ele lembra que o apoio das cooperativas tem sido fundamental para os avanços da região.
Muitos falaram que não era possível que um lixão se transformasse em algo tão bonito, como a praça ecológica que temos hoje. Esse projeto foi criando pernas, ganhando apoiadores, somamos forças com as cooperativas, que nos ajudam sempre que precisamos”, comemora o garoto que, por meio do projeto, pode conhecer o mar em uma das viagens do grupo. “Foi uma viagem inesquecível. Sabíamos que éramos capazes de fazer, e fizemos”, completou.
O projeto social, com a ajuda das cooperativas, pretende ir mais longe, alçar voos maiores. Neste ano, a viagem será com destino à Argentina e à tríplice fronteira. Até o momento, 80% do passeio estão pagos, tudo com dinheiro arrecadado com a coleta de material reciclável.
De acordo com o professor Fabrício Rocha, uma das metas do projeto é levar os participantes à Europa. “Nossa meta é, em 20 anos, chegar a Paris, de avião. Essa é uma ponte que nos mostra o quanto a união, o cooperativismo e o trabalho voluntário são importantes para o desenvolvimento de todos”, concluiu o educador.
O Dia C é um compromisso das cooperativas brasileiras com a construção de um futuro mais justo e sustentável para todos. Durante um dia, elas realizam milhares de ações voluntárias em todo o país para demonstrar um pouco do que o cooperativismo faz, diariamente, para colaborar com o desenvolvimento de suas comunidades.
Impacto comprovado
Confira o Índice de Desenvolvimento Humano de Pedro Afonso em comparação à média brasileira e ao estado do Tocantins
IDHM | IDHM Renda | IDHM Longevidade | IDHM Educação | |
Brasil | 0,727 | 0,739 | 0,816 | 0,637 |
Tocantins | 0, 699 | 0,690 | 0,793 | 0,624 |
Pedro Afonso (TO) | 0,732 | 0,699 | 0,846 | 0,664 |
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano (Brasil – 2010)
Esta matéria foi escrita por Kelly Ikuma e está publicada na Edição 25 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
A entrada em vigência da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) surpreendeu às empresas e cooperativas que atuam nos mais diversos setores da economia. A assessora jurídica OCB, Ana Paula Rodrigues, afirma que boa parte do setor cooperativista já está se estruturando para atender à legislação, mas acreditava na prorrogação do prazo. Segundo ela, pela diversidade do cooperativismo, é difícil precisar de forma geral o estágio em que as cooperativas do Sistema OCB se encontram, porém, tanto a unidade nacional quanto as estaduais têm desenvolvido ações para apoiar as iniciativas em capacitação e envio de materiais sobre as novas regras.
Nossas entidades iniciaram o trabalho de adequação em janeiro deste ano, mas, com a pandemia da Covid-19, foram necessários alguns ajustes no cronograma para concluir a primeira etapa, que se refere ao mapeamento e à entrega dos relatórios das ações e medidas a serem tomadas. Esperamos concluir esse processo em novembro”, explica a assessora jurídica.
Ainda segundo ela, o trabalho conta com a atuação de um grupo interno que envolve várias áreas das três entidades que compõem o Sistema OCB (Sescoop, OCB e CNCoop) e que foi formado especificamente para acompanhar as atividades de adequação à lei, em uma atuação conjunta com uma consultoria especializada. Para além disso, o grupo tem trabalhado iniciativas para apoiar as cooperativas neste momento de adequação. “Realizamos webinários tratando das medidas emergenciais de implementação da lei e, já no início de novembro, lançaremos uma cartilha de apoio às cooperativas nesse processo de adequação”, completa.
ESTRUTURA PRONTA
No Banco Cooperativo Sicredi, o processo de adequação já foi concluído, e a instituição conta com áreas e processos dedicados ao tratamento dos dados e ao atendimento à legislação. “Iniciamos este trabalho em março de 2019. Procuramos revisar cada operação, a fim de verificar o que era preciso ser feito e implementar políticas corporativas de proteção de dados e avisos de privacidade”, explica Júlio Pereira Cardozo, diretor executivo de riscos.
Segundo ele, o processo de mudança tem ocorrido por meio de treinamentos on-line, workshops, ações de endomarketing, melhoria nos controles de segurança e na formação de facilitadores nas áreas, chamados de agentes de riscos. “Buscamos identificar meios para uma correta adequação de processos e colaboradores, bem como maneiras de comunicar essas mudanças a nossos stakeholders e fornecedores. A adequação à LGPD representa uma mudança de cultura; por isso, a importância de implantarmos treinamentos, controles, rastreamento e eventuais medidas referentes a condutas, para que todas as áreas estejam alinhadas”, destaca.
Ainda de acordo com Cardozo, o programa de privacidade de dados do Sicredi está dividido em quatro pilares: jurídico (contempla as relações entre o banco e suas diferentes possíveis partes); tecnologia da informação (administração e segurança dos dados e dos sistemas); análise dos processos de negócio (avaliação de dados utilizados e adequação à finalidade a que se destinam); e treinamento e conscientização (necessários para promover uma mudança de consciência diante do uso de dados).
“Trata-se de um trabalho conduzido em sinergia entre diferentes áreas e que não se encerra com a adequação mínima à LGPD. Privacidade de dados é um assunto de extrema importância dentro do Sicredi, e vamos continuar avançando no tema durante os próximos anos”, conclui.
INVESTIMENTO
A Frísia Cooperativa Agroindustrial, com sede no Paraná e Tocantins, iniciou o processo de adequação à LGPD no fim de 2018. “Começamos a discutir o tema e a nos informar internamente. Ao mesmo tempo, entramos para o Programa de Compliance da Ocepar (Paraná Cooperativo). Acreditamos que poderíamos nós mesmos cuidar de todo o processo, mas, ao longo do tempo, descobrimos que seria muito difícil, devido ao tamanho e à complexidade dos negócios da cooperativa”, conta Marta Auer, assessora jurídica, membro do Comitê de Segurança da Informação e responsável pelo sistema de Compliance da Frísia.
A primeira medida que eles adotaram, segundo Marta, foi criar uma equipe multidisciplinar, com colaboradores das áreas de recursos humanos, marketing, jurídico, tecnologia da informação, segurança do trabalho, medicina e auditoria. “Pretendíamos fazer um mapeamento dos dados que coletamos para ter um panorama geral, inclusive da finalidade dada a eles, mas acabamos contratando uma consultoria para realizar essa ação. Por outro lado, já temos várias políticas prontas. Assim que o mapeamento estiver completo, podemos aplicar essas políticas e iniciar a fase de treinamento, capacitação e comunicação”.
Marta acredita que será necessário pelo menos um ano de dedicação ao processo de adequação para que a cooperativa consiga chegar à fase de auditoria, a fim de testar o sistema, identificar inconsistências, fazer os ajustes necessários e concluir os requisitos mínimos exigidos.
Nossa perspectiva é que iniciemos os testes entre janeiro e fevereiro do próximo ano”, afirma. Apesar da complexidade, a assessora acredita que o processo deve ser visto como um investimento. “Estamos trabalhando para oferecer mais segurança e transparência em nossas ações”, enfatiza.

