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16/10/2025
“DICC é oportunidade de propagar cooperativas de crédito”, diz coordenador
Um futuro mais próspero começa com cooperação. Com esse olhar, o mundo celebra hoje (16/10) o Dia Internacional das Cooperativas de Crédito (DICC) – data que, desde 1948, reconhece a contribuição das instituições financeiras cooperativas para o desenvolvimento socioeconômico e seu papel como agentes de transformação.
Este ano, o mote da campanha global liderada pelo Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (WOCCU, na sigla em inglês) é “Cooperação por um mundo próspero”. No Brasil, o Sistema OCB e os sistemas cooperativos de crédito se uniram em uma mobilização de intercooperação para aproximar o tema da realidade brasileira e mostrar o impacto do segmento para a inclusão e o desenvolvimento no país.
A ideia foi traduzida em uma pergunta simples e que está no cotidiano de milhões de pessoas, mas com uma resposta inovadora: “No crédito ou no débito? No coop!” Com linguagem acessível, a campanha lembra que escolher o cooperativismo tem um impacto coletivo: movimenta a economia, fomenta negócios locais e promove a prosperidade compartilhada.
“Com a ação unificada, queremos que nossas estruturas, nossas cooperativas, estejam alinhadas. Que as iniciativas sejam coordenadas e a gente consiga propagar de forma muito clara e didática para a sociedade o que é o cooperativismo de crédito, seus princípios, seus objetivos, e, claro, alcançar o maior número de pessoas”, explica o coordenador do Ramo Crédito no Sistema OCB, Thiago Borba.
A campanha para o DICC 2025 terá ações coordenadas nas redes sociais do SomosCoop, com postagens em colaboração com Sicoob, Sicredi, Unicred, Cresol, Ailos e Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop) e chamado ao engajamento de cooperativas de crédito, tanto as filiadas a sistemas quanto as independentes.
Em entrevista ao Sistema OCB, Borba explica a importância do DICC e de que forma o cooperativismo de crédito brasileiro gera prosperidade e transforma o futuro do país. Leia a seguir:
Sistema OCB: Qual é a importância de uma data mundial para celebrar o cooperativismo de crédito?
Thiago Borba: É um momento em que todos os envolvidos no cooperativismo de crédito, ou seja, um movimento de milhões de pessoas, relembram a causa que os une. O DICC é um movimento mundial que, pelo seu alcance, chama a atenção de toda a sociedade, inclusive de pessoas que ainda não estão dentro do cooperativismo. Nós mostramos que existe um modelo de instituição financeira que trabalha em uma linha mais democrática, sustentável e inclusiva.
Como o Sistema OCB mobiliza as cooperativas brasileiras para a data?
Isso acontece por meio de conversas nos fóruns em que os sistemas cooperativos de crédito estão presentes. Buscamos alinhar estratégias e a comunicação. É claro que cada coop e sistema tem a sua característica, sua particularidade, mas a intenção é garantir uma identidade. Também buscamos desenvolver ações e iniciativas de modo coordenado para engajar os diferentes públicos, de forma que nos dê mais força, mais alcance.
Quais os principais objetivos da mobilização nacional deste ano para o DICC?
O que nós sempre buscamos é o engajamento, esse ano não vai ser diferente. Que as iniciativas sejam coordenadas e a gente consiga propagar de uma forma muito clara e didática para a sociedade o que é o cooperativismo, seus princípios, seus objetivos e, obviamente, alcançar o maior número de pessoas. Precisamos fazer com que o cooperativismo de crédito seja mais conhecido pela sociedade, pelos gestores, pelos tomadores de decisão e criadores de políticas públicas. Temos que ser claros na nossa mensagem para explicar nossos diferenciais, porque não somos uma instituição financeira como outra qualquer.
O mote do DICC 2025 é o papel das cooperativas financeiras para um mundo próspero. Como isso acontece na prática?
Nosso propósito é estar presente onde instituições financeiras de outra natureza societária não estão. Essa forma de atuação mostra claramente a preocupação do cooperativismo de crédito com a inclusão financeira. E nós demonstramos isso por meio de números: fisicamente, as cooperativas de crédito estão em aproximadamente 60 a 70% dos municípios brasileiros. E mais: dos 5.570 municípios, em 469 deles, as cooperativas de crédito são a única instituição financeira no local. Então, em quase 10% dos municípios brasileiros, enquanto outros agentes bancários se retiram e migram para o virtual, nós permanecemos. Sabemos que, muitas vezes, o brasileiro não tem acesso a essas ferramentas digitais, por isso as cooperativas continuam expandindo a sua presença e a sua atuação, inclusive fisicamente.
No Brasil, a questão da inclusão financeira tem alguma particularidade em relação ao restante do mundo?
Essencialmente, a característica geográfica que a gente tem é um desafio. Estamos em um país de dimensões continentais, com culturas completamente distintas. A própria ocupação dos territórios é um traço que, muitas vezes, facilita ou dificulta a entrada do cooperativismo. Há algum tempo temos trabalhado no fortalecimento do cooperativismo de crédito de forma mais contundente nas regiões Nordeste e Norte. Com o propósito de levar a inclusão, bancarização e desenvolvimento local, temos trabalhado fortemente para que o cooperativismo se desenvolva cada vez mais nessas regiões. Muito em breve, teremos indicadores de market share, de penetração, similares ao que já temos no Sul e em alguns estados da região Centro-Oeste.
Como a estratégia de investir no atendimento físico, e não apenas nos serviços digitais, se conecta com os princípios do cooperativismo?
Nesse aspecto, temos o casamento de uma necessidade com um diferencial. Ainda temos a necessidade de comunicar para a sociedade o que é o cooperativismo. E a presença física tem esse potencial: “Olha, cheguei, estou aqui no seu município, sou o Sistema X, sou uma cooperativa de crédito”. E um traço muito característico do cooperativismo de crédito é a confiança. O relacionamento virtual ainda não está maduro o suficiente na sociedade brasileira para transmitir confiança entre partes, entre a instituição financeira e o seu cooperado. Essa presença olho no olho é importante, em especial para alguns públicos atendidos pelas cooperativas de crédito, como o cooperado rural, que tem essa necessidade do aperto de mão e da confiança, eles precisam desse acesso. Precisam conhecer quem é o presidente, o diretor, o gerente que o atende. Essas características continuam impulsionando o cooperativismo de crédito para que a gente avance na ocupação territorial física.
Como valorizar esses diferenciais das cooperativas de crédito e ampliar o conhecimento sobre elas?
Desde a pessoa que está ali no posto de atendimento, o segurança que cuida da porta giratória da agência, o presidente da cooperativa, as instituições de representação, sejam estaduais ou a OCB Nacional, todos têm que entender qual é o propósito da instituição em que trabalha. Temos que ter uma comunicação muito fluida, linear e homogênea sobre o que a gente é, porque existimos e qual é o nosso diferencial.
Assista ao vídeo da campanha do Dia Internacional das Cooperativas 2025:
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13/10/2025
“Cooperativas são estratégicas para o desenvolvimento da Amazônia”, afirma pesquisador da UFV
Às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), que colocará a Amazônia no centro das discussões sobre o futuro do planeta, o cooperativismo deve ser reconhecido como um agente estratégico para o desenvolvimento da região. A avaliação é do professor e pesquisador Alair Freitas, que há quase duas décadas se dedica ao estudo desse modelo de negócios e atualmente coordena o Centro de Referência em Empreendedorismo e Cooperativismo para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
“As cooperativas são fundamentais para a Amazônia porque estruturam a produção, viabilizam a comercialização e garantem renda a milhares de famílias que vivem da sociobiodiversidade. Elas são estratégicas para transformar o potencial econômico da floresta em pé em oportunidades concretas de desenvolvimento sustentável para a região”, afirmou Freitas em entrevista ao Sistema OCB.
A conclusão está em um estudo feito pelo pesquisador para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com análises sobre o papel do cooperativismo entre produtores da agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais na Amazônia. Além dessa contribuição, Freitas atua em pesquisas sobre o futuro do cooperativismo e afirma que o coop precisará ser mais empreendedor para garantir resiliência e competitividade.
Ex-aluno e docente do curso de Cooperativismo da UFV, que acaba de completar 50 anos, Freitas também destaca a importância da formação especializada no setor e defende a educação cooperativista como ferramenta de fortalecimento da gestão.
Leia a entrevista completa:
Sistema OCB: Qual o papel das cooperativas hoje no Brasil?
Alair Freitas: As cooperativas ocupam hoje praticamente todos os setores da economia brasileira, do agropecuário à saúde, do crédito ao consumo, do transporte à habitação. Essa presença difusa mostra que elas não são apenas alternativas, mas parte estrutural da economia nacional. O diferencial, no entanto, está no seu papel inclusivo: em um país com níveis históricos de desigualdade, as cooperativas têm se mostrado capazes de gerar trabalho e renda para famílias vulneráveis, abrir mercados para pequenos produtores e agricultores familiares, e proteger interesses coletivos diante de um mercado cada vez mais concentrado.
Elas também cumprem funções que extrapolam a dimensão econômica: atuam como mediadoras no acesso a políticas públicas, como estruturadoras de cadeias produtivas, e como indutoras de ciclos virtuosos em territórios, ao reinvestirem excedentes em atividades locais e em serviços relevantes para a comunidade. Esse efeito multiplicador é talvez a contribuição mais poderosa do cooperativismo ao Brasil contemporâneo: transformar resultados econômicos em desenvolvimento social e territorial.
Na Amazônia, essa relação entre cooperativas e desenvolvimento é mais direta? O que as cooperativas representam para as comunidades tradicionais?
Na região amazônica, o cooperativismo não é apenas uma opção, mas uma estratégia decisiva para garantir que a riqueza da floresta permaneça nas mãos das comunidades que a preservam. As cooperativas permitem que essas populações captem valor de forma organizada e coletiva, em vez de serem apenas fornecedoras periféricas de matérias-primas. Em muitos casos, já não se trata apenas de comercializar produtos extrativos, mas de coordenar cadeias inteiras, com controle sobre diferentes elos produtivos e de comercialização, garantindo maior autonomia e protagonismo aos extrativistas.
Esse movimento conecta-se diretamente às agendas globais de bioeconomia e de desenvolvimento sustentável. O fortalecimento do cooperativismo amazônico significa alinhar o Brasil a compromissos internacionais de preservação ambiental e justiça social, mas com um diferencial: a floresta viva se mantém não porque está intocada, mas porque as comunidades conseguem viver dela com dignidade e governar seus recursos de forma cooperativa. É nesse ponto que sustentabilidade deixa de ser discurso e se torna prática concreta.
Como as cooperativas contribuem para colocar a agenda sustentável em prática na região?
Elas não apenas valorizam os saberes tradicionais, mas podem ser instrumentos de proteção das comunidades e de seu patrimônio imaterial. O modelo cooperativo permite criar estruturas de governança adaptadas, nas quais as representações comunitárias participam efetivamente dos processos decisórios. Nos próximos anos, com o aumento da demanda por produtos rastreáveis, de origem sustentável e socialmente justos, as cooperativas podem se consolidar como meios privilegiados para conectar comunidades tradicionais a mercados globais, garantindo autonomia e evitando sua marginalização nas cadeias produtivas.
Quais são, na sua avaliação, os principais desafios que o movimento cooperativista tem hoje e que definirão seu futuro?
O cooperativismo brasileiro enfrenta hoje desafios que colocam em xeque sua vitalidade. O primeiro é profissionalizar a gestão sem perder a essência democrática. Isso implica repensar a governança para que, mesmo em organizações grandes e complexas, a participação real dos cooperados seja preservada e valorizada. A cooperativa precisa demonstrar, de forma concreta, que continua sendo cooperativa, que gera valor coletivo e que não se reduz a uma empresa convencional.
Outro grande desafio é a transformação digital e a inovação. Mas aqui o ponto central não é apenas incorporar tecnologia, e sim mudar o mindset organizacional, estimulando comportamentos mais criativos, colaborativos e abertos ao risco. A inovação será o motor da competitividade futura, e sua força está mais no campo cultural do que no tecnológico.
E talvez o desafio mais estratégico seja o da renovação geracional. Atrair, formar e engajar jovens não é apenas uma questão de continuidade, mas de sobrevivência. O cooperativismo precisa se mostrar relevante e desafiador para as novas gerações, sob pena de perder espaço na sociedade e se tornar irrelevante em poucos anos.
Quais os caminhos para o cooperativismo do futuro e como tornar o movimento mais conhecido pela sociedade?
O futuro do cooperativismo dependerá da sua capacidade de se posicionar de forma estratégica em um cenário de transformações aceleradas. Não basta reafirmar princípios; é necessário traduzi-los em práticas que dialoguem com os desafios contemporâneos. Isso significa consolidar o cooperativismo como estratégia de desenvolvimento sustentável e modelo de negócios de impacto, capaz de gerar valor econômico, social e ambiental de maneira integrada.
Um caminho decisivo é aproximar-se das agendas globais de sustentabilidade, transição ecológica e economia de impacto, comunicando melhor à sociedade o que o diferencia das empresas convencionais. Outro elemento central é a capacidade de se articular em redes e ecossistemas inovadores, fortalecendo parcerias com universidades, governos e empresas, e ocupando espaços estratégicos em políticas públicas.
Qual o papel da educação nessa missão de tornar o cooperativismo ainda mais relevante?
