Cooperativas agro do Paraná participam do Portas Abertas
Comitiva conheceu atuação do Sistema OCB e discutiu desafios da transição energética
O Sistema OCB recebeu, nos dias 1º e 2 de outubro, a comitiva do Fórum de Energia do Sistema OCEPAR, que contou com representantes da própria OCEPAR e das cooperativas Agrária, C.Vale, Cotriguaçu e Coagro, para mais uma edição do Programa Portas Abertas. A iniciativa teve como objetivo aproximar técnicos e engenheiros das cooperativas agropecuárias paranaenses do funcionamento da representação política e institucional do cooperativismo em nível nacional, com ênfase nas pautas ligadas ao setor elétrico.
As cooperativas agro do Paraná vêm dedicando cada vez mais atenção ao tema energia, insumo fundamental para suas operações. Diante da abertura do mercado livre, das discussões sobre armazenamento, da transição energética e da expansão da geração distribuída, o Fórum de Energia da OCEPAR promove momentos de capacitação e acompanhamento das mudanças regulatórias. Atualmente, o Paraná conta com 62 cooperativas agro, que reúnem mais de 231 mil cooperados e geram mais de 113 mil empregos diretos. Em 2024, o setor faturou R$ 154 bilhões, respondeu por cerca de 64% da produção de grãos e 45% da produção de carnes e lácteos do Estado. Todo esse potencial produtivo reflete também no consumo de energia, que chega a aproximadamente 1.783,46 GWh por ano.
No diálogo com a comitiva, o Sistema OCB apresentou uma visão abrangente sobre seu papel institucional e político, destacando a importância de um canal permanente de articulação e defesa dos interesses do movimento. Foram detalhados o funcionamento da entidade, os posicionamentos adotados nas discussões legislativas e a atuação conjunta com a Frente Parlamentar do Cooperativismo (FRENCOOP), reforçando o alinhamento entre a representação política e as demandas concretas das cooperativas.
As Medidas Provisórias 1300/25, que trata da reforma do setor elétrico, e 1304/25, referente à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), foram pontos centrais das discussões, uma vez que o Sistema OCB vem acompanhando de perto esses debates diante das grandes transformações em curso no setor de energia. O processo legislativo sobre essas MPs tem contado com o apoio de parlamentares estratégicos da FRENCOOP, como o presidente da Frente, deputado Arnaldo Jardim, o coordenador do Ramo Infraestrutura, deputado Tião Medeiros, e o coordenador do Ramo Transporte, deputado Covatti Filho, que têm desempenhado papel fundamental na defesa do cooperativismo no tema, garantindo que as especificidades do movimento cooperativista sejam consideradas nos debates do Congresso Nacional.
Foi ressaltada ainda a relevância do tema da energia para o cooperativismo brasileiro, sobretudo por se tratar de um dos principais insumos da agroindústria, essencial para a competitividade e sustentabilidade do setor. Nesse sentido, reforçou-se a importância de acompanhar as mudanças em andamento no setor elétrico, tanto no campo legislativo, por meio das MPs em tramitação, quanto no regulatório, para que as cooperativas estejam preparadas para se inserir de forma protagonista nas novas oportunidades que vêm se abrindo no mercado de energia.
A pauta ambiental também teve espaço de destaque, tanto no que se refere às soluções de eficiência energética quanto em relação a questões específicas do ramo agropecuário. No âmbito do Programa de Eficiência Energética, o Sistema OCB destacou que é preciso refletir não apenas sobre a geração de energia, mas também sobre a forma como as cooperativas consomem esse recurso. Foi ressaltada a necessidade de pensar em estratégias para tornar o consumo mais efetivo, reduzindo desperdícios e promovendo uma utilização racional, que ao mesmo tempo gera benefícios econômicos e ambientais. Essa abordagem amplia os ganhos coletivos, pois a eficiência energética reduz custos, aumenta a sustentabilidade das operações e fortalece a competitividade das cooperativas.
Além disso, foram discutidas iniciativas ligadas a biocombustíveis, com ênfase no Programa Combustível do Futuro, no Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) e na Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). Esses programas foram apontados como instrumentos fundamentais para fortalecer a sustentabilidade, ampliar a diversificação da matriz energética e criar novas oportunidades de negócios para as cooperativas do agro.
Esse conjunto de discussões reforçou o compromisso do Sistema OCB em acompanhar de forma qualificada os debates legislativos e regulatórios, ao mesmo
tempo em que fortalece a capacidade das cooperativas de se posicionarem como protagonistas em um cenário de profundas mudanças no setor energético, garantindo que a agenda do cooperativismo esteja sempre presente nas decisões estratégicas do País.
