Força econômica do cooperativismo é evidenciada em evento da Cooxupé
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, acompanhado do presidente do Banco Central do Brasil e de deputados da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), estiveram presentes no Seminário Coop de Economia promovido pela Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), nesta segunda-feira (5). O Crédito Rural e o Plano Safra foram os principais temas abordados pelas autoridades e cooperativistas presentes.
Márcio Freitas cumprimentou a todos da mesa, evidenciou o trabalho desempenhado pelo presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato e agradeceu o comprometimento dos deputados federais da Frencoop presentes, Evair Vieira de Melo (ES) e Emidinho Madeira (MG). Ele reforçou que, embora o cooperativismo não siga ideologias partidárias, “vale a pena votar em quem tem compromisso com o movimento”.
Sobre a atuação do Banco Central do Brasil, Márcio foi incisivo. “A equipe toda é um timaço, gente de primeira linha na máquina pública. Estou há 22 anos em Brasília e a melhor relação que temos é com o Banco Central. E isso tem se intensificado a cada dia. Roberto Campos Neto sempre entendeu o nosso modelo de negócios como sociedade de gente, não de capital. Ele vem nos dando oportunidades de crescer e de nos desenvolver com responsabilidade”, disse.
Há pouco mais de três anos o cooperativismo contribuía com 6% no sistema financeiro e, em reunião com Roberto Campos Neto, propôs o desafio de se chegar a dois dígitos. “Eu achando que estava valente e ele escutou quieto, puxou uns papeis e daí a pouco ele falou que 10% estava pequeno e que tínhamos condições de chegar a 20%. Isso faz menos de quatro anos e já estamos com 22% do Sistema Financeiro Nacional e 34% do crédito rural brasileiro”, destacou Márcio.
O presidente atribui o crescimento ao diálogo aberto e transparente como o banco. “Todas as resoluções, cláusulas, regulações são discutidas e sempre pudemos colocar nossas reivindicações. Estamos diante de uma pessoa e de uma equipe que tem conduzido a política monetária entendendo o cooperativismo”.
Aos cooperados, o presidente do Sistema OCB reforçou a meta para 2027 de movimentar R$ 1 trilhão, congregar 30 milhões de cooperados e empregar 1 milhão de pessoas. “Temos que fazer nossa parte, ter resiliência e nos mantermos unidos. Precisamos de parcerias entre as cooperativas para romper barreiras e aumentar nossa confiança sistêmica e persistir. Se mantermos essa toada, sabemos onde vamos chegar, independente de governo”, convocou.
O presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, fez um comparativo do cenário econômico nacional e internacional, explicou como se dá a dinâmica da inflação e apresentou os produtos mais recentes lançados pelo banco. Além disso, ele evidenciou o crescimento do cooperativismo e a importância do ramo crédito para a distribuição do microcrédito.
“Durante a pandemia fizemos ações coordenadas que evitaram a depressão e a recessão, mas não a inflação. Nesse período, o consumo de serviços diminuiu e o de bens aumentou, juntamente com o consumo de energia. Em todo o mundo a demanda por bens é maior que a de produção. Hoje, a inflação tem caído em grande parte do mundo, inclusive na energia, embora de forma lenta. Aqui no Brasil tivemos outros fatores que contribuíram para o aumento dela, como a guerra entre Rússia e Ucrânia”, iniciou Campos Neto.
Ele ponderou que “a inflação é considerada um grande elemento de desigualdade e não é à toa que autonomia do Banco Central tem se mostrado eficiente para garantir uma inflação dentro da meta sem prejudicar os menos abastados e os empreendedores”.
Sobre os números do cooperativismo, ele reforçou que o movimento gera uma inclusão social sem precedentes. “O crescimento da carteira do cooperativismo é expressiva e em menos de quatro anos saltou de menos de 10% para os atuais 22% do sistema financeiro. O volume de crédito para o microempreendedor também aumentou consideravelmente. Esta inclusão financeira tem transformado realidades e há estudos que comprovam que nas cidades onde há cooperativas, há ganho econômico e social”.