A educação cooperativista, em seu sentido amplo, precisa ser assumida como estratégia institucional, e não como atividade secundária. Em um mundo marcado pela digitalização dos negócios e pelas mudanças no comportamento de consumo, o que fidelizará o cooperado é a percepção clara do valor que a cooperativa gera para ele. A educação pode ser o principal instrumento para fortalecer esse vínculo, traduzindo princípios em práticas e qualificando a gestão. Além disso, precisamos impulsionar uma transformação empreendedora dentro das cooperativas. Isso começa pela mudança de mentalidade, e a educação é chave para catalisar essa transformação.
Por que a formação empreendedora é essencial para o cooperativismo?
A formação empreendedora prepara as cooperativas para os desafios de um mundo em constante transformação. Mais do que ensinar técnicas, ela desenvolve mentalidades criativas, colaborativas e proativas, fundamentais para que as cooperativas inovem sem perder sua essência participativa. Ela é o que conecta tradição e futuro: fortalece a identidade cooperativa ao mesmo tempo em que abre caminho para a profissionalização da gestão, o protagonismo da juventude e a inserção em mercados cada vez mais competitivos e exigentes. E essa necessidade não é apenas da juventude. As lideranças cooperativistas em geral também precisam assumir comportamentos mais empreendedores, exercitando criatividade, ousadia e proatividade no cotidiano das cooperativas. O cooperativismo do futuro terá que ser mais empreendedor para ser mais resiliente e competitivo.
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02/10/2025
Histórias reais mostram a força do coop em ação inédita de comunicação
O cooperativismo brasileiro tem histórias reais de transformação por meio do trabalho, geração de renda e criação de oportunidades. Para apresentá-las aos brasileiros, o Sistema OCB e as 27 Organizações Estaduais (OCEs) se uniram em uma iniciativa inédita de intercooperação. O resultado é uma campanha nacional e colaborativa que mostra, com ações e exemplos, a contribuição das cooperativas para um país mais justo, próspero e sustentável.
Ao longo do mês de agosto, o perfil SomosCoop nas redes sociais publicou um vídeo para cada unidade da federação, em parceria com as OCEs, para contar a história de cooperativas e cooperados que constroem o futuro com ações concretas e coletivas, de Norte a Sul do país. As peças têm uma identidade visual própria, que unifica e integra a comunicação, amplificando o impacto da mensagem.
“Uma estratégia de comunicação nacional é fundamental para reforçar o conhecimento e o reconhecimento do cooperativismo. Quando unimos todos os estados em uma só narrativa, conseguimos dar força a essa mensagem, aumentar seu alcance e garantir que o cooperativismo seja visto como um modelo que transforma realidades em todo o Brasil”, destaca a gerente de Comunicação e Marketing do Sistema OCB, Samara Araujo.
Cada OCE ficou responsável por selecionar cooperativas que representassem a história, a diversidade e a relevância do movimento no estado. A partir dessas indicações, a Comunicação do Sistema OCB fez uma curadoria para garantir equilíbrio entre ramos, regiões e narrativas. “Foi um processo intenso, mas muito rico, porque mostrou a dimensão do que podemos construir juntos quando atuamos em rede”, pontua Samara.
Na avaliação da gerente, esse tipo de campanha fortalece a identidade cooperativista porque se apoia em histórias concretas, indo muito além de slogans. “Quando apresentamos exemplos reais, ajudamos o público externo a compreender melhor esse modelo de negócios e, ao mesmo tempo, reforçamos no público interno o sentimento de orgulho e pertencimento. É um movimento de dentro para fora e de fora para dentro”, explica.
A partir do material produzido junto às cooperativas, a iniciativa será desdobrada em outros produtos, incluíndo um livro e uma exposição fotográfica que serão lançados no fim do ano, como parte do legado do Ano Internacional das Cooperativas. “Esse formato colaborativo mostrou a força da nossa rede e a potência da comunicação quando trabalhamos de forma integrada”, resume Samara.
Os bons resultados da campanha também já estão inspirando novas iniciativas de intercooperação para comunicar. A próxima será no Dia Internacional das Cooperativas de Crédito (DICC), comemorado em 16 de outubro, com uma ação colaborativa entre o Sistema OCB, OCEs e sistemas de cooperativas de crédito.
Tradição e identidade
No Paraná, a centenária Frísia foi a escolhida para representar o cooperativismo no estado. A trajetória da cooperativa, construída com o trabalho de imigrantes europeus que chegaram ao Brasil no século 20, se confunde com a história do próprio estado. Hoje, a coop tem mais de mil cooperados, cerca de 1,2 mil colaboradores e é reconhecida como uma das maiores do Brasil no ramo agropecuário.
“A Frísia é a mais antiga cooperativa ainda em operação no Paraná, completando um século neste ano. Na década de 1950 vieram para cá muitos grupos de imigrantes italianos, alemães, poloneses, japoneses e holandeses. A essência do cooperativismo está nessa história, que tem como tripé o aspecto da comunidade, da religião e da educação”, explica o coordenador de Comunicação e Marketing do Sistema Ocepar, Samuel Milléo Filho.
Para ele, a experiência de uma campanha nacional unificada fortalece a identidade do cooperativismo. Ele lembra que o Paraná foi o primeiro estado a promover a adesão ao carimbo SomosCoop junto às cooperativas e ressalta a necessidade de reforçar a comunicação sobre o que está por trás dos produtos que carregam esse selo.
“O mesmo filme que está rodando aqui no Paraná, está no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina. Quem consome esse conteúdo percebe que existe essa unicidade, o que dá uma dimensão da importância que o movimento tem”, avalia.
Conheça mais exemplos da campanha:
São Paulo - Velling Holambra
A cooperativa de flores e plantas ornamentais vem apostando cada vez mais na liderança feminina para ampliar negócios e transformar a realidade local
Pernambuco - COPACOA
A cooperativa de criadores de tilápia de Juçaral, distrito do município de Cabo de Santo Agostinho, fortalece a agricultura familiar e profissionaliza a produção local, gerando renda e oportunidade
Goiás - Bordana
A cooperativa goiana de bordadeiras comercializa produtos cheios de afeto, cuidado e propósito, ao mesmo tempo em que promove a inclusão produtiva de mulheres e leva as belezas do Cerrado para o mundo
Rondônia - CrediSIS JiCredi
Integrante do primeiro sistema de crédito cooperativo da Região Norte, a coop vai muito além das finanças e constrói um futuro melhor por meio da educação. No Espaço Sonho Meu, já acolheu mais de três mil crianças em situação de vulnerabilidade.
Assista à série completa de vídeos no site e redes sociais do SomosCoop.
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02/10/2025
Por Dentro do Coop: o cooperativismo na linguagem das novas gerações
Websérie desmistifica conceitos e expressões do coop e transforma curiosidade em engajamento
Por Raquel SachetoEdição: Samara Araujo Fotos: Lucas Badú
Imagina só: você está rolando o feed no Instagram ou navegando no YouTube e, de repente, aparece um vídeo curto, bem-produzido, falando de cooperativismo de um jeito diferente, dinâmico e que chama sua atenção. Você para, assiste, se identifica — e, quem sabe, fica com vontade de saber mais. Essa é a essência do Por Dentro do Coop, uma websérie pensada para falar a língua das novas gerações — sem jargões, sem complexidade — e mostrar que cooperar também é moderno.
O projeto nasceu da inquietação de um grupo de comunicadores e especialistas em cooperativismo que atuam no Sistema OCB, o órgão de representação máxima do modelo de negócios no Brasil. Como desconstruir siglas, expressões técnicas e mitos que se acumulam em torno do movimento cooperativista — especialmente para quem é jovem e consome os conteúdos digitais? A resposta, descobriram, estava num formato leve, visual e direto: vídeos curtos de 2 a 3 minutos, que funcionam bem no Instagram, no YouTube e no Tik Tok.
Para dar rosto e voz ao Por Dentro do Coop, foi fundamental encontrar uma apresentadora que tivesse conexão com o público jovem. A série é conduzida pela Luiza Cascaes, que atua como anfitriã desta conversa virtual entre o cooperativismo e os jovens. Ela dialoga com eles e mostra, de forma simples e atrativa, os conceitos e questões que podem parecer complexas, mas, na verdade, resumem apenas uma forma diferente de empreender de forma coletiva e compartilhada.
Em cada episódio, Luiza assume uma postura curiosa: pergunta com naturalidade, explica conceitos e expressões técnicas, mostra exemplos práticos, e até provoca momentos de humor. É exatamente esse tom — de quem sabe questionar para fazer entender — que busca atrair e manter o público atento a cada novo episódio. Para ela, a experiência de apresentar a série tem sido também uma oportunidade de aprendizado. “O cooperativismo está presente em situações muito mais próximas da nossa vida do que imaginamos. Nosso desafio é mostrar isso de forma simples, para que qualquer pessoa possa entender e se sentir parte desse movimento”, afirma.
A escolha de falar diretamente com as novas gerações não é por acaso. Estudos apontam que os jovens consomem informação de maneira cada vez mais rápida e visual, mas também exigem autenticidade e propósito. É nesse cenário que a websérie encontrou o tom certo para se destacar. Ela não tem periodicidade fixa — surge conforme os temas demandam e oportunidades de gravação aparecem —, mas carrega uma constância no tom: divertido, acessível, dinâmico.
A websérie também cumpre um papel estratégico de comunicação para o Sistema OCB. De acordo com Samara Araujo, gerente de Marketing e Comunicação da entidade, o objetivo é renovar a imagem do setor. “Queremos mostrar que o cooperativismo não é algo distante ou burocrático. Pelo contrário, ele faz parte do presente e aponta caminhos para o futuro, especialmente quando pensamos em temas que mobilizam os jovens, como sustentabilidade, inclusão e novas formas de economia”, destaca. Para ela, o Por Dentro do Coop é um espaço de experimentação de linguagem e formatos, sempre com o propósito de aproximar o coop das novas gerações.
O impacto pode ser medido pelo engajamento nas redes sociais. Nos comentários dos vídeos, o público tem reagido de forma entusiasmada. “Não fazia ideia de que estava descobrindo a profissão da minha vida, o cooperativismo é pra mim o caminho que quero seguir e ajudar a desenvolver no Brasil e no mundo”, escreveu uma seguidora no Instagram. Outro jovem comentou: “Um modelo de negócio justo, sustentável e comprometido com a comunidade”. Um terceiro registro resume o sentimento geral: “É tanta coisa que o coop faz pela sociedade que não cabe em um comentário!”.
As manifestações confirmam que o Por Dentro do Coop está cumprindo seu papel de desmistificar conceitos e despertar curiosidade. Além de transmitir informação, a websérie constrói pontes: entre gerações, entre a teoria e a prática, entre o movimento cooperativista e a cultura digital. É nesse cruzamento que o cooperativismo se mostra, novamente, como um modelo vivo e em constante adaptação. Como resume Luiza Cascaes: “Se o cooperativismo sempre foi sobre pessoas, nada mais natural do que falar com elas da forma que elas querem ser ouvidas. E, hoje, isso passa pelas redes sociais, pelo dinamismo dos vídeos curtos e pelo diálogo aberto”.
Ao trazer essa proposta inovadora, o Sistema OCB reafirma sua disposição de experimentar novos caminhos para comunicar um modelo de negócios que já transformou comunidades inteiras, mas que agora busca conquistar também o coração e a mente da geração digital. Afinal, cooperar é um verbo que nunca sai de moda — só encontra novas formas de ser contado.
Confira os vídeos do projeto:
Ano Internacional das Cooperativas: a ONU reconhece, mais uma vez, o impacto real das coops na construção de um mundo mais justo, sustentável e colaborativo
Carimbo SomosCoop: por trás do produto tem gente de verdade, trabalho coletivo e propósito
Símbolos: você conhece os que representam o cooperativismo? Confira aqui!
Cashback cooperativista: sobras que geram um ciclo virtuoso e fortalecem comunidades
Notícias saber cooperar
30/09/2025
Cooperativas mostram que estão preparadas para participar da COP30
Histórias de inovação, inclusão e preservação projetam o movimento para a Conferência do Clima
Por Raquel SachetoEdição: Samara Araujo Fotos: Lucas Badú e Cleyton Silva
Quando o Brasil foi definido como sede da COP30, que será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém (PA), cresceu também a expectativa sobre como o país mostraria ao mundo suas soluções para o clima e o desenvolvimento sustentável. Foi nesse cenário que o cooperativismo abriu suas portas para lideranças nacionais, organismos internacionais e jornalistas.
Em duas jornadas complementares — a Imersão Pré-COP30 e a Press Trip Coop na COP30 — o setor revelou, do Sul à Amazônia, experiências concretas de comunidades que unem preservação ambiental, geração de renda e inclusão social, para projetar o modelo de negócios como uma das respostas mais eficazes e efetivas aos desafios globais.
Imersão Pré-COP30: cooperativas do sul ao norte
A imersão reuniu autoridades de ministérios, agências da Organização das Nações Unidas (ONU), BID Invest (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Rede Brasil do Pacto Global, ApexBrasil e representantes da sociedade civil. A jornada começou no Rio Grande do Sul, em visitas à Coasa, referência na agricultura familiar; à Cresol, que alia crédito e sustentabilidade; e à Vinícola Aurora, com sua robusta agenda ESG. O roteiro seguiu por Nova Petrópolis, onde os participantes conheceram a Sicredi Pioneira, berço do cooperativismo de crédito na América Latina, e a Casa Cooperativa, guardiã da memória do setor. Em Porto Alegre, a Cootravipa mostrou como o trabalho coletivo promove inclusão social em comunidades urbanas vulneráveis.
