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“Muitas pessoas estão com o recurso mensal comprometido, tendo de fazer escolhas de consumo. Nesse momento, marcas que antes não estavam no universo digital, mas conseguem se inserir, têm a oportunidade de falar com essas pessoas, que estão mais flexíveis para mudar de fornecedor.”Ainda de acordo com a coordenadora de inovação, as cooperativas devem avaliar a possibilidade de fazer parcerias para inovar em curto prazo, seja para criar uma plataforma de comércio eletrônico, incluir serviços de delivery ou contratar uma agência de marketing digital. “Nesse primeiro momento, é difícil montar uma equipe dedicada a isso, especialmente para as cooperativas de pequeno porte. Então, faz mais sentido fazer parcerias para inovar de forma ágil, barata e eficaz”, orienta.
Esta matéria foi escrita por Mariana Fabre e está publicada na Edição 30 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
A loja on-line é um projeto novo, que surgiu em decorrência da pandemia. Estamos aprendendo a trabalhar com esse novo mercado, pois ainda não temos muita experiência no meio digital. Contratamos uma empresa que criou o site e nos deu total suporte”, relata o presidente da Coopram, Darli José Schaefer.Após ver uma postagem em rede social feita por uma amiga que havia adquirido uma cesta de alimentos da Coopram, a advogada e estudante de gastronomia Jéssica Oliveira resolveu também comprar alguns produtos. “Confesso que sou muito criteriosa com essa coisa de comprar alimento pela internet. Mas eu gostei de lá porque realmente vem tudo muito fresco e de ótima qualidade”, comenta. CLIENTE Há quase dois meses, Jéssica mantém a rotina de fazer uma encomenda por semana e diz gostar da praticidade de poder escolher cada produto que irá compor sua cesta. “Tem ainda a questão de valorizar os pequenos produtores; sempre procuro isso e tenho indicado para muita gente”, afirma. A advogada lembra que não tinha o hábito de fazer esse tipo de compra via internet, mas precisou se adaptar em função da pandemia e acredita que essa tendência será mantida no futuro próximo. Hoje, a Coopram entrega cerca de 30 cestas de produtos por semana na região de Vitória, Vila Velha e Domingos Martins. Nada mal para um cooperativa que sequer possuía serviços de entregas em domicílio.
Foi uma reinvenção necessária para a sobrevivência da cooperativa”, admite Schaefer. “Remanejamos as equipes que estavam paradas, como o caso da área responsável pelo atendimento ao PNAE, para atender a essa nova demanda de delivery. A qualidade dos serviços prestados tem feito a procura pelo nosso site crescer.”--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Vale destacar: o setor de Alimentos e Bebidas foi o que mais cresceu dentro do comércio eletrônico brasileiro no mês de abril, com um aumento de 294,8% no volume de compras em relação a abril de 2019. Os dados são do Compre & Confie, que ainda contabilizou um faturamento do varejo digital brasileiro de R$ 9,4 bilhões em abril, valor 81% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Somente em abril foram realizadas 24,5 milhões de compras via internet no Brasil, 98% a mais do que em abril de 2019. Para saber mais, veja o case da Coopram em Inova.coop.br/radar. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- INFORMAÇÃO IMPORTANTE! No último dia 7 de abril, foi publicada a Lei nº 13.987, que altera o marco legal do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para autorizar, durante o período de suspensão das aulas, a distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos do programa diretamente aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas públicas de educação básica. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação disponibilizou um manual com orientações para os agentes do setor.
Esta matéria foi escrita por Mariana Fabre e está publicada na Edição 30 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Infelizmente a área cultural, criativa e do entretenimento é a primeira que para e, provavelmente, vai ser a última a voltar. Por isso, essa lei é de extrema importância para o setor", explica.[caption id="attachment_76045" align="alignnone" width="6000"] Crédito: Shutterstock[/caption] A Lei Aldir Blanc atende artistas, contadores de histórias, produtores, técnicos, curadores, trabalhadores de oficinas culturais e professores de escolas de arte e capoeira que estejam sem emprego formal, com comprovada atuação na área nos últimos dois anos e renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa da família. No caso das instituições — dentre as quais, as cooperativas — há uma relação direta entre a execução do fazer artístico e o funcionamento administrativo delas. Daí, a importância do auxílio para a manutenção destes espaços.
Muitas cooperativas, associações e empresas desenvolvem projetos e têm uma estrutura que precisa ser mantida. E como não está sendo possível se apresentar, elas estão financeiramente descobertas. Então, é interessante saber que poderão contar com uma verba para tentar se manter nesse período. É mais um pontinho que a cultura, que a arte, acaba ganhando", defende Marília.Cabe, é claro, lembrar do importante papel que o setor cultural está desenvolvendo no decorrer da pandemia. Basta se perguntar: quantas lives, filmes e programas de televisão você já assistiu? Quantos livros leu? "Um dos grandes salvadores para que as pessoas ficassem em casa e fizessem isolamento social foi poder acessar a cultura das mais variadas formas. Agora tem até empresa se especializando em lives, uma parte do mercado que a arte ainda era um pouco reticente", conclui a produtora. Quer saber mais sobre a Lei Aldir Blanc? Dá uma olhadinha na matéria que selecionamos para você! E para conhecer melhor o compositor que deu nome à lei, assista esse vídeo: [embed]https://www.youtube.com/watch?v=uZ1lDbYRQFE[/embed]
Esta matéria foi escrita por Farol Conteúdo e está publicada na Edição 30 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
- no primeiro trimestre de 2020 houve um crescimento de 32,6% nos pedidos on-line realizados no Brasil em comparação ao mesmo período do ano passado, atingindo um total de quase 50 milhões de transações;
- com o aumento do número de vendas, o faturamento das plataformas de e-commerce teve um incremento de 26,7% em relação ao primeiro trimestre de 2019, totalizando mais de R$ 20 bilhões;
- quase 16 milhões de brasileiros adquiriam algum produto ou serviço pela internet nos três primeiros meses do ano. Alta de 22,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Conseguimos colocar toda a equipe do presencial para trabalhar on-line em 15 dias, o que acho um tempo recorde”, comemora Débora Lima, presidente da Cooplem. Ela explica que, desde o ano passado, havia um projeto de desenvolvimento de uma plataforma de ensino virtual. “A pandemia nos obrigou a acelerar esse processo. Foi desafiador, mas valeu a pena”, comemora.Hoje, todas as aulas, os plantões, as atividades e avaliações da cooperativa funcionam digitalmente em uma plataforma que reúne mais de 7.500 alunos e 140 professores. As aulas são transmitidas ao vivo, nos mesmos horários das antigas turmas presenciais. De casa, os alunos acessam a plataforma da escola (https://online.cooplem.com/) usando login e senha, e participam das aulas por meio do Google Meet — serviço de videochamada que permite reunir até 250 participantes. Antes de colocar a plataforma no ar, a direção da Cooplem teve o cuidado de realizar capacitações virtuais com os professores. Objetivo? Ensiná-los a lidar da melhor forma possível com as novas ferramentas do ensino a distância (EaD). Também foram desenvolvidas atividades de adaptação para alunos ao novo formato de ensino. “Criamos tutoriais, vídeos e posts explicando o passo a passo do ED. Uma equipe foi disponibilizada para dar suporte aos alunos que enfrentassem alguma dificuldade, com colaboradores ajudando a criar os logins e a fazer as configurações necessárias para acessar a plataforma e entender o seu funcionamento. Tem sido uma adaptação para eles, e para nós também”, conta Débora. O novo formato das aulas tem agradado os estudantes. “Particularmente, gosto muito das aulas on-line, porque a gente tem recursos muito bons, como filmes ou músicas, que às vezes não temos condição de usar na aula presencial”, avalia Giovanna Nolasco, aluna da Cooplem desde os 10 anos de idade. Para ela, a única dificuldade do formato digital foi encontrar maneiras de se manter concentrada na telinha do computador.