Esta matéria foi escrita por Raquel Sacheto e está publicada na Edição 31 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
“Informação é poder”, já dizia Steve Jobs, fundador da Apple. Quando uma empresa, um partido político ou uma rede social conhece os dados, os gostos e os hábitos de uma pessoa, fica mais fácil convencê-la a fazer quase qualquer coisa. Pode parecer exagero, mas não é! Hoje, existem pessoas e empresas especializadas em coletar e comercializar dados ou bases de clientes, sem sequer pedir a autorização deles. Quem nunca recebeu aquelas chatíssimas ligações de telemarketing com uma oferta imperdível?

A boa notícia é que essa prática está com os dias contados, graças à entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), em 18 de setembro. A má é que empresas, cooperativas e organizações que coletavam dados pessoais para melhorar processos, ampliar redes de relacionamento ou fidelizar clientes terão de rever todas essas práticas, sob o risco de pagarem multas, que podem chegar a R$ 50 milhões por infração.
A LGPD propõe medidas de segurança jurídica que transcendem as relações firmadas no ambiente virtual. Por isso, é de suma importância que as cooperativas estejam atentas aos procedimentos que devem ser adotados, especialmente por se tratar de um modelo de sociedade formado, em muitos casos, por pessoas físicas, a quem a legislação buscou dar proteção”, explica Ana Paula Rodrigues, assessora jurídica da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Ainda segundo ela, os cuidados na coleta de dados devem ser redobrados, de modo a evitar que sejam perdidos, vazados, transmitidos para pessoas erradas ou tenham sua utilização desvirtuada, sob pena de gerar danos às cooperativas e também às pessoas envolvidas. “Será fundamental solicitar apenas os dados pessoais necessários ao cumprimento das finalidades da organização e dar clareza ao seu quadro social quanto à utilização dessas informações”, afirma.
O consultor em proteção de dados (DPO) Sanclé Landim Albuquerque concorda: as cooperativas, de fato, têm uma sensibilidade maior às regras da LGPD, por conta de suas características de filiação. “Nesses empreendimentos, o cooperado é, ao mesmo tempo, sócio, fornecedor e cliente. Além disso, em alguns casos, há repasse de informação para outras organizações, como as cooperativas de crédito, por exemplo, que podem estar encarregadas da gestão dos recursos da cooperativa, da distribuição dos resultados, e precisarão responder ao Banco Central. Isso exige minimalismo e a definição de finalidades claras para os dados coletados, principalmente os considerados sensíveis, que abrangem questões de gênero, raça, religião, posicionamento político, entre outros”, alerta.
MULTAS APLICADAS
Ainda que a data para o início da aplicação das sanções previstas para quem desrespeitar as regras seja 1º de agosto de 2021, o início da vigência da lei afeta de forma imediata os negócios das cooperativas, empresas públicas e privadas, e demais organizações. Isso porque as disposições exigidas podem ser fiscalizadas pelos órgãos competentes e até mesmo utilizadas como fundamentação em eventuais discussões no âmbito judicial.
Sanclé Albuquerque cita como exemplo uma multa de R$ 60 mil aplicada pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom) a uma grande marca de roupas por ter utilizado tecnologias de reconhecimento facial em sua loja no Shopping Morumbi, em São Paulo. Segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), responsável pela denúncia, a empresa conseguia captar as reações dos consumidores e traçar um perfil de seus visitantes sem informação clara e adequada, e sem o devido consentimento de seus clientes.
A prática foi considerada abusiva, utilizando como referência o Marco Civil da Internet e a LGPD, e a empresa foi multada nos termos do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Esse caso deixa clara a importância da finalidade e do consentimento explícitos para a coleta e uso dos dados pessoais”, destaca o consultor.
Uma das maiores empresas do ramo imobiliário no Brasil também foi penalizada sob os termos da LGPD no mês de outubro, acusada de compartilhar dados pessoais e de contato de seus clientes com parceiros que ofereciam mobília planejada e afins. Pela decisão, a companhia terá que pagar uma multa indenizatória de R$ 10 mil, com um adicional de R$ 300 para cada contato que venha a ser compartilhado novamente no futuro.
Vale destacar: a legislação prevê punições que vão desde advertências até multas, que podem chegar a 2% do faturamento da empresa ou organização, sob o limite de até R$ 50 milhões por evento. “Poucos se atentaram para o fato de que o limite da penalidade é por evento, ou seja, uma empresa pode ser penalizada por mais de um ao mesmo tempo e a multa não se limitará aos R$ 50 milhões. Significa dizer que desrespeitar as regras da LGPD pode gerar custos que inviabilizem a manutenção do negócio”, acrescenta Sanclé Albuquerque.
IMPLEMENTAÇÃO
Precisar o tempo médio necessário para a adequação das cooperativas à LGPD ou os custos a serem dispendidos nessa adaptação não é tarefa fácil. De acordo com Ana Paula Rodrigues, as estimativas dependem não apenas do porte da cooperativa, mas do nível de complexidade de suas operações e de procedimentos internos que envolvam coleta e uso de dados pessoais e do nível de organização dessas informações nos bancos de dados.

O cooperativismo é diverso e possibilita que qualquer tipo de atividade seja desempenhada por meio desse tipo de sociedade. Assim, cada caso exige um mapeamento específico para diagnosticar a estrutura existente, o tempo de adequação e os investimentos necessários para a adequação. Além disso, existem outros fatores que podem influenciar no custo, como a necessidade de apoio técnico especializado, de contratação de colaboradores específicos ou de investimentos em suporte e ferramentas de TI, que podem aumentar os valores necessários”, explica.
Sanclé Albuquerque acrescenta que, em uma estimativa realista, o prazo pode variar de seis meses a um ano e meio, dependendo do tamanho e das complexidades envolvidas no negócio. Já os custos dependerão da realidade de cada empresa. “Importante salientar que se trata de um processo contínuo, que vai exigir aprimoramentos constantes para garantir a segurança e a privacidade dos dados, bem como a manutenção dos sistemas, ou seja, não se limita apenas a atender os princípios básicos da legislação.”
O consultor lembra ainda que programas de conformidade (compliance) e de atendimento às normas Isso – especialmente a ISO 27701 – contribuem para a adequação à LGPD. “Essa ISO traz especificações sobre práticas de privacidade da informação em nível mundial e já em sintonia com a lei que inspirou a nossa LGPD — o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR, na sigla em inglês), legislação aprovada pela União Europeia para o tratamento das informações pessoais, em vigência desde maio de 2018”, destaca.
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PASSO A PASSO PARA A ADEQUAÇÃO DAS COOPERATIVAS À LGPD
PASSO 1 – DIAGNÓSTICO (estratégico)
Nesta etapa, realiza-se o mapeamento dos bancos de dados e sistemas onde estão armazenados quaisquer tipos de dados pessoais coletados pela organização, a fim de identificar como é realizado o tratamento <abre hiperlink> desses dados. Aqui, é importante identificar:
QUAIS SÃO AS DIFERENTES FONTES DE ORIGEM DOS DADOS ARMAZENADOS?
O QUE É REALMENTE NECESSÁRIO COLETAR E MANTER?
Ícone de regador — COMO É FEITO O TRATAMENTO? QUAIS PRÁTICAS SÃO PERMITIDAS DENTRO DA LGPD?
PASSO 2 — PLANO DE AÇÃO (tático)
Planejamento da adequação de procedimentos, normativas, contratos e políticas de privacidade da cooperativa, bem como para a revisão da estrutura de tecnologia e armazenamento das informações. Aqui, é importante zelar pela TRANSPARÊNCIA com o cooperado. Ele precisa entender os motivos da coleta dos dados considerados essenciais para o seu negócio e concordar expressamente com a coleta deles.
PASSO 3 — VALIDAÇÃO DAS MUDANÇAS (operacional)
O objetivo, agora, é efetivar o plano de ação proposto com testes para a verificação da adequação e da efetividade das medidas implementadas, confirmando se foram atendidas todas as exigências previstas na lei.
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ÁREAS ENVOLVIDAS NO PROJETO DE ADAPTAÇÃO
O trabalho de adaptação de uma cooperativa à LGPD é multidisciplinar, ou seja, envolve diferentes áreas, incluindo diretorias, gerências, jurídico, tecnologia de informação, recursos humanos e marketing. Cada uma tem diferentes responsabilidades, que vão desde a análise da finalidade de negócio até a implementação de todo o programa e a resposta a possíveis incidentes.