Na Coasa, os visitantes conheceram projetos de manejo do solo e agricultura sustentável que fortalecem comunidades inteiras. “Aqui, acreditamos que cuidar do solo é cuidar do nosso futuro”, resumiu o presidente Orildo Germano Belegante. Já na Cresol, foi possível conhecer como a cooperativa integra crédito e práticas socioambientais em seu modelo de atuação. A Vinícola Aurora, por sua vez, destacou sua estratégia ESG, que já contempla 13 temas materiais e 20 compromissos assumidos, entre eles o uso eficiente da água, a destinação correta de resíduos e o investimento em programas sociais voltados para jovens e comunidades do entorno.
A Sicredi Pioneira chamou a atenção por seu programa de sucessão familiar no campo e pela carteira de crédito em energia solar. “Temos uma das maiores carteiras de energia fotovoltaica do país, mesmo em uma região de baixa irradiação solar”, destacou Tiago Luiz Schmidt, presidente do Conselho de Administração da cooperativa. O papel de guardião da memória e de promotora do modelo de negócios cooperativismo foi destacado pela Casa Cooperativa. “Um dos principais concorrentes do cooperativismo é o desconhecimento. Nosso propósito é divulgar e promover esse modelo para que mais pessoas possam vivenciá-lo”, disse a presidente da entidade, Heloísa Helena Lopes.
A visita à Cootravipa mostrou como o cooperativismo urbano pode transformar exclusão em oportunidade. Criada há mais de 40 anos em uma comunidade periférica, a cooperativa reúne trabalhadores que encontraram no coletivo uma forma de superar o desemprego e conquistar dignidade. Entre os projetos, destacam-se o Coleta Tri, que promove a segregação correta de resíduos, e o Empreender para Crescer, que leva educação ambiental a crianças da rede pública. “Acreditamos que, por meio do trabalho e da geração de renda, podemos transformar pessoas em protagonistas de suas histórias. É isso que nos move todos os dias”, afirmou a presidente Imanjara Alessandra Marques de Paula.
Na etapa amazônica, o grupo desembarcou em Rondônia para visitar a Reca, pioneira em sistemas agroflorestais, e o Sicoob Credip, que impulsiona a cafeicultura sustentável e foi responsável pela conquista da Identificação Geográfica dos Robustas Amazônicos. A jornada terminou em Vilhena, com experiências de intercooperação no Hospital Cooperar e a inovação social da Favoo Coop, que alia educação, inclusão digital e microcrédito solidário.
A Reca mostrou como sistemas agroflorestais podem unir preservação da floresta e renda para mais de 300 famílias. Formada por migrantes e comunidades tradicionais, a cooperativa é referência internacional e mantém agroindústrias de óleos, polpas e palmitos.“A Reca trabalha com pequenos agricultores em sistemas produtivos que respeitam a sociodiversidade, valorizam os saberes locais e geram renda com preservação”, explicou o presidente Hamilton Condack de Oliveira.
Na visita ao Sicoob Credip, o grupo descobriu como a cafeicultura sustentável é impulsionada pela organização que também apoiou a conquista da primeira Identificação Geográfica mundial para cafés canéforas amazônicos. Já no Sicoob Credisul, foi possível acompanhar como a cooperativa de crédito reinveste seus resultados na comunidade, apoiando desde produtores rurais até microempreendedores urbanos. Programas de educação financeira, linhas de crédito acessíveis e apoio a projetos sociais deram a dimensão de como o crédito cooperativo pode transformar territórios.
Idealizado inicialmente pelos cooperados do Sicoob Credisul, o Hospital Cooperar nasceu do desejo da comunidade de Vilhena de ter acesso a serviços de média e alta complexidade em saúde. Mais de 15 mil cooperados uniram recursos próprios, doações e distribuição de sobras para erguer a estrutura de 12 mil metros quadrados, com investimento superior a R$ 50 milhões. Hoje, sob gestão da Unimed Vilhena, o hospital atende toda a população local e mostra como a cooperação pode preencher lacunas históricas do sistema de saúde. “O que era um sonho coletivo se tornou um patrimônio para toda a região. Isso é a prova viva de que a união transforma realidades”, destacou Vilmar Saúgo, CEO do Sicoob Credisul.
O roteiro foi encerrado com a visita à Favoo Coop, cooperativa educacional que nasceu em comunidades periféricas e hoje mantém a Faculdade Cooperativa Favocop. Seu modelo combina educação com inclusão social e geração de renda. Projetos como o Favoo Sustentável, voltado a hortas comunitárias e segurança alimentar, o Favoo Costura Criativa, que capacita mulheres em situação de vulnerabilidade, e o Favoo Digital, que oferece cursos de tecnologia para jovens das periferias, mostraram como a educação cooperativista pode multiplicar oportunidades.
“Vivenciei o fortalecimento da agricultura familiar e da inclusão produtiva de mulheres e povos tradicionais. A Sicoob Credip, por exemplo, realiza um trabalho incrível com comunidades indígenas”, contou Ricardo Vieira Vidal, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. “Estar aqui, olho no olho, foi fundamental para compreender o papel das cooperativas na inclusão financeira”, acrescentou Isabela Maia, do Banco Central. “O cooperativismo valoriza cultura, relações e saberes comunitários. Conhecer iniciativas como a produção de café robusta por povos tradicionais e a cooperativa mirim foi transformador, completou Lilian Lindoso, do Ministério do Meio Ambiente.
Para Débora Ingrisano, gerente de Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB, o saldo foi claro: “Mostramos, na prática, como o cooperativismo brasileiro contribui para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e para a agenda climática mundial. As cooperativas brasileiras estão preparadas para entregar soluções que o mundo precisa”, declarou.
Press Trip Coop na Cop30: imprensa vivencia o coop no Pará
Um mês depois, foi a vez da imprensa conhecer esse universo. A Press Trip Coop na COP30 reuniu 15 jornalistas de veículos nacionais em um percurso pelo Pará, entre Santarém, Alter do Chão, Belém e Tomé-Açu para conhecer iniciativas que simbolizam a diversidade e a força do cooperativismo brasileiro.
A primeira parada foi na Turiarte, localizada na comunidade de Anã, às margens do Rio Arapiuns, em Alter do Chão. Especializada em turismo de base comunitária e artesanato amazônico, a cooperativa mostrou como a renda é gerada de forma sustentável a partir da floresta em pé.
Os visitantes acompanharam de perto a confecção de mandalas, sousplats e cestos feitos da palha de tucumã, tingida com pigmentos naturais de urucum, jenipapo e açafrão. Além disso, participaram de vivências em piscicultura e meliponicultura, a produção de mel de abelhas sem ferrão. “Nosso trabalho é mostrar que a floresta pode gerar renda sem ser destruída. Cada peça que produzimos carrega a história da nossa comunidade”, afirmou a artesã e cooperada, Ivaneide de Oliveira.
Em Tomé-Açu, a visita foi à Camta, cooperativa agroindustrial com quase um século de história e reconhecida mundialmente por seus sistemas agroflorestais. O grupo percorreu propriedades que adotam o modelo de consórcio entre culturas como dendê, cacau e açaí, que recuperam áreas degradadas e preservam a biodiversidade. “O Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu é uma prova de que podemos produzir em escala e, ao mesmo tempo, cuidar da floresta. Levamos frutas e derivados da Amazônia para o mundo com rastreabilidade e compromisso socioambiental”, explicou o cooperado Ernesto Suzuki, um dos anfitriões da visita.
Já em Belém, a comitiva conheceu a Concaves, cooperativa formada por catadores de materiais recicláveis que se consolidou como referência em economia solidária. Ali, os jornalistas ouviram histórias de superação de trabalhadores que antes atuavam na informalidade e hoje têm renda digna, proteção social e voz ativa nas decisões. A Concaves terá papel de destaque na própria COP30, sendo uma das responsáveis pela coleta seletiva do evento. “Nosso trabalho vai muito além da reciclagem. Mostramos que inclusão social e cuidado com o meio ambiente caminham juntos, e a COP30 é uma oportunidade de dar visibilidade a essa realidade”, afirmou a presidente da cooperativa, Débora Bahia.
Além dessas experiências, a imprensa também conheceu cooperativas de crédito — como Sicredi Norte, Sicoob Coesa Cresol Amazônia — que ampliam o acesso a serviços financeiros em regiões da Amazônia antes desassistidas. Essas cooperativas reinvestem seus resultados nas próprias comunidades, gerando um ciclo virtuoso de desenvolvimento local. No Pará, suaatuação têm fortalecido agricultores familiares, empreendedores e comunidades tradicionais, oferecendo crédito acessível, educação financeira e projetos sociais.
“Queríamos mostrar que o cooperativismo brasileiro não é apenas um modelo de negócios, mas uma forma de transformar comunidades, gerar renda digna e preservar o meio ambiente. Cada visita foi uma oportunidade de revelar histórias inspiradoras, que agora ganharão ainda mais visibilidade”, afirmou Samara Araujo, gerente de Marketing e Comunicação do Sistema OCB.
Ela reforça que a aproximação com a imprensa foi estratégica: “O jornalismo tem o poder de ampliar vozes e conectar pessoas. Ao vivenciarem o cotidiano das cooperativas, os repórteres perceberam que soluções locais já estão acontecendo, com potencial de serem replicadas em todo o mundo”.
Coop como resposta global
Com mais de 4,3 mil cooperativas, 25,8 milhões de cooperados e cerca de 578 mil empregos diretos, o Brasil mostrou, nessas duas experiências, que o cooperativismo é um ator essencial na construção de soluções para o futuro. A Imersão Pré-COP30 e a Press Trip Coop na COP30 confirmaram que o modelo cooperativo brasileiro está pronto para ocupar lugar de destaque na Conferência do Clima, em Belém.
Para saber mais sobre o Coop na COP30, acesse: cop30.coop.br
Notícias saber cooperar
25/09/2025
Cooperação pela paz e justiça: como as cooperativas contribuem para o ODS 16
Entre tecidos, linhas e pontos, uma cooperativa de Roraima tem ajudado mulheres venezuelanas a costurar um novo futuro em território brasileiro, com capacitação, trabalho e esperança de recomeço. A atuação da Cooperativa de Empreendimento Econômico Solidário de Boa Vista (Coofecs) é um exemplo de como o cooperativismo brasileiro contribui para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 16, da Organização das Nações Unidas (ONU), que trata da promoção da paz e da justiça.
Esse compromisso global aponta caminhos para sociedades pacíficas e inclusivas, o que inclui a garantia dos direitos dos migrantes, para que essas populações sejam tratadas com dignidade, protegidas da violência e discriminação, e tenham igualdade de acesso à justiça.
Em parceria com a Organização Internacional para Migrações (OIM Brasil), agência da ONU, a Coofecs acolhe as mulheres venezuelanas no projeto “Empreendedores em movimento”, um curso gratuito de costura básica e industrial. Além de técnicas de reparo, confecção sob medida e produção de peças personalizadas, elas recebem uma máquina de costura no final, aprendem sobre direitos no Brasil e são integradas social e economicamente – conhecimento que as ajuda a costurar novas oportunidades e recomeçar a vida longe de seu país.
“A cooperativa sempre buscou incentivar a autonomia das mulheres e atualmente, com a migração venezuelana, estamos focando no atendimento prioritário a essa população. Nas nossas turmas de capacitação, por exemplo, temos um profissional para traduzir as aulas e dar suporte a essas mulheres recém-chegadas no Brasil. Em sala de aula, elas são incentivadas a gerar renda para a família, acessar o mercado de trabalho e estudam mais sobre a valorização da mulher nos espaços e sua identidade”, explica a presidente da Coofecs, Maria dos Santos.
Segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), dos 194.331 imigrantes que entraram no Brasil em 2024, quase metade (48,7%) eram venezuelanos com solicitações de refúgio. Em Roraima, por onde a maioria dessa população chega ao território brasileiro, a atuação de cooperativas de diversos ramos tem ajudado a atenuar a crise humanitária provocada pelo deslocamento em massa do país vizinho.
Além de atuar na capacitação profissional de refugiadas, a Coofecs colabora com outras iniciativas de apoio a imigrantes no estado, com ações voluntárias em projetos sociais e doação de alimentos para comunidades vulneráveis. “Nossa atuação na região fortalece os laços sociais e a solidariedade, o que é essencial para a paz e a inclusão”, destaca a gestora.
Diversidade e propósito
No oeste do Paraná, 831 imigrantes de diferentes partes do mundo encontraram na Frimesa Cooperativa Central mais do que um emprego. Vindos de países como Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Haiti, Coreia, Senegal, Angola, África do Sul, Cuba, Líbano e Marrocos, eles são acolhidos em um ambiente de trabalho que valoriza a diversidade cultural e promove a integração.
“Cada colaborador, seja brasileiro ou imigrante, é parte essencial da nossa estratégia. Na Frimesa, crescer é gerar valor para todos – sem distinções, com cooperação, respeito e oportunidades reais”, afirma o presidente executivo da cooperativa, Elias José Zydek.