Fazer as coisas em casa não é fácil, porque tem muito mais distração do que dentro de uma sala de aula. Então você realmente precisa estabelecer um horário fixo, fechar a porta e falar ‘agora não dá pra ter contato com ninguém’”, orienta a estudante.Quando toda essa crise passar, a Cooplem não pensa em retroceder em relação às aulas digitais. “Nosso objetivo, agora, é ampliar nossa atuação on-line, levando nossos cursos para todo o Brasil”, vislumbra Débora. O primeiro passo nesse sentido já foi dado. Em 16 de junho, foi lançado na internet o Cooplem em Casa — nova modalidade de curso 100% digital. Segundo ela, a projeção é alcançar no mínimo 13 mil novos alunos pela rede mundial dos computadores. Dessa forma, a cooperativa atuará nas duas frentes, tanto on-line quanto presencial, nas 12 unidades no Distrito Federal.
Esta matéria foi escrita por Farol Conteúdo e está publicada na Edição 30 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Nestes meses temos aprendido que estar presente faz diferença. As necessidades do mercado mudaram, surgiram novos regulamentos e novas necessidades, mas nós aprendemos que mudar é possível em um período curto de tempo. Fizemos muito mais coisas do que antes fazíamos, e na metade do tempo. Estamos todos trabalhando de maneira muito mais inteligente, poluindo menos e construindo o futuro”, afirma.Além disso, para ajudar as cooperativas com problemas de liquidez financeira, a Liga ofereceu empréstimos com taxas de juro zero. ÁFRICA [caption id="attachment_75989" align="alignnone" width="1920"] Crédito: Banco de imagens[/caption] O continente africano — composto por muitas economias subdesenvolvidas — também tem sofrido com bastante intensidade os efeitos da pandemia. A diretora regional da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) África, Chiyoge B. Sifa, salienta que as cooperativas estão trabalhando em parceria com os governos dos países mais afetados, colaborando tanto com a promoção de políticas públicas quanto promovendo iniciativas próprias de auxílio à população.
“As cooperativas têm tentado se organizar rapidamente para auxiliar os seus membros. Os cooperados também têm colaborado conosco, com a doação de dinheiro, alimentos e produtos de higiene, para podermos implementar as medidas do governo”, acrescenta.Como o comércio foi fortemente atingido pelo lockdown, as cooperativas precisaram fazer empréstimos com a Ásia e Europa, além de países africanos, para a compra de equipamentos de saúde. “A infraestrutura de saúde e a infraestrutura de transporte têm recebido poucos investimentos. Então, isso tem sido um fator negativo para o desenvolvimento da nossa resposta à Covid. As nossas cooperativas têm feito o possível para ajudar os nossos governos e as nossas economias”, avalia Chiyoge. O Banco Cooperativo do Quênia, por exemplo, doou 1 milhão de dólares para o enfrentamento do vírus e a aquisição de equipamentos médicos. Outra contribuição das cooperativas tem sido o compartilhamento de informações sobre a prevenção à doença. O pico da Covid-19 no país é esperado para este mês de setembro. Até lá, a insegurança alimentar deve ser fator de constante atenção. Para enfrentar essa dificuldade de acesso a alimentos básicos, as cooperativas contam com o apoio de outros continentes no estímulo à agricultura. Ao avaliar o momento, a diretora da ACI na África afirma que a pandemia tem ensinado a importância da sustentabilidade financeira e de recursos.
“A pandemia nos ensinou que é preciso ter alguma reserva para poder oferecer. Temos visto como o mundo tem se esforçado para superar o problema, e que muitos países fecharam suas fronteiras. A sustentabilidade nacional em cada país e a das nossas próprias organizações se tornaram fundamentais e terão repercussão na forma que cooperaremos. Qualquer momento uma nova crise pode vir, e não podemos estar vulneráveis”, avalia.Chiyoge acrescenta que não podemos alcançar essa sustentabilidade sem cooperação. “Nossos amigos de outros países nos precederam nessa experiência. Logo, não precisamos reinventar a roda”, prevê a diretora, citando o caso da China, que conseguiu uma boa resposta à pandemia e tem colaborado com o intercâmbio de informações. BRASIL [caption id="attachment_75990" align="alignnone" width="1200"] Crédito: Banco de imagens[/caption] O representante do Brasil no Conselho de Administração da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Onofre Cezário Filho, ressalta a importância da cooperação entre países no combate à Covid-19.
“A partir das experiências vividas no Brasil e observadas em outros países, fica claro que o caminho natural e necessário para a saída dessa crise global é a cooperação. As organizações com maior capacidade de atender às novas demandas sociais de forma mais justa e solidária, sem dúvidas, são as cooperativas”, afirma.Para a OIT, as cooperativas precisam ser reconhecidas não apenas pelas suas colaborações nos momentos emergenciais, mas também pelos seus potenciais na recuperação e transformação de sociedades e economias a médio e longo prazos.“É importante que as cooperativas mostrem ao mundo como esse modelo de negócios pode criar empregos e novas fontes de renda, já que haverá muitas falências e demissões em empresas tradicionais”, enfatiza a diretora de Cooperativismo da OIT Simel Esim. “Temos toda a confiança de que os valores e princípios do cooperativismo podem orientar a transição não apenas para um novo normal, mas para um melhor normal”, conclui.
Esta matéria foi escrita por Tchérena Guimarães e está publicada na Edição 30 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
- Empenho de esforços para a retomada de trabalho e produção;
- Proteção à produção agrícola;
- Assistência ao comércio de produtos; e
- Recuperação contínua com a melhoria da rede de circulação.
Esta matéria foi escrita por Tchérena Guimarães e está publicada na Edição 30 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
“Em média, colhíamos em torno de 130 toneladas de cana-de-açúcar por alqueire no primeiro corte. Já no primeiro ano em que plantei com as mudas da Coplana, extraí 175 toneladas por alqueire”, relata.O projeto da cooperativa — batizado de +Cana — tem trazido esses e outros benefícios para os cooperados. Desde que começaram a utilizar mudas pré-brotadas em laboratório, o custo de plantio dos canaviais foi reduzido pela metade, caindo de R$ 1,4 mil para R$ 720. Quer mais? No modelo antigo, cada cooperado precisava adquirir um hectare de mudas para montar um canavial com cinco hectares de extensão. Utilizando as mudas produzidas pela própria cooperativa, conseguem plantar um canavial de 50 hectares com a mesma quantidade de mudas. Uma melhora de 900%. Para completar, as mudas desenvolvidas em laboratório chegam ao solo 100% livres de pragas e doenças, dando origem a outras mudas sadias. “Outro problema que tínhamos constatado na região é que havia produtores com variedades defasadas de cana”, analisa Pablo Humberto Silva, então gestor do departamento de tecnologia e inovação da Coplana. “Agora temos variedades mais modernas de cultivares, uma nova metodologia de plantio e um custo de produção significativamente menor”, completa. Por tudo isso, o projeto +Cana revolucionou o plantio da cana-de-açúcar em São Paulo. A iniciativa gerou resultados tão positivos para os cooperados que garantiu à Coplana o troféu de campeã do Prêmio SomosCoop 2016, na categoria Inovação e Tecnologia. Motivada pelo reconhecimento dos cooperados e do Sistema OCB, a cooperativa desde então trabalha em novos projetos inovadores.