Fonte: Midnal Consultoria
PROFISSIONAIS NECESSÁRIOS APÓS A ADAPTAÇÃO
De acordo com a LGPD, para o funcionamento do sistema de proteção de dados, será necessária a atuação de três agentes importantes, denominados como controlador, operador e encarregado. Entenda o papel de cada um deles:
CONTROLADOR — agente de tratamento de dados pessoais que deve manter registro das operações realizadas. Ao controlador, cabe: decidir o porquê da coleta de dados do titular; lidar com a base legal para fazer a coleta; definir a finalidade ou os propósitos para os quais os dados serão usados, para quem pretende divulgar, compartilhar ou transferir os dados, bem como por quanto tempo reterá as informações. Ele é responsável ainda por elaborar relatórios de impacto, quando necessário.
OPERADOR — realiza o tratamento dos dados pessoais em nome do controlador. Ele deve seguir as diretrizes determinadas e tratar os dados de acordo com as políticas de privacidade e o ordenamento jurídico. O operador e o controlador também respondem pelos danos patrimoniais, morais, individuais ou coletivos, a exemplo de violações da legislação e que exijam algum tipo de reparação.
ENCARREGADO — pessoa indicada para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). A identidade e as informações de contato do encarregado devem ser públicas, claras e objetivas. Ele deve aceitar reclamações e comunicações dos titulares dos dados; prestar esclarecimentos e adotar providências; receber comunicações da autoridade nacional e adotar providências; orientar os funcionários e os contratados da organização sobre as práticas a serem tomadas em relação à proteção de dados pessoais; e executar as demais atribuições determinadas pelo controlador ou estabelecidas em normas complementares (art. 41, § 2º).
Esta matéria foi escrita por Raquel Sacheto e está publicada na Edição 31 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Tivemos a participação ativa dos nossos 25 cooperados e um apoio essencial da Universidade Estadual da Paraíba, que trouxe a tecnologia de dessanilização e adaptou à realidade dos assentamentos”, conta Jonas Marques, presidente da Coonap-PB. “É uma tecnologia de baixo custo e muita efetividade. Contribui principalmente para a autonomia dos agricultores familiares. Mostra que podemos fazer acontecer por nós mesmos.”--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- FICHA TÉCNICA Cooperativa: Cooperativa de Trabalho Múltiplo de Apoio às Organizações de Auto Promoção (Coonap) Projeto vencedor: Dessalinizador Solar de Baixo Custo Ramo: Trabalho Estado: Campina Grande, Paraíba Beneficiados diretos: 37 famílias de agricultores familiares ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Esta matéria foi escrita por Guaira Flor e está publicada na Edição 24 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
MAIS INCLUSÃO
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Eu queria me transformar, mantendo viva a memória da minha filha, mas fazendo algo que fosse bastante significativo. Porque eu tenho certeza de que era isso o que ela gostaria que eu fizesse”, completa. Uma ideia que foi amadurecendo e crescendo até chegar ao formato de cooperativa.Desde o início, a intenção da Bordana era atender mulheres com dificuldades de se inserir no mercado de trabalho, que encontrariam no bordado uma oportunidade de trabalho e renda. Para levar o projeto adiante, Celma fez uma parceria com a incubadora social da Universidade Federal de Goiás (UFG) e recebeu apoio para estudar e dar início à cooperativa. Quando começaram as atividades, a Bordana era formada por 10 mulheres. Já na fundação oficial, em 2011, eram 34. Atualmente, a cooperativa goiana conta com 21 mulheres e um homem. “Muitas mulheres acabaram saindo, porque mudaram de bairro”, conta.
DESAFIOS
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Queremos introduzir novas técnicas na cooperativa, com foco em um maior resultado financeiro”, diz, sobre o futuro.Atualmente, a Bordana mantém uma loja no Shopping Bougainville, localizado em um bairro nobre da capital goiana. Com a pandemia e a consequente queda nas vendas, a cooperativa buscou formas de se manter no mercado por meio das redes sociais – em especial, o Instagram – e também fez parcerias com grandes marcas, como o Magazine Luiza, onde hoje mantém uma loja virtual.
PAIXÃO PELO COOPERATIVISMO
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Celma destaca que, no meio da caminhada de construção da Bordana, descobriu sua paixão pelo cooperativismo. Ela acredita, entretanto, que muita coisa ainda pode (e deve) ser melhorada em nosso movimento – em especial, a intercooperação.
É preciso que as maiores [cooperativas] olhem mais para as menores e ajudem a fortalecer a ideia de cooperativismo enquanto modelo de negócio, para que mais pessoas possam participar e se beneficiar desse que é o modelo do futuro”, aposta.“A gente já viu que, de forma individual e com base em um capitalismo ganancioso e sem escrúpulos que passa por cima de tudo, nossa sociedade não vai crescer. É preciso pensar um novo modelo de negócios que faça inclusão social e econômica; que pense nas pessoas de verdade. E o cooperativismo faz isso.”
DIVISOR DE ÁGUAS
É com essas palavras que Rosenelia Theiss, 65 anos, define a sua relação com a Bordana, de quem é cooperada desde a primeira reunião, em 2008.Eu era muito tímida; não conseguia falar em público, sempre muito retraída. Na Bordana, nós fizemos vários cursos, fizemos exposições e, com isso, a vida foi mudando bastante. Pra mim, foi uma diferença da água pro vinho: antes e depois da Bordana. Aliás, não só para mim, como para a maioria das nossas cooperadas”, revela.Na avaliação de Rosenelia, que não sabia a arte do bordado, a cooperativa foi uma “superação coletiva” para as mulheres que resolveram abraçar o projeto. “Para mim, foi uma válvula de escape. Fiz cursos, gostei muito de bordar. Agora, o bordado faz parte da minha rotina. Aliás, nessa pandemia, o trabalho manual foi a minha salvação, porque ele é terapêutico. Não podia sair de casa, então, eu ficava bordando.” A cooperada Gleidy Marques, 53 anos, afirma que, antes de entrar para a cooperativa, bordava por conta própria, quando recebia encomendas. Agora, entretanto, a palavra-chave é união. “A gente trabalha juntas, unidas. Sou uma das donas da cooperativa, mas esse trabalho é em união. Fica mais fácil para lidar com as coisas. Você sempre tem ajuda. É muito aprendizado”, destaca. Sócia fundadora da Bordana, Gleidy conta que, no início, as mulheres se reuniam, mas não sabiam direito o que queriam fazer. A partir das discussões em conjunto, chegaram ao consenso de criar uma cooperativa de bordado. “A gente queria resgatar os pontos da vovó, que hoje em dia quase não se faz mais. E queríamos fazer o resgate do bioma Cerrado. Unindo as nossas ideias, chegamos a essa conclusão. Eu amei a ideia [de criar uma cooperativa] porque eu já bordava [ponto cruz], mas quase não trabalhava com o bordado livre.” Para dar conta da missão, ela conta que, ao lado de outras cooperadas, foi buscar capacitação em bordado em uma associação na capital goiana. “O que a gente aprendia lá, trazia e ensinava na cooperativa”, revela. E não foi só sobre linhas e pontos que Gleidy procurou saber mais. Foram nove meses de aulas sobre cooperativismo, com a ajuda da UFG; inúmeras palestras sobre gestão de negócios; atualização sobre ferramentas e programas de computador (como o Excel), e de conhecimento sobre o mercado e a concorrência.
A gente vai crescendo, como cooperado e como pessoa”, garante.__________________________________________________________________________________________________________________________________ Vitrine nacional O trabalho feminino e manual com linhas e agulhas desenvolvido pela Bordana foi destaque no Relatório de Gestão 2019 da OCB, que contou com os bordados feitos pelas mãos talentosas das cooperadas de Goiânia. O intuito era mostrar que os resultados do nosso sistema são como um grande bordado, feito ponto a ponto, com suor, risos, lágrimas e paixão. Para Celma, foi um orgulho ilustrar um dos mais importantes documentos da OCB. “Eu tenho certeza de que esse é o caminho. Achei superbacana a OCB procurar uma cooperativa para fazer o trabalho [de ilustrar], especialmente o relatório, que é um momento tão importante e tem tanta visibilidade. É essa intercooperação que tem de existir e se fortalecer cada vez mais”, destaca. __________________________________________________________________________________________________________________________________ --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Inspiração para livro A história de vida de Celma virou inspiração e se transformou em livro. Um sonho feito de linhas é uma narrativa baseada em histórias reais de consultoras de uma empresa de cosméticos. De autoria da psicóloga e escritora de obras infantojuvenis Ana Carolina Carvalho, o livro foi lançado em setembro – mês em que se celebra o Dia Mundial da Alfabetização e da Educação Básica no Brasil. As ilustrações são de Andreia Vieira. A autora ouviu muitas mulheres desbravadoras que superaram desafios, em diferentes partes do país, e escreveu a obra, uma espécie de “colcha de retalhos” feminina. Celma destaca que a empresa que escreveu o livro teve um papel muito importante de apoio à Bordana, em diferentes momentos. Em 2013, o cooperativa recebeu o Prêmio Acolher, destinado a apoiar consultoras que desenvolvem ações sociais. Além de R$ 15 mil para o projeto, Celma recebeu um ano de consultoria técnica como premiação. “Foi muito importante, porque a gente estava começando e aprendi muito sobre gestão e empreendedorismo social”, afirma. Também por indicação dessa empresa, Celma chegou a ser finalista do Prêmio Mulher, da Revista Claudia, em 2015, destinado a contar a história de mulheres inspiradoras. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Esta matéria foi escrita por Lílian Beraldo e está publicada na Edição 31 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Esta matéria foi escrita por Paula Andrade e está publicada na Edição 31 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação

Para mim é sempre especial trabalhar com o cooperativismo, porque está dentro da nossa filosofia de colaborar e trabalhar em equipe. Há praticamente 10 anos nós iniciamos uma parceria com uma cooperativa que fez todo o sentido, porque podemos aprender ainda mais sobre esse tema. Eu me sinto muito confortável em poder falar sobre o cooperativismo, porque é algo que vem desde a nossa infância dentro de casa, passando pela carreira no esporte, até a filosofia da nossa empresa”, explica Guga.Idealizada pelo Sistema OCB e assinada pelo movimento SomosCoop, a campanha publicitária tem quatro objetivos principais:
- Difundir o cooperativismo para a sociedade;
- Estimular potenciais empresários a adotarem o cooperativismo como modelo de negócio;
- Incentivar as cooperativas a adotarem o carimbo SomosCoop;
- Fazer nosso público interno cada vez mais engajado e orgulhoso de ser coop.
DIVULGAÇÃO EM ONDAS
Para garantir a visibilidade do cooperativismo tanto em meios tradicionais, como TV e rádio, quanto nas internet, nossa campanha será dividida em duas ondas. A primeira delas acontece na primeira quinzena de novembro e a segunda na primeira quinzena de janeiro (veja imagem).No intervalo entre as ondas teremos a sustentação exclusivamente on-line, nas redes sociais”, explica a gerente de comunicação do Sistema OCB, Daniela Lemke. “Após a campanha, continuaremos contando com a imagem do Guga em nossa comunicação”.Vale destacar, atualmente, o tenista lidera, ao lado do irmão, uma holding que tem como visão semear bons princípios e como missão gerar oportunidades e negócios com responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. Uma sintonia total com o nosso modelo de negócios.

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50 milhões de brasileiros
estão ligados de alguma forma a uma cooperativa. Esse número equivale a 25% da população brasileira, se somarmos o número de cooperados, familiares, empregados e fornecedores diretos; -
425,3 mil empregos
gerados -
R$ 7 bilhões injetados na economia por meio de impostos e tributos recolhidos
-
828
cooperativas
Esta matéria foi escrita por Guaira Flor e está publicada na Edição 31 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
"Já pensamos inclusive em ampliar o projeto para outras escolas porque percebemos o impacto positivo que ele tem na vida e no futuro das adolescentes. É uma iniciativa que dialoga com o nosso negócio, ou seja, com a promoção de saúde”, comemorou Camile Bruns, que coordenava a área de Responsabilidade Social da Unimed Brusque na época da premiação.Um dos segredos do sucesso do programa é a multiplicação de conhecimento entre as próprias alunas. Após aprenderem sobre métodos contraceptivos e DST, elas passam esse conhecimento para as amigas de outras turmas. Tudo de um jeito muito simples e fácil de entender, para garantir a adesão do maior número possível de meninas. Depois de vencer o Prêmio SomosCoop 2018, a Unimed Brusque intensificou o projeto, ampliando-o para o público masculino. Uma maneira de abrir o diálogo da prevenção da gravidez também com os adolescentes do sexo masculino. Afinal, eles precisam entender que a contracepção não é uma tarefa exclusiva das meninas, que acabam sendo culpabilizadas em caso de gravidez.
Esta matéria foi escrita por Juliana César Nunes e está publicada na Edição 24 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Nós temos a oportunidade de vivenciar todos os dias o cooperativismo na nossa instituição. Os alunos podem colocar em prática o que aprendem em sala de aula e aplicar isso ao longo da vida. O potencial de difusão do cooperativismo é enorme”, comemora Pelegrini.Uma das iniciativas já realizadas com os alunos: envolvê-los na vivência do processo eleitoral. Eles puderam participar de uma campanha interna para eleger quem seriam os responsáveis pela administração da cidade. As instalações e as atividades curriculares foram adequadas para que as iniciativas dos pequenos gestores pudessem sair do papel, guiadas por valores do cooperativismo como criatividade e consciência crítica.
Esta matéria foi escrita por Juliana César Nunes e está publicada na Edição 24 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação

Esta matéria foi escrita por Paula Andrade e está publicada na Edição 25 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
As cooperativas são inovadoras e criativas e promovem uma matemática em que 1+1 é igual a 3", disse o pontífice.Na ocasião, ele ainda destacou como o cooperativismo transforma realidades sociais e combate práticas de mercado injustas. Mas esta não foi a primeira vez que Francisco mencionou o cooperativismo. Em 2015, ele associou o princípio da solidariedade – parte da doutrina social da Igreja Católica – com o trabalho das cooperativas e elogiou sua busca “pela relação entre a economia e justiça social” observando “sempre a pessoa e não o dinheiro”. Mais cedo, no mesmo ano, ele já havia afirmado que cooperativas “têm enfrentado as dificuldades da crise econômica com os seus meios, unindo forças, e não às custas de outros.” No Brasil, em 2016, a mensagem cooperativista chegou às casas de milhões de telespectadores que acompanharam a novela “Velho Chico”. Na trama, o protagonista Santo (interpretado pelo saudoso Domingos Montagner) foi eleito presidente de uma cooperativa de pequenos produtores agrícolas que enfrentava os desmandos de um coronel. Quando Santo desapareceu, seu filho Miguel (Gabriel Leone) passou a liderar a cooperativa, enfatizando o desenvolvimento sustentável. "Você concorda em continuar produzindo do jeito convencional? Jogando veneno na terra? No rio? Extraindo o resto de vida do solo?", questionava em cena. Além de estar na pauta do dia, o cooperativismo tem mostrado sua popularidade com o interesse crescente de personalidades, empresas e entidades do terceiro setor, que cada vez mais buscam se associar ao que as cooperativas defendem: comércio justo, desenvolvimento econômico com responsabilidade social e sustentabilidade. A atriz Emma Watson, embaixadora da boa vontade das Organizações das Nações Unidas (ONU) costuma ir a eventos de gala com vestidos feitos por marcas “eticamente responsáveis”. Ou seja, marcas que evitam promover sofrimento e desgaste no processo de fabricação de seus produtos, levando em consideração tanto recursos naturais quanto humanos. Uma de suas parceiras é a Zady , marca parceira de cooperativas que produzem tecidos na Índia e em fazendas de orgânicos nos Estados Unidos. A Fundação Nobel — responsável pelos Prêmio Nobel da Paz, de Química, Física, Medicina e Literatura — também contrata, desde 2015, duas cooperativas mineradoras colombianas para fazer suas medalhas: a Codmilla Cooperativa e a Cooperativa Agromineradora de Iquira. “É um reconhecimento do trabalho árduo, porém decente, que estamos fazendo em uma comunidade tradicional mineradora para garantir o sustento de nossas famílias e o desenvolvimento de nossas comunidades. Todos os dias arriscamos nossas vidas nas profundezas das montanhas e, além disso, é um desafio viver em paz em um país com tantos conflitos”, disse Harbi Guerrero, membro da Codmilla, por ocasião do segundo ano de fabricação das medalhas do Nobel. Com a repercussão gerada pelo prêmio, ambas as mineradoras passaram a ser contratadas por marcas de joias eticamente responsáveis de todo o mundo. DESIGN COOPERATIVO [caption id="attachment_76428" align="alignnone" width="1920"]

Fomos buscar parcerias para desenvolver um projeto de promoção comercial. Não queríamos apenas compradores, mas pessoas que entendessem que a nossa madeira vem de uma comunidade tradicional, que é certificada, e cujo manejo preserva a floresta, zela por suas populações e gera benefícios socioambientais. Queríamos pessoas que entendessem todo o valor por trás desse trabalho”, explica Angelo.Ao longo desta busca, alguns cooperados participaram de uma oficina da BVRio. Lá, surgiu a ideia de levar designers para a cooperativa. O projeto Design & Madeira Sustentável foi formatado, então, com o objetivo de levar esses profissionais para transmitirem seus conhecimentos sobre a criação de móveis para a região. Em muitos casos, desses encontros surgiram novas e produtivas parcerias comerciais. UM OUTRO OLHAR [caption id="attachment_76429" align="alignnone" width="5760"]

A ideia era provocá-los e mostrar possibilidades. Queria que olhassem para a madeira e imaginassem como seria possível criar uma cama, uma cadeira. Ao final da minha estadia, um dos madeireiros me falou: ‘Nunca mais vou conseguir olhar para um galho sem pensar em tudo que dá pra fazer a partir dele’. Isso para mim é o mais interessante”, recorda o designer.Ainda segundo Paulo Alves, mais do que simplesmente criar uma dinâmica em que a cooperativa forneça mão de obra, o projeto busca capacitá-la a produzir suas próprias peças de design. Ângelo, o analista ambiental da Coomflona, confirma que o principal objetivo é promover “o empoderamento da comunidade por meio da sua história de lutas, de decisão e de território”. Animado, ele conta como foram os primeiros resultados da parceria com Paulo Alves: “Ele acabou desenhando um projeto sofisticado para a gente desenvolver, fizemos um protótipo e fomos a São Paulo visitá-lo e acompanhá-lo numa feira de design. Ele nos disse que estamos preparados para competir no mercado nacional, para estar com grandes designers. Foi legal ver que o nosso trabalho não tem sido em vão e que estamos oferecendo o que pessoas que têm consciência ambiental estão buscando.” MARKETING SOCIAL [caption id="attachment_76430" align="alignnone" width="1024"]

O sétimo princípio do cooperativismo, que é o interesse pela comunidade, é um tipo de marketing social. Então algo que as cooperativas já fazem como obrigação, como princípio, pode fazer com que elas sejam vistas com outros olhos”, explica.Esta é a aposta da Coomflona: focar no consumo consciente como tendência que os consumidores mais atentos já têm buscado. Além das sessões de capacitação, o projeto Design & Madeira Sustentável prevê participação em feiras de negócios, a realização de uma exposição em 2019 e a produção comercial de algumas peças. Carlos Motta, o primeiro designer a visitar a Coomflona já colocou no mercado uma linha de 12 bowls e 3 modelos de bancos produzidos na Coomflona. A cooperativa trabalha, agora, na implementação de uma serraria para poder dar melhor tratamento e finalização às peças e para aumentar a escala de produção. Atualmente, desenvolvem apenas peças sob encomenda e têm em designers, hotéis e construtoras seus principais clientes. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A Coomflona desenvolve móveis apenas sob encomenda. Para saber mais, procure por Comflona na internet, ou mande um e-mail para
Esta matéria foi escrita por Naiara Leão e está publicada na Edição 24 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
A conheço profissionalmente e pessoalmente. É uma mulher dura, mas serena. Uma mulher meiga, amiga e determinada”, conta.O dinamismo e comprometimento da hoje ministra foram sendo reconhecidos e ela então começou a ser convidada a participar da diretoria de várias federações e associações que representam o setor agropecuário brasileiro. “A dedicação à área pública sempre esteve presente em minha família”, conta Tereza. Ela é bisneta de Pedro Celestino Corrêa da Costa e neta de Fernando Corrêa da Costa, ex-governadores de Mato Grosso (quando o estado ainda não havia sido separado). Entre 2007 e 2014, Tereza Cristina assumiu a Secretaria Estado de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo do Mato Grosso do Sul (Seprotur). Em sua gestão, conseguiu importantes conquistas para o estado. Uma delas foi tornar o MS livre da febre aftosa. A conquista foi reconhecida internacionalmente por meio da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Nesse período como secretária, a agricultura do Mato Grosso do Sul cresceu 12% ao ano. Em sete anos, o PIB do estado aumentou 152,42%. Os empregos na área industrial também dispararam: o aumento foi de 40,7%. Após essa experiência, foi eleita deputada federal para o seu primeiro mandato pelo estado de Mato Grosso do Sul, entre os anos de 2015 a 2018. “Meu foco sempre foi o desenvolvimento do país”, afirma. Nesse período, continuou buscando melhorias para o setor agropecuário e para o seu estado. A busca, ela faz questão de enfatizar, sempre foi por legislações mais eficientes e justas.
Buscamos melhorias em questões fundamentais para o setor produtivo nacional, como o crédito rural, investimentos em política agrícola, renegociação de dívidas, fortalecimento das relações comerciais, abertura de mercado para o Brasil, direito de propriedade, dentre outras pautas”, explica.Em 2018, foi reeleita para a legislatura que se encerra em 2022, mas encontra-se afastada do mandato para se dedicar ao Mapa. UNÂNIMIDADE [caption id="attachment_76353" align="alignnone" width="853"]

