Gerente Geral da OCB, Fabíola Nader, sentada junto com os outros participantes do painel

Cooperativas impulsionam Plano ABC+

Exemplos de sucesso foram apresentados pelo Sistema OCB na COP 28.

As cooperativas agropecuárias são protagonistas na adoção de práticas que garantem a preservação ambiental e a sustentabilidade da produção rural. Ações voltadas para a baixa emissão de carbono, por exemplo, fazem parte do cotidiano das atividades desenvolvidas há décadas. Em painel promovido  nesta segunda-feira (11) pelo Ministério da Agricultura (Mapa), durante a 28ª Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, a COP 28, a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta, apresentou cases de sucesso que demonstram o comprometimento do movimento com uma agricultura mais resiliente, rentável e capaz de mitigar as emissões dos gases de efeito estufa.

O tema abordado pelo painel foi Plano ABC+ e seu papel na segurança alimentar. Fabíola lembrou que o Plano ABC+ é primordial para a segurança alimentar e que a transição para uma economia verde exige o envolvimento não só de governos ou organizações, mas das pessoas como um todo. Para ela, o cooperativismo é um caminho importante nesse sentido. “As cooperativas se destacam ao congregar as pessoas e oferecer os conhecimentos e assistência necessária para alcançarmos os objetivos de uma economia verde e sustentável. A força do cooperativismo permite levar as melhores tecnologias aos produtores. Temos nove mil extensionistas no nosso quadro, o que torna o produtor cooperado o mais assistido no Brasil”, ressaltou.

A proteção da vegetação nativa, a geração de emprego e renda e a prosperidade impulsionadas pelas cooperativas, inclusive para as comunidades onde estão inseridas, foi salientada por Fabíola como fatores importantes para garantir o desenvolvimento sustentável e as seguranças alimentar, energética e climática. “A busca pela preservação faz parte da natureza do cooperativismo. Temos o prazer de fazer parte dessa iniciativa do Plano ABC+ desde o início da sua implementação, em 2011, e os impactos desse programa são evidentes. Nossos cooperados se tornaram, com certeza, mais produtivos, utilizam as melhores tecnologias e são ainda mais sustentáveis”, acrescentou.

Entre as histórias de sucesso, Fabíola citou a Cooperativa Agrícola Água Santa (Coasa), a Cocamar Cooperativa Agroindustrial e a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta).  Localizada no Rio Grande do Sul, a Coasa adota, desde 1995, a Operação 365, que mantém a cobertura verde no solo todos os dias do ano. As técnicas utilizadas promovem a redução de fertilizantes sintéticos, preservam a umidade da terra e aumentam a qualidade química, física e biológica da produção, garantindo maior estabilidade em todo o processo de plantio e colheita. “Os cooperados da Coasa possuem um mote muito significativo, que permeia todas as suas atividades: o solo é o maior bem de um produtor”, explicou a gerente.

A Cocamar, do Paraná, por sua vez, utiliza a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta ILPF) em suas 110 unidades operacionais para garantir a policultura. De acordo com Fabíola, essa tecnologia permite o cultivo de diferentes grãos em uma mesma área, evitando esgotamento do solo e reduzindo a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. “Além disso, ela reduz em cerca de 30% os gastos com energia elétrica, ação fundamental para a transição da economia verde. Até 2030, a Cocamar planeja alcançar 35 milhões de hectares plantados com a tecnologia”.

Já a Camta, conforme apresentou a gerente, é referência em sustentabilidade econômica e ambiental a partir do Sistema de Agroflorestal de Tomé-Açú (Safta), no qual as culturas semeadas convivem em harmonia, dividindo terreno umas com os outras e também com a floresta nativa. “Essa tecnologia, desenvolvida exclusivamente pela cooperativa, auxilia na recuperação da biodiversidade porque mantém o solo úmido e fértil, respeita o clima, aumenta a produtividade e reduz em mais de cinco vezes a emissão de gases poluentes. Outros países, como a Bolívia, aprenderam e adotaram a técnica em suas lavouras também.

A adoção de matrizes energéticas sustentáveis também foi citada por Fabíola. “A produção de biogás, biogás, biometano e CO² , bem como investimentos em energia solar são algumas das iniciativas adotadas pelas cooperativas brasileiras para a ampliação de projetos de energia renovável”, completou.

O painel também contou com a participação de Ratan Lal, professor da Univesidade de Ohio e embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) para o desenvolvimento sustentável. Ratan também é prêmio Nobel da Paz pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 2007 e laureado pelo Prêmio Mundial de Alimentação (World Food Prize) em 2020. Para ele, o Brasil é uma força agrícola mundial e um exemplo a ser seguido. “Fico impressionando ao observar a como o país transformou seu mode de produção ainda na década de 1960 e se tornou o maior exportador de alimentos líquidos do globo”, afirmou.

O professor elogiou o Plano ABC+ e reafirmou seus benefícios para a redução das emissões de gases de efeito estufa, aprimoramento das práticas agrícolas e o aumento do armazenamento de carbono. “As estratégias adotadas incentivam o crescimento da proteção ambiental, geram renda para a população rural e reduzem o desmatamento nos biomas da Amazônia e Cerrado. O Plano ABC é, portanto, um instrumento efetivo para a promoção de uma agricultura sustentável que adota estratégias reais para a mitigação dos gases de efeito estufa”, acrescentou.

Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa foi o responsável pela mediação da apresentação. O debate também contou com a participação de Ana Paula Mello, assessora de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Saiba mais sobre a presença do cooperativismo na COP 28 no site Cooperação Ambiental.

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