Esta matéria foi escrita por Kelly Ikuma e está publicada na Edição 23 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
É preciso saber ouvir, não perder a paciência com os diferentes pontos de vista, agregar e alinhar pessoas e pensamentos. Nada disso é fácil, mas, quando conseguimos alcançar os resultados almejados, é também extremamente gratificante; uma conquista coletiva e que se potencializa justamente por isso.”Apaixonado pelo que faz, ele explica o que o motiva a se levantar todos os dias: sentir que pode fazer a diferença. Esse é o estímulo que o faz se dedicar diariamente à busca de alternativas que permitam aprimorar cada vez mais os processos que envolvem as necessidades da cooperativa. Uma característica claramente percebida pelos sócios e cooperados da Coana. “Em geral, a principal característica dos nossos cooperados é o conhecimento técnico com a produção propriamente dita. O Edis conhece a parte de gestão, de administração mesmo. E isso permitiu uma maior profissionalização da cooperativa, tanto em termos de estrutura quanto funcionalmente. Ele trouxe empresas parceiras, consultoria especializada”, destaca Newton. Jerry Ito, também cooperado desde a fundação da Coana, concorda:
Com o Edis experimentamos uma nova era de governança, gestão e valorização dos profissionais envolvidos. Ele investiu em capacitação e em processos de avaliação vertical e horizontal de alto nível que trazem resultados inquestionáveis e valorizam o nosso produto. Apesar de também ser cooperado, age mais como um CEO e deixa aflorar um trabalho de excelência como gestor e coordenador”.De fato, foi por iniciativa de Edis que a Coana desenvolveu seu primeiro planejamento estratégico, pensado para o quinquênio 2017-2021. As metas, no entanto, podem ser alcançadas já em 2020. “Projetamos um faturamento de R$ 100 milhões e a comercialização de 11 mil toneladas de uva para o fim de 2021, e nossas projeções apontam que vamos alcançar esses números ainda este ano. Além disso, avançamos na criação de um departamento de marketing e outro de tecnologia da informação, que também faziam parte do planejamento”, explica o gestor. TRAJETÓRIA [caption id="attachment_75923" align="alignnone" width="1914"] Arquivo Pessoal[/caption] Fundada em abril de 2005, a história da Coana está entrelaçada com a trajetória de Edis em Petrolina. Tudo começou com Newton, que se mudou para a região ainda na década de 1980, quando era funcionário da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC). Engenheiro agrônomo, ele sempre quis atuar em áreas de fronteira agrícola e decidiu deixar Cotia para trabalhar com consultoria e assistência técnica no Vale do São Francisco. Quando surgiu uma oportunidade, adquiriu terras em sociedade com Edis (que até então entrou apenas com capital) e investiu no plantio de uvas sem semente. Deu tão certo que ele chamou o irmão para assumir a sociedade de fato e o ajudar na fazenda. Era o ano de 2002, e Edis atuava como engenheiro mecânico em uma grande empresa em São Paulo. Estava casado há cerca de um ano e não se via como produtor agrícola, apesar de ser filho de um pequeno agricultor que plantava café e uvas, tinha uma granja de galinhas poedeiras e chegou a criar bicho da seda.
Quando o Newton me chamou, conversei com minha esposa, Priscilla, e resolvemos arriscar. Já tínhamos em mente que não queríamos criar nossos futuros filhos na correria de uma cidade como São Paulo e vimos o convite como uma oportunidade”, relembra Edis.A mudança foi acomodada em uma caminhonete e o casal partiu sem pressa, rumo a Petrolina. Também levavam na bagagem mais incertezas que certezas. “Não sabíamos como seria, mas confiava muito no trabalho do meu irmão”, afirma Edis. No caminho, descobriram que Priscilla estava grávida. Assim, a chegada foi cercada de uma forte carga de emoção e dúvidas. “Foi tudo muito radical. Saímos de uma cidade em que tínhamos tudo e chegamos em um local com um índice de pobreza muito alto, no meio do semiárido e com uma dinâmica completamente diferente”, acrescenta. A adaptação não foi fácil, principalmente para Priscilla. “O Edis tinha o irmão e os pais, que também vieram para Petrolina. Eu não tinha ninguém da família por perto; além disso, tudo era longe e difícil, ainda mais com um filho recém-nascido”, relata. Edis lembra que se estressava muito no início, por conta do ritmo mais lento da cidade e das dificuldades para resolver pequenas coisas. “Como família, acredito que levamos cerca de cinco anos para nos adaptar por completo. Isso só aconteceu quando nasceu nossa filha e conseguimos consolidar algumas amizades.” Quando chegaram, Newton e o pai de Edis já eram associados a uma outra cooperativa em Juazeiro, na Bahia, cidade vizinha a Petrolina, separada apenas pelo Rio São Francisco. Ele também se associou e passou a compor o conselho fiscal da entidade. Em 2005, no entanto, divergências sobre os rumos que deveriam seguir levaram a uma ruptura e à fundação da Coana. “Queríamos focar na qualidade e na exportação da nossa produção. Para isso, precisávamos investir em certificações internacionais. A Coana nasceu voltada para essas características”, explica Edis. UM LÍDER NATO Apaixonado por gestão, Edis fez uma pós-graduação na área quando ainda morava em São Paulo e sempre participou da diretoria da Coana, atuando nas áreas contábil e financeira. “A produção é o ponto crucial para os associados, que se voltam muito para essa parte e acabam tendo menos tempo para as questões administrativas. Como gosto e tenho facilidade com essa parte, liderar a cooperativa acabou sendo um processo natural”, afirma. Prestes a completar 15 anos de existência, a Coana, segundo Edis, ainda tem muito para avançar, mas já começa a dar mostras de amadurecimento. “Tivemos um período muito difícil entre o quinto e o décimo ano, principalmente no que diz respeito a questões de relacionamento. Agora, no entanto, estamos mais próximos de uma grande família. Já conseguimos falar e escutar sem nos machucar, e esse é um sinal evidente de maturidade. Levamos 12 anos para fazer nosso primeiro planejamento estratégico, mas temos trabalhado muito essa questão da gestão e profissionalização de nossas ações para que o futuro seja cada vez mais promissor”. Edis acredita que a Coana estará totalmente desenvolvida quando alcançar uma estrutura capaz de medir a eficiência de todos os seus setores e ter uma visão voltada para a sucessão, a partir da troca de geração.
