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Palestra com especialista sobre roadmap ESG lota auditório

A trilha ESG da Semana de Competitividade do Cooperativismo 2023 trouxe, nessa terça-feira (8), a especialista em Sustentabilidade, Finanças Sustentáveis e Inteligência de Mercado no Agronegócio, Rosilene Rosado, para falar sobre a importância de se mapear os impactos na construção de estratégias para a sustentabilidade dos negócios. Rosilene é consultora ESG certificada em GRI (Global Reporting Initiative), relatório que apresenta os indicadores utilizados para comunicar as boas práticas das empresas e cooperativas para o mercado.

A consultora já atua com cooperativas de diferentes ramos na integração das estratégias ESG e, por isso, foi convidada a proferir a palestra ESG: da materialidade ao roadmap da sustentabilidade. Ela fez um apanhado sobre as definições de estratégias até a implementação de ações e demonstrou cases de cooperativas que já estão trilhando a jornada com base nestes e em outros indicadores. Os indicadores GRI mais reforçados durante a palestra são os que trazem as dimensões econômica, ambiental e social.

“É muito importante analisarmos a materialidade dos impactos das atividades, da cadeia de valor do negócio em todo o seu processo, abrangendo desde o fornecedor até o cliente. Temos, por exemplo, uma cadeia de valor da suinocultura de uma das quatro maiores processadoras desta carne no Brasil. Para mantê-la competitiva dentro do ecossistema de negócios, ela precisa demonstrar, entre outros fatores, se a questão do bem-estar animal está incluída nos processos. Para o mercado externo, esse indicador é bastante significativo”, relatou.

Rosilene apresentou quatro etapas para que sejam oportunizadas as iniciativas ESG: mapeamento de impactos significativos, como os riscos e oportunidades ESG; análise de materialidade e dos impactos; roadmap ESG (mapa para guiar toda a equipe dentro do planejamento), como plano de gestão dos temas materiais; e prestar contas, dando transparência na gestão.

“O impacto é o efeito que uma ação tem nas pessoas ou na economia como, por exemplo, a escassez de água e medidas para evitar desperdícios. Ou, quando na concessão de crédito está embutida a contribuição para gerar impacto direto ou indireto no meio ambiente. É preciso reconhecer estes aspectos para fazer a gestão adequada. É preciso saber se eles são reversíveis ou irreversíveis, sejam eles econômico, ambiental ou para as pessoas e comunidades”, pontuou.

Sobre o plano de gestão dos temas materiais, ela recomendou instituir um planejamento que contemple componentes de gestão mais objetivos, metas e indicadores sobre onde se quer chegar e em quanto tempo, além de definir estratégias para mitigar impactos e riscos para usufruir das oportunidades já mapeadas.

Segundo a consultora, os processos de diligência vão além do objetivo de instituir uma política de sustentabilidade e passa pela questão social e pela estruturação de um plano robusto que mede o todo. “Na prestação de contas, os principais itens de transparência são os relatórios de sustentabilidade que seguem a norma reconhecida pelo mercado (GRI). Algumas normas passam a vigorar a partir de 2025, dentro desses relatórios de materialidade. Evidente que outros aspectos também estão presentes e refletem no documento como o político, o geopolítico, regulatórios, mercadológicos e financeiros”, acrescentou.

O objetivo como um todo, ainda de acordo com ela, é estabelecer um monitoramento contínuo e evolutivo dos resultados, utilizando-se de normas internacionalmente reconhecidas. Este conjunto é o que reflete o nível de compromisso com o desempenho ESG. “Nada disso é estanque, assim como não são os nossos planejamentos. As métricas, metas, coletas, análises, dados, resultados e melhorias são moldadas conforme o cenário se altera. Novas metas podem surgir, porque cada negócio tem uma dinâmica. Por isso, estratégias devem ser contínuas e evolutivas”, complementou.

Exemplos

A especialista também apresentou cases do Sistema Sicoob e da Frimesa, nos quais ela atuou na construção da materialidade e integração estratégica das coops. No caso do Sicoob, a primeira análise de materialidade foi feita em 2018 para identificar seu lugar no mercado, os principais parceiros, a satisfação dos cooperados e colaboradores. Cerca de 9 mil participantes do Sicoob ajudaram a levantar 20 temas considerados relevantes para o contexto de atuação e seis deles foram priorizados.

As temáticas estão ligadas a fatores internos e externos, ambiente competitivo e ambiente operacional como visão de território, geração de valor para a comunidade e criação de laços com o sistema econômico local para gerar mais impacto na vida das pessoas com os valores do cooperativismo. Na seara do ambiente de negócios, a governança, a segurança financeira, o comprometimento com as mudanças climáticas, auxílio aos cooperados e o zelo pelos direitos humanos em todas as relações são os destaques.

“Territórios, pessoas e negócios são os três pilares de atuação e compromisso do Sicoob para promover o desenvolvimento socioambiental e econômico por meio do cumprimento do plano de sustentabilidade baseado em indicadores e metas com foco na materialidade. Seja na inclusão financeira das pessoas, seja no ganho para a cidade, ou para promover seu cooperado nesta transição”, explicou Rosinele.

Já sobre a Frimesa, cooperativa formada pela união de coops do agro, ela lembrou que foi a primeira do ramo a publicar seu roadmap ESG. As seis unidades industriais (três de carnes e três de lácteos) utilizam-se de práticas alinhadas aos indicadores internacionais. O resultado é a exportação para 24 países em quatro continentes. Todo o planejamento contou com a participação de líderes, cooperados e colaboradores.

A fase de avaliação envolveu 701 participantes com consultas a clientes no Brasil e no exterior. “Eles selecionaram 20 temas relevantes e, após nivelamento, chegaram a 11 ligados ao ESG, especialmente o bem-estar animal, temática identificada por um stakeholder no processo de avaliação. O conjunto gerou 29 objetivos, 47 iniciativas, mais de 60 indicadores de resultados e 143 GRI’s no relatório de sustentabilidade. Essa foi a primeira cooperativa a divulgar roadmap ESG, assumindo compromisso público com metas de sustentabilidade”, disse.

A Frimesa tem compromissos de curto, médio e longo prazos com o objetivo principal de tornar-se carbono neutro até 2040. Para isso, a adoção de práticas como o reuso da água, a redução de acidentes de trabalho, o alcance de 100% da rastreabilidade e 26% de logística reversa de embalagens já são aplicadas, segundo a consultora. A questão das embalagens reutilizáveis e/ou biodegradáveis estão entre os desafios globais.

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