À tarde, a agenda foi marcada por encontros parlamentares com lideranças estratégicas, entre elas os deputados Sérgio Souza, Arnaldo Jardim, Tião Medeiros e Pedro Lupion, todos integrantes da FRENCOOP e também da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Esses diálogos representaram uma oportunidade de aprofundar os debates sobre as Medidas Provisórias em tramitação, a pauta ambiental e os desafios regulatórios que impactam diretamente o cooperativismo. Ao longo das reuniões, foi possível reforçar a importância de assegurar condições adequadas para que as cooperativas possam continuar crescendo e inovando, bem como destacar a relevância da energia como insumo essencial para a agroindústria. O ambiente de diálogo permitiu não apenas alinhar estratégias, mas também consolidar o apoio político necessário para que as especificidades do movimento cooperativista estejam contempladas nas decisões do Congresso Nacional.
O segundo dia do Programa Portas Abertas começou com uma visita guiada ao Congresso Nacional, proporcionando aos representantes das cooperativas uma experiência prática sobre o funcionamento do Legislativo e o papel estratégico do Parlamento nas decisões que impactam diretamente o setor elétrico e, consequentemente, o cooperativismo.
Na sequência, a comitiva cumpriu agendas técnicas em órgãos fundamentais para o setor de energia. Na Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), os participantes foram recebidos por Lívia Raggi, chefe adjunta do Gabinete do Diretor-Geral, e por João Luis dos Passos, Chefe da Assessoria de Gestão Institucional. Durante a reunião, a comitiva apresentou a relevância do Paraná no cenário nacional, destacando que o Estado ocupa a 4ª posição na contribuição do PIB brasileiro e, considerando apenas a indústria de transformação, figura como a 3ª maior economia do País. A partir desse panorama, foram debatidos pontos sensíveis para as cooperativas agropecuárias,
especialmente no que se refere aos critérios de continuidade do fornecimento de energia utilizados pela ANEEL, como os indicadores DEC e FEC. Ressaltou-se que a continuidade do serviço é fator crucial para a agroindústria, trazendo exemplos concretos do impacto que interrupções podem causar, como situações em que apenas um minuto sem energia pode resultar em prejuízos da ordem de R$ 10 mil.
Outro aspecto destacado foi a crescente eletrificação do setor produtivo, muitas vezes impulsionada pela escassez de mão de obra em determinadas atividades, o que amplia o consumo e a dependência de energia elétrica de forma acelerada. Nesse contexto, foram discutidas possibilidades de projetos-pilotos nas cooperativas voltados à qualidade e continuidade do fornecimento de energia. A ANEEL apontou que tais iniciativas podem ser viabilizadas, inclusive no formato de sandbox regulatório, desde que haja necessidade de afastamento regulatório, reforçando que a Agência tem incentivado propostas inovadoras que contribuam para o desenvolvimento do setor elétrico e tragam soluções práticas para os desafios enfrentados na ponta.
Já no Ministério de Minas e Energia (MME), a comitiva foi recebida por Frederico de Araújo Teles, Diretor do Departamento de Políticas Setoriais. A reunião concentrou-se em temas estratégicos para o futuro do setor. Foram discutidas as Medidas Provisórias em tramitação, ressaltando a importância da previsibilidade regulatória e legislativa, elemento fundamental para dar segurança ao planejamento de investimentos e para a operação das cooperativas em todo o País. Também esteve em pauta a flexibilização dos horários dos descontos aplicáveis às atividades de irrigação e aquicultura. O MME reforçou que as normas estão sendo construídas de modo a respeitar as particularidades regionais e setoriais, justamente porque cada realidade apresenta especificidades que precisam ser consideradas.
As visitas técnicas reforçaram a importância do diálogo institucional das cooperativas com os órgãos reguladores e com o Executivo, permitindo não apenas compreender com maior profundidade os rumos do setor energético, mas também apresentar as contribuições e necessidades concretas da base cooperativista.
Esse intercâmbio foi considerado essencial para fortalecer o alinhamento de agendas, ampliar a previsibilidade das políticas públicas e consolidar o cooperativismo como ator estratégico na construção do futuro do setor elétrico brasileiro.
O encerramento do Programa Portas Abertas ficou a cargo da superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella, que destacou a importância da aproximação entre a representação nacional e as cooperativas agropecuárias do Paraná. “O que construímos juntos nesses dois dias reforça a força do setor e mostra que estamos preparados para participar ativamente da construção do futuro da energia no Brasil”, finalizou.