Precisamos nos preocupar com quem virá depois de nós. Nossos sucessores precisam entender o que a cooperativa significa e sua importância no contexto do nosso negócio. Precisamos ter gestão, liderança, história e estrutura. Mas também precisamos ter como passar o bastão”, ressalta.Pessoalmente, Edis considera que seu trabalho à frente da cooperativa é uma realização pessoal e profissional. “Consegui crescer junto e sobreviver a várias crises nestes 15 anos. As conquistas são sempre muito motivadoras e busco melhorar sempre. Estudo, aprimoro meus conhecimentos, procuro aconselhamento, quando necessário. Assim como a Coana, sinto que estou no meio do caminho e ainda há muito a fazer.” Seu mandato como presidente termina em dezembro deste ano, mas ele nem se imagina longe das decisões da cooperativa. “Certamente vou continuar atuando como diretor, ou de alguma outra forma”. Priscilla concorda: “É realmente o que ele nasceu para fazer”. Totalmente adaptados, nem cogitam a ideia de deixar Petrolina. “É aqui que vamos ficar”, concluem. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Amor pelo Cooperativismo Edis é um defensor apaixonado do cooperativismo. Acredita no trabalho colaborativo e vende a ideia para todo mundo que pode. “Representa uma solução importante para muitos problemas que sozinhos não conseguimos resolver. Permite, por exemplo, ganho de escala tanto para a produção quanto para a comercialização, acesso à tecnologia de ponta e assistência técnica especializada, além de suporte financeiro e administrativo. São inúmeros os pontos positivos”, ressalta. Ele acredita, inclusive, na intercooperação (cooperação entre cooperativas) e, por isso, está engajado a várias que se completam para o desenvolvimento da Coana como sindicatos de produtores de uva, o sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). “Só no perímetro irrigado em que atuamos são cerca de 2.200 pequenos produtores de frutas. Por outro lado, são pouquíssimas cooperativas. Gostaria de ver esse quadro mudar, mas um dos pontos que impedem essa mudança a meu ver é a falta de lideranças fortes e confiáveis. Por isso, precisamos investir também na formação de pessoas voltadas para a gestão”, afirma. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Conheça a Coana A Coana é formada por 20 sócios proprietários de nove fazendas produtoras de uvas finas de mesa em Petrolina. São os mesmos sócios que participaram da fundação da cooperativa em 2005. Mudaram o número e o tamanho das fazendas que inicialmente totalizavam sete e tinham entre 35 e 50 hectares. Atualmente são nove fazendas, de 45 a 120 hectares. Nelas, são produzidas 15 diferentes variedades de uvas verdes, vermelhas e negras, principalmente as sem sementes. Quando foi criada, a Coana tinha foco exclusivo para a exportação, mas, com a crise de 2008, passou a investir também no mercado interno. “Chegamos a exportar 95% da nossa produção. Tivemos, no entanto, um período muito difícil em 2008, quando a crise nos atingiu em cheio e tivemos ajuda do governo para evitar prejuízos maiores e passamos a inserir nosso produto também no mercado interno”, explica Edis. Atualmente, 55% da produção — ou 6 mil toneladas de uva — são comercializadas no país e 45% (5 mil toneladas) são exportadas para países do norte da Europa (90%), como Inglaterra, Holanda, Bélgica, Alemanha, Suécia e Finlândia. Os outros 10% são comercializados no Estados Unidos. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Esta matéria foi escrita por Raquel Sacheto e está publicada na Edição 30 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Esta matéria foi escrita por Paula Andrade e publicada na edição 30 da revista Saber Cooperar. Confira! <
“Os contratos com o Poder Público têm muita importância para nossa cooperativa, já que 90% dos nossos trabalhos são firmados com a prefeitura de Porto Alegre”, explica a diretora-presidente da Cootravipa, Imanjara Alexsandra de Paula.Uma das principais vantagens de fechar contrato com o Poder Público é a segurança. Afinal, por lei, eles podem ser renovados por até cinco anos, se estiverem sendo executados com qualidade, eficiência e economicidade. “Em toda a nossa história, não temos nenhum caso de contrato rescindido antes do tempo máximo previsto no edital”, comemora Imanjara. Essa é uma prova incontestável da qualidade dos serviços prestados pela cooperativa. “Para nós, são de fundamental importância tanto a boa execução dos serviços como a manutenção desses contratos, já que eles garantem renda ao nosso associado por todo esse período.” PROPÓSITO Diariamente, a equipe da Cootravipa garante a limpeza e a conservação das ruas, dos banheiros, dos edifícios públicos e das mais de 600 praças da capital gaúcha. Também ficam a cargo da cooperativa a capina da vegetação e um trabalho muito sensível e fundamental para a cidade: o monitoramento das casas de bomba de Porto Alegre. Em época de chuva, os motores desses equipamentos — que ficam distribuídos pela cidade — precisam ser ligados para puxar a água das ruas e impedir que o município alague. Operadora de máquinas na Casa de Bombas da Azenha há 12 anos, Elenice Cristina da Silveira, 37 anos, considera o seu trabalho muito importante para a comunidade. “Para não inundar as ruas, não entrar água na casa dos outros, não estragar o bem que as pessoas adquirem com tanto suor”, afirma. Ela conta que, na última grande chuva na cidade, recebeu a ligação de uma senhora perguntando se as bombas estavam funcionando direito. A pergunta vinha de uma história triste: há alguns anos, essa mesma senhora tinha perdido todos os móveis da casa, após uma grande enchente. Por isso, ela quis saber se poderia ligar de vez em quando para saber se os equipamentos estavam em dia. “Eu disse a ela que poderia me ligar, que passaria as informações. E também para não se preocupar, porque eu ia ficar a noite toda cuidando do nível da água e operando as bombas para que não acontecesse nada de ruim na casa dela nem das outras pessoas. É bom ter esse reconhecimento. Mostra que o meu serviço é importante”, afirma a cooperada. Elenice lembra que, ao começar na função, havia poucas mulheres e ela foi desencorajada por muitos a permanecer no local.
“Quando comecei aqui, só chovia, e o trabalho foi dobrado. Já fiquei ilhada, apaguei incêndio, passei por muitas coisas e superei tudo. Nunca tive uma reclamação do meu trabalho. Dizem que passarinho bom canta em qualquer gaiola. Então, acho que eu sou um passarinho bom”, recorda.Cooperada há 21 anos — por indicação da mãe, também cooperada —, Elenice garante: o trabalho na Cootravipa ajudou-a a conquistar vários sonhos, do carro à casa própria. A renda obtida ao longo dos anos também assegurou a educação e o bem-estar dos quatro filhos — o mais velho hoje tem 22 anos e a mais nova, 9.
Esta matéria foi escrita por Lílian Beraldo e publicada na edição 30 da revista Saber Cooperar. Confira! <
“A cooperativa tem potencial de desenvolvimento muito grande como qualquer outra empresa, só depende muito da capacidade empreendedora de seus sócios e, especialmente, de seus dirigentes”, diz o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.O executivo reforça que —como dizia Guimarães Rosa — o que o mundo quer da gente é coragem. “Temos que ter ousadia de fazer o novo, o diferente, tentar, ir um pouco além do limite. Acho que isso é o que faz a diferença no cooperativismo, e pode fazer diferença no atual cenário da economia e da política brasileiras”, conclui.
Esta matéria foi escrita por Farol Conteúdo Inteligente e foi publicada na edição 23 da revista Saber Cooperar. Confira!
“Nosso objetivo social foi, e continua sendo, vender melhor, de forma mais eficiente, e agregar à logística do associado”, diz Pogetti.Passados 61 anos, seus 34 cooperados migraram de um grupo com dificuldades para exportar à maior comercializadora global de açúcar e etanol integrada à produção do Brasil. QUAL A MEDIDA DO SUCESSO? O caso da Coopersucar impressiona, mas é sempre importante lembrar: nem toda cooperativa tem como prioridade a exportação de produtos em escala global. O alcance de metas, a realização de sonhos -— e não apenas a receita ou número de sócios — são a verdadeira régua do sucesso cooperativo, segundo o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.
“Uma cooperativa se mede pelo desempenho, pela capacidade de gerar resultados para o cooperado, de gerar felicidade, qualidade de vida, bem- estar. É uma sociedade de gente, não apenas de dinheiro”, diz Lopes de Freitas.Olhando por esta perspectiva, a jovem Cooperativa de Produtores Rurais de Agricultura Familiar (Coperfam) é certamente um caso de sucesso. Fundada em 2012, essa empresa cooperativa nasceu para salvar a produção de laranja do norte do estado de São Paulo. Os produtores locais vinham de uma série de safras ruins, com preços baixos e produtividade comprometida pela praga greening , que não pode ser eliminada por nenhum defensivo agrícola. O cenário era desanimador e muitos produtores rurais estavam em dificuldades financeiras. Eles começaram a arrendar ou até vender suas terras e sair em busca de emprego nas outras cidades da região. “Essa situação estava tirando o emprego das pessoas e gerando pobreza. Então, tivemos a ideia da cooperativa e juntamos um grupo de pequenos produtores que ainda trabalhavam com laranja para ver como poderíamos nos ajudar”, lembra o diretor administrativo da Coperfam, Celso Marciano da Silva Filho. O grupo contou com a ajuda de outra cooperativa local já bem estabelecida, a Coopercitrus, de produtores agrícolas. “No começo, não tínhamos onde nos reunir, não tínhamos nada, e a Coopercitrus cedeu salas de seu escritório onde até hoje estamos instalados”, conta Silva Filho. Anos depois, a Coperfam praticamente quadruplicou o número de associados, passando das 50 famílias iniciais para mais de 180. Muitas foram estimuladas a retomar a produção de laranja ao verem o sucesso alcançado por aqueles que aderiram primeiro à cooperativa. “Muitos produtores de laranja estavam indo para a cidade, mas a gente vem conseguindo segurar famílias no campo, cuidando da vegetação, da água e da propriedade”, diz o diretor. DESAFIOS DO CRESCIMENTO O sucesso de uma cooperativa traz, naturalmente, sua expansão. E aí vêm os novos desafios. Profissionalização da gestão, flexibilidade de adaptação e engajamento de cooperados são alguns deles. A Copersucar, por exemplo, optou pela profissionalização da gestão em 2009, quando completou 50 anos. A medida visava eficiência e foco, já que os diretores associados tinham que se dividir entre duas tarefas: cuidar das usinas e da cooperativa. Atualmente, toda a diretoria executiva é profissionalizada. O conselho administrativo também é dirigido por um executivo, Luís Roberto Pogetti. Cada usina cooperada tem um assento no conselho administrativo.