Nós tínhamos vários perfis. Temos excepcionais parlamentares lá dentro. Mas no pente fino que fizemos, ela preenchia todos esses requisitos. Não havia pessoa mais adequada para assumir essa responsabilidade”, recorda Marcos Montes (MG), então deputado da Frente.Ainda segundo o secretário, todos ficaram animados com a escolha. “Podemos ver a receptividade com que ela foi recebida em todos os meios. No meio parlamentar, não apenas na nossa Frente, mas em todas as bancadas. Ele também foi muito bem recebida pelos produtores rurais e pelo meio empresarial”, conclui. Naquela época, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, também comemorou a escolha. “A deputada sempre atuou na defesa dos produtores rurais brasileiros e agora terá condições de trabalhar ainda mais em benefício do setor”, destacou. MADRINHA [caption id="attachment_76344" align="alignnone" width="1280"]

Esta matéria foi escrita por Tchérena Guimarães e está publicada na Edição 24 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
O que percebo, tanto aqui quanto em outros países, é que o principal obstáculo à constituição dessas cooperativas ainda são as pessoas. É difícil reunir um grupo, sentar todos em uma sala e fazê-los fechar um acordo. Elas ainda não sabem abrir mão das suas vontades pessoais em prol de um bem maior. Esse é o principal desafio do cooperativismo de plataforma em todo o mundo”, lamenta.Já o professor-doutor e diretor geral da Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo (Escoop), Mário de Conto acredita que faltam instrumentos na legislação brasileira para apoiar o desenvolvimento de iniciativas como essas. “Analisando as características da Lei Geral das Cooperativas, evidentemente, há desafios que concernem à novidade do modelo, como formas de efetivar a participação democrática e o processo de tomada de decisões em um contexto digital”, pondera. BENCHMARKING INTERNACIONAL [caption id="attachment_76307" align="alignnone" width="1170"]

Antes de fazerem parte da cooperativa, essas mulheres ganhavam muito mal e não tinham garantia de serem pagas pelo serviço que prestavam. Às vezes limpavam a residência e o dono dizia estar sem dinheiro para pagá-las na hora. Outras vezes, pagavam as passagens para ir até a casa do cliente e, ao chegar, eram avisadas que ele tinha desistido. Com isso, tinham um prejuízo grande porque não eram ressarcidas pelo deslocamento”Desde 2006, o CFL capta fundos e oferece suporte técnico e financeiro à criação de cooperativas de plataforma nas áreas de serviços de limpeza e cuidado de crianças pequenas. “Nossa equipe trabalha para ajudar esses trabalhadores a constituírem sua cooperativa, ajudando a definir como deve ser o site, o aplicativo, o atendimento aos clientes, a política de preços e as assembleias de cooperados”, resume Sylvia, que também participou como palestrante do 14º CBC. No caso da Up and Go, por exemplo, cada cooperada recebe 95% do valor pago pelos clientes. Os outros 5% são revertidos para o fortalecimento da plataforma.
Antes, quando trabalhavam como empregadas de outros sites que oferecem serviços de limpeza, elas recebiam bem menos por hora trabalhada. E isso, apesar de o cliente pagar mais caro que na pelo serviço”, constata a gerente do CFL.Além de ganharem mais como cooperadas e de serem as donas do próprio negócio, as mulheres da Up and Go utilizam os 5% destinados para a plataforma para fortalecerem o próprio negócio e para garantirem alguns benefícios importantes para elas, como cursos de inglês e capacitação profissional. “A cooperativa empodera essas mulheres e muda as vidas delas e a de suas famílias”, comemora Sylvia. De acordo com a norte-americana, as cooperativas têm impactado tão positivamente Nova Iorque que a cidade foi a primeira dos Estados Unidos a criar um fundo exclusivo para o financiamento desse tipo de empreendimento. “As cooperativas de plataforma têm ajudado a incluir públicos que nem sempre encontram boas oportunidades de trabalho no mercado formal, como as mulheres, os negros e os imigrantes. Por isso, elas têm recebido suporte de entidades públicas e privadas para se desenvolverem no meu país”, constata. Sylvia acredita que essas incubadoras de cooperativas de plataforma poderiam funcionar também no Brasil. “Vocês têm uma organização que cuida especificamente do cooperativismo”, diz, referindo-se ao Sistema OCB. “Esse é um primeiro passo importante, porque já existe um centro de referência para os trabalhadores que desejem montar uma cooperativa no país. O próximo passo é buscar apoio de outras organizações públicas e privadas para criar um ecossistema favorável à criação de cooperativas de plataforma no Brasil”, conclui.
Esta matéria foi escrita por Karine Rodrigues e Guaira Flor e está publicada na Edição 26 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Dirigindo para os aplicativos, posso alternar os meus horários. Se eu não conseguir trabalhar de manhã, vou à noite. Se eu não lucrar bem na semana, posso ir no sábado e no domingo”, explica.Só existe um problema: ele e tantos outros motoristas de aplicativo estão dividindo o resultado de seu trabalho com os donos da plataforma, perpetuando um modelo de trabalho que explora a mão de obra do trabalhador em busca do maior lucro possível, sem lhe dar nenhuma garantia ou segurança jurídica. Ao perceber essa realidade, pesquisadores dos Estados Unidos e Europa começaram a se perguntar: não seria mais justo que os motoristas fossem os verdadeiros donos do negócio, já que possuem o carro e fornecem a mão de obra? E se os princípios cooperativistas, consolidados na busca por relações mais dignas, justas e solidárias fossem aliados à veia democrática da internet, nascida da noção pública de propriedade coletiva? E se, no contexto de economia compartilhada, pudéssemos desenvolver alternativas de negócios conduzidas por ideais comunitários? E foi para responder a essas perguntas que surgiu um novo conceito: o cooperativismo de plataforma — proposta de empreendimento que combina os princípios e os valores do cooperativismo com o imenso potencial disruptivo das novas tecnologias da informação. O COMEÇO DE TUDO [caption id="attachment_76300" align="alignnone" width="800"]

