Finanças sustentáveis: cooperativismo está pronto e engajado
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Movimento reforça seu potencial como instrumento significativo para alavancar iniciativas verdes
Cooperativismo e Finanças Sustentáveis, coordenado pelo Sistema OCB durante a COP 29, nesta terça-feira (19), em Baku, no Azerbaijão, deixou claro que o cooperativismo de crédito é um instrumento significativo para alavancar o financiamento de iniciativas sustentáveis que contribuem para preservação ambiental e a mitigação dos efeitos climáticos, além de impulsionar o desenvolvimento de comunidades e promover a inclusão e educação financeira. “Considerar que o cooperativismo tem um papel fundamental nessas premissas é essencial, principalmente pelos agentes públicos. O setor está pronto e engajado”, destacou Alex Macedo, coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB e responsável por conduzir as apresentações do painel. O painel
O coordenador destacou que o modelo de negócios já é protagonista na busca e implementação de soluções eficazes para os desafios ambientais. “Faz parte dos princípios do cooperativismo o compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social. São questões que andam juntas e, por isso, nossas ações são pensadas para gerar impacto positivo. Contribuímos de forma contínua e efetiva para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU) e o fortalecimento do compromisso do Brasil com o Acordo de Paris”, complementou.
O painel contou com a participação de representantes das cooperativas de crédito Sicredi Sicoob e Cresol, além do analista de Produtos ESG do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Eduardo Pinho. Os painelistas destacaram como o cooperativismo brasileiro atua na vanguarda das finanças verdes, assim como sobre o apoio que o BNDES oferece a partir da concessão de linhas de financiamento que incentivam o fomento de projetos voltados para o desenvolvimento econômico e sustentável, especialmente em localidades remotas como as comunidades da Amazônia. “O cooperativismo faz parte da estratégia do BNDES para acesso ao crédito e fomento da agricultura sustentável. Cerca de 70% da nossa carteira é voltada para cooperativas de crédito, bancos cooperativos e cooperativas produtivas”, ressaltou Cunha.
De acordo com Eduardo, o BNDES tem liderado iniciativas de financiamento voltadas para a agricultura de baixo carbono e a eficiência energética, com o objetivo de promover práticas sustentáveis e reduzir o impacto ambiental. Entre as linhas de financiamento apoiadas pelo banco estão o Pronaf, que oferece crédito com juros reduzidos para práticas agrícolas que preservam a biodiversidade, e a linha Finame Baixo Carbono, voltada para a aquisição de máquinas e equipamentos que reduzem os impactos ambientais das atividades agrícolas. Outro programa importante é o EcoInvest, que visa à recuperação de pastagens degradadas ou à conversão dessas áreas em sistemas sustentáveis, contribuindo para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável do setor.
Iniciativas
Pedro Lutz Ramos, superintendente de Tesouraria do Sicredi, destacou o Sustainable Finance Framework, um conjunto de diretrizes da cooperativa que abrange tanto categorias de impacto verde quanto social. No âmbito das finanças verdes, o Sicredi oferece linhas de crédito para iniciativas em energia renovável, gestão de recursos naturais, construções sustentáveis, eficiência energética, transporte limpo e saneamento básico. Na esfera social, a cooperativa apoia serviços voltados à inclusão, educação financeira, financiamento para micro e pequenas empresas (PMEs), produção rural familiar, infraestrutura básica e projetos para pessoas com deficiência.
“O Sicredi possui uma carteira de financiamento verde que ultrapassa US$ 10 bilhões e tem evitado a emissão de 14 milhões de toneladas de CO2. Trabalhamos especialmente com pequenos produtores que o mercado tradicional não conseguiu atender e com a comunidade ao seu redor. É um empreendimento comunitário onde o social e o econômico andam juntos”, afirmou Pedro. Ele também salientou que, atualmente, a cooperativa é também um dos maiores financiadores de geração de energia solar em micro e mini escala no Brasil. “Priorizamos o financiamento de pequenos cooperados na geração de energia fotovoltaica. São pequenos projetos que ganham escala e geram grande impacto social, completou.
Para Mayara Viana Ribas, diretora e superintendente da Cresol MG, abordou a importância do cooperativismo de crédito para a agricultura familiar e a inclusão social. “Atuamos diretamente nas comunidades e compreendemos as necessidades locais, impulsionando soluções que beneficiam tanto as pessoas quanto o meio ambiente. Nossas políticas sustentáveis colocadas em prática diariamente atendem 14 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. São projetos voltados para o extrativismo, saneamento e gestão da água, educação cooperativa e financeira e diversidade, entre outros”, relatou.
A superintendente ressaltou que, no aspecto ambiental, mais de 55 mil pessoas foram beneficiadas pela cooperativa, por ações de sustentabilidade em ao menos 70 municípios. No social, 23 mil crianças e jovens foram impactados em projetos educacionais e em ações de educação financeira, 15 milhões de pessoas foram apoiadas de forma indireta. O principal exemplo apresentado por ela foi o projeto desenvolvido em Codajás, no Amazonas, onde o trabalho da cooperativa oferece novas oportunidades para aqueles que dependem dos produtos da floresta.
“A comunidade vive basicamente do extrativismo de castanhas e açaí. Investimos em financiamentos para a criação de hortas comunitárias e também contribuímos para que o processo de extração dos recursos seja menos agressivo e ajude a manter a floresta em pé. Esse projeto mostra como o cooperativismo cria um ciclo virtuoso que alivia a pobreza e traz confiança aos moradores, que se orgulham de gerar sua própria renda, proteger a natureza e planejar um futuro promissor para as próximas gerações”, completou.
Já o superintendente do Sicoob, Luiz Edson Feltrim, detalhou o plano de sustentabilidade da cooperativa, que inclui o financiamento de projetos sociais e ambientais, como painéis solares, máquinas para eficiência energética e práticas agrícolas para a promoção de desenvolvimento socioeconômico local, preservação ambiental e inclusão financeira. “As cooperativas de crédito são entidades de representatividade nas pequenas localidades. Ao contribuir para a resiliência dos cooperados, elas geram um ciclo virtuoso e reciclam a poupança local, beneficiando tanto os seus cooperados como o seu entorno”, declarou.
Como exemplo, ele citou o projeto Expressão Mamaindê, desenvolvido em parceria com a aldeia indígena Mamaindê, localizada em Vilhena, Rondônia, para fomentar a geração de renda e promover a autonomia da comunidade por meio de um modelo de negócios que une tradição e inovação. Além de apoiar o empreendedorismo local, o projeto inclui ações de capacitação para que os membros da aldeia possam autogerir seus negócios de forma sustentável. “Um dos nossos desafios é levar educação e inclusão financeira para os povos originários da Amazônia. São indígenas, quilombolas e ribeirinhos que precisam de assistência. Buscamos parceiros para criar um hub de conectividade para integrar essas comunidades e o projeto Mamaindê é um exemplo prático dos impactos positivos que podemos alcançar”.
Assista a íntegra do painel:
https://www.youtube.com/live/nTzHrT3ZK0M
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