“Hoje vê-se muito uma demanda profissional nas cooperativas. Os associados compõe o conselho de administração, o conselho fiscal, mas a complexidade do dia-a-dia do negócio exige um grau de formação específica. O grande segredo do sucesso é a gestão profissional”, afirma Roberto Kaplan, professor dos MBAs de Marketing e Gestão Comercial da Fundação Getúlio Vargas.O ideal, segundo Kaplan, é ter executivos que entendam de administração e também do setor específico em que a cooperativa atua, seja agrícola, crédito, saúde ou qualquer outro. “Não adianta botar alguém totalmente de fora, tem que ser alguém do setor”, pondera. O presidente do Sistema OCB concorda. Para ele, é importante que as cooperativas invistam em planejamento econômico-financeiro, rotinas de organização, controle e métodos. “O cooperativismo é um negócio, não uma ação entre amigos”, resume.
Esta matéria foi escrita por Farol Conteúdo Inteligente e foi publicada na edição 23 da revista Saber Cooperar. Confira!
“A ideia surgiu da própria necessidade. A gente observou que no município estava tendo muita gente no comércio e não tinha nenhum local público onde as pessoas pudessem higienizar as mãos. Foi pensando nisso que a gente resolveu criar um lavatório usando materiais recicláveis, pensando na questão ambiental também. Um espaço que atendesse a comunidade e tivesse um apelo social, do ponto de vista da proteção ambiental”, explicou o presidente da cooperativa, José Cláudio Silva.O lavatório fica no centro da cidade onde as pessoas mais transitam, em frente a uma farmácia — loja com a qual a Cooates fez uma parceria para a cessão do ponto de água para o abastecimento da bomba d’água, do sabonete líquido e do papel toalha. A estimativa é que cerca de três mil pessoas tiveram acesso ao lavatório da Cooates, instalado no início de maio.
“Nossa ideia era ajudar na diminuição da Covid-19 por meio da lavagem das mãos, criando hábitos de higiene que a pessoa pode levar para casa e ampliar no dia a dia, e fazendo um alerta também para a necessidade de cuidarmos do meio ambiente”, destacou o presidente da Cooates,A cooperativa — que tem atuação nas áreas de assistência técnica e extensão rural, qualificação profissional, reflorestamento e agroecologia — já prepara mais dois lavatórios móveis: um a pedido da igreja local e outro a pedido da igreja de Tamandaré. [video width="1920" height="1080" mp4="https://www.somos.coop.br/wp-content/uploads/2020/08/Cooates-Dia-C-Facebook1.mp4" poster="https://www.somos.coop.br/wp-content/uploads/2020/08/Sem-título.png" preload="auto"][/video] Crédito: Facebook Cooates
Ficha técnica Idealizadora: Cooperativa de Trabalho Agrícola, Assistência Técnica e Serviços (Cooates) Estado: Pernambuco Ramo: Trabalho, Produção de Bens e Serviços ODS atingidos:
Esta matéria foi escrita por Lilian Beraldo e será publicada na próxima edição da revista Saber Cooperar. Aguardem!
Idealizadora: Cooperativa Educacional de São Gabriel da Palha (Coopesg) Estado: Espírito Santo Ramo: Trabalho, Produção de Bens e Serviços ODS atingidos:
No Espírito Santo, a Cooperativa Educacional de São Gabriel da Palha (Coopesg) resolveu ajudar comunidades carentes por meio de uma dispensa solidária de alimentos. São Gabriel da Palha é famosa, no Espírito Santo, pela produção de café. O problema é que a pandemia teve início na época da colheita dos grãos, quando a cidade recebe muita força de trabalho vinda de outros locais. “O primeiro mês foi mais fácil [lidar com a pandemia] por causa da entrada do dinheiro do café, mas a colheita é muito rápida e essas famílias logo começariam a entrar em situação de risco. Foi por isso que a gente pensou em uma maneira de ajuda-las com os itens básicos de alimentação”, afirmou a presidente da Coopesg, ------- Baseado em uma experiência capixaba semelhante, a Coopesg resolveu instalar uma estante de aço com diversas prateleiras na comunidade de Boa Vista. Nesse local, são colocados os alimentos doados por colaboradores, cooperados e pela comunidade em geral. As pessoas retiram o que precisam, tendo o cuidado de não pegar para si nada além do necessário. Afinal, o objetivo é cooperar para que ninguém passe necessidade. Desde abril, a cooperativa doou cerca de 1 tonelada de alimentos que beneficiaram cerca de 100 famílias da região.
“A iniciativa tem dado certo e a gente sempre coloca alimentos diferentes na estante para que as pessoas possam pegar”, afirmou Drayse, explicando a intenção de ampliar a dispensa solidária para outros itens necessários à comunidade.“Pensamos em continuar com o projeto, colocando também casacos — por causa da chegada do frio — e brinquedos nessas estantes. A gente não quer ficar só no alimento”, completou a presidente. Criada há 27 anos, a Coopesg congrega cerca de 200 alunos do ensino infantil ao 9o ano do ensino fundamental. A escola aposta em disciplinas inovadoras no currículo como robótica e a Escola da Inteligência — programa do professor Augusto Cury que dá lições sobre inteligência emocional e trabalha com crianças e adolescentes questões a respeito da proatividade e de como lidar com ansiedades e frustrações. Presidente da Coopesg desde 2015, Drayse começou sua caminhada no cooperativismo como mãe, em 2000, quando matriculou o primeiro filho, hoje com 21 anos, na educação infantil. “Era uma escola que fazia a diferença em relação a outras escolas. Os projetos, as características, os professores, a maneira de ensinar, a preocupação com a qualidade, com o sistema de ensino. Sempre gostei da maneira que eles trabalham enfatizando a importância da cooperação com os alunos, em especial, com os menores. E eu queria isso para os meus filhos também”, explicou. PARCERIA SUSTENTÁVEL
Idealizadora: Cooperunião Estado: Espírito Santo Ramo: Trabalho, Produção de Bens e Serviços ODS atingidos:
O intuito de ajudar durante a pandemia contagiou também os jovens da cooperativa mirim (Cooper União) — formada por cerca de 50 alunos da Coopesg (veja história anterior) — que decidiram produzir sabonete líquido para doação. Inicialmente, a ideia era fazer álcool em gel, mas depois de alguns estudos, os alunos descobriram não ser uma opção viável, já que não havia garantia de que o álcool doméstico teria o percentual necessário e efetivo para combater o vírus. Para dar início à produção dos sabonetes, os alunos foram à luta: conseguiram doação dos frascos pelo Sicoob e dos sabonetes em barra pelas famílias. A transformação — do produto em barra para o líquido — foi feita pelos próprios jovens que ralavam o sabonete em casa e levavam para escola para finalizar a produção, sempre feita em escalas de, no máximo, 3 alunos e a professora orientadora. Todos com máscaras.
