ACI discute governança e futuro do cooperativismo global em Brasília
Encontro focou em código de conduta, regras eleitorais e plano estratégico 2026–2030
Aconteceu em Brasília, nos dias 11 e 12 de novembro, a reunião do Conselho de Administração da Aliança Cooperativa Internacional (ACI). O encontro reuniu lideranças de diversas regiões do mundo para debater temas estratégicos, como ética, governança, planejamento e finanças.
Fundada em 1895, a ACI é uma das mais antigas e respeitadas organizações de representação do mundo. Ela reúne mais de 320 entidades cooperativas de 110 países, representando mais de 1 bilhão de membros. A entidade é a guardiã da Declaração sobre a Identidade Cooperativa, documento que consolida os Valores e Princípios que orientam o movimento mundial, como ajuda mútua, democracia, equidade e solidariedade, baseados na tradição dos pioneiros de Rochdale.
Na sessão estratégica de terça-feira (11), o foco esteve em discutir as normas internas e os instrumentos de integridade da organização. Foram debatidos o Regulamento para as Eleições do Conselho de Administração, o Código de Conduta, o Protocolo de Denúncias e o Formulário de Aceite das Diretrizes Éticas da ACI, todos aprovados previamente pelo Grupo de Trabalho de Recursos Humanos e submetidos ao Conselho.
O Código de Conduta estabelece os princípios éticos e comportamentais que norteiam a atuação de dirigentes, funcionários, voluntários e representantes da ACI. Já o Protocolo de Denúncias define um fluxo padronizado e transparente para o tratamento de casos éticos e comportamentais, centralizando o recebimento das informações na Linha-Direta de Denúncias.
Durante a reunião do Conselho, realizada nesta quarta (12), o destaque foi a aprovação do Plano de Trabalho do Escritório Global e do orçamento para 2026, primeiro ano do novo ciclo estratégico 2026–2030, intitulado Prática, Promoção e Defesa. O plano propõe que o movimento cooperativo avance “da consciência à ação”, com foco em três mandatos centrais: segurança geopolítica e resiliência comunitária, inclusão econômica e financeira, e transformação tecnológica e digital.
O novo plano está alinhado à Estratégia Global 2026–2030 da ACI, que define a visão e as prioridades do movimento para os próximos cinco anos. A proposta busca fortalecer as cooperativas em todo o mundo, ampliar sua presença nos mercados e aprofundar sua contribuição para o desenvolvimento sustentável.
O Conselho também aprovou revisões importantes nos regulamentos internos de comitês da ACI, entre eles o da Plataforma de Desenvolvimento Internacional (ICADP) e o das Cooperativas Habitacionais Internacionais (CHI), além da atualização das Normas Internas do próprio Conselho. A principal mudança é a obrigatoriedade de participação presencial de, pelo menos, uma reunião por ano para todos os membros do Conselho.
Outro ponto de destaque foi a aprovação do Regulamento e Código de Conduta para a Assembleia Geral e as Eleições de
2026, que definem critérios de elegibilidade, prazos, formatos de campanha e regras para garantir transparência e equidade no processo eleitoral. As campanhas deverão seguir estritamente os princípios éticos estabelecidos pela ACI, sob supervisão do Comitê Eleitoral.
Durante o encontro, o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, único brasileiro entre os 29 líderes que compõem o Conselho da ACI, representando 19 países, destacou a relevância da presença do Brasil no debate internacional sobre governança e transparência no cooperativismo.
“A ACI tem papel fundamental na consolidação dos princípios cooperativistas em escala global, e o Brasil tem contribuído de forma ativa para esse avanço. Reforçar práticas de governança, ética e transparência é essencial para garantir a credibilidade e o impacto do movimento no mundo inteiro”, afirmou.
Entre as ações recentes da ACI, estão o lançamento do “Contrato para uma Nova Economia Global” — iniciativa que convida governos e instituições a reconhecerem as cooperativas como parceiras essenciais na construção de um futuro justo e sustentável, e o Mapa do Patrimônio Cultural Cooperativo, proposta liderada pela OCB e que busca valorizar e preservar a memória e a identidade do movimento.
A realização da reunião em Brasília também foi influenciada pela proximidade da COP30, que ocorrerá em Belém (PA). Muitos dos conselheiros seguirão para as atividades da conferência climática, onde o cooperativismo estará representado em debates e celebrações paralelas sobre transição justa e desenvolvimento sustentável.
O Conselho também aprovou o calendário de reuniões de 2026, que inclui encontros presenciais na China, Bruxelas e Panamá, além de sessões virtuais em maio, agosto e novembro.