A Frimesa oferece apoio aos trabalhadores estrangeiros desde a parte burocrática, com suporte documental e auxílio na legalização no Brasil, em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Para promover a integração socioeconômica dos colaboradores, a cooperativa garante salários justos e competitivos, com políticas que reconhecem desempenho e resultados, sem distinção de gênero, raça, religião ou origem.
Em outra iniciativa alinhada ao ODS 16, em busca da justiça e práticas éticas e transparentes, a coop aderiu ao Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção em 2023. No ano passado, reforçou seu compromisso ao integrar o Pacto Brasil pela Integridade Empresarial e o Pacto Global da ONU – Rede Brasil, consolidando sua postura pública contra a corrupção.
Cooperativas e paz
Uma das principais lideranças globais do cooperativismo, o ex-presidente do Sistema OCB e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirma que o modelo cooperativo representa atualmente a maior força de inclusão social e paz no mundo.
Segundo ele, ao garantir emprego, renda e dignidade, as cooperativas transformam realidades. “A exclusão social gera insatisfação, fomenta revoltas e pode levar ao colapso de sistemas políticos, econômicos e institucionais. Nesse contexto, o cooperativismo surge como uma ferramenta poderosa para reduzir desigualdades e promover a inclusão e a paz”.
Notícias saber cooperar
18/09/2025
Com atuação sustentável, cooperativas apoiam comunidades a cuidar dos oceanos
Proteger os mares e oceanos é uma missão que começa em terra firme, com práticas que reduzem a poluição, preservam ecossistemas e promovem o uso sustentável dos recursos naturais com a valorização do trabalho de pequenas comunidades costeiras. Alinhadas ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14 – Vida na água, as cooperativas brasileiras têm um papel estratégico nessa tarefa e atuam em diversas frentes: do controle de resíduos que iriam para os mares ao fortalecimento de cadeias produtivas ligadas aos ecossistemas marinhos.
Em uma das paisagens naturais mais icônicas do Brasil, os Lençóis Maranhenses, uma cooperativa de transporte turístico atua na preservação e proteção de restingas, manguezais e do imenso campo de dunas à beira-mar que formam o parque nacional considerado um dos mais bonitos do mundo.
É nesse cenário que 280 cooperados da Cooperativa de Turismo e Transporte Alternativo dos Lençóis Maranhenses (Coottalmar) realizam passeios com visitantes do Brasil e do mundo e atuam como agentes de conscientização ambiental. A presença da coop tem garantido trabalho, renda e fortalecido a economia e as comunidades tradicionais de Barreirinhas (MA), uma das portas de entrada dos Lençóis Maranhenses, em sintonia com o ODS 14.
“A gente foca muito nessa questão de ter a mão de obra local daqui, da nossa cidade. Queremos gerar emprego para as pessoas de Barreirinhas e dos povoados do entorno. Através do turismo, podemos dizer que essas famílias melhoraram de vida”, destaca o presidente da cooperativa, Teotônio Júnior.
Dona de um restaurante local, Regiane Santos acompanha de perto a transformação que o cooperativismo tem promovido na região. “Até o surgimento das cooperativas e a parceria dos guias motoristas, a gente era um povo totalmente isolado. A gente não tinha como se deslocar até Barreirinhas nem a lugar nenhum. Com a chegada deles, mudou muita coisa na nossa vida, principalmente para nós que somos nativos”, afirma a empreendedora.
Além do serviço seguro e credenciado, a Coottalmar é responsável por ações de reflorestamento de margens de rios, campanhas educativas para a prática de turismo responsável e mutirões de limpeza nas trilhas. Uma jornada que protege o ecossistema dentro e fora do parque, evitando que resíduos cheguem ao oceano.
Assista ao episódio sobre o trabalho da Coottalmar na série SomosCoop na Estrada.
Conservação se aprende na escola
Uma das metas do ODS 14 é a redução significativa da poluição marinha de todos os tipos, especialmente a advinda de atividades terrestres. Em uma das cidades praianas mais conhecidas do Nordeste brasileiro, uma cooperativa educacional têm mostrado que preservar os oceanos é um compromisso que começa na sala de aula.
Com escolas em Porto Seguro e Arraial D'Ajuda, na Bahia, a Cooperativa de Trabalho Educacional de Porto Seguro (Cooeps) mobiliza seus 600 estudantes em ações de educação ambiental e iniciativas práticas, como mutirões de limpeza em praias, rios e lagoas para reduzir a reduzir a quantidade de lixo que chega ao mar.
“No cotidiano escolar, implementamos práticas sustentáveis, como o uso consciente da água, e oferecemos palestras, oficinas e exposições sobre poluição marinha, sobrepesca e mudanças climáticas, levando ao conhecimento dos nossos alunos as iniciativas locais de preservação de manguezais, corais e áreas costeiras”, destaca a presidente da Cooeps, Daniele dos Santos.
A cooperativa baiana também contribui para o ODS 14 com a realização de coleta seletiva, em parceria com a Associação Gota do Óleo, e um programa de redução do uso de plásticos descartáveis. “Nosso lema é a formação de professores e alunos como agentes de transformação ambiental, por isso investimos em um projeto pedagógico que destaca a importância de preservar os oceanos e a biodiversidade marinha”, acrescenta a representante da coop.
Confira outras iniciativas de cooperativas ligadas aos ODS:
Cooperativas protagonizam ação climática e contribuem para o ODS 13Cooperativas estimulam consumo sustentável e cuidam do meio ambienteCooperativas constroem cidades mais sustentáveis e inclusivas
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05/09/2025
Cooperativas protagonizam ação climática e contribuem para o ODS 13
As cooperativas brasileiras estão comprometidas com o enfrentamento das mudanças climáticas por meio de projetos que aliam desenvolvimento econômico e social a práticas sustentáveis e à busca pela neutralidade de carbono. No campo e nas cidades, com o uso de energias renováveis, manejo sustentável do solo e reaproveitamento de resíduos agrícolas, o coop mostra que é possível gerar resultados com menos emissões de gases de efeito estufa, contribuindo diretamente para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13, que convoca a comunidade global a agir contra a mudança do clima.
Um exemplo dessa atuação é a Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé), de Minas Gerais, que reúne 500 produtores cooperados em mais de 100 municípios. Referência em assistência técnica e produção sustentável, desde 2022 a coop desenvolve um projeto que a colocou na vanguarda da ação climática no estado: a transformação da palha do café em biochar.
Esse material é como um carvão biológico que retém o carbono no solo, evitando a emissão de gases de efeito estufa. Na tecnologia adotada pela Coocafé em parceria com a startup NetZero, a palha do café passa pelo processo de pirólise (queima controlada em ambiente com pouco ou nenhum oxigênio), que captura e estabiliza o carbono presente na biomassa, evitando que ele retorne à atmosfera em forma de dióxido de carbono (CO₂). Quando incorporado ao solo, o biochar pode reter carbono por centenas de anos, atuando como uma solução eficiente no combate às mudanças climáticas.
Além do benefício climático, o biochar é um fertilizante de alta performance, com efeitos positivos para a retenção de água e nutrientes. Em média, o uso do biochar no solo aumenta de 20% a 30% a produtividade do café. “A produção de biochar oferece soluções sustentáveis para o reaproveitamento de resíduos da atividade agropecuária, reduzindo impactos ambientais antes causados por destinações inadequadas. Com isso, promove uma transição para modelos mais regenerativos e de baixo carbono no campo”, explica o diretor presidente da Coocafé, Fernando Cerqueira.
Em outra iniciativa alinhada ao ODS 13, a cooperativa mineira entrou para o Mercado Livre de Energia, um ambiente que permite ao consumidor escolher seus fornecedores de eletricidade e negociar condições mais vantajosas. Com a migração de algumas unidades operacionais para esse modelo, a Coocafé passou a utilizar energia limpa e certificada em parte de produção, o que já evitou a emissão de mil toneladas de CO₂ na atmosfera.
“Além dos ganhos econômicos e da previsibilidade de custos, essa decisão estratégica viabiliza o uso de energia de fonte renovável, o que contribui diretamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para a transição energética no setor agropecuário”, destaca Cerqueira.
As ações de responsabilidade socioambiental da coop mineira também incluem o recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos para descarte correto e o projeto Escola no Campo, que ensina boas práticas agrícolas e consciência ambiental para estudantes do Ensino Fundamental de escolas da região há mais de 20 anos. “Essas iniciativas refletem o compromisso da Coocafé com os princípios do cooperativismo, especialmente o interesse pela comunidade, a educação contínua e a busca por um desenvolvimento rural mais justo e ambientalmente equilibrado”, resume o presidente da coop.
Fazendas sustentáveis
Em um dos estados com maior tradição agropecuária do Brasil, o Paraná, o cooperativismo também se destaca por produzir com sustentabilidade para reduzir as emissões de gases de efeito estufa do setor, contribuindo diretamente para o ODS 13.
A Frísia, cooperativa mais antiga do estado – que completou 100 anos em agosto – mostra que tradição e inovação andam juntas quando o foco é a mitigação das mudanças climáticas. A coop adota práticas de agricultura de baixo carbono, promove a preservação de áreas nativas e programas de gestão sustentável de resíduos. As ações não apenas reduzem a pegada ambiental da produção, como também fortalecem a economia local e garantem acesso a mercados com exigências ambientais.
Uma das técnicas adotadas pelos cooperados da Frísia é o plantio direto, tipo de manejo em que a semeadura é feita na palha da cultura anterior, sem a necessidade de queimar a área nem de revolvimento do solo, reduzindo a liberação de CO₂. A incorporação da matéria orgânica também mantém a umidade e beneficia a nutrição das plantas, gerando impactos positivos na produtividade. Segundo o gerente de Sustentabilidade e Energias da Cooperativa Frísia, Francis Dalton, a iniciativa faz parte de um conjunto de ações da Frísia para uma agricultura de baixo carbono.
“Nosso objetivo é produzir mais alimentos em uma mesma área, eliminando a necessidade de desmatamento e preservando nossas Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais. Isso não só evita o aumento das emissões de gases de efeito estufa associadas à conversão de terras, mas também reforça o papel do agronegócio como parte da solução climática”, afirma.
As ações climáticas da cooperativa paranaense também incluem projetos de gestão sustentável de resíduos, transformação de dejetos de animais em biocombustíveis, geração de energia limpa e reflorestamento. No programa Fazenda Sustentável Frísia, a coop oferece uma plataforma de serviços de orientação técnica para boas práticas ambientais. As propriedades são avaliadas com base em critérios de sustentabilidade, por meio de módulos, e enquadradas em diferentes níveis, em um processo contínuo de melhora e aumento da competitividade.
“O Fazenda Sustentável garante o atendimento a requisitos legais, a implementação de boas práticas agropecuárias e, consequentemente, a agregação de valor aos produtos, promovendo uma produção mais resiliente e menos impactante”, detalha o gestor.
O Coop na COP30
Em novembro, a atuação do cooperativismo no combate ao aquecimento global estará em destaque na 30º Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. Pela primeira vez realizado no Brasil, o evento reunirá governos, cientistas e representantes da sociedade civil para discutir novas maneiras de enfrentar e financiar a mitigação e adaptação aos efeitos da mudança do clima.
O cooperativismo brasileiro irá se apresentar como parte da solução para a crise climática, destacando o papel do segmento para a segurança alimentar e energética, o fortalecimento da bioeconomia e uso sustentável dos recursos naturais.
“A COP30 será um evento histórico para o coop, não apenas por ser o primeiro realizado na Amazônia, mas também por coincidir com o Ano Internacional das Cooperativas. É a oportunidade perfeita para mostrar ao mundo como o cooperativismo pode oferecer soluções práticas para proteger o meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentável”, destaca a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.
O coop terá um pavilhão na COP30, em que os participantes poderão conhecer experiências reais de sustentabilidade nas cooperativas, destacando seu compromisso com a neutralidade de carbono.
Saiba mais sobre a participação do cooperativismo na COP30.
Notícias saber cooperar
28/08/2025
Do café à Amazônia, cooperativas promovem uso sustentável dos ecossistemas terrestres
Você sabia que as abelhas podem aumentar a produtividade do café? Quando a polinização dos cafezais é feita por elas, a taxa de frutificação aumenta e nascem mais grãos, numa relação que demonstra como o cuidado com a biodiversidade tem impactos sistêmicos, inclusive para as pessoas e a economia. Em Minas Gerais, uma cooperativa decidiu investir na sinergia entre as abelhas e o café para produzir mais e melhor e contribuir com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 15, meta da Organização das Nações Unidas (ONU) para proteção dos ecossistemas terrestres.
Foto: Hero AudiovisualO projeto da Sicredi Conexão – que atua no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas – nasceu da necessidade de 30 famílias de agricultores familiares de Santa Rita do Sapucaí (MG), que queriam ampliar sua produção de café sem ter que expandir a área plantada nem afetar o meio ambiente.
Em parceria com a Associação dos Produtores Rurais da Comunidade Serra dos Borges, a cooperativa de crédito financiou a implantação de colmeias de abelhas sem ferrão próximo aos cafezais. O projeto também inclui o plantio de árvores nativas no entorno e o reflorestamento em áreas de nascentes para proteção das águas.
De flor em flor, as abelhas aumentaram a produtividade e a qualidade do café dos pequenos produtores e ainda geraram outra fonte de renda para as famílias, que passaram a vender mel e derivados. Além dos cafezais, a flora nativa foi beneficiada pelo trabalho de polinização das abelhas e a região ficou mais rica em biodiversidade. Em 2024, a iniciativa foi reconhecida no Prêmio SomosCoop Melhores do Ano com o 3º lugar na categoria Desenvolvimento Ambiental.
