Câmara e Senado se unem em alerta à nação sobre a crise da agricultura

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Um seminário para discutir a atual crise da agricultura brasileira reuniu hoje no Auditório Petrônio Portela, no Senado Federal, senadores, deputados e líderes do agronegócio. O presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (PFL/GO), de quem partiu a iniciativa do seminário, juntamente com o senador Sérgio Guerra (PSDB/PE), explicou que o evento serve como alerta a população e mostra uma panorâmica real do atual cenário da agropecuária brasileira.

Caiado fez duras criticas ao governo Lula, falando que o setor chegou ao colapso total. “Nunca tivemos uma crise tão grande. Membros da Comissão foram ao Ministério da Fazenda para tentar prorrogar as dívidas dos produtores rurais, que vencem agora no mês de outubro, e nada. Fomos falar com a ministra da Casa Civil sobre uma medida provisória para produtos agroquímicos, e nada foi feito. Não tem resultados, é crise em cima de crise. A solução para o descaso do governo é a criação da Agência Reguladora do Agronegócio.""

Participaram do seminário, secretários de agricultura de vários estados. Duarte Nogueira, presidente do Fórum dos Secretários Estaduais de Agricultura, falou sobre a situação do agronegócio no Brasil. Disse que a crise, em certos pontos, já estava anunciada, como é o caso da aftosa, e que o governo federal nada fez para preveni-la. Pedro Passos, secretário de agricultura do Distrito Federal informou que o DF já tem um plano de contingência, caso o foco de aftosa atinja o estado. “Todo produto de origem animal, ao chegar nas barreiras, está sendo minuciosamente fiscalizado. Mesmo assim o produtor local começa a se preocupar. Por isso é de suma importância alertar a sociedade para os acontecimentos.”

Luiz Roberto Baggio, vice-presidente da OCB, ressaltou que a crise pode ficar pior. “O plantio começa agora e os produtores rurais não tem nem dinheiro para saldar as dívidas antigas, imagina então para comprar insumos e sementes?” Para agravar a situação, os produtores de soja já se deparam com um surto de ferrugem asiática - com apenas 25 dias de plantadas, já foram necessárias quatro aplicações de fungicidas. Cada aplicação custa em torno de US$ 50.

O Brasil precisa entender o valor da agricultura para seu povo, afirmou Gilman Rodrigues, da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O que é lei é lei e deve ser cumprida – falando em relação aos repasses feito ao Ministério da Agricultura que não foram destinados a defesa sanitária. Com toda essa crise as exportações já vêm sendo afetadas, falta ação política para sanar o problema. “Sem agricultura hoje, não teremos o Brasil amanhã”, ressaltou Gilman.

O senador Sérgio Guerra, que proporcionou o seminário, falou que a solução para tudo isso é priorizar. Dar prioridade para a agricultura e para o campo. Fez uma menção ao falecido Presidente da República, Juscelino Kubitschek, que não deu atenção à agricultura, surgindo assim uma das primeiras crises no setor; igualando-o ao atual. “O Presidente está agindo de forma equivocada”, afirmou o senador.

Outros parlamentares, como o deputado Delfim Netto (PMDB/SP), também criticaram o atual governo. “Se o real está valorizado hoje é devido ao excelente resultado da agropecuária brasileira” afirmou. “E isso, não por mérito do governo, mas sim, dos próprios produtores rurais,” completou."

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