“A sensação de ajudar é incrível. É muito prazeroso ver que, de alguma forma, a gente está podendo ajudar as pessoas aqui da cidade”, afirma a presidente da CooperUnião, Esther Teodoro Piske, 12 anos.Também por causa da pandemia, os jovens não puderam distribuir os sabonetes líquidos como queriam. Por isso, eles procuraram a Secretaria de Assistência Social, que garantiu a entrega dos frascos a programas sociais em andamento no município. A estimativa é que mais de 200 frascos de sabonete líquido tenham sido entregues a adolescentes, pessoas em situação de rua e gestantes.
Esta matéria foi escrita por Lilian Beraldo e será publicada na próxima edição da revista Saber Cooperar. Aguardem!
Tem DNA brasileiro no cooperativismo de Botsuana, país africano com cerca de 2 milhões de habitantes. Em uma terra de clima desértico e paisagem inóspita, o solo nem sempre produz o que poderia. A maioria dos alimentos do país é importada de outras nações. Justamente por isso, as cooperativas podem causar um forte impacto na melhoria da vida dos botsuaneses. Ciente disso, os governos de Brasil e Botsuana assinaram um acordo de cooperação técnica em 2005. E como legítimo representante do cooperativismo no Brasil, o Sistema OCB foi convidado — juntamente com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) — a colaborar com o fortalecimento desse modelo de negócio na região. Ao longo dos últimos anos, a equipe do Sistema OCB tem se esforçado para transmitir ao governo e aos cooperados botsuaneses a experiência brasileira em cooperativismo. O resultado foi a constituição de uma cooperativa de horticultores, que cresce a olhos vistos e já é referência em Botsuana, servindo de modelo para outros setores econômicos do país. A Cooperativa de Horticultores de Kweneng North beneficia 47 famílias de produtores rurais da região de Lentseletau e dedica-se à produção de hortaliças diversas. Ela é tão competitiva que foi, inclusive, escolhida para fornecer alimentos para o governo local.
Esta matéria foi escrita por Farol Conteúdo e está publicada na Edição 23 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
“As sociedades cooperativas são empreendimentos com identidade própria e são bem diferentes das empresas mercantis. Os profissionais que têm formação superior na área, compreendem nossas especificidades e atuam de uma maneira muito mais destacada. Isso faz toda a diferença quando eles estão dentro de uma cooperativa”, aponta Ronaldo Scucato, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Minas GeraisDe acordo com Scucato, os profissionais que se formam em cooperativismo compreendem, de maneira aprofundada, a importância de um quadro social bem organizado, da realização e participação das assembleias, bem como o foco na eficiência do negócio. TEMOS VAGAS [caption id="attachment_75797" align="aligncenter" width="396"] Pablo Albino, coordenador do curso de Administração de Cooperativas da Universidade Federal de Viçosa (UFV).[/caption] Oferta de empregos não faltam para quem está cursando uma graduação relacionada ao cooperativismo. A afirmação é do professor Pablo Albino, um dos coordenadores do curso de Administração de Cooperativas, da Universidade Federal de Viçosa (UFV). “A demanda por profissionais com graduação em cooperativismo é maior do que a nossa universidade consegue formar. Eu recebo pedido do setor para encaminhar bons currículos para as vagas e hoje não tenho para atender”, lamenta o professor. Para Albino, o principal diferencial dos alunos da UFV é o sólido conhecimento dos valores e princípios cooperativistas.
“Nosso aluno tem uma formação conceitual muito densa. Ele pode estagiar nas cooperativas, tem a oportunidade de ganhar experiência na nossa empresa júnior, mas a competência em termos teóricos é o nosso diferencial”, aponta.Ainda segundo o acadêmico, o ramo de crédito é um dos que mais procuram os egressos do curso. “Recebi o feedback do Sicoob de que ainda contrata ex-funcionários de bancos, mas que é muito difícil ensiná-los o que é uma cooperativa, que o cooperado não é um cliente, é um dono, e por isso a abordagem precisa ser diferenciada. Para o ramo, é melhor ter o cara que tem formação em cooperativismo, e que ele aprenda as questões bancárias no sistema do Sicoob”, compara. PÓS-GRADUAÇÃO [caption id="attachment_75823" align="alignnone" width="1880"] Crédito: Pexels[/caption] A pós-graduação em cooperativismo tem sido a alternativa buscada por muitos entes do sistema cooperativista para capacitar funcionários e cooperados que já têm diploma de ensino superior em outras áreas, mas necessitam de uma especialização para a gestão cooperativa. No Paraná, o Sescoop atua há alguns anos no apoio aos cursos de pós-graduação. Maria Emília Pereira, gerente de Desenvolvimento Cooperativo do Sescoop/PR, aponta que, em média, são 40 turmas in company por ano. Foi então que a entidade decidiu dar o próximo passo. “Percebemos que o direcionamento era muito maior para assuntos técnicos de determinadas áreas, como agronegócio, gestão de projetos e de qualidade. Faltava capacitar gestores de cooperativas para trabalhar em um nível maior de governança. Como já tínhamos um público grande formado em pós, por que não elevar o nível da formação para o mestrado?”, lembra. Foi aí que surgiu o mestrado profissional em Gestão de Cooperativas, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR). O curso teve início em 2014 e já está na quinta turma. Maria Emília participou do primeiro grupo de mestrandos e fala com propriedade sobre os resultados alcançados com o programa.
“O fato de você colocar pessoas discutindo questões estratégicas de cooperativas de diferentes realidades e ramos traz uma riqueza de contribuições para a sala de aula. O primeiro ganho é a oportunidade da troca em nível estratégico, porque o mestrado acaba elevando o nível de discussão dos alunos”, afirma.Outra vantagem — aponta — é a possibilidade de ampliar a produção acadêmica sobre o cooperativismo. “Percebi como nós éramos fracos em produção de conteúdo científicos, artigos, estudos. A realidade do cooperativismo é diferente; você vai avaliar a partir dos estudos produzidos sobre empresas, e é completamente diferente. Faltava embasamento e, com isso, contribuímos para essa construção”, destaca. O mestrado profissional é uma modalidade ainda pouco popularizada no Brasil — eram cerca de 700 programas em funcionamento até 2017. Ele tem duração média de dois anos e é voltado para a capacitação de profissionais nas diversas áreas do conhecimento. O formato é stricto sensu — assim como o mestrado e o doutorado —, mas com um perfil mais direcionado para atender alguma demanda do setor produtivo. No curso da PUC-PR, apesar da chamada de seleção ser pública, o perfil dos alunos é de quem já trabalha no sistema, seja como funcionário de cooperativa ou cooperado. De acordo com Emília, a formação em nível de pós-graduação é uma demanda que chega ao Sescoop pelas próprias cooperativas. “As cooperativas nos procuram muito com a preocupação de desenvolver essa formação de nível superior dos seus funcionários. A gente percebe esse comprometimento e o desafio de qualificar. Elas querem investir em um funcionário mais bem preparado em nível acadêmico para trazer melhores resultados”, diz.
Esta matéria foi escrita por Amanda Cieglinsk e está publicada na Edição 28 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Esta matéria foi escrita por Guaíra Flor e está publicada na Edição 28 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
De um dia para o outro, ela viu tudo mudar. Ela que já havia compartilhado tanto os seus conhecimentos nas salas de aula, agora precisava se tornar novamente aprendiz. "Não foi fácil", lembra Cecília Falavigna, 75 anos. Cecília viu sua vida se transformar completamente quando perdeu o esposo, há 22 anos. Até ali, era ele que comandava os negócios da família no campo, em uma propriedade rural em Floraí, município a 50 quilômetros de Maringá, no estado do Paraná.