Campos Neto falou ainda do Programa de Educação Financeira do BCB, da inclusão financeira trazida pelo PIX [pagamento instantâneo], do Open Finance e sobre a monetização de dados próprios, da agenda de sustentabilidade do banco, entre outras ações e programas para transformar e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
O presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, agradeceu a presença de todos e declarou que a cooperativa tem buscado se aprimorar por meio de novos conhecimentos e com essência na união e trabalho. Ele evidenciou o Crédito Rural como instrumento que tem valorizado e impulsionado a produção agrícola.
“Trata-se de uma ferramenta importantíssima para toda a cadeia produtiva. O crédito rural alavanca e desenvolve toda a cadeia, principalmente cooperativas como esta, que é formada por pequenos produtores. Sem ele não teríamos a oportunidade de ser a grande cooperativa exportadora que somos. No ranking da exportação de café temos sido presenteados com as primeiras colocações e isso é reflexo do crédito rural. Somos grandes, mas nosso capital é pequeno e, dentro do que representamos, essa ferramenta tem feito a diferença”, afirmou.
O presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato teceu elogios ao presidente do Banco Central e relembrou da atuação de seu avô, o economista Roberto Campos. “Seu avô disse: - fiz o certo quando todos estavam contra mim. A história é cíclica e tudo torna a acontecer e quando todos te combatiam, você estava certo”.
Os deputados da Frencoop, Emidinho Madeira (MG) e Evair Vieira de Melo (ES) também agradeceram o empenho de Roberto Campos Neto. “A história do seu avô nos motiva cada dia mais. Quem cuida da economia também cuida das pessoas. Passamos por um momento difícil durante a pandemia e, literalmente, não sabíamos o que fazer. Você liderou uma agenda complexa, difícil, e enxergaram o dia seguinte mesmo sem luz. Com o auxílio emergencial, ajudaram os pequenos, controlaram a taxa de juros e o mundo copiou o que você fez. Desde sua posse você cita o cooperativismo e estamos à disposição do Banco Central para edificar esse país”, destacou Evair, que também é secretário-geral da Frencoop.
“Nós confiamos muito no seu trabalho e sabemos de sua história no agro. Nós precisamos muito de você na construção do Plano Safra, na redução da taxa de juros, no aumento do Pronaf e do Pronamp. Meu mandato está a sua disposição e estaremos a tempo e a hora para dar nossa contribuição", complementou Emidinho.
O superintendente de Finanças da Cooxupé, Maurício Ribeiro, levantou os principais pleitos do segmento e frisou que as políticas de incentivo agrícola devem ser ampliadas. “O mundo desenvolvido briga para manter subsídios e valorizar seus agricultores. Quando visitam o Brasil ficam encantados com a nossa política agrícola. Embora não tenhamos subsídios de preços e renda, temos importantes subvenções no prêmio de seguros e incentivos em linhas do Plano Safra. A agropecuária brasileira é este sucesso pelo conjunto de políticas públicas que vêm sendo construídas nestes últimos 60 anos”.
Cooxupé: A cooperativa é a maior coop exportadora de café do mundo e seus grãos especiais são servidos em gigantes mundiais como Starbucks e Nespresso. Sua produção ocorre em mais de 300 municípios localizados em Minas Gerais e São Paulo. São mais de 18 mil cooperados com perfil de agricultura familiar e 48 unidades de negócios entre núcleos, filiais, unidades avançadas, postos de atendimento e escritório de exportação, em Santos (SP). A coop conta ainda com armazéns e complexo industrial de última geração. Além disso, a Cooxupé tem diversificado seus negócios com projetos de torrefação própria, auxílio na produção e comercialização de milho, fábrica de rações, laboratórios para análise do solo e geoprocessamento.