Foto: Hero AudiovisualO projeto faz parte do Fundo de Promoção ao Desenvolvimento Regional da Sicredi Conexão, que destina parte dos resultados da cooperativa para ações de impacto socioambiental nas comunidades onde atua. “Nosso objetivo é contribuir para o desenvolvimento social, humano, ambiental e econômico dos associados e da sociedade. Como pré-requisito, esses projetos devem estar alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU”, explica o gerente de Relacionamento da Sicredi Conexão, Fernando Buriol.
Além da cooperação entre abelhas e cafezais, a cooperativa de crédito desenvolve diversos projetos com propósito social e ambiental, como o Propriedade Sustentável, que promove capacitação e apoio técnico para melhorar a gestão de propriedades, evitar a degradação do solo e incentivar o uso consciente dos recursos naturais.
“Em outra iniciativa, no programa Movimento Voluntariado, colaboradores da Sicredi Conexão incentivam em seus municípios ações que promovem a preservação do meio ambiente, como por exemplo, limpeza de vias públicas e reflorestamento com árvores nativas”, completou Buriol.
Cooperação ambiental na Amazônia
Umas das metas do ODS 15 é promover o uso e a gestão sustentável das florestas como estratégia de conservação dos ecossistemas terrestres. As comunidades tradicionais são grandes aliadas para essa tarefa, porque vivem em meio às árvores nativas e dependem da biodiversidade para garantir o sustento de suas famílias.
Em uma das regiões mais preservadas da Amazônia brasileira, a Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus (Cooperar) tem mostrado que é possível produzir de forma sustentável e com manutenção da floresta em pé.
A coop reúne 161 cooperados da população ribeirinha da Vila Céu do Mapiá, localizada na Floresta Nacional do Purus, no município de Pauini (AM). Fundada em 2003, a Cooperar produz cacau nativo, castanha do Brasil, óleos, manteigas vegetais, pastas, frutos desidratados e faz o processamento de madeiras tropicais. Além de gerar renda para os extrativistas, o trabalho da cooperativa consolida cadeias produtivas da região com respeito à natureza, aos saberes tradicionais e à economia da floresta.
“A Cooperar incentiva práticas sustentáveis de manejo florestal, conservação dos ecossistemas e valorização da biodiversidade amazônica. Ao apoiar o extrativismo tradicional e sustentável, evitamos o desmatamento e garantimos que os recursos sejam utilizados de forma equilibrada e regenerativa”, destaca a diretora comercial da coop, Maria Carolina Farias.
Os produtos comercializados pela Cooperar são livres de aditivos químicos e refletem o compromisso com a saúde das pessoas e com o equilíbrio do meio ambiente. A cooperativa também é engajada em iniciativas que promovem o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, como a capacitação em boas práticas agrícolas, rastreabilidade dos produtos e valorização dos sistemas agroextrativistas tradicionais.
“Em um contexto global de busca soluções para produzir de forma sustentável e enfrentar a crise climática, as cooperativas mostram, na prática, como estão construindo um mundo melhor com o uso consciente dos recursos naturais, valorização de cadeias produtivas inclusivas e promoção da bioeconomia como estratégia de desenvolvimento”, destaca a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.
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28/08/2025
Como as cooperativas constroem um mundo melhor?
O cooperativismo é um modelo reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) por sua capacidade de promover desenvolvimento econômico com responsabilidade social e respeito ao meio ambiente. Essa atuação está diretamente conectada aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma série de metas para construir um mundo mais justo e próspero até 2030. Descubra no infográfico interativo como as cooperativas contribuem para cada ODS.
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20/08/2025
Cooperativa gaúcha transforma comunidades com trabalho e inclusão
No começo da década de 1980, comunidades da periferia da Zona Sul de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, enfrentavam um problema social grave: o alto índice de desemprego, que agravava a desigualdade social na região. Contudo, diante da falta de oportunidades, os moradores começaram a buscar novos caminhos para geração de trabalho e renda e, inspirados em experiências cooperativistas que ganhavam força na Argentina, no Uruguai e no Chile, decidiram criar a própria cooperativa.
Dessa união, nasceu a Cooperativa de Trabalho, Produção e Comercialização dos Trabalhadores Autônomos das Vilas de Porto Alegre (Cootravipa), que completou 40 anos em julho, e tem transformado a realidade econômica e social da capital gaúcha com emprego, inclusão e dignidade.
A coop reúne 3,8 mil cooperados, que prestam serviços de limpeza e conservação para clientes públicos e privados, como shoppings centers, escritórios, consultórios, indústrias, condomínios comerciais e residenciais. Em 2024, esse trabalho resultou em R$ 201,4 milhões de faturamento, colocando a Cootravipa entre as três maiores do país em seu ramo de atuação, segundo o Sistema OCB.
“Por meio do cooperativismo de trabalho, contribuímos para reduzir desigualdades, gerar renda, fortalecer comunidades e cuidar do meio ambiente. Nossa atuação alia inclusão social com prestação de serviços de qualidade para a cidade, sempre buscando soluções inovadoras, sustentáveis e humanas”, conta a presidente da Cootravipa, Imanjara de Paula.
Ao longo de sua trajetória, a Cootravipa vem provando que é possível conciliar impacto econômico, inclusão social e desenvolvimento sustentável. Com foco nas pessoas, a coop impulsiona a presença de mulheres em cargos de liderança e investe na capacitação dos profissionais para que eles possam ampliar suas oportunidades no mercado de trabalho.
Inovação cooperativista
A Cootravipa também é reconhecida pela oferta de serviços inovadores. Um deles é o Dronecoop, de limpeza de fachadas com uso de drones, aliando tecnologia e segurança para os colaboradores. Com os equipamentos, é possível alcançar grandes alturas sem a necessidade de andaimes ou estruturas complexas, reduzindo riscos para os trabalhadores e otimizando o tempo de execução.
Além de um bom exemplo de uso da tecnologia, a iniciativa também impulsiona a qualificação profissional dos cooperados, que passam por treinamento técnico para operar os drones, abrindo novas perspectivas profissionais. “Com soluções como essa, promovemos trabalho digno e desenvolvimento urbano sustentável”, ressalta a gestora da Cootravipa.
Impacto ampliado
Além dos cooperados, o trabalho da coop impacta diretamente mais de 10 mil pessoas de Porto Alegre, com projetos de empreendedorismo e educação ambiental. No programa Empreender para Crescer, a cooperativa capacita moradores de comunidades periféricas de Porto Alegre para que elas possam ter seus negócios e garantir renda para as suas famílias.
Já o Coleta Tri é uma solução tecnológica desenvolvida pela Cootravipa para otimizar a coleta seletiva de grandes geradores de resíduos recicláveis, como condomínios, supermercados, empresas e centros comerciais. Por meio de um aplicativo, os clientes podem agendar a retirada dos resíduos e acompanhar o processo em tempo real.
“Seja na limpeza urbana, na conservação de espaços públicos, na formação dos cooperados ou na implantação de tecnologias, cada ação da Cootravipa busca construir uma sociedade mais justa, resiliente e cooperativa, alinhada com os princípios da Agenda 2030”, acrescenta a presidente da cooperativa.
Conheça mais histórias transformadoras do cooperativismo na série SomosCoop na Estrada. Os episódios estão disponíveis no Youtube do Somoscoop.
Notícias saber cooperar
18/08/2025
Como a sua coop pode participar do Ano Internacional das Cooperativas
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15/08/2025
Cooperativas estimulam consumo sustentável e cuidam do meio ambiente
Da palha do tucumã, uma palmeira nativa da Amazônia, mãos habilidosas produzem biojoias, cestos e mandalas, transformando um saber ancestral em fonte de renda e fortalecendo a economia de comunidades tradicionais de Santarém, no Oeste do Pará. O trabalho é realizado por cooperados da Cooperativa de Turismo e Artesanato da Floresta (Turiarte), que tem promovido o desenvolvimento sustentável na região com artesanato responsável e turismo de base comunitária.
Com 178 cooperados, a atuação da cooperativa impacta mais de mil pessoas de 12 comunidades e aldeias da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns e é um exemplo de como o cooperativismo brasileiro tem contribuído para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12. Definida pela Organização das Nações Unidas (ONU), a meta global visa garantir o consumo e produção responsáveis para reduzir o desperdício de recursos naturais, incentivar a economia circular e estimular escolhas mais conscientes.
Mais do que peças de beleza singular, os produtos da Turiarte carregam histórias de sustentabilidade, preservação da floresta e valorização cultural. Ao transformar matéria-prima natural em arte com responsabilidade ambiental e social, a coop mostra que é possível aliar desenvolvimento e conservação da Amazônia.
“Nossa produção é feita totalmente em harmonia com a natureza. O artesão colhe de forma sustentável a fibra do tucumanzeiro e o tingimento da palha também é natural. Ele consegue produzir o artesanato sem precisar desmatar ou derrubar árvore alguma. Pelo contrário, nosso trabalho preserva o meio ambiente. Na etiqueta de cada peça, destacamos o nome da comunidade na qual foi feito o artesanato, então a gente traz essa valorização da produção local também”, destaca a diretora Presidente da Turiarte, Natália Dias.
A cooperativa paraense se estabeleceu no mercado com um posicionamento sustentável e alinhada ao consumo consciente, inclusive vendendo seus produtos para lojistas e instituições que defendem esses valores. Em sintonia com o ODS 12, a influência positiva se estende aos compradores e turistas que visitam as comunidades, criando um ciclo de conscientização e mudança de comportamento com relação à preservação da natureza.
“Nossa atuação sustentável também está no turismo de base comunitária, pois quando a pessoa vai até a comunidade, ela vê ali as pessoas em harmonia com a natureza e o consumo consciente. Então a gente acaba sensibilizando o visitante para não jogar lixo na rua, para manter um ecossistema mais vivo também. A floresta é o nosso lar, temos esse papel de cuidar e também de levar informações para quem nos visita”, ressalta a gestora.
Os impactos econômicos e sociais da Turiarte são visíveis nas comunidades. As mulheres artesãs cooperadas, por exemplo, hoje conseguem manter o sustento da casa, comprar material escolar para os filhos e contribuir com a alimentação, melhorando a qualidade de vida de suas famílias.
Além da garantia de renda digna e da preservação da floresta em pé, a cooperativa tem alcançado outro resultado de impacto para as comunidades locais: a manutenção dos jovens na região, por causa das oportunidades de trabalho e desenvolvimento. “Temos conseguido gerar renda dentro das comunidades, então eles não precisam deixar suas famílias para ir para áreas urbanas. É mais um reflexo do fortalecimento da economia local e da melhoria de vida dos cooperados”, afirma Natália Dias.
Cultura e consumo consciente
Em Natal, uma cooperativa criada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) também tem colocado o ODS 12 em prática mostrando que a reutilização é uma ferramenta para economizar recursos naturais e espalhar conhecimento.
Criada em 1977, a Livraria Cooperativa Cultural - CoopCult organiza feiras literárias e comercializa obras a preços acessíveis, em um trabalho que já ultrapassou os muros da universidade e se tornou referência na região.
“Um livro é considerado uma tecnologia absolutamente ecológica: você leva para todos os lugares, não quebra, não faz uso de energia elétrica”, compara a presidente do Conselho Administrativo da CoopCult, Wani Fernandes.
A cooperativa potiguar tem um acervo de 22 mil títulos, abrangendo as mais diversas áreas do conhecimento, e conta com uma rede parceira de 28 editoras nacionais. Com 2.983 cooperados, a coop reúne professores, alunos e técnicos administrativos das redes pública e privada de ensino do Rio Grande do Norte, além do público em geral.
Diariamente, cerca de 100 a 200 pessoas circulam pela livraria cooperativa em busca de livros, artigos de papelaria, serviços de copiadora e uma pausa para o café. Além disso, a CoopCult realiza eventos como lançamentos de livros, encontros mensais de clube de leitura, reuniões temáticas e concertos. Na programação anual, também são realizadas edições de Feiras do Livro e Festivais de Cultura por meio da cooperação com outras instituições de educação no estado.
A Livraria Cooperativa Cultural também contribui para a economia circular com o repasse de obras de seu acervo para a criação de bibliotecas ou renovação de algumas já consolidadas, como a da Cooperativa Educacional de Natal. Em outra iniciativa de consumo responsável, a CoopCult criou, no ano passado, o Projeto Livro Sustentável.
“O cliente doa livros e recebe um voucher para adquirir novos exemplares na nossa livraria, assim também estamos contribuindo para uma maior democratização do acesso ao livro”, afirma Wani Fernandes.
Para o próximo ano, a cooperativa cultural planeja a reestruturação do Projeto Biblioteca Itinerante, que tem como premissa o reuso e circulação de livros entre a comunidade leitora. “Esse projeto teve início em 2020, na época percorremos quatro cooperativas fazendo circular um box contendo livros da área do cooperativismo e de literatura em geral. A ideia é que ele possa ser retomado em breve”, adianta a gestora.
Cooperação para o consumidor do futuro
A produção sustentável é um tema que vem ganhando espaço entre as novas gerações de consumidores, cada vez mais atentos a empresas e organizações que atuam com valores, propósito e responsabilidade socioambiental. Para as cooperativas, essa agenda já faz parte do cotidiano e é colocada em prática em negócios que têm foco nas pessoas e compromisso com as comunidades e o meio ambiente.
