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10/12/2024
Turiarte e Sistema OCB representam o cooperativismo na Expoartesanías
Peças de artesanato da Amazônia ressaltam sustentabilidade e design, com foco no mercado global
Espaço dedicado ao artesanato brasileiro, na ExpoartesaníasA Expoartesanías, maior feira internacional de artesanato da América Latina, que acontece em Bogotá, na Colômbia entre os dias 4 e 17 de dezembro, reúne artesãos, associações, cooperativas e especialistas para celebrar e preservar as tradições artesanais do continente. Esse ano, o Sistema OCB participa do evento como parceiro estratégico da ApexBrasil e reafirma seu compromisso em promover o coop no cenário internacional com um espaço dedicado exclusivamente ao artesanato produzido por mulheres.
Entre as cooperativas selecionadas para representar o Brasil, a Cooperativa de Turismo e Artesanato da Floresta (Turiarte) se destacou com a exposição de duas peças no pavilhão brasileiro. As obras, escolhidas por meio de um criterioso processo de curadoria guiado pela arquiteta e especialista em artesanato Roberta Borsoi, são confeccionadas com palha de tucumanzeiro. O processo de tingimento, realizado com pigmentos naturais extraídos de folhas, raízes e frutos da Amazônia, confere às peças cores vibrantes e únicas.
Foco na exportação
A Turiarte, fundada em 2015, é composta por 172 cooperados, a maioria mulheres, teve sua participação viabilizada pelo Programa NegóciosCoop – Mercado Internacional, uma iniciativa do Sistema OCB que busca ampliar o alcance global de cooperativas de pequeno e médio porte, e desmistifica a ideia de que exportar é uma realidade apenas para grandes organizações.
Antes da feira, o Sistema OCB ofereceu um suporte integral com capacitações específicas, formação de preço para exportação e a criação de materiais promocionais em português, inglês e espanhol. A preparação visou garantir que a coop estivesse pronta para dialogar com compradores internacionais e aproveitar ao máximo a notoriedade do evento.
Jéssica Dias“A promoção das exportações de cooperativas de artesanato é uma prioridade estratégica para o Sistema OCB e nossa atuação na Expoartesanías demonstra esse compromisso. A parceria com a ApexBrasil, o suporte à Turiarte e a realização de um painel temático no pavilhão brasileiro reforçam nosso papel em abrir portas para que o cooperativismo nacional alcance mercados internacionais. Este é mais um passo importante para ampliar a presença global das cooperativas brasileiras e valorizar a riqueza cultural que elas representam”, afirma Jéssica Dias, analista de Negócios do Sistema OCB.
Para Ingrid Coutinho, presidente da Turiate, a participação na Expoartesanías marca um momento histórico para a cooperativa e para o cooperativismo brasileiro. Representando o município de Santarém, no Pará, a cooperativa enxerga, na feira, uma oportunidade de explorar mercados internacionais, fortalecer o artesanato local e promover o turismo de base comunitária. “A presença no evento reflete um esforço coletivo de planejamento estratégico, que visa mitigar riscos, identificar oportunidades e inserir os produtos dos cooperados em um mercado global cada vez mais competitivo”, afirmou.
Ainda segundo ela, além de ampliar a visibilidade da cooperativa e de seus artesãos, a iniciativa reforça o papel do cooperativismo como motor de desenvolvimento sustentável e inclusão econômica. “Participar dessa exposição é um marco, pois a força do cooperativismo é comprovada, assim como a da cultura amazônica para o mundo. Fortalecemos nossos planos de exportação e ampliamos as oportunidades para nossos cooperados”, assegurou.
Ponte entre culturas
Além da exposição, o Sistema OCB conduziu o painel Cooperativismo e artesanato feito por mulheres: perspectiva bilateral Brasil e Colômbia. O encontro, realizado durante a feira, contou com a participação de Pamina Gonzalez, sócia-gerente da consultoria internacional How2Go, que trouxe reflexões e dados sobre o setor de artesanato nos dois países. O painel destacou o potencial do setor que esta fortemente ligado à sustentabilidade, perspectiva valorizada pelo mercado internacional.
Outro ponto abordado no painel foi o cooperativismo como modelo de negócios assertivo para a profissionalização da atividade de produção artesanal. "O cooperativismo é uma oportunidade para abrir o leque de atuação das artesãs que, por meio da formação de cooperativas, podem ganhar escala para a comercialização de suas peças, têm a possibilidade de comprar insumos com menor custo, além de ganharem força e representatividade perante órgãos governamentais e instituições como o Sistema OCB. Em um setor marcado pela majoritária presença feminina, o cooperativismo é uma importante estratégia de empoderamento econômico para a artesã", acrescentou Jéssica Dias.
Artesanato produzido pelas cooperadas da TuriarteO setor artesanal no Brasil é dominado por mulheres, que representam cerca de 80% dos profissionais cadastrados no Programa do Artesanato Brasileiro (PAB). Muitas pertencem à comunidades tradicionais e desempenham um papel essencial na geração de renda, preservação cultural e promoção de práticas sustentáveis.
A exportação de produtos artesanais amplia o alcance desses itens e contribui para a redistribuição de renda e o fortalecimento das economias locais. Um estudo recente da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC) revelou que empresas exportadoras geram mais empregos, pagam melhores salários e demandam mão de obra qualificada. No caso das cooperativas, isso se traduz em maior impacto social, especialmente em comunidades rurais e periféricas.
“A presença brasileira na Expoartesanías é um marco para o artesanato cooperativo. Essa participação mostra que tradição e inovação podem caminhar juntas, com entrega para o mundo do que temos de melhor. Esperamos que essa experiência inspire outras cooperativas a explorar novos mercados e a acreditar no potencial transformador do modelo de negócios”, completou Jéssica
Para Thaís Marquez, fundadora da Casa ITTI, o artesanato vai muito além da criação. Ela acredita que é um processo de troca e valorização e que, quando um designer realmente entende a história por trás de uma técnica ou da peça, ele não apenas potencializa o que já existe, mas também colabora para desdobramentos que respeitam a essência cultural e o trabalho das artesãs. “É uma parceria onde cada lado soma: o artesão com sua habilidade e tradição, e o designer com seu repertório e olhar comercial. O importante é que o resultado final carregue a história e a identidade da comunidade, sem apagar sua autenticidade”, destacou.
Já Fernanda Daudt, fundadora da Volta Atelier e consultora para design estratégico e internacionalização, o mercado global tem demonstrado um crescimento contínuo no reconhecimento do artesanato como um produto especial e significativo. Ela acredita que essa valorização reflete uma conscientização crescente sobre temas como sustentabilidade social, comércio justo e uso de materiais naturais, que atraem consumidores sensíveis a esses valores.
Para se destacar nesse mercado competitivo, ela considera essencial que os artesãos invistam na qualidade, funcionalidade e durabilidade de suas peças, além de diferenciais como branding e presença digital, que agregam valor e ampliam o alcance dos produtos. “O artesanato é visto como um presente especial e único, mas para competir em um mercado global em crescimento, é fundamental apostar em qualidade, funcionalidade e na construção de uma presença digital forte. Isso conecta o pequeno produtor às grandes marcas e leva as peças artesanais cada vez mais longe”, concluiu.
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