Eu estudo as mudanças trazidas pela internet no mercado de trabalho desde 2008 e fui percebendo que as relações estabelecidas entre algumas plataformas de serviço e as pessoas são uma nova forma de exploração da mão de obra do trabalhador ainda mais perversa que a anterior, pois lhes tira todos os direitos e benefícios, maximizando ao extremo o enriquecimento dos donos dessas plataformas”, critica.De fato, de acordo com o IBGE, o rendimento de um trabalhador informal é, em média, 40% menor do que quem atua com carteira assinada. Também é importante lembrar da falta de garantias para os funcionários nessas plataformas de compartilhamento. O que mais preocupa Ezequiel Avelino, motorista de aplicativos, é a segurança. Em uma situação de sequestro ou roubo, enquanto estiver dirigindo, o prejuízo é 100% do dono do automóvel. Por isso, ele pondera ao aceitar corridas em determinados horários e lugares, o que pode colocar em risco sua pontuação nos apps. Em poucos cliques — medido em estrelinhas que variam de uma a cinco — está na mão do consumidor o poder de classificar um motorista da plataforma. Quem ficar abaixo de uma média de corte, que controla a qualidade dos funcionários, pode ter o cadastro suspenso ou cancelado. POR UMA RELAÇÃO MAIS JUSTA [caption id="attachment_76305" align="alignnone" width="5760"]

Esta matéria foi escrita por Karine Rodrigues e Guaira Flor e está publicada na Edição 26 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Minha evolução enquanto profissional se confunde muito com o próprio desenvolvimento do Sicredi e a necessidade de busca por novos conhecimentos e metodologias que pudesse aplicar aqui. Sempre tive aqui muito apoio, tanto de me darem força e incentivo quanto financeiro”, conta.O acesso aos estudos fomentados pela cooperativa foram, além de uma ferramenta profissional, uma conquista pessoal. Rogério, que veio de família humilde, começou a trabalhar como auxiliar de oficina mecânica aos 14 anos e sempre quis crescer por meio dos estudos, pois essa era a orientação dos seus pais. “Eles diziam que a gente precisava buscar crescer, enquanto pessoa, por meio dos estudos”, conta. Hoje, homem feito, tenta cultivar no Sicredi União a cultura de aperfeiçoamento que um dia lhe foi passada. Atualmente, a cooperativa tem um curso de MBA somente para os colaboradores, chamado Academia Cooperativa. A primeira turma forma-se em outubro deste ano. E há também uma Escola de Talentos, que funciona com pequenos módulos de formação ao longo de 12 meses, e todos os funcionários participam. Além disso, Rogério destaca que, antes de colocarem a mão na massa, todos os novos funcionários passam quinze dias de trabalho em um projeto de integração:
Eles têm esse tempo para conhecer a cultura cooperativa e enxergarem que, no cooperativismo, as pessoas são valorizadas pelo que são, e não pelo que têm. Isso ressignifica a forma como se veem como profissionais. Por isso, nossos profissionais atuam com paixão e engajamento em tudo o que fazem”.Na avaliação do executivo, essa é uma forma de manter coesão na cooperativa — que tem 1.300 funcionários (300 contratados somente em 2019 para 25 novas agências) e é uma das quatro maiores do Brasil. “Construímos isso com respeito aos colaboradores, humildade nas nossas ações e coerência naquilo no que somos. Passamos para o time nosso posicionamento no mercado, de maneira clara. Aqui, buscamos não só o desenvolvimento técnico das pessoas, mas o interpessoal”
Esta matéria foi escrita por Naiara Leão e está publicada na Edição 27 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
É um movimento interessante, pois, enquanto os bancos tradicionais estão caminhando no sentido da completa digitalização do relacionamento com o cliente, o cooperativismo financeiro — mesmo adotando a tecnologia —, faz questão de manter uma relação de proximidade, de olho no olho com o cooperado”, observa.Tal proximidade “gera um laço mais firme de confiança entre o cooperado e sua cooperativa financeira”, diz Clara. Além disso, alinha-se aos princípios cooperativistas ao promover o desenvolvimento sustentável com a criação de postos de trabalhos para aquecer a economia local, gerando trabalho e renda para profissionais com perfis variados, como Jonathan Villalba, assistente financeiro do Sicoob Norte em Porto Velho (RO). Contratado em maio deste ano, Jonathan sentiu na pele os efeitos da crise econômica ao ficar desempregado por seis meses. A empresa em que ele trabalhava como gerente administrativo, no Paraná, decretou falência, e ele se viu sem trabalho pela primeira vez, aos 34 anos. Incomodado, avaliou que a situação do estado não era boa e decidiu buscar novas oportunidades em Rondônia, onde viveu por alguns anos, anteriormente. Lá, não encontrou uma situação muito diferente. Muitas empresas recusavam-se a contratá-lo porque tinham um teto salarial incompatível com sua experiência. “Foi difícil, encontrei muita dificuldade em recolocação no mercado de trabalho”, lembra. Desgastado pela busca, Jonathan optou por mudar a rota profissional e investir em um antigo sonho: trabalhar no mercado financeiro. Tirou uma certificação e partiu em busca de oportunidades na nova área. “No entanto, desta vez me deparei com outro obstáculo — a idade —, pois as grandes instituições financeiras no país costumam contratar assistentes de até 25 anos”, diz. A oportunidade que ele buscava surgiu no Sicoob Norte. “Encontrei uma oportunidade de recolocação e a realização de um sonho de menino, de trabalhar de roupa social em uma instituição financeira. Foi uma oportunidade importante, pois o Sicoob não faz distinção de idade”, diz. Hoje ele credita sua oportunidade ao mesmo fator apontado pela gerente do Sistema OCB: a capilaridade de um sistema que investe em contato presencial para se expandir. “Nosso sistema tem tudo para continuar crescendo, devido ao excelente atendimento, que é diferenciado justamente por ser personalizado”, afirma Jonathan. GESTÃO PROFISSIONAL [caption id="attachment_76226" align="alignnone" width="512"]

