Todos contra um

De repente, todo o mundo se viu diante de um inimigo invisível. Ele chegou mudando tudo e exigindo novas formas de viver, produzir e trabalhar. Minúsculo, mas com efeito devastador, o novo coronavírus se alastrou até tornar-se uma pandemia. Seus efeitos foram sentidos mundialmente, não apenas na saúde, mas também na economia. Mais do que nunca, cooperar virou uma necessidade entre pessoas, nações, cientistas e políticos. Somente juntos conseguiremos vencer a Covid-19. Dentro desse contexto, o movimento cooperativista — que sempre defendeu esse ideal — está trabalhando para a superação dessa crise. “Valores de solidariedade e cooperação são mais necessários hoje do que nunca. Alguns pensadores preveem uma nova ordem global. Eles apontam para uma redescoberta do valor do estado social, especialmente no que diz respeito à saúde, educação e assistência social”, afirma a diretora de Cooperativismo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Simel Esim.  “Este também é um momento em que muitas pessoas estão percebendo a necessidade de práticas de negócios transformadoras que não se importam apenas com a questão econômica”, acrescenta. De acordo com a OIT, mais de cinco bilhões de pessoas foram afetadas em todo o mundo pelos bloqueios que determinaram medidas de isolamento social contra a disseminação do novo coronavírus. A interrupção total ou parcial das atividades empresariais causada pelos bloqueios colocou 436 milhões de empresas em risco. Em decorrência das medidas, outros milhões de trabalhadores estão sem empregos e sem renda para o próprio sustento e o dos seus familiares. As cooperativas, como todos os outros setores da economia global, também estão sentindo o impacto desta crise sem precedentes. Desde o princípio, no entanto, elas têm trabalhado interna e externamente para enfrentar a pandemia, auxiliando os seus membros, as comunidades onde estão inseridas e a sociedade como um todo. São contribuições e experiências que têm gerado resultados impactantes ao redor do mundo. Confira: ÍNDIA [caption id="attachment_75979" align="alignnone" width="740"] Crédito: banco de imagens[/caption]   Muitas cooperativas mudaram suas produções para atender melhor à população. Em vez de manipular medicamentos ayuvérdicos , elas agora fabricam máscaras faciais e desinfetantes para as mãos. Os materiais foram distribuídos para pessoas com alto risco de contágio pela Covid-19, incluindo trabalhadores da linha de frente, como profissionais de saúde. Cooperativas de crédito atuaram para reduzir os impactos econômicos gerados pela crise e reduziram taxas com o objetivo de assegurar que pessoas físicas e jurídicas conseguissem honrar seus compromissos. O cooperativismo também tem sido um dos principais responsáveis por manter a cadeia de suprimentos de alimentos e mercadorias essenciais em movimento. Vale destacar: a Índia é o país com o maior número de cooperados do mundo. medicamentos naturais desenvolvidos dentro de uma antiga filosofia indiana, com mais de dois mil anos de existência. A palavra Ayurveda é proveniente do sânscrito e possui duas partes: Veda, que é traduzido como conhecimento, ciência ou sabedoria; e Ayus, que significa vida. Nesse contexto, Ayurveda é o conhecimento, a ciência ou sabedoria que propõe uma vida saudável em harmonia com as leis da natureza. CHINA [caption id="attachment_75980" align="alignnone" width="626"] Crédito: banco de imagens[/caption]   As cooperativas conseguiram importantes resultados na estruturação de respostas à Covid-19 relacionada à produção no campo. Como o país foi o primeiro a sentir os efeitos sanitários e econômicos da pandemia, as cooperativas precisaram desenvolver estratégias rápidas e inovadoras para garantir a produção de alimentos, inclusive na província de Hubei — o primeiro epicentro da Covid-19. “Muitas cooperativas instituíram equipes de trabalho imediatamente para ajudar a distribuir suprimentos, além de reunirem esforços para garantir que os insumos — como fertilizantes, inseticidas e sementes — estivessem disponíveis para a produção no campo”, explica Zhang Wangshu, diretor-geral do Departamento de Cooperação Internacional da Federação Chinesa de Cooperativas (ACFSMC) — entidade de representação  que conta com 17 milhões de cooperados, sendo a sua maioria produtores rurais. Uma das formas encontradas para amenizar os impactos do bloqueio — que durou cerca de dois meses no país — foi o desenvolvimento de plataformas digitais para comercialização de produtos e o aperfeiçoamento da plataforma 832, voltadas para o estímulo do comércio nas 832 comarcas chinesas consideradas de extrema pobreza.  Os recursos on-line, como transmissões ao vivo, foram amplamente utilizados para a promoção do produtos do campo. Em paralelo, as cooperativas se empenharam na melhoria da rede logística de circulação dos produtos e na conexão entre as áreas urbanas e rurais. No âmbito das cooperativas, a resposta à Covid 19 se dividiu em quatro linhas principais:
  1. Empenho de esforços para a retomada de trabalho e produção;
  2. Proteção à produção agrícola;
  3. Assistência ao comércio de produtos; e
  4. Recuperação contínua com a melhoria da rede de circulação.
A intercooperação foi fundamental para o sucesso dessas ações. “Um dos princípios fundadores das cooperativas é o de assistência mútua. Convocamos todas as cooperativas a apoiar a província de Hubei e comprar produtos de lá, e recebemos um feedback muito positivo”, comemora Wangshu. O resultado foi surpreendente: mais de US$ 90 milhões vendidos em produtos como chás e lagostim somente na província. Essa cooperação mútua também ajudou a fomentar a rede de supermercados e lojas de conveniência, além de estar colaborando para o desenvolvimento de ações pós-pandemia.    
Esta matéria foi escrita por Tchérena Guimarães e está publicada na Edição 30 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação 
 

Conteúdos Relacionados