Cafeicultura da Chapada Diamantina brilha em painel da CNA na COP30
Participação reforçou que sustentabilidade começa nas famílias e no trabalho das cooperativas
O painel Café – tecnologia que transforma. Raízes que preservam, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) nesta sexta-feira (14), reuniu lideranças e especialistas para discutir como tradição, sustentabilidade e inovação caminham juntas na cafeicultura brasileira. Entre os destaques do encontro, a apresentação de Isabela Azevedo,
cafeicultora e agente de negócios da Cooperativa dos Produtores Rurais de Ibicoara e Chapada Diamantina (Coopric), emocionou o público ao mostrar como a força das raízes familiares e o papel da cooperativa estão impulsionando uma cafeicultura regenerativa e de alta qualidade na Bahia.
Ao iniciar sua fala, Isabela destacou a honra de representar a Chapada Diamantina e a Coopric em um painel nacional. Ela apresentou sua trajetória como gestora da Fazenda Boa Terra, uma pequena propriedade em Brejo dos Aguiar, construída sobre práticas agroecológicas herdadas de seu pai — pioneiro em sistemas sombreados com grevílias, cedro australiano e bananeiras. Segundo ela, essa história pessoal explica a solidez dos princípios que conduzem seu trabalho. “Sustentabilidade, para nós, é antes de tudo investimento em pessoas. Café é sobre relação. Tudo o que fazemos nasce das nossas raízes e da forma como cuidamos uns dos outros”, descreveu.
A cafeicultora recordou que a propriedade da família alcançou reconhecimento nacional em 2018 ao ganhar o prêmio de Melhor Café do Brasil pela Piatã Coffee, mesmo antes de adotar um sistema estruturado de produção de especiais — um marco que impulsionou a transição definitiva para o café de qualidade. E que, ao assumir a gestão da Coopric em 2019, passou a liderar iniciativas que fortalecem a governança, ampliam a visão dos jovens rurais e consolidam boas práticas ambientais e produtivas.
Ela destacou os resultados de projetos realizados com apoio da OCB e CNA, como o laboratório de provas instalado na cooperativa. “Hoje nossos jovens são classificadores e degustadores certificados. Eles provam o café, entendem o resultado de cada prática no terreiro, percebem na xícara o impacto da colheita, secagem e armazenamento. Isso muda perspectivas e gera futuro”, ressaltou. Outro avanço importante apontado por Isabela foi a consultoria para avaliar a adequação de produtores à certificação em café ecológico e regenerativo pela Reinforce, criando caminhos reais para ampliar mercados e agregar valor.
Isabela sublinhou ainda um modelo inovador de atuação: a Coopric não possui marca própria de café. A estratégia, segundo ela, é fortalecer as marcas dos pequenos produtores, preservando suas histórias e identidades. Todas elas, explicou, são fruto de sistemas agroecológicos ou regenerativos. A cafeicultora também lembrou que a Indicação Geográfica Chapada Diamantina ampliou o turismo rural e valorizou as famílias produtoras, permitindo que visitantes vivenciem a experiência do café na origem. “É maravilhoso servir um café debaixo de uma árvore para quem quer entender de onde ele vem. As pessoas buscam a origem, e nós temos orgulho de mostrar”, concluiu.