Trabalhos acadêmicos
Título
Comportamento Empreendedor Em Cooperativas De Reciclagem Atendidas Por Projeto De Extensão: Relações De Subordinação Versus Autonomia
Autores
- Rafael Alves de Paula
- Eliandra Soares
- Vânia Gisele Bessi
Ano da Publicação
2019
Idioma da Publicação
Português
Revista Publicada
Salão de Extensão (20.: 2019: Porto Alegre, RS). Caderno de resumos. Porto Alegre: UFRGS/PROREXT, 2019.
Resumo
As associações e cooperativas são estruturas que se organizam para a realização de atividades produtivas, prestação de serviço ou comercialização de mercadorias. Neste contexto, tem-se as cooperativas de reciclagem que contemplam o tripé da sustentabilidade, ou seja, questões econômicas (comercialização de materiais), sociais (geração de renda), e ambientais (destinação e reciclagem de resíduos sólidos). A essência do cooperativismo é a autogestão, que pressupõe que todos os cooperados são donos do próprio negócio e devem atuar, em conjunto, para a melhoria do mesmo. Tal perspectiva está alinhada com os fundamentos do empreendedorismo. Diante disto, o objetivo deste trabalho é analisar a percepção de integrantes de cooperativas de reciclagem em relação ao comportamento empreendedor. Essa pesquisa ocorreu no âmbito do projeto de extensão Gestão em Empreendimentos Solidários, desenvolvido pela Universidade Feevale. O objetivo do projeto é auxiliar cooperativas e/ou associações a aumentarem sua eficiência operacional, por meio das práticas de gestão e de operação, além da formação dos cooperados ou associados. Foi realizado um diagnóstico do perfil empreendedor junto a cooperados de três cooperativas de Novo Hamburgo/RS, entrevistas com 15 cooperados e observação não participante durante visitas in loco, no segundo semestre de 2018. O questionário de perfil empreendedor utilizado já foi validado em pesquisas anteriores e visava entender atitudes frente a situações profissionais, tais como: capacidade de organização e execução, criatividade, controle, relacionamento, rotina de trabalho e sucesso profissional. Além disso, envolvia a motivação para abrir um negócio próprio e também obstáculos para o crescimento do seu empreendimento. Como principais resultados, observou-se que, de acordo com os dados da aplicação do questionário de perfil empreendedor, os cooperados não se percebem como “donos do negócio”, premissa básica do cooperativismo e do empreendedorismo. Afirmações ligadas à autonomia profissional, como por exemplo: “frequentemente sou escolhido como líder em projetos ou atividades profissionais” não foram respondidas, o que comprometeu a análise quantitativa dos dados. Para confirmar as informações coletadas nos questionários, no que se refere à auto percepção dos cooperados como empreendedores, foram realizadas entrevistas com 5 membros de cada cooperativa. Os resultados das entrevistas mostram que, embora os cooperados percebam que exercem uma atividade significativa para a sociedade, principalmente para o meio ambiente, a maioria se sente pertencente à cooperativa apenas como executores das atividades. Assim, muitos mantém com os gestores das cooperativas uma relação de subordinação, que se sobrepõe ao propósito cooperativista. Essa relação chefe-subordinado dificulta a autonomia, a sua percepção como empreendedores e o seu crescimento pessoal e profissional, como sujeitos dotados de direitos e deveres com a organização cooperativa.