Cooperativismo firma acordos com três ministérios e a Natura na COP30
Termos ampliam programas, políticas públicas e iniciativas de bioeconomia e empreendedorismo
A celebração do Ano Internacional das Cooperativas, realizado na Green Zone da COP30 nesta sexta-feira (14), marcou um avanço decisivo na articulação de políticas públicas voltadas ao cooperativismo brasileiro. Em uma cerimônia que reuniu autoridades do governo federal, lideranças do movimento no Brasil e no mundo, e representantes de cooperativas de todo o país, foram assinados quatro Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) para fortalecer frentes de atuação em agricultura familiar, bioeconomia, empreendedorismo, inovação e desenvolvimento sustentável.
Os acordos foram assinados com a Natura e os ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (Memp) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, destacou o caráter histórico dessas parcerias. “Acreditamos e vivemos diariamente a importância de estarmos unidos num ecossistema cooperativo, do qual governo, empresas, reguladores e cooperativas fazem parte. Estes acordos comprovam que o cooperativismo é parte das soluções que o Brasil apresenta ao mundo”.
Com a Natura, a parceria prevê atuação conjunta no fortalecimento da sociobiodiversidade e da bioeconomia amazônica. A vice-presidente de Sustentabilidade, Ana Costa, ressaltou a trajetória da empresa junto às comunidades tradicionais. “Temos mais de 25 anos de relação com quase 50 cooperativas extrativistas. Quando falamos de cooperativas, falamos de colaboração e ação — e este documento representa uma ação concreta para fomentar inovação, políticas públicas e financiamento para quem vive da floresta e com a floresta”.
Edmilton Cerqueira, secretário Nacional de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Povos e Comunidades Tradicionais do MDA representou a pasta na assinatura do acordo que estabelece ações conjuntas para fortalecer o cooperativismo da agricultura familiar, incluindo programas como Mais Gestão, Coopera Mais Brasil, Negócios Coop e o Selo Nacional da Agricultura Familiar (SENAF), além de iniciativas de capacitação, intercâmbio técnico e intercooperação. “Cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros vêm da agricultura familiar, e o cooperativismo é estratégico para esse segmento”, afirmou.
Inovação, industrialização, agroindustrialização e economia verde são o foco da parceria com o MDIC. A secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, Júlia Cortez da Cunha Cruz, salientou que no governo brasileiro não há dúvida: a transição climática e a economia verde só serão possíveis se forem inclusivas. “E isso depende das cooperativas”. Júlia declarou ainda que o vice-presidente Geraldo Alckmin, grande entusiasta do cooperativismo, acompanha de perto essa agenda e antecipou que na segunda-feira será lançado, em parceria com a OCB, o Programa Coopera Amazônia, reforçando o compromisso do governo com o setor.
Já o acordo com o Memp é voltado ao fortalecimento do empreendedorismo cooperativista. A representante do ministério, Fernanda Rosa Iris de Saboia, chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade, disse que o cooperativismo é fundamental para um empreendedorismo qualificado, sólido e menos vulnerável às oscilações do mercado. “Quando muita gente trabalha junta, o negócio se torna mais forte e menos vulnerável aos percalços do mercado”.
A assinatura dos acordos consolida o cooperativismo como protagonista das soluções brasileiras apresentadas à comunidade internacional durante a COP30, especialmente no contexto da Amazônia. Eles reforçam a capacidade das cooperativas de gerar impacto econômico, social e ambiental. Como resumiu o presidente Márcio Lopes de Freitas: “desenvolvimento, inclusão e sustentabilidade se constroem com cooperação, e o cooperativismo está pronto para entregar ao Brasil — e ao mundo — soluções concretas para os desafios do século 21”.