A irmã brasileira de Sunchales

Quando os sunchalenses se preparavam para inaugurar seu Monumento ao Cooperativismo, em 2006, convidaram o então presidente da Aliança Cooperativa Internacional, o italiano Ivano Barberini, para participar do evento, e anunciaram a homenagem como a primeira do tipo em todo mundo. Na ocasião, foram avisados por Barberini que, na verdade, se tratava do segundo, porque já havia no Brasil, desde 2002, um monumento que celebrava o cooperativismo, na cidade de Nova Petrópolis, no interior do Rio Grande do Sul. 

O que poderia ser uma história de rivalidade sobre a originalidade dos monumentos, abriu portas para uma trajetória de cooperação entre as duas cidades, com visitas mútuas, trocas de experiências e o estabelecimento formal de uma irmandade entre Sunchales e Nova Petrópolis desde 2010. 

Assim como a irmã argentina, Nova Petrópolis é um berço do cooperativismo, sede da primeira cooperativa de crédito do país, a Sicredi Pioneira RS, criada em 1902. O intercâmbio com Sunchales levou a cidade gaúcha a buscar e conseguir o título de Capital Nacional do Cooperativismo do Brasil, reconhecido por lei federal em 2010. 

Rivalidade não existe quando a gente fala em cooperativismo, em amizade, em cooperação, em trocas. Nós aqui reconhecemos os argentinos e chamamos eles de verdadeiros irmãos. Ainda não conheci outro lugar no mundo em que houvesse o humanismo, a receptividade, o carinho que têem os sunchalenses conosco quando chegamos lá”, conta o presidente da Casa Cooperativa de Nova Petrópolis, Mário Konzen. 


INTERCÂMBIO


A criação da  Casa Cooperativa de Nova Petrópolis é, inclusive, um dos frutos da cooperação entre as cidades- irmãs. Outra iniciativa da integração foi o estabelecimento das cooperativas escolares na cidade gaúcha, repetindo o sucesso da experiência argentina.

Esse modelo que a gente trouxe de lá e adaptou à nossa realidade foi o grande capital dessa troca, aprendizado e convivência com os argentinos. Temos muitos jovens hoje que estão transformados para o bem, têm conhecimento do cooperativismo desde crianças e não perdem mais essa característica. Quando chegam nas empresas, são logo vistos como pessoas diferentes, com mais capacidade de liderança, de iniciativa e de saber o que é cooperar”, conta Konzen. 

Também inspirados na experiência sunchalenses, os gaúchos criaram a Federação de Cooperativas Escolares Pioneira, que hoje reúne 28 cooperativas de estudantes de várias cidades do estado. 

Com as fronteiras parcialmente fechadas e as restrições impostas pela pandemia, as atividades entre as cidades- irmãs cooperativistas estão reduzidas à troca de e-mails e reuniões on-line. Mas as duas partes esperam poder retomar em breve os planos em conjunto, em especial o intercâmbio de estudantes cooperativistas dos dois países. 

“Havia projetos iniciados, como de intercooperação de jovens que viajariam e passariam pelo menos uma semana convivendo e atuando dentro de atividades no outro país, mas não evoluiu porque começou a pandemia. Também foram interrompidas as visitas anuais, a troca de grupos que iam daqui para lá;, tudo está interrompido, mas esperamos que logo possa ser retomado”, conclui Konzen. 


Esta matéria foi escrita por Luana Lourenço, Correspondente da Saber Cooperar na Argentina e está publicada na Edição 33 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação


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