“Conscientizar, racionalizar, reciclar e reutilizar não são apenas boas práticas, são estratégias vitais para garantir a sustentabilidade do planeta. Isso exige a articulação entre governos, empresas, cooperativas e consumidores, com políticas públicas eficazes, investimentos em inovação e uma mudança de mentalidade em toda a sociedade”, explica o analista de Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB, Carlos Magno.
Com esse compromisso, as coops ajudam a preservar recursos naturais, conservar a biodiversidade, gerenciar corretamente os resíduos e promover o uso responsável de energia e água. “As cooperativas têm desempenhado um papel cada vez mais relevante no país na redução de resíduos e na promoção de políticas verdes, por meio de projetos concretos, programas estruturados e parcerias com foco em sustentabilidade”, ressalta o coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Alex Macedo.
Impulso sustentável
Para apoiar as cooperativas brasileiras a adotar práticas de produção e consumo responsáveis, alinhadas ao ODS 12 e outras metas da ONU, o Sistema OCB tem desenvolvido um conjunto de ações integradas, conheça algumas:
Solução Neutralidade de Carbono: envolve 18 cooperativas de diferentes ramos, que juntas somam mais de 236 mil cooperados e 31 mil empregados. A iniciativa inclui consultoria especializada para inventariar emissões de gases de efeito estufa e identificar oportunidades de descarbonização.
Solução de Eficiência Energética: voltada à transição energética e ao uso de fontes renováveis (solar, eólica e biomassa), já beneficia 15 cooperativas, com impacto direto sobre 1,2 milhão de cooperados e mais de 71 mil empregados.
Programa de Negócios: fortalece mais de 100 cooperativas em 23 unidades da federação, especialmente aquelas ligadas à agricultura familiar, reciclagem e artesanato. O programa oferece apoio em organização interna, consultorias, capacitações e acesso a mercados.
Notícias saber cooperar
07/08/2025
Com sustentabilidade e inclusão, cooperativas garantem energia limpa em várias partes do Brasil
Já pensou em utilizar energia solar? Se você mora em uma grande cidade, a instalação dos equipamentos para gerar eletricidade a partir da luz do sol pode ser complexa — especialmente em apartamentos ou imóveis alugados. Mas as cooperativas estão mudando esse cenário, garantindo o acesso de brasileiros de várias partes do país à energia fotovoltaica, com economia na conta de luz e contribuição para um futuro mais sustentável.
Com exemplos em várias partes do país, o cooperativismo brasileiro tem desempenhado um papel fundamental para o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7, meta definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para garantir o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas as pessoas.
No Paraná, a Cogecom, uma cooperativa criada em Curitiba, em 2017, tem se destacado como referência nacional no setor de energia limpa e atualmente atende a cerca de 50 mil cooperados. A coop atua no modelo de geração compartilhada, em que a energia é produzida de forma descentralizada em usinas renováveis parceiras, localizadas no interior do estado ou zonas rurais.
A eletricidade ingressa no sistema interligado e gera um crédito equivalente na conta de luz do cooperado, que continua recebendo o serviço de uma distribuidora convencional, mas com descontos que chegam até 20%.
“Mais do que economizar, o cooperado se posiciona como agente de transformação. Além disso, a escolha pela energia cooperativa é um ato de responsabilidade coletiva diante das mudanças climáticas”, destaca a gerente de Marketing da Cogecom, Cleide Marchi.
Com o lema “Energia para todos”, a cooperativa tem cerca de 2 mil usinas solares e hidrelétricas parceiras e atua em oito estados brasileiros, em um total de 450 megawatts (MW) de potência instalada.
“Já geramos mais de R$ 30 milhões em economia para os cooperados, resultado da produção de mais de 350 milhões de kWh em energia renovável”, destaca Cleide Marchi. O impacto ambiental da atuação da Cogecom também impressiona: mais de 28 mil toneladas de dióxido de carbono (CO²) foram neutralizadas graças à geração de energia de fontes renováveis.
A coop paranaense é um exemplo do compromisso das cooperativas brasileiras de energia – que integram o ramo Infraestrutura – com a construção de uma matriz energética mais diversificada e sustentável, permitindo que mais pessoas tenham acesso a fontes renováveis com qualidade e preço justo.
“A presença cooperativista não apenas democratiza o acesso à energia limpa, como também fortalece um sistema elétrico mais descentralizado, eficiente e justo, ao mesmo tempo em que contribui para a economia local”, ressalta a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.
Energia limpa e sustentabilidade
Do outro lado do país, no pequeno município de Vale do Paraíso, em Rondônia, a Cooperativa Familiar de Energia Solar e Soluções Sustentáveis (Coopfass), fundada em 2021, gera energia solar para 20 famílias de cooperados. A inovação tem transformado a comunidade de 6 mil habitantes e impulsionado outras soluções sustentáveis.
Tudo começou quando algumas famílias da região começaram a buscar alternativas para reduzir os gastos com a conta de luz. Juntas, elas conseguiram comprar e instalar um sistema para geração compartilhada de energia solar fotovoltaica.
“Nesse modelo, chamado de prossumidor, os cooperados são tanto consumidores quanto produtores de energia solar fotovoltaica por meio de um investimento em conjunto na infraestrutura. Cada cooperado investe na proporção de seu consumo e recebe proporcional à geração total da energia injetada”, explica a diretora técnica administrativa da cooperativa, Regina Rocha.
Com geração e distribuição de 2,5 Megawatt/hora por mês, em média, a cooperativa tem viabilizado a redução de até 40% na conta de luz dos cooperados. O uso da energia solar no lugar de outras fontes menos renováveis já evitou a emissão de 57 toneladas de dióxido de carbono (CO²), gás que agrava as mudanças climáticas.
“A diversificação de fontes de energia é fundamental para aumentar a segurança energética e garantir um futuro mais sustentável. Aqui na Coopfass temos uma fonte de energia acessível, confiável e moderna. A vantagem para o associado se traduz em ganho econômico, com redução na conta de luz, e coletivo, com a contribuição para o planeta”, destaca a diretora.
Além de gerar energia limpa, a cooperativa também promove iniciativas de reflorestamento com espécies nativas, projetos de educação ecológica e ambiental em escolas públicas da cidade e de recuperação de nascentes. Segundo Regina, o objetivo é conscientizar a comunidade sobre os benefícios ambientais e econômicos da energia limpa e de ações sustentáveis, com informações claras e acessíveis.
“Sabemos que a energia impacta diretamente a qualidade de vida das pessoas. Participar da transição para energias renováveis é um investimento em um futuro mais saudável, para a construção de uma economia mais resiliente. Queremos que a transição para fontes de energia renovável ocorra de forma justa para todos”, acrescenta a gestora.
Cooperação para o ODS 7
Assim como a Cogecom e a Coopsfass, em várias partes do país, as cooperativas garantem energia em regiões rurais ou afastadas dos grandes centros urbanos, ampliam o alcance à energia limpa, promovem inclusão energética e reduzem as desigualdades no acesso a serviços básicos. Ao investir em fontes renováveis e incentivar o consumo consciente, as cooperativas também tornam possível uma transição energética justa, fortalecendo comunidades e contribuindo ativamente para a mitigação das mudanças climáticas.
“Ao unir pessoas com o mesmo objetivo, o modelo cooperativo reduz custos, gera impacto ambiental positivo e cria uma nova consciência de consumo energético. A energia do futuro está sendo construída agora, de forma compartilhada, participativa e solidária”, acrescenta Fabíola Nader Motta.
Pioneirismo no Nordeste
Em João Pessoa (PB), a Coopsolar, primeira cooperativa de energia renovável do Nordeste, também está ampliando o acesso à eletricidade de fonte solar por meio da geração compartilhada. A coop paraibana tem dez unidades geradoras fotovoltaicas, instaladas na Região Metropolitana de João Pessoa e no interior do estado, e atende a 127 cooperados.
A Coopsolar oferece duas possibilidades de participação: o cooperado pode investir na usina ou optar apenas pela locação dos ativos de geração. Em ambos, os cooperados têm benefícios diretos na conta de luz – com economia de até 15% por mês, além de dar sua contribuição para o meio ambiente.
“Este modelo surgiu como forma de atender uma maior quantidade de consumidores pela viabilidade”, explica o diretor-presidente da cooperativa, Eduardo Braz. “Abrir novos caminhos é sempre um desafio, mas nossa experiência cooperativista tem trazido resultados muito positivos. A energia produzida nas nossas dez unidades geradoras durante um ano equivale à redução de 332 toneladas de CO², ou à preservação de 1.326 árvores”, compara.
Energia cooperativa
O cooperativismo brasileiro tem intensificado esforços no desenvolvimento de projetos de energia renovável para mitigar as mudanças climáticas e promover um futuro mais sustentável. Em 2024, 906 coops do país produziram sua própria energia, representando 22% de todo o setor, segundo dados do AnuárioCoop 2025.
Elas reúnem 4.914 empreendimentos de geração – a maioria fotovoltaica – e somam 550,4 MW de potência instalada. Os projetos cooperativistas já estão presentes em todas as regiões brasileiras, operando em mais de 650 municípios e promovendo o uso de energias renováveis.
Há cooperativas que geram a própria energia em todos os ramos, com destaque para o de infraestrutura, que representa 73,84% da energia gerada por cooperativas no Brasil; e o agropecuário, setor em que o custo da eletricidade tem grande impacto sobre os negócios.
Além de garantir benefícios econômicos com a redução de gastos com a conta de luz, a energia cooperativa também fomenta investimentos locais e democratiza o acesso à energia, assegurando transparência nos custos e o empoderamento dos cooperados.
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30/07/2025
Cooperativas constroem cidades mais sustentáveis e inclusivas
Na maior cidade do país, uma cooperativa recicla diariamente cerca de 700 quilos de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, como celulares, computadores e eletrodomésticos, garantindo a separação de materiais que podem voltar a ser utilizados e a destinação correta da parte não reciclável. A quantidade de material processado e o impacto socioambiental fazem da Cooperativa de Trabalho, Produção, Reciclagem e Gestão de Resíduos Sólidos (Coopermiti) uma referência nacional de gestão do chamado lixo eletrônico.
Pioneira no Brasil a firmar um convênio com um órgão público para gerenciar esse tipo de resíduos, a coop atua desde 2009 em parceria com a Prefeitura de São Paulo. Entre os serviços prestados, a Coopermiti recebe materiais por entrega voluntária, agenda coleta e recolhe em pontos de entrega oficiais. Os resíduos passam por uma triagem e seguem para reciclagem, reutilização, reforma para doação ou descarte correto.
O trabalho realizado pela cooperativa paulistana está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 11 – Cidades e comunidades sustentáveis, uma das metas da Organização das Nações Unidas (ONU) para construir um mundo mais justo e próspero até 2030.
Com 29 cooperados, a Coopermiti já gerenciou mais de 7 mil toneladas de lixo eletrônico e recebeu ou coletou mais de 18 mil equipamentos em 16 anos de atuação. Ao reciclar o lixo eletrônico, a cooperativa contribui para aumentar o ciclo de vida dos recursos já retirados da natureza, evitando novas extrações e dando destino adequado a resíduos que poderiam contaminar o solo ou as águas.
“Somos um projeto socioambiental que, por meio da reciclagem, gera trabalho, renda e capacitação, além de promover a educação ambiental e a cultura”, destaca o diretor presidente da cooperativa, Alex Luiz Pereira.
Para ampliar sua atuação para uma cidade mais sustentável, a coop desenvolve projetos ambientais com escolas e presta consultoria e assessoria para instituições interessadas em descartar corretamente o lixo eletrônico. Uma das iniciativas que mais chama a atenção é um museu itinerante de antiguidades tecnológicas, criado para ensinar às novas gerações um pouco da história do consumo de bens eletroeletrônicos e cultura digital. O acervo inclui máquinas de escrever, telefones, computadores, videogames antigos e outros aparelhos que contam a trajetória da digitalização no país.
“O museu é sempre bem recebido. Em cada exposição em escolas, eventos, empresas e feiras, as pessoas sentem uma atração e uma certa nostalgia pelos itens que tiveram em casa ou na casa dos avós e outros que já utilizaram para brincar, como os videogames, e aqueles que usaram no trabalho, como os computadores”, conta Pereira.
Cooperativas e o impacto ambiental e social
Assim como a Coopermiti, diversas cooperativas pelo Brasil também trabalham para tornar as cidades e comunidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis, contribuindo diretamente para o ODS 11.
Na gestão de resíduos sólidos, por exemplo, as coops lideram a coleta seletiva e a logística reversa no país, por meio do trabalho de milhares de agentes de reciclagem que encontraram no cooperativismo uma oportunidade para entrar no mercado formal. Em conjunto com associações de catadores, as cooperativas foram responsáveis pela coleta de 1,68 milhão de toneladas de resíduos recicláveis em 2023, de acordo com o Anuário da Reciclagem 2024.
Além de organizar e sistematizar o processo de reciclagem no país, gerando números positivos para a coleta seletiva em território nacional, outro resultado direto desse trabalho é o impacto no planeta para as gerações futuras. Com a reciclagem, as atividades dos catadores em 2023 evitaram o uso de 6,2 milhões de MegaWatt/hora de energia; 11,7 milhões de árvores; 17,2 bilhões de litros de água; e 328,7 mil toneladas de petróleo, segundo dados do mesmo levantamento.
