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Visita à Camta encerra imersão Pré-COP 28

A última parada da expedição da imersão Pré-COP 28 promovida pelo Sistema OCB para agentes do governo federal foi a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), no Pará. Nesta sexta-feira (20), a comitiva conheceu os resultados do Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu (Safta), que se transformou em referência mundial no que diz respeito a produção sustentável. O sistema permite o convívio harmônico das diversas culturas semeadas, que dividem terreno umas com as outras e também com a floresta nativa.

“Para o desenvolvimento sustentável, nada faz mais sentido que o cooperativismo. E isso porque além da vertente ambiental, ele também cuida das questões sociais e econômicas. As visitas, especialmente as do Pará, me mostraram realidades muito diferentes das que já conhecia e que precisam ser divulgadas para o mundo. Foi uma grande lição que contribuirá significativamente para aprimorarmos os processos de apresentação e venda dos produtos das cooperativas para o mercado exterior”, declarou o primeiro secretário do Ministério das Relações Exteriores, Ricardo Fleury.

Com 93 anos de atuação, a Camta produz, em um mesmo terreno, açaí, abacaxi, acerola, cacau, caju, dupuaçu, dendê, maracujá, mandioca, pimenta-do-reino e outros alimentos. “As folhas das plantas de uma cultura servem de adubo para o crescimento de outras. Ao imitar o ciclo natural da floresta, esse modelo de agricultura preserva o solo e aumenta a produtividade, além de garantir uma produção de alimentos ambientalmente correta, com o sequestro de carbono, e 100% sustentável, em ciclos produtivos de 25 a 30 anos, explicou o diretor administrativo da cooperativa, Edmundo Watanabe.

Ernesto Katsunori Suzuki, cooperado que planta entre outas culturas, o dendê, conta que já está provado cientificamente que a fruta pode ser cultivada simultaneamente com outras espécies sem perder produtividade. “Nossa pesquisa nesse sentido começou em 2008 e nossa produção empata ou fica acima do processo convencional, ou seja, do monocultivo. Além disso, conseguimos ter receita desde o primeiro ano porque apesar de o dendê ser uma planta de ciclo longo, o cultivo de outras sementes de ciclo curto geram renda constante, ajudando a manter o homem no campo e o sustento de suas famílias”, descreveu.

A área plantada a partir do Safta também funciona como corredor ecológico, oferecendo conforto térmico ao produtor, e permite a realização de uma agricultura sem queima. O corredor ecológico mitiga os efeitos da fragmentação dos ecossistemas, promovendo a ligação entre diferentes áreas, com o objetivo de proporcionar o deslocamento de animais, a dispersão de sementes e o aumento da cobertura vegetal.

Atualmente, o sistema de produção agroflorestal da Camta abrange 40 mil hectares que fazem faz parte da produção da cooperativa, composta por 172 famílias famílias de cooperados na região, além de ajudar a reduzir o desmatamento da Amazônia e a melhorar a qualidade de vida de mais de 10 mil pessoas, nas comunidades da região beneficiadas pela cooperativa. A Camta também detém selos de reconhecimento da produção orgânica em países com critérios rigorosos de importação como o Japão, Estados Unidos e União Europeia.

Para Solange Alves, do Departamento de Política de Desenvolvimento Rural Sustentável, do Ministério de Meio Ambiente, sair do gabinete e conhecer realidades tão diferentes foi fundamentar para conhecer melhor o pontencial do cooperativismo no desenvolvimento sustentável. “Fica claro perceber que fora do cooperativismo, não há solução. Esse modelo coletivo de trabalho divide responsabilidades e traz resultados efetivos. É uma expertise na qual ainda precisamos trabalhar muito para oferecer políticas públicas que ajudem a fortalecer ainda mais esse modelo de negócios”, ressaltou.

A imersão Pré-COP 28 foi promovida pelo Sistema OCB com o intuito de fortalecer a representação do cooperativismo brasileiro durante a Conferência sobre as mudanças do Clima que acontece entre 30 de novembro e 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O grupo da comitiva foi composto por representantes dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Agricultura, do Desenvolvimento Sustentável, de Indústria e Comércio, do Meio Ambiente e das Relações Exteriores, além da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Agência Brasileira de Cooperacão (ABC).

Além da Camta, no Pará, o grupo visitou também a Coafra. Já no Paraná, foram vistiadas as cooperativas, Lar, Sicredi Nossa Terra, Copacol e Frimesa. 

 

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