Professora de matemática e ciências no ensino fundamental, Cecília não acompanhava de perto os negócios do marido João Antônio Falavigna, no setor agrícola. Era ele quem cuidava dessa área desde que se conheceram, ainda muito jovens. Quando João adoeceu, ela deixou a carreira de lado para poder acompanhá-lo nos tratamentos. Mas mesmo lutando contra um câncer por mais de dois anos, João fazia questão de continuar administrando a propriedade. “Ele era muito trabalhador e trabalhou até o dia da morte. Ele chamava o empregado, dava as coordenadas. Eu nunca mandava ou pedia nada. Era ele quem fazia isso", recorda.
Quando o esposo faleceu, Cecília se viu diante de um momento delicado. Com três filhos adolescentes – Ana Cláudia, Mara Sandra e Paulo César – tinha de decidir o que fazer com as terras deixadas pelo marido. Precisava, também, cuidar de todo o restante sozinha. Uma das filhas, com Síndrome de Down, exigia mais dedicação e cuidados especiais. Além disso, Cecília não tinha o apoio da família para levar os negócios em frente e nem conhecimento suficiente sobre o agronegócio . “Outra dificuldade foi essa. Não sabia como fazer. Porque quando a mulher acompanha o marido nas atividades dele, ela tem um caminho a tomar, um rumo pra seguir. E eu não tinha”, lembra.
Muita gente aconselhou Cecília a vender tudo e voltar pra sala de aula. Outros falavam que seria mais fácil ela se dedicar a algo novo e mais “feminino”. Teve gente que sugeriu, inclusive, que arrendasse a propriedade e vivesse de renda. “Eu não sabia nem o que era isso: arrendar as terras”, diverte-se. “Como eu ia deixar alguém administrar se nem eu sabia? Eu não tinha nem ideia do valor da terra também. Como eu ia negociar assim?”.
Diante de tantas perguntas, a professora decidiu sair de sua casa, em Maringá, e foi a campo tomar conhecimento de tudo. Estava determinada a não deixar as terras nas mãos de outras pessoas. Em meio ao luto, uma semana após o falecimento do esposo, ela aprendeu que as terras de Floraí eram dedicadas à pecuária e à produção de soja e milho. A família também tinha uma propriedade em Mamborê, a 200 km de Floraí, que estava arrendada para outro produtor. “Eu não queria me desfazer daquilo que era nosso. Eu pensei: vamos lá saber como é que se faz. Primeiro eu queria conhecer o que era agricultura e depois tocar em frente”.
Mesmo sem o apoio da família, Cecília abraçou o desafio de administrar a propriedade, se reinventar profissionalmente e fazer do campo a sua escola. “Fiquei aprendendo na fazenda de Floraí”.
A COOPERATIVA [caption id="attachment_75799" align="alignnone" width="512"] Crédito: Shutterstock[/caption] Com a decisão de que iria continuar com o agronegócio, Cecília passou a frequentar periodicamente o campo para se familiarizar com a rotina e a produção. Contou com o apoio de funcionários antigos e procurou, logo no início, a Cooperativa Agroindustrial Cocamar para auxiliá-la nesse desafio. “Eu disse para a cooperativa: eu estou aqui, preciso do apoio de vocês. Eu preciso de apoio pra poder tocar os negócios da família. Foi aí que comecei. Não tinha noção de quantidade, mas a cooperativa me orientou sobre os alqueires, quanto eu precisava de adubo e de fertilizantes. Esta parte técnica toda ficou por conta da cooperativa”, relata. “A partir daí, também, fui conhecendo sobre o preparo do solo e vi que não tínhamos maquinário suficiente e bom”.
Foi renovando as máquinas aos poucos. E, com o estímulo da cooperativa, passou a investir mais. “Os equipamentos eram muito ruins, ela melhorou tudo”, conta o filho mais novo, Paulo César, que atualmente está trabalhando na fazenda. “Também investiu muito em tecnologia”, acrescenta.
Além de continuar com as lavouras de soja, milho, e com a criação de gado, Cecília também resolveu começar um novo cultivo. “Para continuar criando gado, teria que ampliar o pasto, o que não era possível. Então, diminuí o gado e, com o apoio da cooperativa, passei a cultivar laranja”.
Para Paulo, a mãe é uma “heroína”. “Ela não só manteve o que tínhamos, mas aumentou o negócio. A cooperativa ajudou muito nesse processo”, diz o jovem. “Ela foi muito determinada, teve que ter muita garra para levar isso adiante. Acho que ela teve muito medo de perder tudo, manchar aquilo que meu pai deixou”.
Nem todo mundo, no entanto, reconheceu de cara o talento de Cecília para os negócios. No início, ela foi vista com desconfiança por algumas pessoas. “Eu tinha que fazer o meu nome”, conta. Afinal, era uma mulher plantando grãos em um ambiente predominantemente masculino. Sentiu dificuldade até em conseguir financiamentos para continuar investindo na produção. “Recebi vários nãos. Mas pensava: se eu não consegui aqui, consigo lá. Nunca tive medo. Eu sempre enfrentei, sempre fui atrás”, lembra. “Então, quando você consegue ser honesta e ser justa, ir em frente e mostrar para a ala masculina e para o outro que você é corajosa, eles passam a confiar em você”.
Dona Cecília, como é chamada pelos sete funcionários da fazenda, foi se empenhando, aprendendo e ganhando cada vez mais gosto pelo trabalho. O resultado não poderia ser diferente: hoje ela é referência em produtividade e acumula vários prêmios no currículo. Já é tricampeã no concurso de máxima produtividade em soja promovido pela Cocamar. No primeiro ano que participou da premiação, em 2012, produziu 74 sacas de soja por hectare. Nesta colheita de 2018, a produtividade foi de 95 sacas – o equivalente a 5,7 toneladas de grãos –, um aumento de quase 30% em relação ao primeiro ano. “As médias dela sempre são bem maiores que a média da região. Ela sempre está atrás de inovações”, afirma Valdecir Gasparetto, engenheiro agrônomo e assistente técnico da família Falavigna há 10 anos.
RAINHA DA SOJA [caption id="attachment_75802" align="alignnone" width="2048"] Arquivo Pessoal[/caption] De tanto ganhar prêmios pela produtividade de suas terras, Cecília passou a ser conhecida no setor como “rainha da soja”. O título foi concedido após ela ganhar a premiação de uma multinacional que avaliou a safra de grãos em 2015/2016. Nessa safra, ela produziu 92,9 sacas de soja por hectare de terra — a média nacional era de 48,9 sacas por hectare, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O segredo para tantos prêmios? “Primeiro é preciso confiar naquilo que você está fazendo e no que quer. Segundo é estar dentro de uma cooperativa que te dá todo o apoio e confiança”.
Essa confiança, aliás, acompanha a rainha da soja até nos dias de seca — como estes do meio do ano. “A gente tem sofrido bastante com o clima. Mas se você está usando um produto apropriado pra seca, a plantação vai resistir”. A produtora é categórica: “Não existe terra ruim, existe terra mal cuidada. O importante é entender que não se pode só tirar da terra; é preciso devolver algo para ela, colocar algo a mais. A produção tem de ser sustentável”, afirma.
Cecília usa os melhores produtos e investe bastante em tecnologia. O agrônomo Valdecir, que auxilia a família nos negócios, explica: “Fazemos um trabalho de constante correção física e química do solo”.
Sempre otimista, a antiga professora sempre quer produzir mais. E garante que a competição é interna. “Eu não quero ser melhor que ninguém. Quero mostrar para as pessoas que trabalhando e fazendo as coisas corretas, você consegue o que desejar”.
O trabalho é em conjunto. Gasparetto enfatiza: “Dona Cecília valoriza os funcionários e todos que estão envolvidos. Ela chama a gente de ‘meus meninos’ e faz questão de dizer que não consegue nada sozinha. Ela é uma excelente produtora”. E o filho reafirma: “Não existe distinção entre os funcionários. Para ela, são todos iguais”.