A reunião desses profissionais em cooperativas também gera formalização, emprego digno e distribuição das sobras para os catadores, trazendo qualidade de vida para cada cooperado que muitas vezes se encontrava em situação de vulnerabilidade antes de se associar. Em 2023, por exemplo, as organizações de catadores obtiveram um faturamento de R$ 1,36 bilhão com a venda dos materiais para reciclagem.
Um exemplo dessa atuação vem de Rio Verde (GO), onde a Coop-Recicla promove a reciclagem de cerca de 210 toneladas de resíduos por mês, colaborando com a destinação correta do lixo gerado pelos 238 mil habitantes da cidade.
Com 40 cooperados, a cooperativa é responsável pela coleta seletiva e separação dos materiais recicláveis, reduzindo a quantidade de lixo nos aterros sanitários e melhorando a qualidade ambiental da região. A destinação correta de resíduos evita a contaminação do solo e da água e reduz a emissão de gases de efeito estufa, o que torna a cidade mais resiliente frente às mudanças climáticas.
“Além disso, geramos trabalho digno e renda para os cooperados, promovendo inclusão social e valorização dos catadores. Esses trabalhadores, antes muitas vezes informais, agora têm acesso a uma fonte estável de renda e melhores condições de trabalho”, ressalta o presidente da Coop-Recicla, Divino Teles.
Por meio da intercooperação com outras cooperativas da cidade, a Coop-Recicla também tem promovido a capacitação e a inclusão financeira de seus cooperados, com impactos para a economia local. “A intercooperação com a Comigo, o Sicoob Empresarial, o Sicredi e o apoio da Prefeitura de Rio Verde fortalece a estrutura da cooperativa, amplia seu alcance e garante apoio técnico e financeiro para novos projetos”, afirma o gestor.
A atuação da coop é tão valorizada pelos rioverdenses que a comunidade se mobilizou em uma rifa para apoiar a compra do caminhão para coleta seletiva da Coop-Recicla. O próximo passo é ampliar a atuação na região e instalar filiais em outras cidades do sudoeste goiano, como Chapadão do Céu e Piranhas.
Sementes para o futuro
As cooperativas brasileiras também têm contribuído para o ODS 11 com iniciativas para tornar as cidades e comunidades mais inclusivas. No Rio Grande do Sul, a Cotrijal, uma das maiores cooperativas agropecuárias do estado, tem transformado a realidade de pessoas com deficiência em um projeto que combina preservação ambiental e inclusão.
No Viveiro da Cidadania, em Passo Fundo, 54 colaboradores com deficiências intelectuais ou múltiplas produzem mudas de árvores nativas para reflorestar áreas degradadas nas fazendas de cooperados. A oportunidade garante carteira assinada, salário, participação nos resultados e outros benefícios, e, principalmente, cidadania.
Desde a criação do viveiro, em 2019, mais de 42 mil mudas já foram distribuídas e a expectativa é chegar a 25 hectares reflorestados até o fim deste ano. “Aqui eles desenvolvem atividades de coleta de sementes, preparo germinativo, plantio e manutenção de mudas de árvores nativas em uma estrutura física toda adaptada e acessível, construída pela Cotrijal ao lado da sede da APAE [Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais] de Passo Fundo”, explica a coordenadora do Viveiro de Cidadania, Maria Carolina Rovani.
Além dos colaboradores do viveiro, a Cotrijal emprega mais 127 pessoas com deficiência em vários setores, como a auxiliar de produção Laiziane Mendes, que se orgulha de ser cooperativista. “As pessoas diziam que eu nunca ia conseguir trabalhar, mas eu consegui! Coisas que eu nem imaginava fazer, agora estou fazendo. Eu tenho capacidade para trabalhar”, comemora.
Sua colega de trabalho, Aléxia Soares Damo, sente orgulho por pagar a faculdade de Pedagogia com o salário que recebe na Cotrijal. “É um sentimento muito bom a gente ter o próprio dinheiro”, conta, entusiasmada.
A coordenadora de Meio Ambiente da Cotrijal, Deisi Sebastiani, afirma que a coop contribui para o desenvolvimento de comunidades rurais e urbanas mais sustentáveis, inclusivas e resilientes com o fortalecimento da economia local, manutenção de famílias no campo e geração de emprego e renda. Além disso, promove práticas agrícolas sustentáveis entre seus 17 mil cooperados, disponibiliza infraestrutura e serviços que beneficiam a comunidade e fomenta a cultura de cooperação e solidariedade.
“Promovemos o trabalho coletivo e o desenvolvimento humano, valores que fortalecem o tecido social das comunidades onde estamos inseridos, tornando-as mais participativas, organizadas e preparadas para enfrentar desafios coletivos”, afirma.
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17/07/2025
Cooperativas ajudam a reduzir desigualdades com trabalho, renda e inclusão
Todos os dias, o coop transforma a vida de milhares de pessoas, no Brasil e no mundo. Ao fazer isso, contribuímos com um dos mais importantes objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU: reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles (ODS 10). Entre as muitas histórias que podemos contar sobre o assunto, uma se destaca por ter dado oportunidade a um dos públicos mais vulneráveis da nossa sociedade: pessoas em situação de rua.
Tudo começou em 2020, logo no início da pandemia de Covid-19. As ruas ficaram vazias e quem lá vivia ficou ainda mais exposto não só ao vírus, mas à fome e ao desamparo. Preocupada com a situação, a Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte passou a produzir lanches para levar para essa população. Sete deles foram inclusive contratados para produzir o alimento e, com isso, passaram a receber uma renda fixa todo mês. O valor, apesar de pequeno, foi suficiente para lhes devolver a dignidade e acendeu neles o desejo de mudar de vida.
Com o fim da crise sanitária, já conscientes da importância de trabalhar para garantir o próprio sustento, eles decidiram empreender. Com o apoio do Sistema Ocemg — entidade de representação do coop mineiras —, eles montaram a primeira do estado formada por pessoas em situação de rua: a Cooperativa de Trabalho Solidário Sabor do Canto,
“Na minha vida, tudo mudou depois da cooperativa”, disse, emocionada, Fabiana Cristina Fernandes, presidente da Sabor do Canto. “Meus filhos estão mais próximos de mim, e pude dar a eles coisas que nunca tive. Hoje, eles têm uma cama para dormir, uma televisão em casa... Tudo isso foi possível com o dinheiro da cooperativa. Antes, a gente dormia em colchão no chão, até em papelão. Hoje, graças a Deus, temos uma cama."
CIDADANIA
Ao criar oportunidades de trabalho e renda para quem mais precisa, as cooperativas têm facilitado a entrada de pessoas em situação de vulnerabilidade no mercado formal, ajudando a construir uma sociedade mais justa e inclusiva. Hoje, todos os cooperados da Sabor do Canto têm uma casa para morar e uma renda fixa mensal superior a um salário-mínimo para se manter. Eles continuam trabalhando com a produção de alimentos, mas diversificaram a produção.
“No começo, a gente produzia lanches para pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente nos Centros Pop da capital mineira, que compravam diretamente da cooperativa”, recorda Fabiana. “Recentemente, o contrato com a Prefeitura acabou e passamos a oferecer serviços de coffee break, catering e kit lanches”.
A Sabor do Canto também comercializa biscoitos de leite ninho e queijadinha à granel em uma lojinha no Mercado Novo, um reduto da cultura mineira no coração de Belo Horizonte. Mais recentemente, entrou para uma plataforma de delivery onde vende marmitas e sanduíches.
“Quando nos tornamos uma cooperativa, passamos a ser mais respeitados”, constata Silas César de Oliveira, um dos cooperados. “Antes, éramos vistos apenas como pessoas que vinham da rua, sem grandes perspectivas. Hoje, somos pessoas com documentos, coisa que não tínhamos antes, e já fizemos até cursos profissionalizantes. A verdade é que somos empreendedores, e as pessoas começaram a nos enxergar de uma forma diferente. Isso fez toda a diferença na nossa autoestima e nas portas que se abriram para nós.”
Vale destacar: além dos benefícios diretos para os cooperados, uma pesquisas realizada pelo Sistema OCB em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) comprova: a presença de uma cooperativa melhora os indicadores sociais e econômicos das cidades onde elas atuam, com mais emprego e renda e fortalecimento dos negócios locais.
De acordo com o estudo, municípios com cooperativas registram um incremento médio de R$ 5,1 mil no Produto Interno Bruto (PIB) por habitante, 18% a mais que a média nacional. Além disso, há 28,4 empregos a mais por 10 mil habitantes nessas cidades.
PROSPERIDADE NO CAMPO
Em Carnaubal, no interior do Ceará, a Cooperativa Agropecuária dos Agricultores Familiares da Região Norte do Ceará (Coopenort) tem ajudado a transformar uma das áreas mais pobres do estado com o lema “Cooperando para crescer”. Criada em 2019, a coop é referência em produção sustentável e impacto social, com resultados que unem segurança alimentar, inclusão produtiva e redução de desigualdades.
Juntos, os 54 agricultores familiares cooperados produzem e comercializam frutas, verduras e hortaliças frescas, além de polpa de frutas. Os produtos chegam a 80 cidades do Ceará e do Piauí, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região. Em quatro anos, os números são expressivos: o faturamento da Coopenort passou de R$ 465 mil em 2020 para R$ 12,6 bilhões em 2024, refletindo a eficiência da gestão e planejamento estratégico.
“Hoje o sistema cooperativista é o único modelo de negócio que consegue equiparar os pequenos com os grandes, tudo isso com base na união de forças de pessoas que querem empreender, evoluir e competir com os grandes comerciantes e produtores. Este é o modelo de trabalho do futuro, com pessoas que querem mudar de vida e se unem em prol desse objetivo”, destaca o diretor presidente da Coopenort, Daniel Sousa.
Para garantir suporte aos produtores, a cooperativa comercializa adubos e irrigadores e oferece assistência técnica especializada – da escolha das sementes ao manejo do solo. Com base nos princípios ESG, de sustentabilidade ambiental, social e governança, a Coopenort também realiza projetos para a comunidade, ampliando os benefícios para além dos cooperados. Entre as iniciativas, estão palestras sobre educação ambiental em escolas da região e ações de reflorestamento. “Trabalhamos juntos para semear esperança e colher prosperidade, isso é cooperativismo”, resume Sousa.
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15/07/2025
Sistema OCB e ANM debatem regulamentação da lavra garimpeira
Reunião abordou ajustes na Resolução 208/2025 e propostas para garantir segurança jurídica e continuidade produtiva do setor
O Sistema OCB se reuniu nesta terça-feira (15) com o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM), Mauro Henrique Moreira Sousa, para discutir temas prioritários para o cooperativismo mineral. Entre os principais pontos, estiveram em pauta a regulamentação da Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) e os impactos da Resolução ANM nº 208/2025 nas operações das cooperativas.
O Sistema OCB representa atualmente 82 cooperativas minerais em todo o país, reunindo mais de 38 mil garimpeiros cooperados. Em 2024, essas cooperativas possuíam 656 títulos minerários em produção, comercializaram 6,9 milhões de toneladas de minérios e recolheram R$ 34,8 milhões em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM).
Durante o encontro, a entidade se dispôs a apresentar uma proposta unificada das cooperativas minerais em resposta à Resolução 208/2025, que estabeleceu novos limites máximos para áreas de PLG e reforçou a importância do fortalecimento do diálogo com a agência, por meio de um acordo de cooperação técnica que segue em tramitação dentro da mesma. Segundo a gerente geral Fabíola Nader Motta, a assinatura do acordo é importante para formalizar a parceria entre as entidades, e promover o alinhamento de objetivos e a troca de conhecimentos.
Com relação a resolução, a analista técnica institucional do sistema OCB, Letícia Monteiro, juntamente com o coordenador nacional da câmara temática das cooperativas minerais, Gilson Camboim, ressaltaram que a norma, como está, pode comprometer a operação de cooperativas que atuam em diversas substâncias minerais, como ouro, diamante, quartzo e calcário. “É fundamental que a regulamentação considere as especificidades do modelo cooperativista e garanta segurança jurídica para que as cooperativas possam continuar gerando trabalho, renda e inclusão social em várias regiões do Brasil”, destacou Letícia.
Aprimoramentos
A reunião debateu temas importantes para a consolidação de uma proposta a ser apresentada pelo Sistema OCB solicitando ajustes na resolução, incluindo:
Preservação das dimensões de áreas requeridas antes da publicação da norma.
Modelo de transição justa, evitando impactos abruptos na operação das cooperativas.
Estabelecimento de um canal de diálogo para compartilhamento de informações relevantes para o fortalecimento do cooperativismo.
Ainda de acordo com Fabíola, o objetivo é garantir que o setor continue atuando com competitividade. “Queremos avançar em soluções conjuntas com a ANM, construindo um ambiente regulatório justo e eficiente para as cooperativas que atuam na mineração. Acreditamos que o diálogo institucional é o caminho mais assertivo para alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental”, reforçou.
Outros temas estratégicos
Além da PLG, o Sistema OCB levou à ANM preocupações sobre a morosidade nos processos de certificação do Processo Kimberley, essencial para a comercialização legal de diamantes, a agência apresentou formas para que as cooperativas alcancem a celeridade neste processo. O diretor-geral Mauro Sousa destacou a importância do cooperativismo no setor mineral e se mostrou aberto ao diálogo para buscar soluções equilibradas.
