Cooperativa Recicle a Vida eleva renda de catadores e reduz lixo no aterro de Brasília
Contexto e desafios
Fundada em 2005 por um grupo de catadores de materiais recicláveis no Distrito Federal, a cooperativa Recicle a Vida trabalha para conscientizar a comunidade e fazer o tratamento de resíduos recicláveis.
Antes do projeto de fortalecimento iniciado em 2022, os catadores associados enfrentavam condições precárias, com renda média inferior a um salário mínimo, sem acesso a direitos básicos como plano de saúde ou alimentação adequada. Muitas dessas pessoas, principalmente mulheres mães solo, não tinham condições dignas para sustentar suas famílias.
Além da questão social, havia um grave problema ambiental: toneladas de resíduos recicláveis eram enviadas para o aterro sanitário de Brasília, desperdiçando materiais valiosos e contribuindo para a emissão de gases de efeito estufa.
A ausência de infraestrutura industrial na cooperativa impedia a agregação de valor aos materiais coletados, especialmente os plásticos, limitando a prática da economia circular e perpetuando um ciclo de pobreza e degradação ambiental.
Objetivos
A iniciativa da Recicle a Vida teve como objetivo transformar a realidade social e ambiental ligada à gestão de resíduos. O foco principal era promover a inclusão produtiva dos catadores em situação de vulnerabilidade social, garantindo geração de renda digna, melhores condições de trabalho e acesso à proteção social. O projeto buscava valorizar o trabalho desses profissionais, com atenção especial ao protagonismo feminino.
No pilar ambiental, o objetivo era ampliar o volume de resíduos desviados do aterro sanitário, destinando-os corretamente para a reciclagem e reinserindo-os na cadeia produtiva.
A cooperativa almejava verticalizar a reciclagem de plásticos para agregar valor ao material e fortalecer a prática da economia circular. Com isso, o projeto buscava resolver o duplo problema da precariedade dos catadores e do desperdício de recicláveis.
Desenvolvimento
Para alcançar seus objetivos, a Recicle a Vida estruturou sua estratégia em três frentes de atuação. A primeira foi o fortalecimento da inclusão social e a formalização do trabalho dos catadores, assegurando remuneração justa, benefícios como plano de saúde, refeições diárias, recolhimento de INSS, descanso semanal remunerado e bonificação por produção. Essa ação visou garantir condições dignas e segurança para os cooperados.
A segunda frente concentrou-se na expansão da capacidade operacional e na prestação de serviços especializados. A cooperativa mobilizou recursos de grandes geradores de resíduos (empresas, shoppings, condomínios) e com o Serviço de Limpeza Urbana do DF, ampliando sua atuação na coleta seletiva, triagem, transporte e destinação final adequada dos materiais. Essa expansão foi crucial para aumentar o volume de resíduos processados e a receita da cooperativa.
A terceira frente foi a verticalização da reciclagem de plásticos. Com recursos captados via editais, programas de apoio do Sistema e investimentos privados, a cooperativa adquiriu maquinário para a industrialização de plásticos. Assim conseguiu implantar linhas de lavagem, moagem e extrusão, agregando valor aos plásticos PP (polipropileno) e PEAD (polietileno de alta densidade), e transformando-os em matéria-prima para a indústria. A capacitação dos cooperados para esse processo foi garantida por parceria com o SENAC-DF.
Resultados e impacto
A implementação da estratégia gerou resultados transformadores. A renda média dos 80 cooperados saltou de menos de um salário mínimo para R$ 1.800 mensais. Hoje, todos têm acesso a plano de saúde, três refeições diárias e direitos trabalhistas, garantindo condições dignas, especialmente para as mulheres (68% do quadro) em situação de vulnerabilidade.
No pilar ambiental, o impacto também foi expressivo. A Recicle a Vida passou a ser responsável por desviar mais de 300 toneladas de resíduos por mês do aterro de Brasília. Esses materiais são destinados à reciclagem, compostagem ou transformados em Combustível Derivado de Resíduo (CDR).
A cooperativa se destacou como a única no DF com linha de extrusão de plásticos, agregando valor aos materiais e consolidando a prática da economia circular. O projeto demonstra na prática como o cooperativismo pode ser um motor de justiça social e ação climática.
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