Sicoob Credip lidera transformação da cafeicultura em Rondônia com tecnologia e sustentabilidade
Contexto e desafios
Fundada em 1996 como a primeira cooperativa de crédito rural de Rondônia, a Sicoob Credip nasceu da união de 53 produtores e hoje é uma das maiores do Brasil, com mais de 150 mil cooperados e R$ 4 bilhões em ativos. Essa força foi fundamental para enfrentar um dos maiores desafios socioambientais da região: o modelo insustentável da cafeicultura.
A cafeicultura em Rondônia começou sua expansão nas décadas de 1970 e 1980, com a chegada de famílias migrantes que abriram áreas de floresta para o cultivo. No entanto, a atividade se desenvolveu de forma rudimentar, sem preparo técnico adequado ao ecossistema amazônico.
O resultado foi um ciclo vicioso de baixíssima produtividade (de 5 a 8 sacas por hectare), renda insuficiente para as famílias, degradação acelerada do solo e, consequentemente, mais desmatamento para a abertura de novas áreas. Esse contexto agravava conflitos sociais, especialmente com povos originários, e consolidava um ciclo de pobreza e pressão ambiental.
Objetivos
Diante do cenário de queda na produção, abandono de áreas e aumento da pressão sobre a floresta, a Sicoob Credip e seus parceiros viram a necessidade de repensar completamente a cafeicultura em Rondônia.
O projeto nasceu com a missão de reverter esse ciclo, buscando recuperar áreas degradadas e reconverter cafezais antigos em sistemas produtivos mais eficientes e sustentáveis.
A iniciativa tinha como meta oferecer tecnologias adaptadas ao bioma amazônico, capazes de elevar a produtividade e, assim, reduzir a pressão por novas aberturas na mata. Desse modo, o objetivo central era garantir a renda e a permanência de milhares de famílias no campo, rompendo com o histórico de pobreza.
Assim sendo, a cooperativa almejava construir um novo modelo de produção que associasse desenvolvimento econômico com preservação ambiental, incluindo também os povos originários para superar o conflito histórico e reduzir a pressão sobre as áreas indígenas.
Desenvolvimento
A estratégia para essa transformação teve como ponto de partida o público-alvo: cerca de 5 mil pequenos cafeicultores e suas famílias, distribuídos em 15 municípios da região de Matas de Rondônia. Para viabilizar a mudança, a Sicoob Credip atuou como o motor financeiro do projeto, direcionando mais de R$ 200 milhões em crédito orientado para esses 5 mil produtores.
A abordagem foi implementada em fases, começando pela organização dos cafeicultores e o fortalecimento da intercooperação através da CAFERON. O passo seguinte foi uma massiva difusão tecnológica, orquestrada por uma rede de parceiros estratégicos.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) foram responsáveis por levar ao campo inovações como a clonagem de café, sistemas de irrigação, novos arranjos espaciais, técnicas de colheita seletiva e processamentos diferenciados, capacitando as famílias em boas práticas agronômicas e de gestão.
Para agregar valor e dar uma identidade única ao produto, a cooperativa, em conjunto com o Sebrae, apoiou ativamente a criação da Indicação Geográfica "Matas de Rondônia", que hoje dá nome e reconhecimento aos cafés Robustas Amazônicos.
Consolidando sua visão de futuro, o projeto agora avança para a fase de valoração ambiental. Nesse sentido, a Sicoob Credip apoiou financeiramente a Embrapa para a realização de um inventário de carbono e de serviços ambientais na região. Essa metodologia, que combinou ciência, crédito e cooperação, foi a chave para o sucesso da iniciativa.
Resultados e impacto
A implementação do projeto causou uma transformação profunda na cafeicultura rondoniense. Os resultados demonstram o sucesso da união entre sustentabilidade e produção:
- Salto de produtividade: a produtividade média saltou de 5-8 sacas por hectare para 40-60 sacas/ha, patamar superior ao de regiões cafeeiras tradicionais do Brasil.
- Preservação ambiental: o uso de tecnologia reduziu em mais de 99% a necessidade de abertura de novas áreas, contribuindo diretamente para a preservação da floresta e a recuperação de solos degradados.
- Impacto social: milhares de famílias agricultoras puderam permanecer no campo com aumento de renda e qualidade de vida, reduzindo a migração para as cidades.
- Competitividade: a atividade voltou a ser uma força econômica na região, com os Robustas Amazônicos conquistando novos mercados e agregando valor à produção local.
Além dos ganhos financeiros, os produtores beneficiados relatam o orgulho de produzir de forma sustentável, fortalecendo a imagem da Amazônia como um polo de inovação agrícola.
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