Prêmio ABDE-BID destaca artigos sobre impacto social e liderança no coop
Categoria exclusiva do Sistema OCB reconhece pesquisas aplicadas ao crédito cooperativo
O Prêmio ABDE-BID de Artigos de Desenvolvimento, uma das principais iniciativas de valorização da produção acadêmica voltada ao desenvolvimento sustentável no país, anunciou os vencedores de sua 11ª edição. A premiação, promovida pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Sistema OCB, conta com uma categoria exclusiva dedicada ao desenvolvimento e ao cooperativismo de crédito. Desde 2017, essa parceria busca aproximar o setor das universidades, incentivar pesquisas aplicadas e ampliar o diálogo entre academia,
cooperativas e o Sistema Nacional de Fomento.
Em primeiro lugar na categoria ficou o estudo Indicadores de desempenho social em cooperativas de crédito de Aline Cristina da Cruz e Vilmar Rodrigues Moreira. A pesquisa validou, diretamente com cooperados, um conjunto de 22 indicadores sociais distribuídos em cinco dimensões: princípios cooperativistas; inclusão social e engajamento comunitário; inclusão financeira; relacionamento; e grau de inatividade.
Segundo o estudo, o cooperado percebe o desempenho social tanto pela participação democrática quanto pela qualidade do atendimento e pelo impacto comunitário. Para os autores, monitorar indicadores sociais com o mesmo rigor aplicado aos econômico-financeiros é decisivo para consolidar a fidelização dos cooperados e o fortalecimento do modelo cooperativista.
O segundo lugar foi conquistado pelo artigo Mulheres, tempo de mandato e desempenho: dinâmicas de liderança em cooperativas de crédito brasileiras, sob autoria de Arthur Frederico Lerner e Leonardo Flach. O estudo analisou dados de 1.204 cooperativas entre 2008 e 2022 e confirma que a diversidade de gênero nos Conselhos de Administração e nas Diretorias Executivas está associada a maior eficiência operacional (ROA). O efeito sobre o retorno do patrimônio (ROE), no entanto, mostrou-se menos evidente.
A pesquisa destaca ainda que o tempo de mandato no Conselho de Administração atua como moderador da relação entre diversidade e desempenho. A experiência acumulada potencializa os benefícios da presença feminina, mas apenas até determinado ponto, configurando uma curva em “U” invertido: mandatos excessivamente longos deixam de gerar ganhos adicionais e podem indicar riscos de enraizamento. O trabalho reforça a importância de políticas que combinem renovação de mandatos, participação feminina e estruturação de processos sucessórios, garantindo equilíbrio entre diversidade e governança.