Relevância
O cooperativismo mineral tem papel relevante na economia e no desenvolvimento regional, especialmente em áreas remotas do país. Além de promover a inclusão social de milhares de garimpeiros, as cooperativas contribuem com a arrecadação de tributos e a formalização de atividades tradicionais.
“Trabalhamos para que as cooperativas minerais continuem sendo protagonistas de um modelo produtivo sustentável e responsável. É essencial que o marco regulatório reconheça essa contribuição e não crie obstáculos desproporcionais ao setor”, concluiu a gerente-geral do Sistema OCB.
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14/07/2025
Escuta ativa é chave para fortalecer a comunicação com cooperados, diz especialista
Em tempos de comunicação acelerada e atenção dividida entre múltiplas plataformas, como as cooperativas podem se conectar com seus cooperados? Doutora em Estudos da Linguagem e com mais de 20 anos de experiência nas áreas de planejamento, comunicação e relacionamento com o público, a professora Thais Jerônimo afirma que a resposta está na escuta ativa.
“É preciso entender o que o cooperado espera da cooperativa, mapear os perfis de cada um, e isso se faz com escuta ativa e interesse genuíno. Não há fórmulas únicas para experiências memoráveis, há pessoas com expectativas que precisam ser ouvidas”, afirmou a especialista em palestra da trilha Comunicação Institucional – Reputação Positiva da Marca, realizada durante a Semana de Competitividade 2025, promovida pelo Sistema OCB.
Segundo Thais Jerônimo, criar uma experiência positiva para o cooperado vai além de oferecer bons produtos e serviços. É preciso olhar cada um com interesse e atenção, entender suas necessidades e criar conexões verdadeiras em cada ponto de contato.
Em entrevista ao Sistema OCB, a especialista – que atua desde 2006 com cooperativas de várias partes do país – destacou que a comunicação cooperativista precisa ser intencional, estratégica e integrada. Segundo ela, a missão envolve todas as áreas, não só a diretoria ou setores específicos, com foco em conhecer o cooperado, sua jornada e suas expectativas.
Leia a entrevista completa:
Sistema OCB: Quando a gente fala em criar experiências memoráveis para o cooperado, por onde essa jornada começa na prática? Qual o papel da comunicação nesse processo?
Thaís Jerônimo: Eu não acredito em fórmulas para criar experiências memoráveis. O que sempre defendo é que as pessoas têm expectativas únicas, logo, precisamos ouvi-las para entender realmente quais são essas expectativas com relação à cooperativa. Se eu tenho diferentes perfis de cooperados, antes de qualquer coisa, preciso conhecer esses cooperados, entender o que eles esperam da cooperativa para, daí sim, pensar em experiências. A comunicação vai perpassar tudo isso. Começa nesse movimento de ouvir o cooperado, entender a expectativa dele e, a partir daí, a pensar em ações que envolvam canais, veículos de comunicação e, claro, também ações de relacionamento.
Toda a cooperativa tem uma história para contar, mas como transformar essa histórias em conexão real com o cooperado?
Quando a gente fala de história, de memória, isso tem muito a ver com a própria cultura organizacional. E o cooperativismo é um campo muito vasto para trabalhar isso, só que é preciso entender o seguinte: aqueles cooperados que são fundadores, que participaram da história, a experiência deles e a vivência deles com relação a isso vai ser muito mais inspiradora. Por que? Porque eles viveram aquilo. Uma das experiências que eu gosto muito de utilizar é incentivar a conexão desses cooperados que são parte da história viva da cooperativa, trazendo isso em momentos de integração de novos cooperados, para exemplificar como esse processo é vivo.
Então, tenho diferentes gerações coexistindo na cooperativa, com os mais velhos apresentando os princípios cooperativistas para que a geração Z, a geração Alfa, realmente entendam o quanto o cooperativismo é um modelo de negócio que realmente dá certo e que tem que ter sustentabilidade, continuidade.
Em um cenário de tantos canais e formatos, como escolher a melhor forma de conversar com o cooperado e manter esse diálogo vivo e próximo?
A principal resposta é: pergunte ao cooperado. Não fique tentando olhar o que todos os outros estão fazendo. Pergunte para o seu cooperado. Porque, às vezes, uma iniciativa que deu muito certo na cooperativa A, B ou C funciona para aquele segmento, naquela realidade, naquela localização geográfica. Faça pesquisa. A regra de ouro da comunicação sempre vai ser essa: pergunte para o público para entender realmente qual é a preferência dele.
Ao longo da sua jornada com cooperativas, qual case chamou sua atenção no relacionamento com os cooperados?
Tem um case bem específico de memória cooperativista. O segmento de saúde é muito conhecido e o Brasil tem o maior sistema cooperativista de trabalho médico do mundo, que é o Sistema Unimed. Eles têm números muito impressionantes e os médicos fundadores têm uma história de quase 60 anos. Eu estava em uma das cooperativas da Unimed no Rio Grande do Sul, e os fundadores que estão vivos – alguns ainda atuando na medicina – foram convidados para contar qual era a principal memória que eles tinham de quando a cooperativa foi criada. E aí foi, realmente, uma lição, uma aula de cooperativismo poder ouvir aqueles fundadores, aqueles cooperados contando suas histórias, se emocionando com o que hoje aquela Unimed representa, tanto para aquela cidade quanto para os cooperados que estão lá dentro. É um exemplo fantástico de como se conectar com os cooperados, para poder, inclusive, passar o bastão para as próximas gerações.
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11/07/2025
Histórias de um mundo melhor: o Brasil que o cooperativismo transforma
Sistema OCB inicia produção de documentário com histórias de transformação social e econômica
O cooperativismo brasileiro vai novamente ganhar as telas em breve. O Sistema OCB está iniciando as gravações do documentário Histórias de um mundo melhor, uma das principais ações comemorativas do Ano Internacional das Cooperativas, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2025. A produção vai percorrer as cinco regiões do Brasil para contar histórias emocionantes de pessoas e comunidades que tiveram suas vidas transformadas pela cooperação.
Com uma narrativa que une desenvolvimento econômico, impacto social e cuidado com o meio ambiente, o documentário será uma oportunidade para mostrar ao público como o cooperativismo brasileiro atua em diferentes áreas e ajuda a construir um país mais justo e sustentável.
“Este documentário é uma declaração do potencial transformador do cooperativismo. Queremos dar voz a quem vive o dia a dia desse movimento, mostrando que o trabalho coletivo gera prosperidade, oportunidades e cuidado com as pessoas e com o planeta”, destaca o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.
Histórias que inspiram
O documentário vai apresentar personagens reais que representam a diversidade do movimento cooperativista no país. As gravações estão previstas para começar em breve e devem passar por diferentes estados brasileiros, incluindo Rondônia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará e Distrito Federal.
Entre os personagens está Dona Aldênia, agricultora e sócia-fundadora da Cooperativa Agropecuária e Florestal do Projeto Reca (RO), que ajudou a transformar uma região marcada pelo desmatamento em agroflorestas. Formada por mais de 300 famílias de agricultores, a cooperativa cultiva mais de 40 espécies entre árvores e plantas frutíferas e medicinais.
O documentário também vai acompanhar a trajetória de Onésio da Silva, produtor de queijo canastra e cooperado do Sicoob Sarom, em Minas Gerais. Depois de enfrentar uma grave crise financeira e quase desistir da atividade rural, Onésio encontrou no cooperativismo de crédito a chance de reerguer a fazenda e transformar sua história.
No Ceará, as histórias de Marcos Aragão, anestesiologista, e Fernanda Colares, médica pediatra, ambos da Unimed Fortaleza, que viveram de perto o desafio de liderar um hospital durante a pandemia da Covid-19, vão mostrar que o cooperativismo de saúde vai além do atendimento médico e promove transformações sociais.
Outros personagens como Cleusimar Andrade, presidente da Rede Alternativa de Reciclagem no Distrito Federal, e Giseli Boldrin, cooperada da Vinícola Nova Aliança no Rio Grande do Sul, também terão suas trajetórias retratadas. Juntos, eles representam diferentes ramos e mostram como o cooperativismo é capaz de impactar positivamente áreas tão diversas como agricultura, saúde, crédito e reciclagem, entre outros.
A narrativa do filme costura diferentes histórias para evidenciar o papel do cooperativismo como uma força social e econômica. Além dos depoimentos emocionantes, a produção vai explorar as paisagens do Brasil, desde as florestas amazônicas até os parreirais da Serra Gaúcha.
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26/06/2025
Do campo à TI: cooperativas promovem desenvolvimento com inclusão e inovação
Um tapete branco, até onde a vista alcança. Essa é a visão que se tem dos campos de algodão que embelezam e enriquecem Mato Grosso. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estado é o principal produtor de algodão do país, com 6,39 milhões de toneladas na safra de 2023/2024. E onde há desenvolvimento e prosperidade, o cooperativismo está presente.
Em Campo Verde, 130 quilômetros (km) distante da capital Cuiabá, um grupo de produtores da região se uniu em 2001 para criar a Cooperfibra. Com mais de 20 anos de história, conta hoje com 208 cooperados e uma produção anual de 407 mil toneladas de algodão. A trajetória da cooperativa foi contada em um episódio da terceira temporada da série SomosCoop na Estrada.
Em 2011, foi a vez de 30 cooperados se reunirem para escrever um novo capítulo dessa história e agregar mais valor ao produto cultivado, criando uma nova cooperativa, a Agrofibra Fios (fundada como Cooperfibra Fios), responsável pela fiação do algodão. Em vez de enviar o produto in natura para fiações em Santa Catarina, Paraná ou São Paulo, o tratamento passou a ser feito pela nova cooperativa - independente da Cooperfibra, mas parceira dos produtores.
“Com a expertise técnica das equipes que vieram da indústria, transformamos esse algodão em um fio de qualidade, que concorre com outras fiações do Brasil”, explica Antonio Marcos Nascimento, gerente industrial da cooperativa.
Atualmente a Agrofibra Fios comercializa cerca de 1,4 mil toneladas de fios para o mercado interno. A produção deve saltar para 2,4 mil toneladas em breve, uma vez que a planta industrial está passando por uma etapa de expansão, com a compra de novos maquinários. Cerca de 200 empregados trabalham na fábrica, que absorve aproximadamente 15% do algodão plantado pela Cooperfibra.
A história da Agrofibra é um exemplo de como as cooperativas trabalham diariamente para contribuir com o desenvolvimento do Brasil, em consonância com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 9, definido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Com o olhar voltado para a indústria, inovação e infraestrutura, a meta pretende promover a industrialização inclusiva e sustentável e, até 2030, aumentar significativamente a participação da indústria no setor de emprego e no Produto Interno Bruto (PIB).
No caso do algodão cooperativo mato-grossense, o impacto da industrialização vai muito além dos benefícios para os cooperados, com reflexos na economia local e no crescimento da cadeia produtiva têxtil no estado. “Há um potencial muito grande para esse mercado aqui na região. Por exemplo, hoje mandamos o nosso fio para as malharias do Sul do país, que depois revendem para confecções aqui do Centro-Oeste. Goiânia, por exemplo, é um grande pólo de fabricação de roupas. Se você instala uma malharia aqui, verticaliza a produção e reduz muitos custos”, analisa o gestor da Agrofibra Fios.
Inovação e inclusão
Lançados em 2015 pela ONU, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda global com metas a serem alcançadas até 2030. São 17 objetivos interligados que visam erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir paz e prosperidade para todos. No ODS 9, a inovação aparece como um tema importante, e da capital do país vem mais um exemplo da contribuição do coop.
Brasília é a sede da maior cooperativa de profissionais de Tecnologia da Informação (TI) do Brasil, a Coopersystem, fundada em 1998. Com 420 cooperados, a coop promove a inovação por meio da gestão participativa. Em 2020, durante a pandemia, a Coopersystem executou um projeto que resultou em um apoio essencial para cooperativas de todo o país durante o difícil período de isolamento social. Na época, eles lançaram – e ofereceram sem custos em parceria com o Sistema OCB – uma plataforma que permitia a realização de assembleias e reuniões on-line, chamada Curia.
“Nos tornamos especialistas em conduzir assembleias de qualquer ramo. Porque a gente fornecia o software e acompanhava as reuniões para auxiliar as cooperativas nos momentos de votações. Na ferramenta de videoconferência, também oferecíamos suporte para liberar microfones, organizar a fila virtual, etc. Tivemos casos em que a presença de cooperados triplicou ou quadruplicou em assembleias virtuais”, lembra o coordenador de Relacionamento e Negócios da coop, Hugo Felinto.
Cerca de 250 cooperativas fazem ou fizeram uso da plataforma. Hoje, o Curia é um produto comercializado pela CooperSystem, inclusive para outros modelos de negócio para além do cooperativismo.
Mesmo com o fim da pandemia, muitas cooperativas seguem usando a plataforma, que permite ampliar a participação e aprimorar o registro de presença, votação, entre outros recursos. “Com o Curia e outras soluções desenvolvidas por nós, conseguimos promover a inclusão digital em coops em que os cooperados mal sabiam usar o celular, não tinham computador. A gente trouxe para o mundo digital uma quantidade grande de pessoas que não estavam familiarizadas com a tecnologia”, aponta Elza Cançado, sócia-fundadora da Coopersystem e Diretora de Relacionamento e Negócios.
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