Capal garante descarte certo de 167 toneladas de resíduos veterinários

Cada vez que o produtor rural Marinus Hagen Filho tinha de vacinar ou aplicar algum medicamento nas vacas leiteiras de sua propriedade, uma pergunta vinha à sua cabeça: o que fazer com as agulhas, seringas e frascos de remédios utilizados nos animais. Jogar aquele material no lixo nunca pareceu uma boa opção para ele, que vive no município de Arapoti, no Paraná.
“Era um passivo que a gente tinha na propriedade, porque não havia onde descartar agulhas, frascos de remédio, luvas de inseminação e outras coisas desse tipo", recorda. "Era um problema muito sério, porque sempre havia o risco de contaminação. Algumas coisas ficavam guardadas em tambores, mas outras eram incineradas.”
Essa história só começou a mudar em 2014, quando a Capal Cooperativa Agroindustrial — da qual Hagen Filho é associado há mais de 30 anos — lançou o programa Descarte Certo. Desde então, a cooperativa realiza o serviço de coleta e destinação de resíduos veterinários de todos os cooperados ligados à suinocultura e bovinocultura de leite e corte. Podem ser entregues materiais como luvas, pipetas, botas descartáveis, frascos de vacina, embalagens, restos de medicamentos, agulhas e seringas. E o melhor de tudo: os produtores não pagam nada por isso.
Treinamento
Os resíduos sólidos de serviços de saúde, inclusive veterinários, são classificados em cinco grupos:
- Biológicos (grupo A)
- Químicos (grupo B)
- Perfurocortantes (grupo E)
- Radioativos (grupo C), que não são produzidos em propriedades rurais,
- Orgânicos e recicláveis (grupo D), enviados aos serviços municipais de limpeza.
A Capal oferece a coleta e destinação correta dos três primeiros. “A cooperativa viu a necessidade de dar esse suporte ao produtor rural porque a gente sabe que a destinação ambientalmente correta desses resíduos é um processo difícil de fazer sozinho", explica a engenheira ambiental da Capal, Ana Carla Rosgoski. "O programa começou nas unidades do Paraná, próximas à matriz, e com o decorrer dos anos foi sendo implantado em todas as unidades, e hoje atende a 100% dos produtores de bovinos e suínos.” Ao todo, 251 cooperados são atendidos diretamente e outros indiretamente porque entregam os resíduos nas lojas agropecuárias da cooperativa.
A retirada dos resíduos veterinários é feita por uma empresa especializada a cada quatro meses nas fazendas de cooperados do Paraná e a cada seis meses nas propriedades rurais de São Paulo. Os produtores são responsáveis por separar os resíduos conforme os grupos, armazenando-os em local adequado até a coleta definitiva.
Para garantir que esses resíduos sejam manuseados e armazenados com segurança, a Capal realiza treinamento para cooperados e funcionários das fazendas. Também é possível solicitar visitas técnicas para acompanhamento desse processo.
Na propriedade do cooperado Marinus Teunis Hagen Filho, ele e mais 10 funcionários passaram pela capacitação para aprender a separar os resíduos. O volume de resíduos veterinários da propriedade chega a três tambores de 200 litros a cada quatro meses.
“O plantel está aumentando, então automaticamente a quantidade de resíduos também aumenta. Estamos providenciando mais bombonas [tambores] para garantir esse armazenamento entre as coletas”, conta.
Desde a criação do Programa Descarte Certo, mais de 167 toneladas de resíduos ligados à atividade pecuária foram recolhidos e levados para destinação correta. Em 2023, cerca de 10 toneladas de resíduos já foram retiradas das fazendas de cooperados da Capal e uma nova coleta vai ocorrer no fim de junho. [caption id="attachment_389" align="aligncenter" width="534"] Descarte Certo: programa coletou cerca de 10 toneladas de resíduos veterinários somente no primeiro semestre de 2023[/caption]
Licenciamento ambiental
Antes do programa Descarte Certo, muitos dos resíduos veterinários eram descartados junto com o lixo comum e/ou queimados, gerando riscos de contaminação do ar, do solo e da água.
Agora, a coleta é realizada diretamente nas fazendas. Os resíduos recolhidos são enviados para uma segunda triagem, feita pela empresa terceirizada pela Capal. Somente depois, eles são encaminhados para aterros industriais, autoclave e/ou para a incineração, seguindo os protocolos dos órgãos ambientais.
“Cada produtor fazia o descarte à sua maneira. Hoje, para atender as normativas legais, é preciso fazer corretamente. Por exemplo, no estado do Paraná, as atividades agropecuárias de suinocultura e bovinocultura exigem licenciamento ambiental. E uma das condicionantes para obter a licença é o gerenciamento correto desses resíduos”, explica a engenheira ambiental da cooperativa.
Além disso, segundo Ana Carla, a Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, passou a considerar crime ambiental enterrar ou queimar resíduos de saúde veterinários. Após a entrega dos resíduos para descarte adequado, os cooperados recebem um comprovante que atesta a destinação correta dos rejeitos.
[caption id="attachment_390" align="aligncenter" width="602"] Colaboradores da Capal em campo para garantir o descarte correto de resíduos veterinários[/caption] Além de ajudar os produtores da Capal a cumprir a lei, o descarte correto dos resíduos veterinários é um diferencial competitivo. No caso do cooperado Marinus Teunis Hagen Filho, o destino correto desses materiais s é um dos requisitos do programa de boas práticas de produção leiteira do qual participa.
“É uma vantagem competitiva e financeira, porque a gente recebe um adicional no pagamento do leite por estar com boas práticas, entre elas o descarte correto, que nos levaram a conseguir a pontuação máxima”.
Descarte Certo na agricultura
Diante dos bons resultados do programa Descarte Certo e das demandas ambientais dos cooperados que atuam na produção agrícola, a Capal decidiu ampliar a iniciativa e coletar também resíduos agrícolas e de manutenção de maquinários. O novo serviço também será executado pela Capal em parceria com uma empresa especializada.
Na primeira etapa do projeto, os cooperados poderão descartar pneus, embalagens de óleo, de adubo foliar, de sabão líquido, alvejante e de água sanitária. Em um segundo momento, a cooperativa também irá recolher estopas, filtros de manutenção de maquinários agrícolas, equipamentos de proteção individual, materiais contaminados com óleo ou graxa e outros resíduos gerados de forma esporádica como latas de tintas, verniz e solventes.
As embalagens de agrotóxicos não entram no programa e continuarão sendo descartadas de acordo com o previsto na legislação específica, com armazenamento correto e entrega em locais autorizados.
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Nome do projeto: Cooperativas como resposta à geração de energia renovável com o protagonismo das pessoas – cooperação entre Brasil e Alemanha. Investimento no projeto: R$ 100 mil (OCB), R$ 250 mil (DGRV). Resultados: Aumento da capacidade instalada de energia renovável por novas cooperativas, de 0,075 MW, em 2016, para 11,4 MW no final de 2020. Crescimento do número de cooperativas envolvidas na geração de energia renovável. Em dezembro de 2020, eram 24 cooperativas gerando energia para 238 unidades consumidoras. O trabalho desenvolvido incentivou as cooperativas já existentes a gerarem sua própria energia. Em 2020, foram 482 empreendimentos de geração de energia renovável, totalizando 35 MW. Criação da plataforma www.energia.coop, gerando informação específica e de fácil acesso sobre o assunto. Troca de experiência internacional entre Brasil, Alemanha e diversos países na América.
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