Futuro do agro depende de economia sustentável na produção

Curitiba (27/8/18) – O rendimento da produção nacional passa diretamente pelos investimentos públicos e privados, que atualmente correspondem a 70% do crédito rural, segundo dados do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Por isso é importante que o agronegócio nacional adote uma economia sustentável para com os produtores, seguindo o modelo cooperativista, que atualmente alcança 6,5% da população brasileira e gera 376 mil empregos diretos, analisaram os especialistas presentes no 6º Fórum de Agricultura da América do Sul, realizado nos dias 23 e 24 de agosto no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba (PR).

Conectar as pessoas às tecnologias em prol do desenvolvimento econômico e social precisa ser foco para o setor, segundo o superintendente do Sistema OCB, Renato Nobile. “É importante estarmos conectados a essas inovações e ir para esse caminho da inovação. Nosso grande patrimônio não são nossas propriedades, e sim, as pessoas”, contextualizou Nobile durante o painel de cooperativismo.

Segundo o economista Pedro Loyola, presente no painel sobre crédito sustentável, o produtor rural tem 68% de gastos voltados para a tecnologia e precisa de políticas públicas que o auxiliem contra o endividamento. “Crédito precisa ser sustentável economicamente para o produtor, para que ele não inicie um ciclo vicioso que se inicia com o atraso nos pagamentos e termina com a perda de produção”.

O líder do Programa de Infraestrutura do Banco Mundial no Brasil, Paul Procee, também destacou esse ponto. “O Brasil ainda está no berço do investimento tecnológico e precisa aumentar essa busca. Temos que criar mecanismos para criar linhas de financiamento para alinhar as políticas dentro da União”.

 

MEIO AMBIENTE

A utilização dos recursos naturais é um desafio do setor produtivo, mas conceitos como a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) aparecem como alternativa eficiente. “É importante a busca dessa integração, sendo que a floresta ainda é um setor pouco difundido. Ela traz benefícios como a melhora do solo pela diversificação, minimiza o uso de agroquímicos, além de aumentar o valor agregado dos produtos”, explicou a coordenadora de sustentabilidade da Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG), Juliana Monti.

Atualmente, a ILPF ocupa 11,5 milhões de hectares em todo Brasil, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apresentados no painel de agrofloresta pelo pesquisador Erich Schaitza.

Outro desafio ao produtor é conciliar a demanda pelo crescimento na produção de alimentos com as áreas de preservação ambiental, que correspondem a mais de 60% do território nacional. Para comparação, essa faixa equivale aos 28 países que compõem a União Europeia.

“Alguns estados do Norte brasileiro como Amapá, Roraima e Acre tem dificuldade em conseguir estabelecer uma cultura do agronegócio, devido a essas demarcações”, avaliou o Chefe da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, que, junto do ex-Ministro da Agricultura e Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, compôs o painel de meio ambiente.

 

TECNOLOGIA

Preocupado com a importância de investimentos em tecnologia, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) junto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), criou o Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT). “Para conectar o Brasil é necessário priorizar investimentos em tecnologia para a conectividade do agronegócio, utilizando fundos setoriais para ampliação da cobertura rural”, declarou o diretor da Telebrasil, Sergio Kern. Somente no agronegócio a expectativa do MCTIC é que a IoT gere um impacto de 21 bilhões de dólares.

O painel também contou com a participação do José Marcos Brito,  professor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). O especialista defendeu que as soluções tecnológicas atuais limitam a conectividade no campo. “Novas tecnologias são necessárias para atender os cenários brasileiros”, ressaltou. Brito destacou a utilização do 5G como oportunidade para atender ao desafio constante de aumentar a produtividade e manter a competitividade. O painel teve a mediação de Mariana Balan, uma das coordenadoras da Furukawa Electric.

 

DISCUSSÕES

E essa preocupação com o futuro do setor norteou os debates durante os dois dias de evento, promovendo a conexão entre diversos elos da cadeia produtiva para encontrar soluções para esses desafios. “Conseguimos reunir mais de 600 pessoas de 17 países acompanharam os 14 painéis temáticos, com 45 palestrantes. O agronegócio é parte vital da economia brasileira e cada vez mais todos os setores estão voltando sua visão para ele”, analisou o coordenador do Fórum, Giovani Ferreira.

A análise do mercado é a pauta central do 7º Fórum de Agricultura da América do Sul, que será realizado nos dias 5 e 6 de setembro de 2019 em Curitiba (PR), tendo como tema “Da produção ao mercado – global e sustentável”. As discussões irão analisar oferta, demanda, produção interna, segurança alimentar, entre outros temas comerciais, os relacionando com variáveis na produção como tecnologia, inovação, logística e sustentabilidade.

 

SOBRE O FÓRUM

O 6º Fórum de Agricultura da América do Sul (Agricultural Outlook Forum South America 2018) é uma iniciativa do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo (AgroGP), plataforma de conteúdo do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom), com sede em Curitiba, no Paraná. O projeto piloto do Fórum foi realizado em 2013 e levou para Foz do Iguaçu (PR) mais de 500 inscritos para discutir os desafios e oportunidades do agronegócio global a partir da realidade sul-americana. Desde então, o evento reúne anualmente especialistas e participantes de todo o mundo, trazendo à pauta assuntos como inovação e sustentabilidade, desenvolvimento urbano pela economia rural e sucessão no campo. Em 2018, o evento tem como tema “O campo conectado e digital: o grande desafio do Século XXI”.

Conteúdos Relacionados