Eles me convidaram para que eu viesse conhecer a cooperativa e, até então, eu não conhecia bem o cooperativismo. Comecei a estudar a história e o modelo de negócios pelo mundo. Me encantei”, relembra Márcia.Além disso, ela achou que a proposta de trabalho era mais desafiadora do que o que ela encontraria em uma instituição tradicional. “O Sicredi me oferecia um desafio maior, por atuar com uma marca nova em São Paulo, que é uma praça forte e consolidada. Inserir uma marca aqui é difícil e requer muito conhecimento técnico. E eu quis muito esse desafio.” Em dois anos no cargo, Márcia e sua equipe conseguiram implantar uma assessoria de investimentos e entregar as metas inicialmente propostas. Ela também fez uma formação internacional em cooperativismo, na Alemanha. As propostas de trabalho continuam chegando (“o mercado assedia bastante, viu?”), mas o ambiente de trabalho saudável é, para ela, algo valioso. “O Sicredi me abraçou. A diretoria e a presidência entenderam as ideias que eu trouxe, a mudança de cultura na forma de ver investimentos que propus. Eles abraçaram a causa e me veem não como gestora, mas como pessoa. Sabe aquela coisa de assistir à televisão no domingo à noite com preguiça de vir trabalhar no dia seguinte? Comigo não tem isso: eu amo trabalhar aqui”, conta. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Estados que mais empregam ESTADO NÚMERO DE EMPREGADOS CRESCIMENTO ENTRE 2017 E 2018 Paraná 12.055 21,1% Minas Gerais 11.439 14,5% Rio Grande do Sul 10.719 11,4% Santa Catarina 9.519 15,3% São Paulo 6.860 7.7% *Números absolutos de 2018. Variação percentual entre 2017 e 2018. Dados Anuário OCB 2010. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Estados em que a empregabilidade mais cresce* ESTADO NÚMERO DE EMPREGADOS CRESCIMENTO ENTRE 2017 E 2018 Amazonas 80 196,3% Tocantins 395 59,9% Sergipe 54 38,5% Ceará 273 25,2% Piauí 42 23,5 * Números absolutos de 2018.Variação percentual entre 2017 e 2018. Dados Anuário OCB 2018. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
AGENDA BC# Reconhecendo o potencial de crescimento, empregabilidade e inclusão financeira do cooperativismo financeiro, o Banco Central destacou a importância do setor no lançamento da Agenda BC#, em junho deste ano. “Mesmo durante as crises na década anterior, o cooperativismo manteve-se firme na trajetória de crescimento. A gente precisa agora consolidar essa atuação”, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos, no evento. A Agenda BC# lista medidas para melhorar a saúde financeira do brasileiro e, por consequência, a economia do país, com foco em quatro pilares: Inclusão — o foco dessa dimensão é facilitar o acesso ao mercado financeiro para todos: pequenos e grandes, investidores e tomadores, nacionais e estrangeiros. Entre as medidas para alcançar esse objetivo, estão plataformas digitais, menos burocracia e simplificação de procedimentos. É intenção do BC atuar para que fontes privadas de financiamento ocupem mais espaço no mercado, de forma que se permita a redução da participação do governo nesse segmento. Competitividade — busca a adequada precificação por meio de instrumentos de acesso competitivo aos mercados. Há diversas inovações, impulsionadas por tecnologia, que incentivam a competição. Paralelamente, há desafios para reduzir barreiras, agilizar procedimentos e gerenciar riscos. Transparência — nessa dimensão, trabalha-se para aprimorar o processo de formação de preço e as informações de mercado e do BC. Ela investe no incremento da comunicação, na avaliação de resultados e na simetria de informação. Para tanto, é fundamental o relacionamento com parlamentares, investidores e o grande público. O BC trabalha para que a informação flua transparentemente em todos os aspectos, como no direcionamento de crédito e nos serviços financeiros. Educação — a dimensão Educação almeja conscientizar o cidadão para que todos participem do mercado e cultivem o hábito de poupar. Nesse sentido, é chave a participação de agentes de mercado, como cooperativas e distribuidores de microcrédito. Para atingir alta capilaridade, a dimensão prossegue também no esforço de plena implementação da Base Nacional Comum Curricular, de que consta a educação financeira como conteúdo programático elegível para escolas.
Esta matéria foi escrita por Naiara Leão e está publicada na Edição 27 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
“Antes da pandemia, nossas capacitações eram feitas no modo presencial, reunindo um grande número de cooperados. Agora elas são feitas via web”, constata Ricardo Khouri, presidente da cooperativa.Como isso está acontecendo? Por meio de um aplicativo, no qual o quadro técnico recebe orientações via comunicados e até videoconferências. Além disso, o planejamento da safra 2020/2021 também não foi feito nos moldes tradicionais, porque os cooperados — habituados a uma relação de proximidade com os técnicos — passaram a recorrer mais a computadores ou aplicativos de celular para essa comunicação. “Desde fevereiro, o departamento comercial também tem feito uso mais frequente de plataformas digitais para a aquisição de insumos”, explica o presidente. Segundo Khouri, as atividades do processo produtivo de grãos não sofreram grandes mudanças, tendo em vista as exigências naturais da agricultura: determinadas épocas de plantio, manejo de pragas e doenças, colheita, transporte e armazenamento. A execução dessas atividades, entretanto, precisou incorporar ações de garantia da segurança dos cooperados, como o reforço nos cuidados sanitários, implementação de distanciamento social, uso de máscaras e higienização frequente das mãos e das superfícies de contato. VITRINE VIRTUAL Outra mudança importante foi o aumento da visibilidade da Coapa. Em maio deste ano, por exemplo, Khouri participou de um painel virtual da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins) — maior evento de negócios da Região Norte, que teve sua 20ª edição realizada 100% pela internet.
“Essa experiência foi inédita para mim. Eu falo muito para produtores rurais, para 50 ou até 200 pessoas, mas nessa live eu falei para 1.600 pessoas! Você atinge um público maior e não precisa do aparato de ter de viajar ou promover o deslocamento de produtores. É algo que veio para ficar. É uma revolução no jeito de levar informação para o produtor rural”, analisa o executivo.Para acompanhar o calendário de lives do cooperativismo, acesse a aba de notícias do site somoscooperativismo.coop.br.

“Muitas pessoas estão com o recurso mensal comprometido, tendo de fazer escolhas de consumo. Nesse momento, marcas que antes não estavam no universo digital, mas conseguem se inserir, têm a oportunidade de falar com essas pessoas, que estão mais flexíveis para mudar de fornecedor.”Ainda de acordo com a coordenadora de inovação, as cooperativas devem avaliar a possibilidade de fazer parcerias para inovar em curto prazo, seja para criar uma plataforma de comércio eletrônico, incluir serviços de delivery ou contratar uma agência de marketing digital. “Nesse primeiro momento, é difícil montar uma equipe dedicada a isso, especialmente para as cooperativas de pequeno porte. Então, faz mais sentido fazer parcerias para inovar de forma ágil, barata e eficaz”, orienta.
Esta matéria foi escrita por Mariana Fabre e está publicada na Edição 30 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
A loja on-line é um projeto novo, que surgiu em decorrência da pandemia. Estamos aprendendo a trabalhar com esse novo mercado, pois ainda não temos muita experiência no meio digital. Contratamos uma empresa que criou o site e nos deu total suporte”, relata o presidente da Coopram, Darli José Schaefer.Após ver uma postagem em rede social feita por uma amiga que havia adquirido uma cesta de alimentos da Coopram, a advogada e estudante de gastronomia Jéssica Oliveira resolveu também comprar alguns produtos. “Confesso que sou muito criteriosa com essa coisa de comprar alimento pela internet. Mas eu gostei de lá porque realmente vem tudo muito fresco e de ótima qualidade”, comenta. CLIENTE Há quase dois meses, Jéssica mantém a rotina de fazer uma encomenda por semana e diz gostar da praticidade de poder escolher cada produto que irá compor sua cesta. “Tem ainda a questão de valorizar os pequenos produtores; sempre procuro isso e tenho indicado para muita gente”, afirma. A advogada lembra que não tinha o hábito de fazer esse tipo de compra via internet, mas precisou se adaptar em função da pandemia e acredita que essa tendência será mantida no futuro próximo. Hoje, a Coopram entrega cerca de 30 cestas de produtos por semana na região de Vitória, Vila Velha e Domingos Martins. Nada mal para um cooperativa que sequer possuía serviços de entregas em domicílio.
Foi uma reinvenção necessária para a sobrevivência da cooperativa”, admite Schaefer. “Remanejamos as equipes que estavam paradas, como o caso da área responsável pelo atendimento ao PNAE, para atender a essa nova demanda de delivery. A qualidade dos serviços prestados tem feito a procura pelo nosso site crescer.”--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Vale destacar: o setor de Alimentos e Bebidas foi o que mais cresceu dentro do comércio eletrônico brasileiro no mês de abril, com um aumento de 294,8% no volume de compras em relação a abril de 2019. Os dados são do Compre & Confie, que ainda contabilizou um faturamento do varejo digital brasileiro de R$ 9,4 bilhões em abril, valor 81% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Somente em abril foram realizadas 24,5 milhões de compras via internet no Brasil, 98% a mais do que em abril de 2019. Para saber mais, veja o case da Coopram em Inova.coop.br/radar. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- INFORMAÇÃO IMPORTANTE!

Esta matéria foi escrita por Mariana Fabre e está publicada na Edição 30 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação