Práticas assertivas do agro são destaque em seminário

O protagonismo do movimento cooperativista no Ramo Agropecuário foi apresentado na 78ª edição da Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), que aconteceu entre os dias 8 a 11 de agosto, em Gramado (RS). O evento teve por objetivo apontar oportunidades e demonstrar soluções tecnológicas aos profissionais e representantes de entidades ligadas ao segmento. O coordenador do Ramo Agro do Sistema OCB, João Prieto, foi convidado a expor no painel Cooperativas como ferramentas para o desenvolvimento de pequenos produtores rurais.

Na ocasião foram apresentados as potencialidades que os produtores rurais inseridos no cooperativismo podem alcançar em detrimento aos agricultores não cooperados. Para se ter uma ideia, dos 1 milhão de cooperados distribuídos em 1.185 cooperativas, que geram mais de 249 postos de trabalho, 71,2% dos agricultores têm perfil da agricultura familiar. Em assistência técnica e extensão rural, 63,8% deles são atendidos, enquanto no contexto nacional somente 20,2% dos produtores são atendidos. Além disso os associados e suas cooperativas são responsáveis por 75% da produção de trigo, 55% de café, 53% de milho, 52% da soja, 50% dos suínos, 48% do algodão, 46% do leite e 43% do feijão.

“Esses números ressaltam o ciclo virtuoso do cooperativismo que, por sua capilaridade, consegue levar conhecimento para os produtores mais próximos e mais afastados dos grandes centros. A prosperidade gerada está alinhada aos ganhos econômico, social e ambiental. A assistência técnica é uma potencializadora do pequeno produtor, pois se empenha em oferecer as melhores soluções em diferentes regiões com atendimento personalizado, racionalizado, com adoção de práticas sustentáveis, alocação de recursos eficientes, incentivo à pesquisa e foco em fazer mais com menos. São cerca de dez mil técnicos auxiliando nossas cooperativas e associados. A evolução tecnológica, dentro do cooperativismo, também traz aspectos éticos e sociais da transição energética”, considerou Prieto.

Ainda segundo ele, o cooperativismo atua em todos os elos da cadeia produtiva, desde o acesso a insumos como mudas, fertilizantes, defensivos e rações, até a comercialização com acesso a mercados de redução de assimetrias. A atuação se dá ainda no processo de armazenagem e agroindustrialização, com agregação de valor e maior controle de qualidade dos produtos. “Atuamos em diversos segmentos e representamos 65% do total de insumos e bens de fornecimento, 58% de produtos não industrializados de origem vegetal e 34% de produtos não industrializados de origem animal. Os resultados financeiros também ressaltam os olhos e, em 2022, o ramo contava com ativo total de R$ 266.5 bilhões, um capital social de R$ 22 bilhões, e um total de sobras, distribuídas entre todos os cooperados, de R$ 22,5 bilhões”, pontuou o coordenador.

No âmbito do cooperativismo, Prieto lembrou que já é comum a disseminação das inovações por meio da capilaridade, que tem dado aos produtores acesso à maquinários modernos, utilização da internet das coisas, de drones e sensores e da utilização da ciência de dados para uma agricultura de precisão e uso racional de insumos para uma produtividade sustentável e ambientalmente correta. “As cooperativas são meios de difusão de inovação de tecnologias e conhecimentos, são a porta de entrada e filtro para reverberar as boas práticas para otimizar e aumentar a produtividade”, classificou.

Para concluir sua participação, ele apresentou alguns pleitos do Ramo Agro presentes na Agenda Institucional do Cooperativismo. Dentre eles foram citados a otimização de linhas do crédito rural, incentivos à agricultura familiar por meio de programas do governo, como compras públicas; a defesa agropecuária com a classificação de produtos vegetais e defensivos; avanços nas aplicações dos critérios previstos no Código Florestal; incentivo ao chamado Agro 4.0 e a Conectividade Rural; além de temas como tributação agropecuária, comércio exterior, garantia de renda ao produtor e regularidade de abastecimento.

Prieto dividiu o painel com a deputada e coordenadora de Tecnologia e Inovação no Campo da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), Marussa Boldrin; do coordenador da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Francisco Rodrigo Martins; e do vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner. O evento realizado desde 1940 é referência na área tecnológica. Promovido pelo Sistema Confea/Crea, vem reunindo ao longo dos anos milhares de participantes que debatem e propõem soluções a temas ligados ao desenvolvimento do agro e à infraestrutura brasileira para o segmento.

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