Recentemente, para facilitar a gestão, a rainha da soja vendeu a fazenda em Mamborê e comprou outra bem próxima da propriedade de Floraí. E quem diria? Foi ficando tão experiente que hoje está, até mesmo, arrendando a terra para os outros.
COTIDIANO [caption id="attachment_75801" align="alignnone" width="1024"] Arquivo Pessoal[/caption] Cecília mora na cidade de Maringá com Mara, a filha com Síndrome de Down. Na cidade, costuma acompanhá-la em suas atividades diárias. Mas toda semana vai para a “roça”, como chama a propriedade de Floraí. No campo, fica cerca de três dias por semana. Em períodos de colheita e plantação, passa até mais. “Eu sou apaixonada por aquilo que eu faço. E o dia que eu não vou pra roça, fico pensando: ah, eu tenho que ir lá. Eu tenho que ver a colheita”, diverte-se.
Na fazenda, as tarefas começam logo quando o sol nasce. Ela acorda bem cedinho e vai para a parte superior da casa. De lá, pode avistar uma represa grande e localizar os funcionários cumprindo as atividades planejadas no dia anterior. Acompanha o plantio, a colheita e vai observando as necessidades que vão aparecendo. Atualmente, está mais à frente da parte administrativa.
Há oito anos, a rotina está menos intensa. Cecília vem contando também com o apoio diário do filho. “Meus pais diziam que era para eu estudar e me formar primeiro e depois, se eu quisesse, voltava”, conta Paulo. “Aí, devargazinho, fui voltando”. E não se arrepende. O sentimento da mãe já o contagiou. “Pela paixão dela, eu também gosto demais. Gosto muito de estar lá no dia a dia”, conta.
Essa paixão, Dona Cecília deixa transparecer até na voz. É só trocar algumas palavras com ela para perceber. É daquelas pessoas que a gente fica com vontade de sentar para tomar um café, ouvir os “causos” e aprender um pouquinho. A agenda, no entanto, não parece tão simples quanto ela. Marcar essa entrevista não foi tão fácil: os dias estavam corridos devido à colheita do milho. Além disso, surgiu uma viagem de negócios de última hora na semana da reportagem.
Cecília conta que, nesta época de seca, apesar da poeira e de voltar toda “marrom” das terras, o cheiro por lá está incrível. Orgulhosa, diz que está tudo perfumado com as flores das laranjeiras que ela plantou. Hoje, já são 14 mil pés. O grande orgulho dela, na verdade, é ser agricultora. Para Cecília, esse trabalho vai muito além do lucro e de premiações. Existe também uma responsabilidade social. “Falta muita comida nesse mundo, é tanta gente passando fome... Então, eu penso nisso: pelo menos um grãozinho da minha soja pode alimentar alguém. Nosso Brasil é sustentado pela agricultura, e eu me orgulho muito de pensar que é o agricultor quem segura as pontas do país nesses períodos difíceis”.
Bem articulada, educada e cheia de energia, não para de fazer planos. Se no ano passado a colheita foi de 95 sacas por hectare, agora busca um novo recorde para a próxima safra: 104 sacas. “Não é fácil. Vamos ver. Mas eu coloquei esta meta”. E Cecília sabe muito bem de onde vem essa determinação. “Essa força vem de Deus. Essa força que tenho de produzir, de ser melhor, é de algo superior”, conclui. E quem se atreve a dizer que ela não vai conseguir?
Esta matéria foi escrita por Tchérena Guimarães e está publicada na Edição 23 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
A demanda por profissionais com graduação em cooperativismo é maior do que a nossa universidade consegue formar. Eu recebo pedido do setor para encaminhar bons currículos para as vagas e hoje não tenho para atender”.O curso de cooperativismo da UFV é o mais antigo do Brasil. O projeto nasceu nos anos 1970, por meio do extinto Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com a missão de capacitar a mão de obra das cooperativas. Era um curso com formação de nível técnico, até ser promovido, em 1991, a bacharelado em Administração com habilitação em Administração de Cooperativas. De lá para cá, foram muitas mudanças no currículo e no próprio nome do curso — mas manteve-se a missão de formar profissionais com os valores do cooperativismo totalmente internalizados. “No primeiro ano do curso, a gente toma muito cuidado para que o aluno entenda onde está entrando. Explicamos o que é o cooperativismo, o levamos para visitar uma cooperativa, e também a Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (OCEMG). É como uma imersão. O legal é que, ao conhecer os valores e os princípios do cooperativismo, o aluno se apaixona e fica”, conta Albino. De acordo com o docente, boa parte dos alunos chega sem conhecer nada sobre o movimento. “Dos 40 que entram, metade queria fazer outro curso, mas escolheu Cooperativismo por ser menos concorrido. Porém, quando começam a conhecer a realidade das cooperativas, ficam cativados pelas possibilidades de crescimento do setor”, explica. Foi exatamente isso o que aconteceu com Geâne Ferreira, gerente de desenvolvimento social do Sistema OCB. Ela entrou no curso de cooperativismo da UFV com a meta de pedir transferência para Administração de Empresas, mas logo no primeiro semestre descobriu que sua vocação era cooperar.
O curso de cooperativismo traz uma preocupação com as pessoas e a organização coletiva. Tem toda a estrutura de Administração, mas com esse gostinho a mais, que é a preocupação com o ser humano”, destaca.O curso de Cooperativismo da federal de Viçosa tem duração de quatro anos e meio, com disciplinas como administração, direito, sociologia, contabilidade e várias cadeiras que abarcam as teorias cooperativistas. “Temos o caso de um aluno que saiu, foi para a engenharia e voltou. Ele experimentou e viu que era no cooperativismo que tinha que ficar, porque é mais humano, respeita mais as condições das pessoas. E é mais divertido”, compara Albino. FORMAR PARA O SISTEMA Se Minas Gerais foi o berço do primeiro curso superior em cooperativismo, o Rio Grande do Sul foi o primeiro estado a ter uma instituição de ensino superior voltada exclusivamente para o movimento. A Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo (Escoop) foi fundada em 2011 e já formou mais de 100 tecnólogos em Gestão de Cooperativas. A instituição é uma iniciativa do Sescoop-RS e, por essa razão, a maior parte dos alunos já têm vínculos com cooperativas, seja como colaboradores ou cooperados. A Escoop também oferece cursos de pós-graduação (especializações e MBA). “Nossos alunos são associados, conselheiros, dirigentes e colaboradores de cooperativas, com faixa etária média de 30 a 40 anos”. A afirmação acima é de Paola Londero, coordenadora de pós-graduação da instituição. Segundo ela, os ramos crédito e saúde, além do agropecuário, são os mais presentes nos cursos de formação. Apesar do foco no cooperativismo gaúcho, a instituição já ofereceu cursos de Gestão de Cooperativas na Bahia, no Ceará e no Pará. Seguindo o mesmo modelo, há ainda o Icoop, em Cuiabá (MT), e a Faculdade Unimed, com sede em Belo Horizonte (MG), nascidas com o DNA da cooperação. Ambas disponibilizam cursos de Gestão de Cooperativas, além de programas de pós-graduação e outras capacitações de curta duração. No caso da Unimed, além do foco em cooperativismo, há especializações focadas no ramo saúde, como o MBA em Administração Hospitalar.
Considerando-se que o ensino superior, em geral, não contempla o cooperativismo adequadamente na formação das carreiras, a compreensão das características peculiares das cooperativas é extremamente relevante”, destaca Mário de Conto, diretor-geral da Escoop.
Esta matéria foi escrita por Amanda Cieglinski e está publicada na Edição 28 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Esta matéria foi escrita por Lílian e está publicada na Edição 28 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação