No 3º Workshop de Seguros, cooperativismo reforça papel na transição climática
Sistema OCB reforça contribuição do setor para resiliência e sustentabilidade
O 3º Workshop de Seguros para Jornalistas, promovido pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), reuniu especialistas, autoridades e representantes de diversos setores nesta sexta-feira (22), no Rio de Janeiro. O encontro teve como foco os desafios da transição climática e o papel do seguro na construção de resiliência frente aos eventos extremos que afetam cada vez mais a sociedade e a economia.
O Sistema OCB foi representado por Alex Macedo, coordenador de Meio Ambiente, que apresentou a visão do cooperativismo para a agenda climática e destacou propostas que podem fortalecer a proteção de produtores e comunidades frente às mudanças globais.
Segundo Alex, o cooperativismo brasileiro já atua de forma estruturada em iniciativas de mitigação e adaptação, com projetos em eficiência energética, neutralidade de carbono e inovação em modelos produtivos. No campo dos seguros, ele ressaltou que a ampliação da proteção e da previsibilidade orçamentária do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) é um passo essencial para garantir segurança alimentar e estabilidade econômica.
“As cooperativas estão na linha de frente da produção de alimentos e da geração de energia limpa. Para que possam continuar a exercer esse papel estratégico, é fundamental que os instrumentos de seguros climáticos sejam fortalecidos e acessíveis. O risco climático não é mais um evento isolado, mas uma realidade contínua que exige redes de proteção cada vez mais robustas”, afirmou.
De acordo com dados da CNSeg, os eventos climáticos extremos expõem uma lacuna preocupante na cobertura securitária. Em 2024, as perdas globais chegaram a US$ 368 bilhões, mas apenas 40% desse valor estavam segurados, o que deixou um déficit de proteção de cerca de US$ 211 bilhões. No Brasil, a situação é semelhante: entre 2013 e 2022, os prejuízos no setor privado somaram R$ 320 bilhões, 90% concentrados na agricultura e pecuária. Mesmo diante desse cenário, apenas 7,7% da área agrícola cultivada do país conta hoje com seguro rural, o que evidencia a importância de fortalecer programas como o PSR e discutir novas soluções, como o Seguro Social Catástrofe, voltado para grandes desastres. As enchentes no Rio Grande do Sul, por exemplo, geraram perdas estimadas em R$ 100 bilhões, mas apenas 6% desse total estavam amparados por seguros
Durante sua participação, o coordenador destacou ainda que o reconhecimento das cooperativas como atores estratégicos da política climática é indispensável. Isso inclui tanto a valorização de práticas sustentáveis quanto a ampliação do acesso a mecanismos de financiamento verde e ao mercado de créditos de carbono.
O representante do Sistema OCB também apresentou propostas que deverão ser defendidas pelo movimento cooperativista na COP30, a ser realizada em Belém, em 2025. Entre elas, a criação de um seguro social catástrofe, voltado a eventos de grande impacto, e o desenvolvimento de sistemas avançados de monitoramento e alerta precoce, capazes de reduzir perdas e melhorar a resiliência das comunidades.
“O cooperativismo oferece soluções práticas e inovadoras para enfrentar a crise climática. Ao integrar seguros, financiamento e sustentabilidade, mostramos que é possível proteger o presente e construir um futuro mais resiliente para todos”, completou.